quinta-feira, 9 de julho de 2015

'Brasil tem um linchamento por dia, não é nada excepcional'

Cleidenilson da Silva morreu linchado no Maranhão
A cena de mais um linchamento pinçou de novo estômagos e consciências em boa parte do Brasil. Nesta segunda-feira, Cleidenilson da Silva, de 29 anos, morreu de joelhos. Ele foi espancado até a morte por um grupo de moradores após um assalto frustrado a um bar no Jardim São Cristóvão, um bairro pobre de São Luís, no Maranhão. Amarrado pelo pescoço e pelo abdômen com uma corda a um poste, seu corpo desnudo foi exposto e fotografado frente a uma multidão curiosa, vizinhos dos que o mataram. Mãos e dedos impressos em sangue tingiram a cena, mas o episódio é mais um no Estado, mais um no Brasil. “Brasil tem um linchamento por dia, não é nada excepcional nesta rotina de violência, este caso não tem nada de diferente do resto, o não ser essa imagem que choca”, explica o sociólogo José de Souza Martins, alguém que não se surpreende mais diante a brutalidade.

Souza Martins investiga há 20 anos os linchamentos no Brasil. O primeiro episódio do qual se tem registro aconteceu em 1585, em Salvador, quando um índio cristianizado que se achava Papa foi linchado até a morte por algo que, provavelmente, ofendeu os fiéis. O último (que conhecemos) foi Cleidenilson da Silva. 430 anos separam um do outro. A pesquisa de De Souza, baseada em 2.028 casos de linchamento, materializou-se no livro Linchamentos - A justiça popular no Brasil (Contexto, 2015). De Souza fala para EL PAÍS sobre o sentimento de que a melhor justiça é feita com as próprias mãos e que torna Brasil campeão da crueldade. "Nos últimos 60 anos, um milhão de brasileiros participaram de linchamentos", afirma no livro.

O Brasil nu


Existem dois Brasis. O primeiro, habitado por um povo ordeiro e pacífico, rodeado de paisagens paradisíacas, onde convivem harmonicamente todas as etnias, todos os gêneros e todas as classes sociais, lugar de realização de sonhos e desejos – este é o país idealizado que exportamos e que alimenta o imaginário dos estrangeiros. O outro, esse no qual sobrevivemos, tem cada vez mais revelado a sua genuína face: um território tomado pela erva daninha da intolerância, pelo veneno do cinismo, pelo câncer da corrupção. Nos últimos dias, assistimos atordoados diversas manifestações do lado obscuro do nosso caráter, que põem a nu nossa verdadeira essência.

O BRASIL MACHISTA – Aprovemos ou não a administração da presidente Dilma Rousseff, é inquestionável que ela foi eleita pela maioria dos votos no último pleito e que encontra-se no momento investida do mais importante cargo político do país. As críticas a ela, justas ou injustas, podem e devem ser feitas, mas respeitando-a como autoridade e ser humano. A imagem de Dilma Rousseff com as pernas abertas, disseminada nas redes sociais, não significa apenas desacato, mas pelo mau gosto também ofende-a como mulher. Demonstrações assim me fazem pensar no que faria gente dessa estirpe se estivesse no poder.

O BRASIL RACISTA – Reflexão semelhante me ocorre ao ler, estarrecido, as ofensas à jornalista Maria Julia Coutinho, responsável pela apresentação da meteorologia no Jornal Nacional. Bastou uma afrodescendente ocupar um lugar de destaque no horário nobre da televisão para despertar o ódio de uma parte da população, que mantém, pasmem!, em pleno século XXI, uma mentalidade segregacionista escravocrata.

