Tendem a ser bajuladores. Lembrem o encontro entre nosso líder e o presidente americano Donald Trump. Para o lado e para baixo, esses líderes desferem ofensas desconfiadas e dedo em riste. “Arminhas” na manga e ironias contra os “idiotas úteis”. Líderes assim sofrem de ejaculação precoce, recorrem a decretos, desprezam alianças, desmerecem críticas. Falam o que não deviam. Dividem para governar. Usam linguagem chula. Valem-se do poder para intimidar. Você conhece alguém assim.
Cortejam fiéis escudeiros para então fritá-los. Não sabem escolher seus ministros e assessores porque lhes falta inteligência humana e emocional. Encantam-se com personalidades de brilho próprio para, logo depois, tentar subjugá-las ou embaçar sua visão, desmerecendo ou torpedeando seus projetos. Qualquer lembrança de nomes como Paulo Guedes e Sérgio Moro é mera coincidência.
Ficou claro que Bolsonaro prefere vacas obscuras de presépio a assessores que possam desmascarar sua inaptidão para liderar. Isso resulta num troca-troca eterno de peões, uma dança das cadeiras desatinada, pois ninguém, nem o maior pau-mandado de todos, tem chance de corresponder às expectativas de um líder confuso. Quantos já foram incensados e limados no governo em tempo recorde? Eram todos incompetentes? Por que então foram nomeados? Quem está realmente satisfeito na equipe presidencial hoje? Quem se sente esquecido ou preso numa armadilha?
Um líder que se esmera em distribuir ordens e contraordens por ânsia de controle da microgovernança. Que perde tempo censurando vídeos de propaganda do Banco do Brasil ou se vingando de multas ou atritos pessoais. Um líder influenciável e imprevisível. Que afaga ou apedreja dependendo dos astros.
A perda de foco ou o foco errado em áreas essenciais que não domina – Economia, Segurança Pública e Educação – faz com que sua própria equipe passe a desconfiar dele. Alguns fazem uma ginástica atroz para protegê-lo do ridículo e se tornam condescendentes com o líder. A maioria tenta se proteger do fracasso pessoal e começa a se calar por prudência. Porque se sente desprotegida e desautorizada.
Nossa crise deixou de ser só ideológica, política ou econômica. Já repararam? Enfrentamos uma crise de liderança. O líder não pode ir contra tudo e contra todos, parceiros e subordinados. Velhos e jovens. Ricos e pobres. Professores e estudantes. Juízes e parlamentares. Sob pena de ficar só. O líder bem-sucedido segue alguns mandamentos. Valoriza e estimula sua equipe. Escolhe as brigas que valem a pena. Não transforma ministros em secretários. Não se afoba na travessia. Tem consciência de que precisa de aliados, e não só no panteão superior do Hemisfério Norte. Mede as palavras para não atiçar despeito ou antipatia. Mostra firmeza mas também coerência e autocrítica.