terça-feira, 9 de maio de 2017
O dilema de Pandora
Já estamos no quinto mês do ano, passaram-se as festas, o Carnaval, a Semana Santa, os feriados prolongados tão desejados, e não se vê no horizonte, em nenhum espaço, qualquer sinal de mudança do grave quadro de crise que o Brasil enfrenta.
É óbvio que não se esperava que o país se reencontrasse muito facilmente, tamanhos o rombo e o desmando gerados especialmente pelos mandatos da deposta presidente Dilma Rousseff (PT), mas também era justo imaginar-se que Temer traria com sua turma propostas que pudessem aliviar o passivo de misérias em que se arrasta a nação. Foi o prometido, e para isso tanto apoio se somou à mudança no comando da nação.
Falimos economicamente, perdemos a capacidade de suprir com a imaginação e a criatividade a dificuldade dos meios, embrenhamo-nos num deserto de ideias. O presidente Michel Temer (PMDB) não conseguiu, até o momento, instalar o governo prometido tampouco parir um programa que acenasse com mudanças. Juros escorchantes em benefício de um sistema financeiro criminoso, impostos impagáveis e o desemprego elevado às alturas.
Da falta de investimentos e da drástica redução do custeio de políticas e ações públicas é desnecessário falar. Já não se tem mais nem esperança delas. A tímida agenda de reformas oferecida trouxe com ela as dificuldades de sua negociação com um Congresso a cada dia mais descaracterizado em sua representatividade porque são exceções os não fisiologistas e/ou os que não se acham dependurados nas investigações da Polícia Federal, do Ministério Público ou que, se ainda aí não se acham, lutam para que o foro privilegiado seja mantido para si e estendido aos membros de suas famílias e de seus cúmplices.
Foro privilegiado para todos é o desejo da grande maioria desse Congresso, quase todo prontuariado na polícia, à espera de uma tornozeleira confortável. Triste realidade essa, a das delações premiadas que disparam todos os dias revelações do pagamento de propinas, com recursos de caixa 1, 2 ou 3, sempre produtos de corrupção, de sonegação de tributos, do superfaturamento de obras públicas.
A cada semana, listas intermináveis de bandidos, muitos acumulando com tal pecha os cargos de deputado, senador, prefeito, governador, ministro e até de presidente da República, assustam a turba que espera ser acordada às seis da manhã para um passeio no camburão da Federal.
O Brasil parou. Estamos entregues, em todos os níveis do Executivo e do Legislativo, a políticos que não têm autoridade moral nem qualidade como homens públicos para exercer os mandatos que receberam pelo voto. Raríssimas são as exceções.
Restava-nos o Judiciário mas é da intimidade desse Poder que emergem, pela voz de seus próprios membros, as censuras que o definem como atualizada caixa de Pandora, de onde saem todos os males, inclusive a perda da esperança. O que fizeram com o Brasil?
É óbvio que não se esperava que o país se reencontrasse muito facilmente, tamanhos o rombo e o desmando gerados especialmente pelos mandatos da deposta presidente Dilma Rousseff (PT), mas também era justo imaginar-se que Temer traria com sua turma propostas que pudessem aliviar o passivo de misérias em que se arrasta a nação. Foi o prometido, e para isso tanto apoio se somou à mudança no comando da nação.
Falimos economicamente, perdemos a capacidade de suprir com a imaginação e a criatividade a dificuldade dos meios, embrenhamo-nos num deserto de ideias. O presidente Michel Temer (PMDB) não conseguiu, até o momento, instalar o governo prometido tampouco parir um programa que acenasse com mudanças. Juros escorchantes em benefício de um sistema financeiro criminoso, impostos impagáveis e o desemprego elevado às alturas.
Da falta de investimentos e da drástica redução do custeio de políticas e ações públicas é desnecessário falar. Já não se tem mais nem esperança delas. A tímida agenda de reformas oferecida trouxe com ela as dificuldades de sua negociação com um Congresso a cada dia mais descaracterizado em sua representatividade porque são exceções os não fisiologistas e/ou os que não se acham dependurados nas investigações da Polícia Federal, do Ministério Público ou que, se ainda aí não se acham, lutam para que o foro privilegiado seja mantido para si e estendido aos membros de suas famílias e de seus cúmplices.
Foro privilegiado para todos é o desejo da grande maioria desse Congresso, quase todo prontuariado na polícia, à espera de uma tornozeleira confortável. Triste realidade essa, a das delações premiadas que disparam todos os dias revelações do pagamento de propinas, com recursos de caixa 1, 2 ou 3, sempre produtos de corrupção, de sonegação de tributos, do superfaturamento de obras públicas.
A cada semana, listas intermináveis de bandidos, muitos acumulando com tal pecha os cargos de deputado, senador, prefeito, governador, ministro e até de presidente da República, assustam a turba que espera ser acordada às seis da manhã para um passeio no camburão da Federal.
O Brasil parou. Estamos entregues, em todos os níveis do Executivo e do Legislativo, a políticos que não têm autoridade moral nem qualidade como homens públicos para exercer os mandatos que receberam pelo voto. Raríssimas são as exceções.
Restava-nos o Judiciário mas é da intimidade desse Poder que emergem, pela voz de seus próprios membros, as censuras que o definem como atualizada caixa de Pandora, de onde saem todos os males, inclusive a perda da esperança. O que fizeram com o Brasil?
Adeus, Lula
Luiz Inácio Lula da Silva é um fenômeno político. Disso ninguém pode duvidar. Afinal, venceu as quatro últimas eleições presidenciais.
Hoje, é de conhecimento público que, especialmente, nas eleições de 2006, 2010 e 2014, movimentou verdadeiras fortunas comprando aliados antes e durante o período eleitoral, além de ter efetuado as campanhas publicitárias mais caras da história eleitoral brasileira. Mas só isso — que já é muito — não justificaria as quatro vitórias e alguns momentos, como no segundo governo, quando obteve índices recordes de popularidade.
Como explicar o sucesso de Lula? É produto dele próprio ou também de características específicas do Brasil, principalmente após o processo incompleto de redemocratização?
Lula surgiu no mundo político como um líder sindical que negava a política. Mais do que isso, nas suas primeiras entrevistas, na segunda metade dos anos 1970, chegou a satanizar a política. Serviu, naquele momento, para barrar um processo de politização dos sindicatos que os aproximava da esquerda tradicional, representada pelo Partido Comunista Brasileiro, ou de correntes à esquerda que tiveram origem em divisões no velho PCB, desde os anos 1960.
Saltando do mundo sindical para a política partidária, liderou a fundação do Partido dos Trabalhadores, em 1980. Teve papel marginal nas eleições diretas para os governos estaduais, em 1982. Para o Congresso Nacional conseguiu eleger apenas oito deputados federais e nenhum senador.
As mudanças que estavam ocorrendo no país passavam ao largo da sua liderança. Lula era mais um personagem folclórico do que um relevante ator político.
Mesmo dobrando a representação parlamentar petista na Constituinte, Lula teve atuação apagada. Em momento algum se sobressaiu em algum debate. Faltou a diversas sessões. Não deixou sua marca em nenhum dispositivo constitucional. Foi, apenas, um espectador privilegiado nas discussões.
Inexiste registro de algum discurso que tenha sensibilizado os constituintes. Pelo contrário, nos anais da Constituinte encontram-se diversos deputados petistas que tiveram participação expressiva nos trabalhos, como Plínio de Arruda Sampaio.
Na campanha presidencial de 1989 adotou um figurino de esquerda. Como confessou, anos depois, tinha uma plataforma de governo descolado dos novos ventos que estavam soprando no mundo após a queda do Muro de Berlim.
Lula não acreditava no que dizia. Mas sabia que isto poderia dar um capital político para ser explorado no futuro.
Repetiu à exaustão nas campanhas de 1994 e 1998 a cartilha esquerdista. Não tinha chance de vitória, portanto, não se preocupava com a aplicação prática do que propalava aos quatro ventos. Era puro oportunismo com o objetivo de ocupar o espaço político à esquerda e se transformar aos olhos da direita no seu grande opositor.
Quando veio a campanha de 2002, Lula aproveitou para vestir um novo figurino, mais à direita, como se algum dia tivesse acreditado na cartilha esquerdista. Apresentou a mudança como um símbolo de modernidade.
Ocupou o vazio político deixado por Fernando Henrique Cardoso, que pouco fez para eleger seu sucessor — é inegável o desinteresse de FHC na eleição de 2002, pouco ou nada realizou pelo candidato Serra e demonstrou, após o término do processo eleitoral, satisfação pela eleição de Lula.