O BRASIL CÍNICO – A presidente Dilma Rousseff já começa a demonstrar preocupação com o que chama de “clima de impeachment” que impregna o Congresso. O PT, ao invés de condenar a prática de corrupção que grassa entre seus dirigentes, prefere ora questionar a isenção da Justiça, ora argumentar que é impossível fazer política sem recorrer a financiamento via caixa 2. O PMDB torce, disfarçadamente, para que Dilma seja apeada do comando – caso isso ocorra, assume o vice, Michel Temer, e ganham espaço na República os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Eduardo Cunha... O PSDB, que nunca se conformou com a derrota do senador Aécio Neves nas últimas eleições, mal consegue ocultar o contentamento pelo agravamento da crise. A todos interessa apenas a conquista do poder. A nenhum, o que nos aguarda no futuro.

O BRASIL AUTORITÁRIO – O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, que se arvora em zelador da moral do homem comum, não demonstra pejo em deixar aflorar seu lado autoritário.Defensor dogmático da redução da maioridade penal, perpetrou um golpe contra a legalidade ao impor a votação do projeto que diminui de 18 para 16 anos a idade para encarceramento de adolescentes que cometam crimes graves, um dia após proposta semelhante ter sido rejeitada. Em recente entrevista a El Pais, o escritor Ferréz, um dos fundadores da autodenominada literatura marginal, disse que tinha dúvida sobre o que era pior para os jovens das periferias, se os traficantes de drogas ou os evangélicos. Traficantes e evangélicos multiplicam-se onde está ausente o Estado. A cruzada de Eduardo Cunha, fiel da igreja neopentecostal Sara Nossa Terra, parece-se mais uma luta por hegemonia entre os destituídos de tudo.

Respondam, senhores 'donos' do país


É justo o sacrifício de milhões em nome da vaidade ou da esperteza?
Acílio Lara Resende, "Forte sopro de inteligência me reacendeu a surrada esperança"

Recado grego ao Brasil


O presente que os gregos nos enviam vem em formato de reflexão: estamos nós, brasileiros, seguindo os mesmos passos que os levaram ao buraco? Um Estado inchado e generoso em benefícios sociais, combinado à baixa produção da indústria, deixou a Grécia perdida em um labirinto de onde nem Teseu conseguiria achar uma saída fácil. E as semelhanças com o Brasil são perturbadoras.

Emaranhado em um sistema previdenciário distorcido, com muitos privilégios e aposentadorias precoces, o Brasil drena o equivalente a 9,1% de suas riquezas para pagar pensões. A proporção deve dobrar até 2050: nos aproximaremos, portanto, dos gastos da Grécia (15% do Produto Interno Bruto) em vez de caminhar para o patamar de nações que lidam melhor com esses benefícios, como os Estados Unidos (7% do PIB).

É indiscutível que, se comparados aos gregos, ainda estamos a certa distância de abrir a caixa de Pandora. A dívida por lá chega a 177% do PIB (ou seja, seria necessário utilizar todas as riquezas do país por quase dois anos seguidos para satisfazer os credores). Mas observe a velocidade com a qual nos aproximamos: de 2010 para 2014, nossa dívida passou de 53,4% para 63,4% do PIB. E isso não nos garantiu desenvolvimento, mais produtividade ou protagonismo no mercado global.

Quando visitou a Grécia, Dilma deve ter recebido o recado do
ex-primeiro-ministro Georgios Papandreou: "Serás a próxima!"
A lógica que naufragou os gregos e sorri sorrateiramente em nossa direção é a de que não se pode distribuir uma riqueza que não se tem. Em algum momento, a fonte seca. Na ausência de uma produção que alimentasse o tesouro do país, os gregos recorreram a empréstimos para sustentar seu padrão de vida. Até que veio a crise de 2008, e os donos do dinheiro sumiram. Eis outras duas semelhanças a terras tupiniquins: nossa credibilidade anda em baixa, e nossa indústria, cambaleante _ em maio, a produção desabava quase 9% em comparação com um ano atrás.

E o que vem pela frente não anima. Talvez inspirada pela mitologia grega, nossa classe política parece olhar a realidade através de um filtro fantasioso. Em plena discussão sobre caminhos para amenizar a calamidade das contas públicas, eis que o Senado aprova um reajuste de 78% para servidores do Judiciário.

