quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Sempre às ordens

"O que o Lula quiser fazer, eu apoiarei"
Dilma, subserviente ao capo

Reforma pra levar no bico


 Um dia depois de reeleita, Dilma insistiu que vai batalhar pela reforma política. Isso já havia defendido na cartilha de 2010. E logicamente esquecida como convinha aos governistas.

No ano passado, voltou a reafirmar seu empenho com os protestos nas ruas. A agravante, na época e como reeleita, é que a reforma sairá de um plebiscito como se o Executivo determinasse à sua conta e risco.

Com a gritaria pós-reeleição, a presidente saiu com uma de suas pérolas, das muitas que tem em caixas: "Acho que não interessa muito se é referendo ou plebiscito. Pode ser uma coisa ou outra". Uma coisa não é a mesma coisa que outra coisa, dona Dilma. Há diferenças profundas e uma presidente tem que saber muito bem o que quer. Jogar pra galera é que não pode como fez e continua fazendo. Também Hugo Chávez, muito amigo dos petistas, aplicou golpes desse tipo.

A reforma através de plebiscito como formula Dilma não só está sem pé nem cabeça, deixando o Legislativo de lado, mas tem um nítido viés bolivariano. É o trator da autoridade de quem se acha dona do país, apesar de sempre babar doçuras como pedir humildemente, quando de humilde não tem nada. Ao contrário, é famosa por humilhar tudo e todos. Freud explica.

Se o Executivo planeja em seus porões a reforma de outro poder através de escolha popular, se configura ditadura. Dilma sequer sabe como vai operar o seu milagre petista e ainda mais quem vai sancioná-lo. Se ficar como promessa mais essa digital da presidente em assunto que não lhe cabe, já é um grande alívio para as instituições democráticas. Pode fazer reforma, mas pelas vias legais.

A tentativa de realização desse fajuto plebiscito, criado em conluio dentro do Planalto com Lula e o marqueteiro João Santana, no ano passado, para dar uma satisfação ao povo, sob a faixa de que cumpre promessas, vai esbarrar no Judiciário e Legislativo.

Talvez o PT e Dilma estejam tão inebriados pelo poder que, “bolivariamente”, se achem no direito de tudo poder e fazer. Só esquecem que devem muitas explicações ao país e nem têm tanta força como imaginam. Por isso empurram com a barriga, como está fazendo Dilma, com a invenção de que tanto faz plebiscito ou referendo. É cortina de fumaça para tirar o foco do país de necessidades mais importantes. Ou esconder malfeitos. 

Entenderá Dilma a mensagem?

Os eleitores deram uma segunda oportunidade a Dilma. Será a presidenta capaz de encarnar a mudança da mudança? Terá entendido a mensagem desta vez?
 “Entendi a mensagem”, afirmou Felipe González na noite de sua última vitória eleitoral em 1993. Os socialistas espanhóis tinham vencido por uma pequena diferença depois de uma campanha marcada por distintos casos de corrupção e cujo principal argumento foi insuflar o medo do retorno da direita. Mas o propósito de emenda não pôde evitar uma tendência negativa de desgaste e, em três anos, o PSOE perdia o Governo em eleições antecipadas.

No Brasil, o agônico triunfo e reeleição de Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT), descontando-se as diferenças, guarda semelhanças com aquela experiência. Na noite de domingo, Dilma prometeu ser “uma presidenta melhor do que até agora”, depois de uma campanha agressiva, apoiada na divisão social e étnica – pobres contra ricos, negros contra brancos, centros urbanos contra zonas rurais, sul contra norte, esquerda contra direita – salpicada por acusações de corrupção. 

Ganhou, com a imprescindível ajuda do carisma de Lula, por apenas três milhões de votos em um país com 146 milhões de cidadãos com direito a sufrágio, dos quais 50 milhões votaram em seu rival, o liberal Aécio Neves, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).
Depois dos protestos de junho de 2013, a presidenta prometeu reformas

As eleições configuraram um Brasil dividido em duas metades, mas é preciso destacar que o pleito demonstrou a solidez da democracia brasileira e levar em consideração que, embora a presidenta tenha de se esforçar para reconciliar os brasileiros, a polarização política atual é muito menor que em outros países da região e não existe tradição de enfrentamento nem na história do país, nem no temperamento de seus cidadãos.