Na Presidência, Lula adotou como lema ter como princípio não ter princípio, repetindo o método utilizado quando foi dirigente sindical. Só que tendo um imenso poder. Buscou cooptar o Congresso Nacional e as cortes superiores de Brasília. Conseguiu. Comprou apoios e vaidades.
Superou a crise do mensalão. Desmoralizou as instituições democráticas. Usou do aparelho de Estado como se fosse propriedade privada, sua propriedade. Fez do contato direto com o povo seu grande instrumento político, eficaz numa sociedade invertebrada, como a nossa. E contou com o auxílio da oposição parlamentar — especialmente do PSDB —, frágil, pouca combativa e que temia enfrentá-lo no Congresso, nas ruas e até no voto.
Sua forma de fazer política foi um grande salto para o passado. Retroagimos como nunca na história recente brasileira.
Aparentando ser o novo, Lula deu novamente enorme poder aos coronéis, ampliou as antigas formas de obter apoio parlamentar e estabeleceu o maior esquema de desvio de recursos públicos da História, o petrolão. Acabou legitimando a corrupção através da sua popularidade.
Em 2010 e 2014, conseguiu eleger Dilma Rousseff como sua preposta. Demonstrou um poder nunca visto na nossa História. Contou com o apoio entusiástico do grande capital espoliador. Foi considerado um estadista, um político insubstituível — até por jornalistas experientes.
Mesmo com denúncias de suas mazelas, nada parecia abalá-lo.
Tudo começou a ruir em 2014 com a Operação Lava-Jato. Nestes três anos o país ficou estarrecido com as revelações do petrolão e da participação de Lula como “o comandante máximo da organização criminosa,” na definição do Ministério Público Federal.
Hoje, a decadência política de Lula é inegável. Não passa de um réu temeroso de ser condenado a regime fechado — o que deve ocorrer ainda este ano.
Sua queda — e de seu nefasto legado — é fundamental para que o Brasil retome o processo de construção de uma sociedade democrática. Lula representa a velha forma de fazer política, o conchavo, a propina, o saque do Erário, o desprezo pelas instituições.
Removê-lo da política, condená-lo a uma pena severa, é um serviço indispensável ao futuro do nosso país.
Hoje, é de conhecimento público que, especialmente, nas eleições de 2006, 2010 e 2014, movimentou verdadeiras fortunas comprando aliados antes e durante o período eleitoral, além de ter efetuado as campanhas publicitárias mais caras da história eleitoral brasileira. Mas só isso — que já é muito — não justificaria as quatro vitórias e alguns momentos, como no segundo governo, quando obteve índices recordes de popularidade.
Como explicar o sucesso de Lula? É produto dele próprio ou também de características específicas do Brasil, principalmente após o processo incompleto de redemocratização?
Saltando do mundo sindical para a política partidária, liderou a fundação do Partido dos Trabalhadores, em 1980. Teve papel marginal nas eleições diretas para os governos estaduais, em 1982. Para o Congresso Nacional conseguiu eleger apenas oito deputados federais e nenhum senador.
As mudanças que estavam ocorrendo no país passavam ao largo da sua liderança. Lula era mais um personagem folclórico do que um relevante ator político.
Mesmo dobrando a representação parlamentar petista na Constituinte, Lula teve atuação apagada. Em momento algum se sobressaiu em algum debate. Faltou a diversas sessões. Não deixou sua marca em nenhum dispositivo constitucional. Foi, apenas, um espectador privilegiado nas discussões.
Inexiste registro de algum discurso que tenha sensibilizado os constituintes. Pelo contrário, nos anais da Constituinte encontram-se diversos deputados petistas que tiveram participação expressiva nos trabalhos, como Plínio de Arruda Sampaio.
Na campanha presidencial de 1989 adotou um figurino de esquerda. Como confessou, anos depois, tinha uma plataforma de governo descolado dos novos ventos que estavam soprando no mundo após a queda do Muro de Berlim.
Lula não acreditava no que dizia. Mas sabia que isto poderia dar um capital político para ser explorado no futuro.
Repetiu à exaustão nas campanhas de 1994 e 1998 a cartilha esquerdista. Não tinha chance de vitória, portanto, não se preocupava com a aplicação prática do que propalava aos quatro ventos. Era puro oportunismo com o objetivo de ocupar o espaço político à esquerda e se transformar aos olhos da direita no seu grande opositor.
Quando veio a campanha de 2002, Lula aproveitou para vestir um novo figurino, mais à direita, como se algum dia tivesse acreditado na cartilha esquerdista. Apresentou a mudança como um símbolo de modernidade.
Ocupou o vazio político deixado por Fernando Henrique Cardoso, que pouco fez para eleger seu sucessor — é inegável o desinteresse de FHC na eleição de 2002, pouco ou nada realizou pelo candidato Serra e demonstrou, após o término do processo eleitoral, satisfação pela eleição de Lula.
Na Presidência, Lula adotou como lema ter como princípio não ter princípio, repetindo o método utilizado quando foi dirigente sindical. Só que tendo um imenso poder. Buscou cooptar o Congresso Nacional e as cortes superiores de Brasília. Conseguiu. Comprou apoios e vaidades.
Superou a crise do mensalão. Desmoralizou as instituições democráticas. Usou do aparelho de Estado como se fosse propriedade privada, sua propriedade. Fez do contato direto com o povo seu grande instrumento político, eficaz numa sociedade invertebrada, como a nossa. E contou com o auxílio da oposição parlamentar — especialmente do PSDB —, frágil, pouca combativa e que temia enfrentá-lo no Congresso, nas ruas e até no voto.
Sua forma de fazer política foi um grande salto para o passado. Retroagimos como nunca na história recente brasileira.
Aparentando ser o novo, Lula deu novamente enorme poder aos coronéis, ampliou as antigas formas de obter apoio parlamentar e estabeleceu o maior esquema de desvio de recursos públicos da História, o petrolão. Acabou legitimando a corrupção através da sua popularidade.
Em 2010 e 2014, conseguiu eleger Dilma Rousseff como sua preposta. Demonstrou um poder nunca visto na nossa História. Contou com o apoio entusiástico do grande capital espoliador. Foi considerado um estadista, um político insubstituível — até por jornalistas experientes.
Mesmo com denúncias de suas mazelas, nada parecia abalá-lo.
Tudo começou a ruir em 2014 com a Operação Lava-Jato. Nestes três anos o país ficou estarrecido com as revelações do petrolão e da participação de Lula como “o comandante máximo da organização criminosa,” na definição do Ministério Público Federal.
Hoje, a decadência política de Lula é inegável. Não passa de um réu temeroso de ser condenado a regime fechado — o que deve ocorrer ainda este ano.
Sua queda — e de seu nefasto legado — é fundamental para que o Brasil retome o processo de construção de uma sociedade democrática. Lula representa a velha forma de fazer política, o conchavo, a propina, o saque do Erário, o desprezo pelas instituições.
Removê-lo da política, condená-lo a uma pena severa, é um serviço indispensável ao futuro do nosso país.
Quem vai responder?
Entendendo quase nada...
1 – Quem paga os caríssimos advogados de Lula, Dirceu, Palocci, Duque, Vaccari, Paulo Teixeira, Okamotto? Quem pagou os advogados de Delúbio, Genoino, João Paulo Cunha, Silvinho? De onde veio esse dinheiro, se os réus não têm e não tinham rendimentos suficientes para arcar com tais custos?
2 – Enquanto estava ocorrendo a investigação sobre o mensalão, os investigados petistas continuavam a praticar o petrolão. Mas durante as investigações do petrolão, eles continuaram a praticar o… petrolão! Como isso é possível? E como é possível que pessoas que fizeram isso – e, portanto, que continuaram a delinquir (como Dirceu) – tenham sido soltas pelo STF?
3 – Como é possível que os grandes bancos não tenham se envolvido nas movimentações de centenas de milhões de reais, dólares e euros ocorridas no petrolão? Esse dinheiro todo circulou exclusivamente em cuecas e mochilas? Quantas cuecas e mochilas seriam necessárias?
4 – Como é possível que a Receita Federal e o Coaf não tenham detectado a movimentação irregular de dezenas, talvez centenas, de milhões de dinheiro sujo durante o mensalão e o petrolão? As movimentações continuaram mesmo depois da abertura dos inquéritos e ainda assim não foram detectadas? Essas movimentações continuam?