Não temos por aqui Orfeus, Odisseus ou Cadmos para nos resgatar _ ou uma zona do euro sólida para nos dar credibilidade. Contamos com nossos Renans e Cunhas e Dilmas.

Teremos que encontrar nossa própria saída do labirinto.

Blogues gritam só para garantir pixuleco


Os bloqueiros chapa-branca soltaram os carros alegóricos a todo vapor em carreatas. Quer dizer, não saem mais em quilométricas filas, porque já não são tantos como antes. Mas precisam justificar os pixulecos que sustentam suas boquinhas e a boa vida de bem remunerados novos ricos.

Por mera coincidência ou estranha semelhança, usam a mesma lenga-lenga dos golpistas de 1960 que derrubariam Jango. Só que hoje é bem inverso. Os comedores de criancinhas estão na oposição, na tão excomungada direita, e os grandes revolucionários no governo. Inverteram os papéis na lógica petista para continuar a velha maracutaia de manter o osso., mas jogam tão sujo quanto a direita ditatorial.

Nos blogues, jornalistas que mereceram respeito e analfabetos alçados a "comentaristas políticos" saem em defesa dos próprios bolsos, recheados com dinheiro público para enaltecerem o governo. É o exército mercenário que tanto tem feito mal ao país. A pilantragem dourada com as verbas que faltam aos pobres.

Sem um pingo de vergonha na cara, se alguma tiveram na vida, insistem em fazer do PT e do governo o que não podem mais ser. Há muito o partido deixou de lado as sandálias da humildade e calça Louis Vuitton, veste Chanel, usa Cartier. Mesmo em média cidades destroçadas pelo petismo pantagruélico, o comissariado esbanja em grife.

Os defensores da maior igualdade social são hoje os que mais se distanciam dos próprios temas ferrenhamente alardeados. Dão à população as migalhas eleitoreiras para continuar a desfrutar das regalias do poder, entre elas, se locupletar às custas de quem trabalha. 


É essa cambada que continua a proclamar as "virtudes" de uma esquerda, festiva e enriquecida, que está indo aos tribunais para responder por crimes.

Quando a rataria está caindo na água para tentar uma fuga, ainda há muitos que preferem remar contra a maré para apenas tirarem um pouco mais das tetas republicanas, em nome de um idealismo de quinta categoria contra um país que deixaram ir à falência, inclusive com uma desmilinguida oposição.

O que não conseguem enxergar é o naufrágio provocado por eles mesmos com sua chegada ao governo mais esfomeados de dinheiro do que plenos de interesse público.

Em nome do pai

Já é razoável o consenso de que a função da mente é controlar o corpo. E que na vida, sem um mínimo de interdição e autoridade, a vaca vai para o brejo. O sofrimento incompreensível, a alegria inexplicável, as habilidades inadequadas que estimulam, pessoas agitadas buscando satisfação, ritmos e interesses variados, uma autossensualidade que lembra parte de alguma coisa e aparenta desejos impacientes: não há experiência terapêutica que o salve dessa normalidade anormal.

O repertório de estímulos automáticos que o leva a funcionar fora de hora, sem hora para nada, não pode ser conhecido para não amenizar, em quem o observa, o prestígio e o sem sentido das coisas inaceitáveis que motiva.

E o que acontece de mágico, devorador, com quem contribui para ele se manter um mito sempre renovado, se for desconhecido por quem o tem como poder, agrada ao corpo, mas não dá folga ao coração. É bom entender pouco do seu funcionamento; é essencial ter por ele lucidez sem esperança. Se virar um deus, distancia dele.

O agitado personagem que descrevo não é o parlamento, nem qualquer um dos poderes do Estado. É o dinheiro, que adquiriu uma sexualidade tão excitada que misturou pecado e crime, separou família, matou sem prender, vestiu ao avesso o pano e a casaca, manipula a política como a um fantoche.

