O jogo da bola - Cândido Portinari
A euforia econômica da Copa parece não ser
a mesma entre governos e empresas, em particular as do pequeno empresário. Os
idiotas de plantão garantem que tal evento esportivo pode dar uma arrancada no
progresso. Esquecem que nenhum governo completou a carta de intenções assinada
com a Fifa, nem vai cumprir no dia de São Nunca. Fizeram mal e porcamente, com
superfaturamento, estádios para populações esportivas imensuráveis. E se dão
por satisfeitos. Agora partem para embrulhar uma Copa das Copas num papel de
alavancadora da economia. Novamente só os salafrários aplaudem (também porque
muitos ganham só para isso).
Os efeitos da Copa vão atrapalhar a
economia dos pequenos negócios, não há dúvida. Feriados e pontos facultativos
são fatais para o comércio, em particular, sem receita com tais eventos que só
movimentam mesmos setores de serviços, hotelaria e alimentação. Falar, com a
boca cheia de farofa, em jorro de dinheiro dos turistas para os pequenos
empresários é empulhação. Turista esportivo sequer vai gastar em supermercado,
em cinema, em teatro, em papelaria ou mesmo no camelódromo, sequer pensa em
entrar na lojinha da esquina.
Pesquisa Datafolha, a pedido do Sindicato
da Pequena Indústria do Estado, mostra que pouco mais da metade 51% dos micro e
pequenos industriais paulistas apontam para prejuízos e 49% dizem que poderá
ser mais nocivo do que benéfico para os negócios. A situação não está nada boa
para o setor. A pesquisa ainda registra que 18% deixaram de pagar impostos em
fevereiro, 10% não acertaram dívidas financeiras e 8% não pagaram fornecedores.
E a situação tende a piorar caso se confirmem as expectativas de vendas nada
boas para a Copa. Em vez de goleada, a economia vai levar uma chinelada.