terça-feira, 9 de maio de 2017

O dilema de Pandora

Já estamos no quinto mês do ano, passaram-se as festas, o Carnaval, a Semana Santa, os feriados prolongados tão desejados, e não se vê no horizonte, em nenhum espaço, qualquer sinal de mudança do grave quadro de crise que o Brasil enfrenta.

É óbvio que não se esperava que o país se reencontrasse muito facilmente, tamanhos o rombo e o desmando gerados especialmente pelos mandatos da deposta presidente Dilma Rousseff (PT), mas também era justo imaginar-se que Temer traria com sua turma propostas que pudessem aliviar o passivo de misérias em que se arrasta a nação. Foi o prometido, e para isso tanto apoio se somou à mudança no comando da nação.

Falimos economicamente, perdemos a capacidade de suprir com a imaginação e a criatividade a dificuldade dos meios, embrenhamo-nos num deserto de ideias. O presidente Michel Temer (PMDB) não conseguiu, até o momento, instalar o governo prometido tampouco parir um programa que acenasse com mudanças. Juros escorchantes em benefício de um sistema financeiro criminoso, impostos impagáveis e o desemprego elevado às alturas.


Da falta de investimentos e da drástica redução do custeio de políticas e ações públicas é desnecessário falar. Já não se tem mais nem esperança delas. A tímida agenda de reformas oferecida trouxe com ela as dificuldades de sua negociação com um Congresso a cada dia mais descaracterizado em sua representatividade porque são exceções os não fisiologistas e/ou os que não se acham dependurados nas investigações da Polícia Federal, do Ministério Público ou que, se ainda aí não se acham, lutam para que o foro privilegiado seja mantido para si e estendido aos membros de suas famílias e de seus cúmplices.

Foro privilegiado para todos é o desejo da grande maioria desse Congresso, quase todo prontuariado na polícia, à espera de uma tornozeleira confortável. Triste realidade essa, a das delações premiadas que disparam todos os dias revelações do pagamento de propinas, com recursos de caixa 1, 2 ou 3, sempre produtos de corrupção, de sonegação de tributos, do superfaturamento de obras públicas.

A cada semana, listas intermináveis de bandidos, muitos acumulando com tal pecha os cargos de deputado, senador, prefeito, governador, ministro e até de presidente da República, assustam a turba que espera ser acordada às seis da manhã para um passeio no camburão da Federal.

O Brasil parou. Estamos entregues, em todos os níveis do Executivo e do Legislativo, a políticos que não têm autoridade moral nem qualidade como homens públicos para exercer os mandatos que receberam pelo voto. Raríssimas são as exceções.

Restava-nos o Judiciário mas é da intimidade desse Poder que emergem, pela voz de seus próprios membros, as censuras que o definem como atualizada caixa de Pandora, de onde saem todos os males, inclusive a perda da esperança. O que fizeram com o Brasil?

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