sexta-feira, 3 de setembro de 2021

A podridão que emana do clã Bolsonaro emporcalha o ar de Brasília

Afinal, deu para entender por que o presidente Jair Bolsonaro aconselhou os brasileiros a comprarem fuzil ao invés de feijão, e falou que o futuro lhe reserva a prisão, a morte ou a vitória.

A vitória nas eleições do ano que vem lhe parece cada vez mais distante. O governo já não governa, desmancha-se. A saúde de Bolsonaro não é boa, mas o risco de que morra é pequeno.

Na verdade, ele borra-se de medo de ser preso ao fim do mandato, ou de assistir, antes, à prisão de um dos seus filhos zero. Jura que os protegerá, abrigando-os no Palácio da Alvorada. Mas e daí?

Até quando poderia se negar a cumprir uma eventual ordem de prisão da Justiça? Melhor seria tirá-los do país às escondidas e despachá-los para um exílio vexaminoso.


Bolsonaro elegeu o Supremo Tribunal Federal para saco de pancadas, mas é no Rio que o perigo está e não no deserto do Planalto Central. Aqui é só um puxadinho do inferno para ele.

Avançam as investigações sobre a roubalheira de dinheiro público que o envolve, aos seus quatro filhos homens e a uma de suas ex-mulheres. O país está atônito com as novas revelações.

“Brasília fede”, estampou a manchete do Correio Braziliense no final dos anos 1970, quando o Lago Paranoá emanava miasmas fétidos que incomodavam os moradores da área nobre da cidade.

Desta vez o que fede é o clã que chegou ao poder há quase 3 anos. Quem se lembra de Eriberto, o motorista que ajudou a derrubar Collor? E de Francenildo, o caseiro que ajudou a derrubar Palocci?

Marcelo Luiz Nogueira dos Santos, que trabalhou por 14 anos para a família Bolsonaro, jogou mais lenha na fogueira em que ardem os Bolsonaros ao contar o que viu ao Metrópoles.

Enquanto foi lotado no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio entre 2003 e 2007, alega ter devolvido 80% de tudo o que recebeu no período – 340 mil reais.

Em seguida, primeiro em Resende, no Rio, e nos últimos meses em Brasília, virou uma espécie de babá de Jair Renan, filho de Ana Cristina Siqueira Valle com Bolsonaro.

Segundo ele, Ana Cristina foi quem precedeu Queiroz na tarefa de recolher as rachadinhas não só no gabinete de Flávio, mas também no de Carlos, eleito vereador da Câmara do Rio em 2000.

Somente depois da separação de Jair e Ana Cristina, em 2007, Flávio e Carlos assumiram a responsabilidade pelo recolhimento dos valores dos funcionários de seus gabinetes.

O patrimônio de Ana Cristina, em 2020, era estimado em R$ 5 milhões. Ela não alugou a mansão onde mora, hoje, no Lago Sul, em Brasília, mas a comprou usando testas de ferro.

Ana Cristina joga pesado. Mensagens de celular em posse da CPI da Covid indicam que, a pedido de um lobista, ela acionou o governo para influenciar em nomeações de órgãos públicos.

As mesmas mensagens mostram que Jair Renan, ao invés de trilhar os caminhos ditados pela legislação, recorreu à ajuda de um lobista para abrir em Brasília sua empresa de eventos esportivos.

Quem puxa aos seus não degenera, mas em alguns casos, justamente por puxar, degenera sim. Daí os fétidos miasmas que voltam a emporcalhar o ar sempre tão carregado de Brasília.