5 – Como é possível que um simples funcionário como Barusco tivesse contas na Suíça com 182 milhões de reais? Todas as contas dele foram descobertas? E era só o Barusco que fazia isso, o exemplar único de uma exótica espécie em extinção? Onde estão as outras contas fantasmas em nome de laranjas ou de offshores (inclusive abertas pela Odebrecht) no exterior?
6 – Descobertas algumas organizações criminosas erigidas dentro de empresas (como o Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht e a Controladoria da OAS), como é possível que essas empresas continuem existindo e operando sob o controle dos mesmos criminosos que montaram essas organizações?
7 – Quem financia o Instituto Lula? Okamotto diz que são os empresários. Eles continuam financiando? Quem são esses empresários temerários? E como eles podem continuar doando recursos depois de tudo que aconteceu?
8 – Como é possível que as novas direções da Petrobrás e do BNDES não tenham feito uma devassa para descobrir esquemas de corrupção e funcionários criminosos que continuaram atuando nessas empresas? Como é possível que, até agora, não se saiba quase nada dos financiamentos do BNDES a ditaduras amigas do PT, sob orientação política, a mando de Lula?
9 – Com que dinheiro José Dirceu vai viver fora da cadeia? E com que dinheiro os outros condenados no mensalão (e já soltos ou perdoados, como Delúbio) estão vivendo? Por último, com que dinheiro Palocci vivia em apartamento de luxo, como um nababo? Se for solto vai retomar sua vida de rico?
10 – Com que dinheiro o PT pretende bancar a campanha de Lula 2018, se as doações empresariais estão proibidas? Só com o fundo partidário? Desviará dinheiro (do imposto sindical) dos seus sindicatos e centrais? Haverá novamente caixa 2? Ou esse dinheiro já está guardado – como reserva estratégica – em contas secretas, no Brasil e no exterior?
Se você não sabe as respostas para essas perguntas é sinal de que está entendendo quase nada do que aconteceu e continua acontecendo no Brasil.
2 – Enquanto estava ocorrendo a investigação sobre o mensalão, os investigados petistas continuavam a praticar o petrolão. Mas durante as investigações do petrolão, eles continuaram a praticar o… petrolão! Como isso é possível? E como é possível que pessoas que fizeram isso – e, portanto, que continuaram a delinquir (como Dirceu) – tenham sido soltas pelo STF?
3 – Como é possível que os grandes bancos não tenham se envolvido nas movimentações de centenas de milhões de reais, dólares e euros ocorridas no petrolão? Esse dinheiro todo circulou exclusivamente em cuecas e mochilas? Quantas cuecas e mochilas seriam necessárias?
4 – Como é possível que a Receita Federal e o Coaf não tenham detectado a movimentação irregular de dezenas, talvez centenas, de milhões de dinheiro sujo durante o mensalão e o petrolão? As movimentações continuaram mesmo depois da abertura dos inquéritos e ainda assim não foram detectadas? Essas movimentações continuam?
5 – Como é possível que um simples funcionário como Barusco tivesse contas na Suíça com 182 milhões de reais? Todas as contas dele foram descobertas? E era só o Barusco que fazia isso, o exemplar único de uma exótica espécie em extinção? Onde estão as outras contas fantasmas em nome de laranjas ou de offshores (inclusive abertas pela Odebrecht) no exterior?
6 – Descobertas algumas organizações criminosas erigidas dentro de empresas (como o Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht e a Controladoria da OAS), como é possível que essas empresas continuem existindo e operando sob o controle dos mesmos criminosos que montaram essas organizações?
7 – Quem financia o Instituto Lula? Okamotto diz que são os empresários. Eles continuam financiando? Quem são esses empresários temerários? E como eles podem continuar doando recursos depois de tudo que aconteceu?
8 – Como é possível que as novas direções da Petrobrás e do BNDES não tenham feito uma devassa para descobrir esquemas de corrupção e funcionários criminosos que continuaram atuando nessas empresas? Como é possível que, até agora, não se saiba quase nada dos financiamentos do BNDES a ditaduras amigas do PT, sob orientação política, a mando de Lula?
9 – Com que dinheiro José Dirceu vai viver fora da cadeia? E com que dinheiro os outros condenados no mensalão (e já soltos ou perdoados, como Delúbio) estão vivendo? Por último, com que dinheiro Palocci vivia em apartamento de luxo, como um nababo? Se for solto vai retomar sua vida de rico?
10 – Com que dinheiro o PT pretende bancar a campanha de Lula 2018, se as doações empresariais estão proibidas? Só com o fundo partidário? Desviará dinheiro (do imposto sindical) dos seus sindicatos e centrais? Haverá novamente caixa 2? Ou esse dinheiro já está guardado – como reserva estratégica – em contas secretas, no Brasil e no exterior?
Se você não sabe as respostas para essas perguntas é sinal de que está entendendo quase nada do que aconteceu e continua acontecendo no Brasil.
Lula e Moro irão se olhar nos olhos?
O primeiro encontro, cara a cara, entre o juiz Sérgio Moro e o ex-presidente Lula não é um duelo entre os dois. Lula é um cidadão convocado como réu, acusado de corrupção política, e Moro o juiz que pode condená-lo ou absolvê-lo. Nada além disso.
Mas se pretendeu dar ares de disputa futebolística a esse primeiro encontro, convocando ao tribunal de Curitiba os torcedores do político e do juiz sob o risco de confrontos e violência, o que levou Moro a pedir a suas hostes que fiquem em suas casas: “Não venham, não é necessário. Deixem a justiça realizar seu trabalho”.
Estamos na sociedade da pós-verdade em que os sentimentos e as sensações contam mais do que os fatos. Por isso, querendo ou não, a data de amanhã, 10 de maio, terá um eco internacional.
Será lembrada no futuro como algo histórico ocorrido no Brasil. Será o dia em que, pela primeira vez, se encontrarão, cara a cara, dois personagens que já entraram na história: Lula, o presidente mais popular que o país já teve, ídolo das classes mais humildes e hoje sob suspeita de corrupção política, e Sérgio Moro, o juiz que trouxe a público a Lava Jato, o maior escândalo de corrupção conhecido até hoje. O juiz que se espelha em Giovanni Falcone, o flagelador da máfia siciliana, que a colocou no banco dos réus e por quem acabou assassinado. Lula e Moro irão se olhar nos olhos?
Já ocorreram outros 10 de maio famosos no mundo que podem ser metáfora do momento brasileiro. Figuras de prestígio mundial chegaram ao poder justamente nesse dia, como Nelson Mandela, na África do Sul e François Mitterrand, na França. E em um 10 de maio de 1508, Michelangelo começou a pintar a bela e polêmica Capela Sistina, talvez o maior monumento artístico da história da humanidade.
Para esse 10 de maio brasileiro há quem tenha ido consultar os astrólogos. Esse dia está sob o signo zodíaco de touro, que representa o respeito às leis, à estabilidade e à força.
Lula é de escorpião, signo intenso, sensual, com energia emocional, mas possessivo. Moro é de leão, o signo dominante do zodíaco. É o signo dos que se sentem vencedores e também ambiciosos.
Os dois não podem ser mais diferentes: Lula é expansivo, Moro, contido. O ex-presidente é mediterrâneo e tropical, e o juiz, mais nórdico. Lula é fogo, Moro, gelo.
Lula brigará para ser absolvido das acusações. Quer demonstrar que é inocente e um perseguido político e seu desejo é voltar a presidir o país pela terceira vez.
Moro e os seus esperam ter provas para poder demonstrar a tese de que Lula foi “il capo” da trama do grande escândalo de corrupção da Petrobras com ramificações em vários continentes. Tudo isso em meio a um suspense entre a tragédia shakespeariana e a comédia bufa napolitana.
O triste é que a Lava Jato não é uma disputa de futebol e uma partida de pôquer onde se pode blefar, mas uma dramática realidade que o Brasil vive entre incrédulo e envergonhado. Uma realidade que anuncia a crise não só da esquerda social representada por Lula, mas de toda uma classe política.
A única esperança é que o país e suas instituições saiam purificados e renovados de um teste cujas consequências são sofridas não só pelos políticos, mas por toda a sociedade. Uma sociedade que só quer trabalhar e ser feliz, que merece algo melhor do que essa incerteza institucional e esse mar de corrupção.
Quem sabe não está chegando a hora da verdade, essa que liberta, enriquece e enobrece a um país.
Mas se pretendeu dar ares de disputa futebolística a esse primeiro encontro, convocando ao tribunal de Curitiba os torcedores do político e do juiz sob o risco de confrontos e violência, o que levou Moro a pedir a suas hostes que fiquem em suas casas: “Não venham, não é necessário. Deixem a justiça realizar seu trabalho”.