Se não cumpre nem essa!


Lei nº 5700, de 1971, revista e revisada em 1992, pela Lei nº 8421: “Artigo 31 – São consideradas manifestações de desrespeito à Bandeira Nacional, e portanto proibidas: I – ……;III – Usá-la como roupagem, reposteiro, pano de boca, guarnição de mesa, revestimento de tribuna, ou como cobertura de placas, retratos, painéis ou monumentos a inaugurar“.

A pena é pecuniária: de 1 a 4 salários mínimos, elevada ao dobro, no caso de reincidência. E o processo a que se submete o infrator “obedecerá o rito previsto para as contravenções penais” (Artigo 36).

Ninguém viu o racha?



Foi preciso o eleitor ir às urnas para os políticos se darem conta que algo de podre acontecia no maravilhoso mundo made in Brazil. O vaso trincado se tornou um vaso rachado de vez pelos próprios políticos que não se deram conta que havia um racha sob seus narizes empinados.

Puseram mais lenha no fogo com o “nós” e “eles” para agora surgirem como os conciliadores com rolos de esparadrapo para consertar o vaso. Serão os bombeiros para um fogo que se alastra mais rapidamente. A queimada da divisão ficou fora de controle. Podem até reduzir os focos, mas o fogo continuará a arder sem que tenham meios para conter uma nova queimada. 

Havia, e ainda há, algo de podre no reino. O país só aproveitou as eleições para dizer bem alto: “Cuidado!” Ainda assim acenam com medidas como um pedaço de esparadrapo aqui e outro ali com as conclamações de união, quando foram os mesmos que fomentaram a divisão com a complacência, a impunidade, a petulância, a imunidade.

Numa boa jogada de marketing, sempre ele, Dilma paira diáfana com a mão estendida da reconciliação nos jornalões. Imagem de santa, só que do pau-oco. O Estado, como está, tem a sua mão grande, seu olho gordo no poder, sua ganância de entrar na História com uma biografia inebriante ... para os tolos. Sequer pensa que o futuro decanta os verdadeiros, despreza a borra dos falsos.

Essa reconciliação proposta e acenada por dona Dilma tem um detalhe que pouco se fala. A presidente quer paz, mas em momento algum fez uma convocação direta ao senador Aécio Neves, que nas urnas ficou com a outra metade do país. A falta do gesto mostra a parcialidade da sua pretensão. Quer para si os juros de pacificadora, mas não quer conciliar-se com quem ficou sob o cacete de sua militância comandada por Lula. Como sempre, bate de um lado e finge que estende a outra mão. Mas só finge.

Comigo não, violão



Transformar as redes sociais em um esgoto fedorento para destruir adversários. Foi isso que fizeram. Não diga a candidata Dilma que não sabia o que estava acontecendo. Todo mundo percebia as insinuações que fazia nos debates e os coros nos debates sociais, dizendo que o Aécio batia em mulheres, era drogado. Quem faz isso não tem autoridade moral para pedir diálogo. Comigo, não. Estende uma mão e, com a outra, tem um punhal para ser cravado nas costas
Aloysio Nunes, líder do PSDB no Senado e candidato derrotado como vice de Aécio Neves 

Burrice e ignorância


A burrice não é democrática, porque a democracia tem vozes divergentes, instila dúvidas e o burro não tem ouvidos. O verdadeiro burro é surdo. E autoritário: quer enfiar burrices à força na cabeça dos ignorantes. O sujeito pode ser culto e burro. Quantos filósofos sabem tudo de Hegel ou Espinoza e são bestas quadradas? Seu mundo tem três ou quatro verdades que ele chupa como picolés. O burro dorme bem e não tem inveja do inteligente, porque ele “é” o inteligente.
(...)
Como disse acima, a liberdade é chata, dá angústia. A burrice tem a “vantagem“ de “explicar” o mundo. O diabo é que a burrice no poder chama-se “fascismo”.
Leia mais o artigo de Arnaldo Jabor