Foi preciso o eleitor ir às urnas para os políticos se darem
conta que algo de podre acontecia no maravilhoso mundo made in Brazil. O vaso
trincado se tornou um vaso rachado de vez pelos próprios políticos que não se
deram conta que havia um racha sob seus narizes empinados.
Puseram mais lenha no fogo com o “nós” e “eles” para agora
surgirem como os conciliadores com rolos de esparadrapo para consertar o vaso.
Serão os bombeiros para um fogo que se alastra mais rapidamente. A queimada da
divisão ficou fora de controle. Podem até reduzir os focos, mas o fogo
continuará a arder sem que tenham meios para conter uma nova queimada.
Havia, e ainda há, algo de podre no reino. O país só
aproveitou as eleições para dizer bem alto: “Cuidado!” Ainda assim acenam com
medidas como um pedaço de esparadrapo aqui e outro ali com as conclamações de
união, quando foram os mesmos que fomentaram a divisão com a complacência, a
impunidade, a petulância, a imunidade.
Numa boa jogada de marketing, sempre ele, Dilma paira
diáfana com a mão estendida da reconciliação nos jornalões. Imagem de santa, só
que do pau-oco. O Estado, como está, tem a sua mão grande, seu olho gordo no
poder, sua ganância de entrar na História com uma biografia inebriante ... para
os tolos. Sequer pensa que o futuro decanta os verdadeiros, despreza a borra
dos falsos.
Essa reconciliação proposta e acenada por dona Dilma tem um detalhe que pouco se fala. A presidente quer paz, mas em momento algum fez uma convocação direta ao senador Aécio Neves, que nas urnas ficou com a outra metade do país. A falta do gesto mostra a parcialidade da sua pretensão. Quer para si os juros de pacificadora, mas não quer conciliar-se com quem ficou sob o cacete de sua militância comandada por Lula. Como sempre, bate de um lado e finge que estende a outra mão. Mas só finge.
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