Estamos na sociedade da pós-verdade em que os sentimentos e as sensações contam mais do que os fatos. Por isso, querendo ou não, a data de amanhã, 10 de maio, terá um eco internacional.
Será lembrada no futuro como algo histórico ocorrido no Brasil. Será o dia em que, pela primeira vez, se encontrarão, cara a cara, dois personagens que já entraram na história: Lula, o presidente mais popular que o país já teve, ídolo das classes mais humildes e hoje sob suspeita de corrupção política, e Sérgio Moro, o juiz que trouxe a público a Lava Jato, o maior escândalo de corrupção conhecido até hoje. O juiz que se espelha em Giovanni Falcone, o flagelador da máfia siciliana, que a colocou no banco dos réus e por quem acabou assassinado. Lula e Moro irão se olhar nos olhos?
Já ocorreram outros 10 de maio famosos no mundo que podem ser metáfora do momento brasileiro. Figuras de prestígio mundial chegaram ao poder justamente nesse dia, como Nelson Mandela, na África do Sul e François Mitterrand, na França. E em um 10 de maio de 1508, Michelangelo começou a pintar a bela e polêmica Capela Sistina, talvez o maior monumento artístico da história da humanidade.
Para esse 10 de maio brasileiro há quem tenha ido consultar os astrólogos. Esse dia está sob o signo zodíaco de touro, que representa o respeito às leis, à estabilidade e à força.
Lula é de escorpião, signo intenso, sensual, com energia emocional, mas possessivo. Moro é de leão, o signo dominante do zodíaco. É o signo dos que se sentem vencedores e também ambiciosos.
Os dois não podem ser mais diferentes: Lula é expansivo, Moro, contido. O ex-presidente é mediterrâneo e tropical, e o juiz, mais nórdico. Lula é fogo, Moro, gelo.
Lula brigará para ser absolvido das acusações. Quer demonstrar que é inocente e um perseguido político e seu desejo é voltar a presidir o país pela terceira vez.
Moro e os seus esperam ter provas para poder demonstrar a tese de que Lula foi “il capo” da trama do grande escândalo de corrupção da Petrobras com ramificações em vários continentes. Tudo isso em meio a um suspense entre a tragédia shakespeariana e a comédia bufa napolitana.
O triste é que a Lava Jato não é uma disputa de futebol e uma partida de pôquer onde se pode blefar, mas uma dramática realidade que o Brasil vive entre incrédulo e envergonhado. Uma realidade que anuncia a crise não só da esquerda social representada por Lula, mas de toda uma classe política.
A única esperança é que o país e suas instituições saiam purificados e renovados de um teste cujas consequências são sofridas não só pelos políticos, mas por toda a sociedade. Uma sociedade que só quer trabalhar e ser feliz, que merece algo melhor do que essa incerteza institucional e esse mar de corrupção.
Quem sabe não está chegando a hora da verdade, essa que liberta, enriquece e enobrece a um país.
Bomba H na Lava Jato
Não adianta chorar, espernear, berrar, atear fogo às vestes nem espargir cinza nos cabelos: o depoimento do ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque ao juiz Sergio Moro, da 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba, tem o efeito de uma bomba H na reputação e nas miragens fantasiosas de Lula e seus miquinhos amestrados sobre o papel dele no petrolão. Até 5 de maio a estratégia de defesa do ex-presidente da República era um castelo com alicerces apoiados em areia movediça. Suas bases se fundavam em hipóteses completamente estapafúrdias: o padim de Caetés estaria sendo perseguido por uma súcia de policiais e procuradores federais, sob o comando de um juiz tucano, bancado pelo imperialismo americano e pela sórdida burguesia nacional para evitar que ele fosse eleito presidente da República pela terceira vez no pleito de 2018. Fariam ainda parte desse bando de golpistas o titular da 10.ª Vara Federal Criminal de Brasília, Vallisney de Souza Oliveira, e Marcelos Bretas, chefe da 7.ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro. E todes teriam o apoio em tempo integral dos procuradores da Justiça paulista, do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e do desembargador que relata os processos a que responde no 4.º Tribunal Regional de Porto Alegre, João Pedro Gebran Neto. Ou seja, uma conspiração maligna e múltipla com vários tentáculos.
Ainda de acordo com essa teoria conspiratória em que o delírio se reúne à arrogância, à desfaçatez e ao cabotinismo em graus extremos, causam essa raiva feroz desses agentes do Estado as conquistas que favoreceram os pobres brasileiros nos oito anos das duas gestões de Lula e nos cinco anos, quatro meses e 12 dias dos desgovernos de sua afilhada, protegida e gerentona fiel Dilma Vana Rousseff Linhares. Esses podres burgueses teriam armado o golpe que apeou madame presidenta do poder federal por não suportarem mais pobres andrajosos viajando de avião como se fossem abastados e os métodos implacáveis contra a corrupção reinante na relação entre capital e burocracia estatal desde os tempos da colônia. Pois teriam passado a ser combatidos sem dó nem piedade pela Polícia Federal (PF) dos tempos em que era considerada republicana até o momento em que deixou de ser comandada pelo causídico Márcio Thomaz Bastos, ministro da Justiça no primeiro mandarinato do máximo chefe.
A verdade dos fatos é que as divisões internas da PF, que vêm dos tempos da queda da ditadura militar com a eleição de Tancredo Neves e a posse de José Sarney na Presidência da República, de fato, a tornaram inexpugnável a ordens de cima. Até hoje, o órgão se divide entre os tucanos ligados ao delegado e ex-deputado federal Marcelo Itagiba; os petistas que prestaram inestimáveis serviços a José Dirceu e seus comandados petistas na documentação usada pelas bancadas do Partido dos Trabalhadores (PT) no impeachment de Collor e na demolição da boa imagem conquistada por Fernando Henrique no comando da maior revolução social da História, o Plano Real; e as viúvas de Romeu Tuma, o ex-diretor do Dops paulista que foi guindado a diretor da instituição e nela deixou marcas e devotados herdeiros. A verdade é que de Sarney até hoje nenhum presidente da República exerceu completo controle sobre a PF. Graças a essa divisão, não foram paralisadas investigações dos agentes federais por ordens de cima sob a égide do mensalão nem muito menos agora na Lava Jato.
A conjuntura internacional favoreceu tal “republicanismo”. O trabalho da polícia americana para desvendar a sofisticada engenharia financeira para tornar viável o atentado do Al Qaeda que demoliu as Torres Gêmeas em Nova York e quase fez o mesmo com o Pentágono acordou os ianques para a realidade de que não seria possível combater o terrorismo sem abrir guerra contra a disseminação da corrupção. Daí, fez-se um pacto internacional para combater a corrupção e caçar corruptos onde quer que eles estivessem. Foi nesse contexto que Fernando Henrique e seu ministro da Justiça, Renan Calheiros, assinaram a lei autorizando a colaboração com a Justiça, que seus alvos e sequazes apelidaram, talvez de forma irreversível, de “delações premiadas”. Dilma Rousseff e seu advogado de confiança no Ministério da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, não tiveram como não assinar o aperfeiçoamento dessa forma que se tem mostrado muito eficaz para identificar e processar larápios, de vez que a lei resulta de acordos internacionais que não tinham como não ser firmados. A repatriação de capitais no exterior obedece a uma lógica similar.
A chamada Ação Penal 470 foi o primeiro esforço para investigar, processar e prender criminosos do colarinho branco. Ao perceber que a velha regra da época dos coronéis conforme a qual só vão para o inferno prisional nacional os três pês – pobres, prostitutas e pardos – começava a ser demolida. A arraia miúda festejou e aplaudiu. Tornou Joaquim Barbosa, relator do mensalão e depois presidente do STF, seu herói da vez. Só agora é possível perceber que, de fato, esse senhor tinha motivações ideológicas que permitiram que os verdadeiros mandantes da roubalheira continuassem intactos. O resultado final é lastimável. Mofam na prisão o operador Marcos Valério e alguns empresários privados do segundo time, enquanto toda a cúpula do primeiro governo Lula está à solta, pois um indulto da companheira Dilma foi tornado perdão da pena por seus amiguinhos do STF. Diante do petrolão, o mensalão é uma farsa de iniciantes nas artes cênicas. Até Zé Dirceu, condenado por ter delinquido enquanto respondia à Justiça preso na Papuda, acaba de ser liberado, graças à ação conjunta da trinca da tolerância formada pelos maganões do Direito torto Gilmar Mendes, Ricardo Lewandoswki e Dias Toffoli. Dos chefões políticos do mensalão na cadeia resta o insignificante e abandonado Pedro Corrêa.
