A própria ideia e conceção de um desfile militar dessa envergadura, dá logo a sensação de alguma fraqueza. E não é de agora, é de sempre. Uma grande potência militar e nuclear não precisa de mostrar os seus «brinquedos». Nem o passo de ganso. Está implícito e, acima de tudo, confirma-se em teatros de guerra. Essa demonstração colateral é que serve de prova dos nove.
Marian Kamensky |
E para Putin, e o seu comando militar, este foi um amargo Dia da Vitória. Porque não há vitória na Ucrânia, porque o teste de força só mostrou fraqueza, e porque o brilho dos soldados, tanques e mísseis, era baço. Nem a Força Aérea apareceu, para mostrar a sua capacidade. Assim, à primeira vista, o desfile militar emagreceu em 50%, o que diz tudo. Foi escanzelado e fraco.
Agora, para explicar à plateia, que já deve ter uma ideia da tragédia militar, Putin apontou a NATO como o verdadeiro inimigo. Afinal a aliança preparava-se, na sua mente confusa, para atacar e ocupar território russo. Isto é um surto psicótico. Todos o querem destruir. Está baralhado, perdido, incapaz de pensar. A NATO nasceu para se defender da URSS, e agora da Rússia, e não o contrário. Tudo isto é como a data da Vitória. A Grã-Bretanha, os EUA e a França têm uma, a verdadeira, eles têm outra.
A fraqueza de Putin foi agora reforçada com duas notícias: um dos seus antigos primeiros-ministros, Mikhail Kasyanov, disse que este desfile e discurso era o princípio do fim do presidente da Rússia, e há relatos de desobediência direta de soldados e graduados russos no Donbas, que não cumprem as ordens de ataque, ou fingem que estão a tentar. Tem razão Kasyanov: isto é um passo antes do fim.