Minha sugestão é que: (1) como nunca foi claro para todos por que o interesse pelo dinheiro ultrapassa a satisfação saudável das necessidades; (2) como o relacionamento ilícito de muitas autoridades com ele está, como um animal daninho, devorando todas as nossas instituições; (3) como a gíria mais falada por empreiteiros patrióticos tornou-se o suborno, não o concreto armado; (4) como as indulgências voltaram a ser vendidas e (5) como o parlamento não para nunca com medo de tocar no assunto, é hora de discutir a equação entre dinheiro e necessidade como o centro do descomedimento da soberania nacional.

Quando o dinheiro não tiver mais a estonteante e tumultuosa importância que tem para desalentados reformadores sociais, poderá surgir uma camaradagem instantânea entre ele e as necessidades básicas, objetivas, como alimentação, e também com as subjetivas, como a admiração.

O sistema de representação poderá se fundar em outro código moral, pois toda pessoa que tem preço e o dinheiro paga, perceberá que, no fundo, é uma pessoa barata. O sistema judiciário, com seus artifícios destinados a produzir juízes e promotores ricos de salário — e pobres de sabedoria —, poderá se convencer que o amor ao dinheiro destrói todo outro tipo de amor e sabota os melhores desejos e apetites humanos, inclusive a cegueira romântica que enforma a Justiça para juízes honrados.

E no Executivo, carente de amigos, diminuiria a força do baba-ovo e das contas publicitárias geradoras desse caldeirão borbulhante que é o “fato político”, com suas mentiras, dinheiro estrangeiro e jatinhos para pobres de espírito.

Nem toda riqueza está assentada no culto do dinheiro, mas os que baseiam seu prestígio no medo de não ter outra referência de poder, lamento supor que aí falta um pai, não o dinheiro.

Paulo Delgado

Maravilha de engodo petista

Pontos de ônibus cobertos, construídos com dinheiro público, em local onde não passa ônibus, nem os Vermelhinhos, gratuitos, da empresa pública da Prefeitura de Maricá

Bem mais do que tranquilidade


Após reunião com deputados e ministros do Partido dos Trabalhadores no início da semana, Lula começou a colocar em prática a estratégia de se reaproximar do povo e “ajudar” Dilma Rousseff a sair do buraco em que se meteu. Diferentemente do que dizia antes da viagem da presidente aos Estados Unidos, em sua última aparição pública, quando palestrou para petroleiros, o líder petista não atirou contra o plano econômico do governo e praticamente soletrou aos companheiros o que a sua colega deve fazer a partir de agora.

“Colocar a cabeça no colo do povo e dialogar”. O conselho de Lula, paternal por natureza, chega a ser carinhoso e afável, mas, na real, não adianta muito, pois relativiza em demasia o terrível momento pelo qual passam o país e o seu partido.

Lula fala o que deve ser feito, mas não mostra como deve ser feito. Vagamente, sugere a Dilma que coloque os pés na rua e leve seu ministério a tiracolo, mas se esquece de que não estamos mais nos saudosos anos de seu governo, quando, apesar das denúncias do mensalão, tinha bala na agulha para agradar à população, sobretudo a mais carente.

Se Dilma puser o pé na rua, corre o risco de se atolar ainda mais. Suas palavras não são claras o suficiente, e tudo o que ela anda dizendo tem somente acentuado a percepção de que temos uma presidente atordoada e sem rumo.

Queira ou não assumir, o PT passa por uma situação catatônica, em que seu maior capital político, o povo, está se desvalorizando rapidamente. Esse pacto, que esteve fortalecido por mais de uma década, está agora sendo desfeito, e isso não está acontecendo por causa das infinitas denúncias de corrupção.


Em tese, algo muito simples de se entender transforma o conselho de Lula em palavras ao vento. O custo de vida e o desemprego aumentando, ao mesmo tempo em que o poder de realização material da sociedade diminui, impedem que Dilma coloque a cabeça no colo do povo, como quer o padrinho. Com a despensa vazia, o povo não lhe dará esse colo de que ela tanto precisa. E o mundo real é constituído por Eduardo Cunha e seu PMDB, uma oposição fortalecida, uma Polícia Federal atroz e uma Justiça propícia a condenar.