Apesar do talento, da expertise em lavagem de dinheiro e da lisura do comandante da Lava Jato, o juiz Sergio Moro, não tem sido fácil encontrar provas que incriminem o chefão de todos os petistas, pilhados saqueando todos os cofres da República. A revista Época desta semana, em completa reportagem de capa de Diego Escosteguy, reproduz copiosa documentação que dá conteúdo às delações ditas premiadas que fundamentam os cinco processos penais e as seis citações de Luiz Inácio Lula da Silva na lista dos 78 da Odebrecht, que virou de Janot e, depois, de Fachin. No entanto, não falta quem o defenda dizendo que não bastam a coincidência e a lógica dos depoimentos para incriminá-lo. “Faltam provas”; teimam, insistem, persistem, não desistem e repetem.
O depoimento de Renato Duque é demolidor em todos os sentidos. Por sua origem, por exemplo. Quando Paulo Roberto Costa era o vértice das delações dos ex-diretores da Petrobrás, o ilibado professor Ildo Sauer, da USP, espírito de santo de orelha de Lula em matéria de energia e ex-diretor de gás da apodrecida cúpula da Petrobrás saqueada, garantia, em entrevista à revista de sua grei acadêmica e, depois, ao Estadão, que naquele corpo diretivo só havia dois dirigentes acima de suspeita, Renato Duque e ele próprio. E demolidor também pelas revelações feitas perante o juiz testemunhando que Lula sabia de tudo e tudo comandava e que Dilma Rousseff, a afilhada e sucessora, se preocupava com a hipótese de algum diretor da Petrobrás nas gestões dela ter dinheiro em contas no exterior.
Não vai ser com seu castelo em cima de areia movediça que Lula abalará a consistência das revelações de Duque. E mais: é possível que ainda haja material explosivo pronto para detoná-lo. O que não terão a dizer Eike Batista e Antônio Palocci que possa comprometê-lo? Lauro Jardim, em sua coluna no Globo, garante que Sérgio Andrade, dono da Andrade Gutiérrez, até agora protegido pelo sócio Otávio Azevedo, está negociando a própria “delação premiada”. Ele também terá muito a dizer, não só a respeito de Sérgio Cabral, em cujo processo depôs, ou aos investigadores das Operações Zelote e Lava Jato. E ainda a respeito da bilionária guerra das teles, assunto que até agora ninguém abordou. Como não está preso, não foi indiciado e mora em Lisboa, sua decisão desmonta a tese fundamental da defesa de Lula, Dilma, Palocci et caterva: a de que negociam redução de penas e, por isso, mentem. E agora, Luiz?
Ainda de acordo com essa teoria conspiratória em que o delírio se reúne à arrogância, à desfaçatez e ao cabotinismo em graus extremos, causam essa raiva feroz desses agentes do Estado as conquistas que favoreceram os pobres brasileiros nos oito anos das duas gestões de Lula e nos cinco anos, quatro meses e 12 dias dos desgovernos de sua afilhada, protegida e gerentona fiel Dilma Vana Rousseff Linhares. Esses podres burgueses teriam armado o golpe que apeou madame presidenta do poder federal por não suportarem mais pobres andrajosos viajando de avião como se fossem abastados e os métodos implacáveis contra a corrupção reinante na relação entre capital e burocracia estatal desde os tempos da colônia. Pois teriam passado a ser combatidos sem dó nem piedade pela Polícia Federal (PF) dos tempos em que era considerada republicana até o momento em que deixou de ser comandada pelo causídico Márcio Thomaz Bastos, ministro da Justiça no primeiro mandarinato do máximo chefe.
A verdade dos fatos é que as divisões internas da PF, que vêm dos tempos da queda da ditadura militar com a eleição de Tancredo Neves e a posse de José Sarney na Presidência da República, de fato, a tornaram inexpugnável a ordens de cima. Até hoje, o órgão se divide entre os tucanos ligados ao delegado e ex-deputado federal Marcelo Itagiba; os petistas que prestaram inestimáveis serviços a José Dirceu e seus comandados petistas na documentação usada pelas bancadas do Partido dos Trabalhadores (PT) no impeachment de Collor e na demolição da boa imagem conquistada por Fernando Henrique no comando da maior revolução social da História, o Plano Real; e as viúvas de Romeu Tuma, o ex-diretor do Dops paulista que foi guindado a diretor da instituição e nela deixou marcas e devotados herdeiros. A verdade é que de Sarney até hoje nenhum presidente da República exerceu completo controle sobre a PF. Graças a essa divisão, não foram paralisadas investigações dos agentes federais por ordens de cima sob a égide do mensalão nem muito menos agora na Lava Jato.
A conjuntura internacional favoreceu tal “republicanismo”. O trabalho da polícia americana para desvendar a sofisticada engenharia financeira para tornar viável o atentado do Al Qaeda que demoliu as Torres Gêmeas em Nova York e quase fez o mesmo com o Pentágono acordou os ianques para a realidade de que não seria possível combater o terrorismo sem abrir guerra contra a disseminação da corrupção. Daí, fez-se um pacto internacional para combater a corrupção e caçar corruptos onde quer que eles estivessem. Foi nesse contexto que Fernando Henrique e seu ministro da Justiça, Renan Calheiros, assinaram a lei autorizando a colaboração com a Justiça, que seus alvos e sequazes apelidaram, talvez de forma irreversível, de “delações premiadas”. Dilma Rousseff e seu advogado de confiança no Ministério da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, não tiveram como não assinar o aperfeiçoamento dessa forma que se tem mostrado muito eficaz para identificar e processar larápios, de vez que a lei resulta de acordos internacionais que não tinham como não ser firmados. A repatriação de capitais no exterior obedece a uma lógica similar.
A chamada Ação Penal 470 foi o primeiro esforço para investigar, processar e prender criminosos do colarinho branco. Ao perceber que a velha regra da época dos coronéis conforme a qual só vão para o inferno prisional nacional os três pês – pobres, prostitutas e pardos – começava a ser demolida. A arraia miúda festejou e aplaudiu. Tornou Joaquim Barbosa, relator do mensalão e depois presidente do STF, seu herói da vez. Só agora é possível perceber que, de fato, esse senhor tinha motivações ideológicas que permitiram que os verdadeiros mandantes da roubalheira continuassem intactos. O resultado final é lastimável. Mofam na prisão o operador Marcos Valério e alguns empresários privados do segundo time, enquanto toda a cúpula do primeiro governo Lula está à solta, pois um indulto da companheira Dilma foi tornado perdão da pena por seus amiguinhos do STF. Diante do petrolão, o mensalão é uma farsa de iniciantes nas artes cênicas. Até Zé Dirceu, condenado por ter delinquido enquanto respondia à Justiça preso na Papuda, acaba de ser liberado, graças à ação conjunta da trinca da tolerância formada pelos maganões do Direito torto Gilmar Mendes, Ricardo Lewandoswki e Dias Toffoli. Dos chefões políticos do mensalão na cadeia resta o insignificante e abandonado Pedro Corrêa.
Apesar do talento, da expertise em lavagem de dinheiro e da lisura do comandante da Lava Jato, o juiz Sergio Moro, não tem sido fácil encontrar provas que incriminem o chefão de todos os petistas, pilhados saqueando todos os cofres da República. A revista Época desta semana, em completa reportagem de capa de Diego Escosteguy, reproduz copiosa documentação que dá conteúdo às delações ditas premiadas que fundamentam os cinco processos penais e as seis citações de Luiz Inácio Lula da Silva na lista dos 78 da Odebrecht, que virou de Janot e, depois, de Fachin. No entanto, não falta quem o defenda dizendo que não bastam a coincidência e a lógica dos depoimentos para incriminá-lo. “Faltam provas”; teimam, insistem, persistem, não desistem e repetem.
O depoimento de Renato Duque é demolidor em todos os sentidos. Por sua origem, por exemplo. Quando Paulo Roberto Costa era o vértice das delações dos ex-diretores da Petrobrás, o ilibado professor Ildo Sauer, da USP, espírito de santo de orelha de Lula em matéria de energia e ex-diretor de gás da apodrecida cúpula da Petrobrás saqueada, garantia, em entrevista à revista de sua grei acadêmica e, depois, ao Estadão, que naquele corpo diretivo só havia dois dirigentes acima de suspeita, Renato Duque e ele próprio. E demolidor também pelas revelações feitas perante o juiz testemunhando que Lula sabia de tudo e tudo comandava e que Dilma Rousseff, a afilhada e sucessora, se preocupava com a hipótese de algum diretor da Petrobrás nas gestões dela ter dinheiro em contas no exterior.
