terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Manutenção


Por que esse medo de escolher os mais bem preparados?


Novo Governo do Brasil será um teste para saber se estamos diante de algo novo ou se tudo acabará na clássica contemporização
Uma vez perguntei ao dono de uma grande empresa a que se devia o sucesso da mesma, e me respondeu sem pensar: “Porque sempre escolhi os melhores para dirigi-la”. Voltei a lhe perguntar se não temia ficar rodeado de personalidades até mais valiosas do que ele, já que poderiam lhe fazer sombra. Sorriu e me disse enigmaticamente: “Quem teme a luz ao seu redor é porque só sabe trabalhar nas trevas”.

No sábado passado um dos participantes do programa de televisão Globo News Painel, dirigido pelo genial jornalista William Waack, me trouxe à memória aquela conversa. O participante destacou a dificuldade que os governantes brasileiros demonstram para escolher (por exemplo para o cargo de ministro) os mais bem preparados, personalidades indiscutíveis, para quem não deveria ser difícil – exatamente por seu grau de excelência – oferecer toda a liberdade em suas decisões sem medo de que lhe façam sombra.

Pelo contrário, é quase impossível ver à frente de um ministério alguém de absoluta competência e rigor ético. O preço maldito que os governantes têm de pagar aos partidos políticos para ganhar seu apoio faz com que não cheguem a um ministério pessoas preparadas e de reconhecido conhecimento na matéria da qual serão responsáveis, mas figuras cinzentas para quem é mais fácil manejar e trabalhar para atuar em favor próprio do que para a nação.

Por que para ministérios vitais como o da Educação, das Cidades, da Saúde ou da Energia é necessário escolher um político de certo partido apesar de existirem personalidades muito mais brilhantes e capazes ainda que sem militância política concreta? Os ministros devem servir ao Governo da nação e não a estreitos cálculos políticos.

Verdades


Mentira, hábito e método



De comportamento inaceitável, a mentira virou hábito. E foi depois promovida a método. Esqueceu-se que mentira não constrói. Apenas entrega ilusão travestida de realidade.
 A verdade parece cada vez mais incômoda, inconveniente, desagradável, indesejável, enfim. Destinada a ser sempre protegida por um muro de mentiras.
A verdade não mais é ditada pelos fatos. A verdade passou a ser simples consequência da narrativa. De quem narra. De quando narra. Do por que narra.
                       Deu no que deu.

Faz 100 dias que Lula afronta o Brasil


Faz 100 dias que os brasileiros decentes foram afrontados pela descoberta do  escândalo em que Lula se meteu ao lado de Rosemary Noronha. Faz 100 dias que o país que presta é afrontado pela mudez malandra do caçador de votos que promoveu uma gatuna de quinta categoria a chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo. Faz 100 dias que o ex-presidente foge de perguntas sobre o caso de polícia que protagonizou em companhia da Primeiríssima Amiga e dos bebês quadrilheiros de Rosemary.

Surpreendido pela divulgação das maracutaias comprovadas por policiais federais engajados na Operação Porto Seguro, Lula fez o que sempre faz quando precisa costurar algum álibi menos cretino: perdeu a voz e sumiu. Passou a primeira semana enfurnado no Instituto Lula. Passou as duas seguintes longe do Brasil, driblando repórteres com escapadas pela porta dos fundos ou pela cozinha do restaurante.

Recuperou a voz no começo do ano, mas ainda garimpa no porão das desculpas esfarrapadas alguma que o anime a enfrentar jornalistas armados apenas de perguntas sem resposta. Para impedir que a aproximação do perigo, tem recorrido a cordões de isolamento, cercadinhos, muralhas humanas e outras mesquinharias improvisadas para livrá-lo de gente interessada no enredo da pornochanchada financiada por cofres públicos que apresentou ao Brasil, entre outros espantos, os talentos ocultos de Rosemary Noronha.

O silêncio que vai completando 2.500 horas, insista-se, só vale para o caso Rose. Entre 23 de novembro de 2012 e 3 de março de 2013, excluídos os poucos dias em que teve de desativar o serviço de som, o palanque ambulante continuou desempenhando simultaneamente os papeis de co-presidente da República, presidente honorário da base alugada, chefe supremo da seita, protetor dos pecadores companheiros, arquiteto do Brasil Maravilha e consultor-geral do mundo.

Abençoou catadores de lixo e metalúrgicos, leu mais de 300 livros, fingiu entender o que Sofia Loren disse em italiano, avisou que os EUA nunca mais elegerão um negro se Barack Obama fizer besteira, louvou bandidos de estimação, insultou a oposição, deliberou sobre a tragédia ocorrida no jogo do Corithians em Oruro, explicou aos governantes europeus como se transforma tsunami em marolinha, recomendou a FHC que pare de dizer o que pensa e descobriu que Abraham Lincoln reencarnou no Brasil com o nome de Luiz Inácio Lula da Silva. Fora o resto.