Não é mais como era antigamente. Talvez tenha chegado o momento de o PT enfrentar suas celeumas de uma maneira diferente. Ir para a rua, claro, mas negar o que é óbvio só piora.

As evidências, surgidas dia após dia, mesmo que sejam frutos de “vazamentos seletivos”, como reza o mantra petista, estão aí, ao alcance de todos. Serão elas que tornarão qualquer entoada da presidente e de aliados perigosamente vulnerável. Lula também torce para Dilma não perder a tranquilidade. Para que sua estratégia obtenha êxito, é melhor pedir a Deus que a paciência de nossa população continue sendo de Jó.

O PSDB e seu mandato divino

Quando alguém discorda de um comissário petista ele insinua que isso é coisa de quem está a serviço de algum interesse antissocial. Já o tucano é mais elegante. Quando o sujeito discorda ele explica de novo. Na sua última convenção, o PSDB apresentou-se pronto para assumir o governo, como se a derrota eleitoral do ano passado tivesse sido apenas um acidente. Melhor explicado, seria revertido.

Admitam-se todas as premissas expostas pelo tucanato. Aécio Neves perdeu a eleição para uma “organização criminosa". O PT não gosta dos pobres, mas do poder. O governo perdeu o rumo. Admita-se também que o PSDB pode ser uma alternativa às pedaladas e às petrorroubalheiras. Nesse caso, diante do que está aí, nada melhor que ele.

Na mesma convenção em que o tucanato apareceu pintado para a guerra aconteceram dois episódios. Eduardo Azeredo, ex-presidente do partido e ex-governador de Minas Gerais, foi colocado entre os convidados de honra do evento. Réu no caso do mensalão mineiro, anterior ao petista, Azeredo renunciou à presidência do partido e a uma cadeira de deputado federal para abrigar-se no rito da primeira instância. Como o tesoureiro João Vaccari, ovacionado no congresso do PT, ele é inocente até que haja sentença judicial condenando-o. O tucanato tinha mais uma surpresa cerimonial. Incluiu entre os aliados que discursaram a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), filha e herdeira do notável Roberto Jefferson, que cumpre em regime aberto a pena de sete anos a que foi condenado pelo Supremo Tribunal.

Políticos experientes como os candidatos Aécio Neves e Geraldo Alckmin poderiam ter contornado esses constrangimentos, mas, quando contrariados, os tucanos explicam de novo. Para eles, o mensalão mineiro e Roberto Jefferson nada têm a ver com a essência do mensalão petista.

A ação da Justiça diante do mensalão do PT mandou para a penitenciária gente que confiava na impunidade do andar de cima. O “efeito Papuda", por sua vez, abriu o caminho para 16 casos de colaboração de delinquentes com as investigações das petrorroubalheiras. Alguma coisa mudou no país, mas o tucanato persevera.

À primeira vista, o PSDB estaria na situação do Mr. Jones da canção de Bob Dylan: “Alguma coisa está acontecendo aqui, mas você não sabe o que é”. Essa hipótese é benigna, porem implausível. O tucanato sabe o que está acontecendo e quer mudar o país à sua maneira, com Eduardo Azeredo entre os convidados de honra e Cristiane Brasil na tribuna. Age como se tivesse recebido do Padre Eterno um mandato para governar o país. Replica a soberba de Lula e do comissariado petista ao solidarizarem-se com os mensaleiros.

O mandato da doutora Dilma não pode ser desligado por um clique do Tribunal de Contas da União ou do Tribunal Superior Eleitoral. No primeiro caso, o parecer do TCU precisa passar pelo rito da Câmara e do referendo de seu plenário. No segundo caso, basta que um ministro do TSE peça vista do processo para que o julgamento seja paralisado. Mesmo que quatro dos sete ministros antecipem seus votos condenando o governo, a sentença estará bloqueada. Sem crise institucional, as coisas funcionam desse jeito. Com crise, o que há é a crise. 