Não vai ser com seu castelo em cima de areia movediça que Lula abalará a consistência das revelações de Duque. E mais: é possível que ainda haja material explosivo pronto para detoná-lo. O que não terão a dizer Eike Batista e Antônio Palocci que possa comprometê-lo? Lauro Jardim, em sua coluna no Globo, garante que Sérgio Andrade, dono da Andrade Gutiérrez, até agora protegido pelo sócio Otávio Azevedo, está negociando a própria “delação premiada”. Ele também terá muito a dizer, não só a respeito de Sérgio Cabral, em cujo processo depôs, ou aos investigadores das Operações Zelote e Lava Jato. E ainda a respeito da bilionária guerra das teles, assunto que até agora ninguém abordou. Como não está preso, não foi indiciado e mora em Lisboa, sua decisão desmonta a tese fundamental da defesa de Lula, Dilma, Palocci et caterva: a de que negociam redução de penas e, por isso, mentem. E agora, Luiz?
Fim de ciclo
A banda passou devagar na Rua das Flores, calçadão central de Curitiba, abrindo caminho para um grupo com faixas e cartazes improvisados de um partido desconhecido (contava dois meses de registro). Surgiu, então, a comitiva com um barbudo sorridente no meio. Seguiram para o comício na Boca Maldita, onde a tradição curitibana recomenda que se fale mal de tudo e de todos, num exercício de liberdade. Na estridência daquele ajuntamento havia novidade, o prelúdio do ocaso da ditadura.
Nesta semana completam-se 35 anos dessa manifestação de Lula e do PT, em Curitiba. Outra, mais ruidosa, está prevista para amanhã. Entre ambas sobram evidências de uma estética do desalento. Naquele maio de 1982, desfilavam em defesa de utopias do igualitarismo, sempre vitais à política, sufocadas pelo regime ditatorial. Desta vez, a marcha é para comício de autodefesa de um político réu por corrupção, um direito na democracia.
Mudaram o país e o mundo, e Lula continua candidato no mesmo palanque de 12 mil dias atrás. É caso singular de concentração de poder dentro de um partido: já gastou 49% dos seus 71 anos de vida impondo-se como única alternativa ao PT, até para escolha do substituto eventual, como foi com Dilma Rousseff.
O PT reduziu-se ao papel de alavanca da defesa de Lula num processo criminal. A mais organizada máquina partidária acaba de completar três décadas e meia de história prisioneira de candidato único. Tornou-se símbolo de um sistema falido de organização e método de se fazer política. Fixou-se no ponto extremo da monotonia de um sistema partidário fragmentado e impeditivo à formação e renovação de lideranças.
Há indícios da petrificação petista. Pela primeira vez, por exemplo, o partido amarga uma estagnação no número de filiações. O 1,5 milhão de alistados que possuía em março do ano passado, segundo o Tribunal Superior Eleitoral, continuou imutável no último abril. Agregou somente 3,8 mil novos seguidores, nove vezes menos que o PSDB e o PMDB no período.
No mesmo palanque há 35 anos, Lula agora lidera a repulsa nas pesquisas eleitorais. Com 45% de rejeição, segundo o Datafolha, só é superado por Michel Temer, chefe de um governo-tampão, que ele e o PT escolheram duas vezes como vice-presidente, num pacto eleitoral com o PMDB de Eduardo Cunha, Renan Calheiros e Romero Jucá, entre outros.
A mesma pesquisa indica que prevalece a percepção (32%) de que Lula comandou o mais corrupto dos governos. Injusta ou não, é indicativa da corrosão da imagem do eterno candidato numa democracia que, em três décadas, só elegeu quatro presidentes pelo voto direto (Collor, Fernando Henrique, Lula e Dilma) — metade deposta por impeachment.
A obsolescência do que está aí se torna ainda mais evidente na proliferação de novos partidos, organizações e movimentos, como é o caso do Agora!, Novo, Nova Democracia, Muitos, Acredito, Brasil 21, Livres, Ativistas, entre outros. Procuram reduzir o distanciamento do eleitorado, com uso de tecnologias para participação direta — inclusive para projetos de leis de iniciativa popular, como permite o aplicativo recém-desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia e Sociedade, do Rio.
O tempo passou na janela. Aparentemente, vem aí um mandado de despejo aos antigos mandarins da política brasileira.
José Casado
Mudaram o país e o mundo, e Lula continua candidato no mesmo palanque de 12 mil dias atrás. É caso singular de concentração de poder dentro de um partido: já gastou 49% dos seus 71 anos de vida impondo-se como única alternativa ao PT, até para escolha do substituto eventual, como foi com Dilma Rousseff.
O PT reduziu-se ao papel de alavanca da defesa de Lula num processo criminal. A mais organizada máquina partidária acaba de completar três décadas e meia de história prisioneira de candidato único. Tornou-se símbolo de um sistema falido de organização e método de se fazer política. Fixou-se no ponto extremo da monotonia de um sistema partidário fragmentado e impeditivo à formação e renovação de lideranças.
Há indícios da petrificação petista. Pela primeira vez, por exemplo, o partido amarga uma estagnação no número de filiações. O 1,5 milhão de alistados que possuía em março do ano passado, segundo o Tribunal Superior Eleitoral, continuou imutável no último abril. Agregou somente 3,8 mil novos seguidores, nove vezes menos que o PSDB e o PMDB no período.
No mesmo palanque há 35 anos, Lula agora lidera a repulsa nas pesquisas eleitorais. Com 45% de rejeição, segundo o Datafolha, só é superado por Michel Temer, chefe de um governo-tampão, que ele e o PT escolheram duas vezes como vice-presidente, num pacto eleitoral com o PMDB de Eduardo Cunha, Renan Calheiros e Romero Jucá, entre outros.
A mesma pesquisa indica que prevalece a percepção (32%) de que Lula comandou o mais corrupto dos governos. Injusta ou não, é indicativa da corrosão da imagem do eterno candidato numa democracia que, em três décadas, só elegeu quatro presidentes pelo voto direto (Collor, Fernando Henrique, Lula e Dilma) — metade deposta por impeachment.
A obsolescência do que está aí se torna ainda mais evidente na proliferação de novos partidos, organizações e movimentos, como é o caso do Agora!, Novo, Nova Democracia, Muitos, Acredito, Brasil 21, Livres, Ativistas, entre outros. Procuram reduzir o distanciamento do eleitorado, com uso de tecnologias para participação direta — inclusive para projetos de leis de iniciativa popular, como permite o aplicativo recém-desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia e Sociedade, do Rio.
O tempo passou na janela. Aparentemente, vem aí um mandado de despejo aos antigos mandarins da política brasileira.
José Casado
O 'Sistema' que nos governa é inimigo do cidadão
Jamais, na História do Brasil, o “Sistema” de poder se mostrou tão atuante e contundente quanto agora, declarando-se escancaradamente como inimigo do cidadão, roubando, explorando, matando, negando-lhe direitos e anulando outros. Os roubos bilionários contra o erário e povo têm como conseqüência a falta de verbas nas áreas fundamentais de saúde e segurança, por estarem sendo desviadas de seus destinos. Isso significa que os condutores do “Sistema” são responsáveis por esses crimes que aniquilam a população, vitimada pelo serviço deficiente na saúde púbica e pelo total descaso com a segurança, com o país em clima permanente de informal guerra civil, que contabiliza cerca de 60 mil mortos a cada ano.
Não se consegue entender e aceitar a inexistência de movimentos organizados que poderiam contestar tanto o “Sistema” quanto seus poderes ilegítimos, e essa omissão tem deixado o povo à mercê de governantes e políticos deletérios e abjetos.
Na verdade, precisamos nos conscientizar que estamos sendo criminosamente manipulados pelo “Sistema”. Nesta conjuntura, supostas esquerda e direita se confundem na dilapidação dos recursos públicos, conforme ficou demonstrado pelas investigações da Lava Jato, com o Brasil sendo dominado por quadrilhas que se locupletam ilicitamente há mais de trinta anos e agora tentam inviabilizar a atuação da chamada República de Curitiba.
Vale lembrar que os bancos não são de direita e nem de esquerda, mas seguem apenas o dinheiro, o lucro, enquanto as elites brasileiras do serviço público e do empresariado querem apenas manter privilégios inimagináveis para o trabalhador, e tanto faz se o governo se intitula socialista, comunista ou capitalista, pois o objetivo destas castas se resume a exercer o poder e se locupletar.