Desequilíbrio de Dilma pode apressar sua saída do Planalto


 Antes mesmo de iniciar o processo de impeachment para expelir a Dilma do Palácio do Planalto, é preciso interditá-la para que ela pare de falar tanta besteira quando abre a boca. Nos últimos dias, a presidente tem dado demonstração de que não anda bem da cabeça e deveria se submeter com certa urgência a tratamento psiquiátrico, pois as frases desconexas e o comportamento alienígena são sinais de distúrbios mentais. A coleção de besteirol e a troca de nomes nas solenidades mostram uma presidente atormentada que será lembrada mais pelo folclore do que por suas ações administrativas, quase nulas. 

A coleção de bobagem da presidente aqui e no exterior constrange a todos nós brasileiros. Como se não bastasse o caos econômico e administrativo que afunda o país em uma de suas maiores crises, ainda temos que nos envergonhar toda vez que ela abre boca. Dilma lembra muito a Ofélia, a comediante que fazia par com Lucio Mauro, e dava vexames quando ele recebia visita em casa, que ficou conhecida pelo bordão de “Cala boca, Ofélia”.

Atolada num mar de lama até o pescoço, a presidente está levando o país para um buraco negro. Não se posiciona como um estadista, não tem projetos para o Brasil e vire e mexe convida políticos e empresários para apresentar factoides no Palácio do Planalto como se o brasileiro ainda acreditasse nessas fantasias mirabolantes e delirantes de uma presidente sem carisma, que não lidera o país e demonstra sinais visíveis de desequilíbrio comportamental.

Encurralada dentro do Planalto, cercada de corruptos da Lava-Jato, refém do PMDB, Dilma não tem mais condição de governar o país porque perdeu o apoio popular da maioria absoluta do povo. Com apenas 9% de aprovação, agarra-se como pode aos peemedebistas que, nos bastidores, conspiram contra ela com a ajuda de Lula, o lobista de luxo das empreiteiras. Desesperada com a possibilidade do PMDB deixar a base aliada, pediu desesperadamente que Michel Temer ratificasse o apoio do partido ao seu governo para acalmar os empresários, os políticos e o mercado financeiro em pânico com o rumo da economia.

Quem acompanha os bastidores da política, sabe que Michel estava constrangido na coletiva de imprensa ao afirmar que permaneceria na articulação política do governo. Os peemedebistas têm feito reuniões frequentes para encontrar uma solução que tire a Dilma da presidência sem traumas constitucionais. Num politiquês mais claro: o PMDB quer a substituição dela pelo Michel, seu vice, sem arranhões à ordem jurídica e democrática como aconteceu com Fernando Collor. O próprio Michel tem sido avisado da conspiração que conta ainda com Lula, também enrolado na lama da corrupção da Lava-Jato. Portanto, a entrevista onde ele aparece para desfazer a notícia da sua saída da articulação do governo é coisa para inglês ver, truque de um político experiente que dissimula os conchavos, mas que está envolvido neles até o pescoço.

Para Michel, permanecer dentro do Planalto como uma espécie de chefe de departamento de pessoal é, no mínimo, um desrespeito a sua trajetória política. Presidente do maior partido da base de sustentação do governo, o vice pode ser chamuscado pela quadrilha que se alojou dentro do palácio, como acusam todos os delatores da Lava-Jato. A sua permanência nesse grupo serve de salvo-conduto para todos que estão envolvidos nos escândalos da corrupção e que vão continuar se escudando no seu prestígio para seguir com as suas práticas criminosas.

Aparecer falando à nação, cercado de auxiliares da Dilma, é, para Michel, um ato desabonador , pois com exceção do ministro Aldo Rebelo, uma das únicas reservas morais do governo, todos que estavam à mesa na coletiva estão sendo investigados por corrupção na operação Lava-Jato.