Não se consegue entender e aceitar a inexistência de movimentos organizados que poderiam contestar tanto o “Sistema” quanto seus poderes ilegítimos, e essa omissão tem deixado o povo à mercê de governantes e políticos deletérios e abjetos.
Vale lembrar que os bancos não são de direita e nem de esquerda, mas seguem apenas o dinheiro, o lucro, enquanto as elites brasileiras do serviço público e do empresariado querem apenas manter privilégios inimagináveis para o trabalhador, e tanto faz se o governo se intitula socialista, comunista ou capitalista, pois o objetivo destas castas se resume a exercer o poder e se locupletar.
Bom, se considerarmos os bilhões roubados dos gastos públicos, envolvendo empresas estatais, fundos de pensão, empréstimos consignados, merenda escolar, metrôs, rodovias, programas populares etc., porque em tudo, enfim, há roubo e corrupção, a consequência é o suplício dos cidadãos inocentes, explorados pelos Três Poderes e pelos empresários sonegadores, seus cúmplices.
E não estou sendo calunioso ou difamando os três Poderes, porque não há dúvida de que o Judiciário também está envolvido, sobretudo por sua omissão em punir mais rápida e eficazmente os crimes cometidos contra o interesse público. Esta é a realidade brasileira.
E não estou sendo calunioso ou difamando os três Poderes, porque não há dúvida de que o Judiciário também está envolvido, sobretudo por sua omissão em punir mais rápida e eficazmente os crimes cometidos contra o interesse público. Esta é a realidade brasileira.
Ninguém sabe o que haverá em Curitiba, mas sabe-se que Lula poderia ter evitado
Ao pedir mais um adiamento do interrogatório do ex-presidente Lula da Silva, seus advogados causaram uma confusão enorme nas bases do PT e seus aliados, como os movimentos sociais, centrais e sindicatos. Em Brasília, que preparou uma revoada de parlamentares petistas e dos partidos de oposição, ninguém sabia o que fazer. A mesma desorientação atingiu os “exércitos” dos sem-terra e sem-teto de João Pedro Stédile e Guilherme Boulos, assim como a UNE e entidades estudantis. Mas o juiz federal Sérgio Moro nem deu atenção ao pedido da defesa de Lula e o interrogatório continuou de pé.
Não se sabe a que ponto a indefinição atrapalhou os preparativos da megamanifestação, também se desconhece o que pode acontecer hoje em Curitiba. A única coisa que se sabe é que apenas uma pessoa poderia evitar isso – o próprio Lula da Silva. Bastava uma palavra sua poderia pacificar a situação e afastar qualquer risco de confronto. Mas ele não se manifestou, simplesmente deixou rolar.
Não se sabe a que ponto a indefinição atrapalhou os preparativos da megamanifestação, também se desconhece o que pode acontecer hoje em Curitiba. A única coisa que se sabe é que apenas uma pessoa poderia evitar isso – o próprio Lula da Silva. Bastava uma palavra sua poderia pacificar a situação e afastar qualquer risco de confronto. Mas ele não se manifestou, simplesmente deixou rolar.
Na verdade, Lula é o grande responsável por todo esse clima de angústia. O PT, os partidos aliados, os movimentos sociais, os sindicatos e centrais, os estudantes e trabalhadores – todos eles só se meteram nessa empreitada atendendo a pedido do próprio Lula. Em 23 de fevereiro de 2016, num evento em defesa da Petrobras na Associação Brasileira de Imprensa, ao discursar o ex-presidente mudou o tema da reunião e avisou que iria botar o “exército” do Stédile nas ruas. Um ano e quatro meses depois, a ameaça se concretiza.
O fato concreto é que, sem ter como se defender das acusações, Lula apela para a militância, está pouco ligando para o que pode acontecer. É certo que não será preso. Se quisesse prendê-lo, o juiz Moro já o teria feito. Mas o magistrado sabe que o custo/benefício não vale a pena. É melhor deixar Lula desmoronar ao vivo e a cores.
No desespero, os advogados apelam para as mais criativas chicanas (manobras judiciais aéticas). Requisitaram 200 mil páginas de documentos à Petrobras e agora queriam adiar o interrogatório, alegando que não tiverem tempo de ler. Só pode ser Piada do Ano.
O ex-presidente Lula da Silva pode se orgulhar de mais essa realização. Nunca antes, na História deste país, um político agiu de forma tão irresponsável, em benefício próprio, tentando escapar da Justiça escondendo-se atrás da multidão.
Lula diz que não há provas contra ele. Se isso é fato, então deveria agir como se fosse inocente. Qualquer pessoa que é acusada injustamente, sem provas, faz questão de enfrentar a Justiça com altivez e galhardia, não se esconde atrás de sem-terra ou sem-teto, porque isso o identifica como sem-caráter.
Vamos torcer para que não aconteça nada de grave e Lula da Silva possa voltar a seu decadente império em São Bernardo, para continuar correndo atrás de um sonho que inevitavelmente vai se transformar em pesadelo. É só uma questão de tempo.
O fato concreto é que, sem ter como se defender das acusações, Lula apela para a militância, está pouco ligando para o que pode acontecer. É certo que não será preso. Se quisesse prendê-lo, o juiz Moro já o teria feito. Mas o magistrado sabe que o custo/benefício não vale a pena. É melhor deixar Lula desmoronar ao vivo e a cores.
No desespero, os advogados apelam para as mais criativas chicanas (manobras judiciais aéticas). Requisitaram 200 mil páginas de documentos à Petrobras e agora queriam adiar o interrogatório, alegando que não tiverem tempo de ler. Só pode ser Piada do Ano.
O ex-presidente Lula da Silva pode se orgulhar de mais essa realização. Nunca antes, na História deste país, um político agiu de forma tão irresponsável, em benefício próprio, tentando escapar da Justiça escondendo-se atrás da multidão.
Lula diz que não há provas contra ele. Se isso é fato, então deveria agir como se fosse inocente. Qualquer pessoa que é acusada injustamente, sem provas, faz questão de enfrentar a Justiça com altivez e galhardia, não se esconde atrás de sem-terra ou sem-teto, porque isso o identifica como sem-caráter.
Vamos torcer para que não aconteça nada de grave e Lula da Silva possa voltar a seu decadente império em São Bernardo, para continuar correndo atrás de um sonho que inevitavelmente vai se transformar em pesadelo. É só uma questão de tempo.
Humilhação crônica
É curioso! As pessoas passam a vida a receber golpes e a aceitá-los; são humilhadas todos os dias; não se mexem, mas um dia saem às ruas e quebram tudo. O exército intervém e atira na multidão para restabelecer a ordem. Reina o silêncio e as pessoas escondem a cabeça. Abre-se um grande buraco e nele se jogam os mortos. A coisa torna-se crônica
Tahar Ben Lelloun, escritor marroquino vencedor do Prémio Goncourt (1987)
A asfixia da Funai e o genocídio anunciado
O asfixiamento da Fundação Nacional do Índio (Funai) pode ser o prenúncio de uma verdadeira calamidade para os povos indígenas e suas terras, que há tanto resistem ao assédio e à voracidade dos brancos.
A “crise” na Funai - entre aspas, porque não fortuita - está impondo a suspensão das atividades de 5 das 19 bases de proteção do órgão a povos indígenas isolados e de recente contato. Os cortes, sob um verniz político-administrativo, expressam a velha política do Estado brasileiro de extermínio, de forma direta ou por omissão, dos povos indígenas.
Como nas regiões do rio Envira (AC) e do Vale do Javari (AM), a região do médio rio Purus, no sul do Amazonas, sofre igualmente os efeitos dos cortes e do não repasse dos recursos em âmbito local. Sem quaisquer condições logísticas e operacionais, a Base de Proteção (Bape) Piranha foi fechada na última leva de cortes enquanto as bases Canuaru e Suruwaha operam de forma precária e estão ameaçadas de ter o mesmo destino nos próximos dias, colocando em risco a sobrevivência dos povos isolados e de recente contato da região.
Até poucos anos atrás, a região da base Piranha, que protegia o território dos isolados Himerimã, era intensamente invadida e explorada por não indígenas. A presença dos brancos gerou inúmeros conflitos nos quais estima-se que parte considerável dos indígenas tenha sido assassinada e os sobreviventes, em virtude da violência do contato, tenham se refugiado no isolamento. A ameaça de invasão também permanece na região do Canuaru, território compartilhado entre os Himerimã e seus vizinhos Jamamadi. Além da destruição causada pela caça, pesca e extração ilegal de madeira, os invasores trazem consigo a ameaça de epidemias que, como ocorreu diversas vezes ao longo da história, dizimaram povos inteiros.
Já na base que protege o território suruwaha, povo de recente contato, a situação é particularmente delicada, pois, ao impedir o ingresso não autorizado na terra, a base garante a segurança para que os Suruwaha voltem a utilizar áreas de ocupação tradicional antes evitadas por medo dos brancos e suas doenças. A pesca, a caça e a extração de materiais somente disponíveis nessa parte do território tornaram-se, desde então, corriqueiras, de modo que sem a presença da Funai para coibir a entrada dos invasores, os Suruwaha acabam expostos à iminência de encontros catastróficos.
Cabe ressaltar que a região é alvo, há muitos anos, de intenso assédio de missões evangélicas, algumas condenadas pela Justiça a se retirarem das áreas indígenas por prática de proselitismo religioso.
O fechamento das bases, além de colocar em risco a existência física desses povos, torna-os ainda mais vulneráveis àqueles que desrespeitam sua recusa voluntária de se relacionar com a sociedade nacional e tentam incansavelmente impor-lhes outro modo de vida.
Também estão sendo abandonados os servidores do órgão, incluindo os que atuam na CR (Coordenação Regional) e CTLs (Coordenações Técnicas Locais) que, à revelia das ameaças políticas, têm se dedicado a proteger as terras e manter as políticas de atenção aos indígenas mesmo em condições adversas. Basta o exemplo dos coordenadores das Frentes de Proteção Etnoambiental do Madeira-Purus e Uru-eu-wau-wau, que, sem outra alternativa, deixaram os escritórios regionais e fizeram das bases ameaçadas de fechamento suas casas.
A desinformação generalizada sobre a existência de povos que, por conhecerem os brancos e o mundo que os cerca, rejeitam autonomamente o contato conosco, contribuem igualmente para a marcha de seu genocídio silencioso. Hoje a Coordenação Geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC) ostenta o menor orçamento da Funai e já não tem condições de manter as ações técnicas especializadas que sustentam a metodologia de proteção aos povos indígenas, fundamentada na premissa do não contato, por meio da vigilância e fiscalização de seus territórios.
Curiosamente, esta coordenação, junto com aquela responsável pela proteção territorial e licenciamento ambiental (vinculadas à Diretoria de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável), foram duramente afetadas pelos cortes, possivelmente para agilizar a liberação de empreendimentos do agronegócio e das mineradoras, petroleiras e empreiteiras nas terras indígenas e para estancar de vez a conclusão dos processos de demarcação.
Oxalá os povos indígenas, reunidos em Brasília, na semana anterior, no maior Acampamento Terra Livre da história para lutar contra os ataques a seus direitos, possam evitar que tais golpes sejam fatais.
Karen Shiratori, doutora em Antropologia Social no Museu Nacional/UFRJ.
Maduro está podre. E Lula, bichado
A luta insana dos dois políticos para garantir seus privilégios os leva ao inevitável confronto, não de idéias, mas da convulsão social que é pregada por ambos.
Maduro, no poder e com a caneta na mão, governa tutelado por militares e defendido por milícias armadas que utilizam seus arsenais contra o povo indefeso, montados em motocicletas velozes e cobertos por capacetes.
O sangue corre nas ruas da Venezuela e, todos os dias, alguns cidadãos são mortos com brutalidade. O governo, desde a morte do líder populista Hugo Chaves, que afundou o país na miséria, se volta para a manutenção dos seus tresloucados atos e submete o povo às migalhas dos programas sociais que tão bem conhecemos, e senta o porrete nos opositores. Já são mais de quarenta mortos, um sem número de presos e, quem sabe, outros desaparecidos.
A paciência do povo venezuelano chegou ao fim, e a revolta popular pode levar o país à guerra civil. De nada adiantaram os milhões de dólares destinados por Lula e Dilma para amenizar a crise. Por lá, tudo se resume em ditadura, miséria e mortes. Maduro já morreu, mas como o velho ditador, ainda está sentado no trono em putrefação.
Por aqui, o ex-presidente, que chegou ao poder para mudar o país, segue em prisão domiciliar espontânea e só discursa em eventos privados com medo de ser agredido pelo povo ainda não enfurecido. A fisionomia de Lula é a imagem da decadência de um ser humano. É uma fruta murcha, acomodada em caixote para ser descartada nos aterros sanitários na periferia das cidades.
O desmascaramento das falas de Lula, investigado em tantos processos, chega a ser risível e, nas redes sociais, é mais assistido do que os comediantes renomados. Nas casas, nos bares, nas escolas e nos transportes públicos há sempre uma pessoa compartilhando suas galhofas.
O último discurso de Lula, antes de ser submetido a interrogatório pelo juiz Sérgio Moro, demonstrou a irresponsabilidade do ex-cara ao incentivar seus seguidores a irem para as ruas em sua defesa, em claro desrespeito às leis que condenam o incitamento à violência.
Há grande dúvida se o ex-presidente deve ser preso na ocasião do seu interrogatório. Razões jurídicas não faltam, mas muitos analistas têm ponderado sobre o momento adequado para enjaulá-lo. Esta é questão para ser resolvida pelo Poder Judiciário que tem a responsabilidade em ser o fiel da balança e garantir o respeito à lei e a busca da paz social, pois, se depender dos companheiros exaltados, o pau vai comer.
É certo que nenhum dos líderes será atingido por balas de borracha ou cassetetes, eles estarão protegidos por seguranças e mantidos longe do confronto, onde predominam faixas e palavras de ordem.
Como diria o mestre Ataulfo Alves em seu célebre “Laranja Madura”: “Você diz que me dá casa e comida/ Boa vida e dinheiro prá gastar/ O que é que há, minha gente o que é que há/Tanta bondade que me faz desconfiar/ Laranja madura na beira da estrada/ Tá bichada Zé ou tem maribondo no pé.
Lula está bichado e no fim da estrada.
Maduro, no poder e com a caneta na mão, governa tutelado por militares e defendido por milícias armadas que utilizam seus arsenais contra o povo indefeso, montados em motocicletas velozes e cobertos por capacetes.
O sangue corre nas ruas da Venezuela e, todos os dias, alguns cidadãos são mortos com brutalidade. O governo, desde a morte do líder populista Hugo Chaves, que afundou o país na miséria, se volta para a manutenção dos seus tresloucados atos e submete o povo às migalhas dos programas sociais que tão bem conhecemos, e senta o porrete nos opositores. Já são mais de quarenta mortos, um sem número de presos e, quem sabe, outros desaparecidos.
A paciência do povo venezuelano chegou ao fim, e a revolta popular pode levar o país à guerra civil. De nada adiantaram os milhões de dólares destinados por Lula e Dilma para amenizar a crise. Por lá, tudo se resume em ditadura, miséria e mortes. Maduro já morreu, mas como o velho ditador, ainda está sentado no trono em putrefação.
O desmascaramento das falas de Lula, investigado em tantos processos, chega a ser risível e, nas redes sociais, é mais assistido do que os comediantes renomados. Nas casas, nos bares, nas escolas e nos transportes públicos há sempre uma pessoa compartilhando suas galhofas.
O último discurso de Lula, antes de ser submetido a interrogatório pelo juiz Sérgio Moro, demonstrou a irresponsabilidade do ex-cara ao incentivar seus seguidores a irem para as ruas em sua defesa, em claro desrespeito às leis que condenam o incitamento à violência.
Há grande dúvida se o ex-presidente deve ser preso na ocasião do seu interrogatório. Razões jurídicas não faltam, mas muitos analistas têm ponderado sobre o momento adequado para enjaulá-lo. Esta é questão para ser resolvida pelo Poder Judiciário que tem a responsabilidade em ser o fiel da balança e garantir o respeito à lei e a busca da paz social, pois, se depender dos companheiros exaltados, o pau vai comer.
É certo que nenhum dos líderes será atingido por balas de borracha ou cassetetes, eles estarão protegidos por seguranças e mantidos longe do confronto, onde predominam faixas e palavras de ordem.
Como diria o mestre Ataulfo Alves em seu célebre “Laranja Madura”: “Você diz que me dá casa e comida/ Boa vida e dinheiro prá gastar/ O que é que há, minha gente o que é que há/Tanta bondade que me faz desconfiar/ Laranja madura na beira da estrada/ Tá bichada Zé ou tem maribondo no pé.
Lula está bichado e no fim da estrada.
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