Nem sob os anos da ditadura a direita conseguiu desmoralizar a esquerda como esse núcleo petista fez em tão pouco tempo. Na ditadura, apesar de todo sofrimento, perseguições, prisões, assassinatos, saímos de cabeça erguida e certos de que tínhamos contribuído para a redemocratização do país. Agora, não. Esses dirigentes desmoralizaram o partido e respingaram lama por toda a esquerda brasileiraFrei Betto, fiel escudeiro do lulismo
quinta-feira, 25 de dezembro de 2014
Até tu?
A política errada e a ameaça das superbactérias
Quando alguém se declara “apolítico”, ou diz que “odeia a política”, nos lembramos de que a palavra política deriva de Politeía, vocábulo relativo a tudo que acontecia nas antigas Polis, cidades-estado gregas, e da velha constatação aristotélica de que “o homem é um animal político”.
Querendo ou não, todo ser humano participa, no convívio, no aprendizado e no debate com outros seres humanos, da atividade política, mesmo quando não exerce nenhum cargo público, se assume “apolítico” e declara o seu “ódio” à política.
A política, como ocorre com Deus, para a maioria das religiões, está em todas as coisas, das maiores às que são aparentemente mais ínfimas.
Um estudo que acaba de ser divulgado pelo governo britânico, alerta que as superbactérias matarão, em poucos anos, mais que o câncer, e que o custo de seu tratamento chegará a 100 trilhões de dólares nas próximas décadas.
Foi a economia no combate à infecção hospitalar e a ausência de fiscalização rigorosa em hospitais públicos e privados, assim como o incentivo, durante anos, do uso indiscriminado e desnecessário de antibióticos em diversos países do mundo, incluído o Brasil, que deu origem à transformação destes organismos.
E é a mesma ausência de fiscalização e controle que está fazendo com que novas gerações de bactérias resistentes mesmo aos mais modernos medicamentos estejam ultrapassando os limites dos hospitais e postos de saúde, ameaçando transformar-se em uma pandemia, atingindo diretamente a população.
A Fiocruz, que já havia detectado, antes, por duas ocasiões, superbactérias no esgoto lançado clandestinamente, no Rio Carioca, no Rio de Janeiro, acaba de anunciar que detectou sua presença também na água do mar, nas praias do Flamengo e de Botafogo, com possibilidade de que se multipliquem e acabem chegando ao Leblon, Copacabana e Ipanema.
Que turistas e banhistas deixem de frequentar o Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, que as crianças não possam mais se sentar na areia, ali ou no vizinho bairro de Botafogo, que a Cidade Maravilhosa possa transformar-se, de chamariz, em ameaça para milhões de turistas que a visitam, é um absurdo.
A poluição de nossos rios e lagos, com a diminuição da oferta de água potável à população, e agora da orla marítima da segunda cidade do país, é uma questão ambiental, mas, como muitas outras mazelas de nosso país, também uma questão política, e tem que ser enfrentada com determinação e rapidez.
A população carioca deve mobilizar-se e exigir que os responsáveis sejam punidos e que o esgoto hospitalar seja tratado totalmente nos próprios locais em que é produzido.
Não se trata apenas de uma questão de saúde. Se houver uma epidemia, milhares de empregos e empresas estarão em risco, assim como as Olimpíadas de 2016.
Mauro Santayana
O convento, a madre superiora e as freirinhas
Dos 39 ministros que formam a atual equipe do governo Dilma, com uma parte prestes a ser substituída, quem será capaz de citar todos, com os respectivos ministérios? E quanto aos novos, dos já anunciados para assumir no primeiro dia de janeiro?
Fenômeno invulgar acontece na administração federal: tanto pelo número inflacionado de ministros que continuam ou que vão embora, é possível que nem a presidente da República consiga recitá-los de bate-pronto. Do total dos ainda titulares, quantos só conheceram o gabinete da chefe do governo no dia da posse ou, bissextamente, passaram pelos corredores do terceiro andar do palácio do Planalto?
Houve tempo, quando a equipe se limitava entre dez e doze ministros, que todos despachavam quinzenalmente com o presidente. No longínquo período em que eram no máximo sete ou oito, toda semana marcavam presença, sendo levados a expor planos e programas dos quais eram cobrados em salutar rotina. Hoje, ficou impossível, acrescendo o fato de existirem ministros de primeira e de segunda classe. Uns poucos, que pela importância das decisões tomadas ou a tomar, pessoalmente ou pelo telefone, prestam contas quase diárias. Os palacianos, em especial, com gabinete a poucos metros da presidente. Outros, aliás, a maioria, indicados pelos partidos e que antes de nomeados eram simples desconhecidos da presidente. Alguns, até, que Dilma nem quer ver.
Vai continuar assim, no segundo mandato. Quer dizer, fora algumas exceções, ser ministro vale muito pouco. O parcelamento das atividades de cada um esvaziou a importância do conjunto, vale repetir, fora as exceções de sempre. Some-se ao precário conhecimento da maioria dos velhos e dos novos ministros a respeito de suas funções e se terá a receita de um grupo insosso, amorfo e inodoro. Funciona mesmo um governo dentro do governo, com a presidente presidindo cada vez mais isolada. Junte-se seu temperamento irascível, severo e até ríspido, pouco afeto a atenções e generalidades e a conclusão será pela transformação do palácio do Planalto num grande convento onde a Madre Superiora intimida as freirinhas e faz tremer as noviças espalhadas pela Esplanada dos Ministérios.
Deu certo no primeiro período? Dará certo no segundo? Há dúvidas. Sem poder supervisionar 39 atividades e mais outro tanto na administração secundária, é natural que Dilma desconheça aspectos fundamentais do seu próprio governo e da vida nacional.
Carlos Chagas
Fenômeno invulgar acontece na administração federal: tanto pelo número inflacionado de ministros que continuam ou que vão embora, é possível que nem a presidente da República consiga recitá-los de bate-pronto. Do total dos ainda titulares, quantos só conheceram o gabinete da chefe do governo no dia da posse ou, bissextamente, passaram pelos corredores do terceiro andar do palácio do Planalto?
Houve tempo, quando a equipe se limitava entre dez e doze ministros, que todos despachavam quinzenalmente com o presidente. No longínquo período em que eram no máximo sete ou oito, toda semana marcavam presença, sendo levados a expor planos e programas dos quais eram cobrados em salutar rotina. Hoje, ficou impossível, acrescendo o fato de existirem ministros de primeira e de segunda classe. Uns poucos, que pela importância das decisões tomadas ou a tomar, pessoalmente ou pelo telefone, prestam contas quase diárias. Os palacianos, em especial, com gabinete a poucos metros da presidente. Outros, aliás, a maioria, indicados pelos partidos e que antes de nomeados eram simples desconhecidos da presidente. Alguns, até, que Dilma nem quer ver.
Vai continuar assim, no segundo mandato. Quer dizer, fora algumas exceções, ser ministro vale muito pouco. O parcelamento das atividades de cada um esvaziou a importância do conjunto, vale repetir, fora as exceções de sempre. Some-se ao precário conhecimento da maioria dos velhos e dos novos ministros a respeito de suas funções e se terá a receita de um grupo insosso, amorfo e inodoro. Funciona mesmo um governo dentro do governo, com a presidente presidindo cada vez mais isolada. Junte-se seu temperamento irascível, severo e até ríspido, pouco afeto a atenções e generalidades e a conclusão será pela transformação do palácio do Planalto num grande convento onde a Madre Superiora intimida as freirinhas e faz tremer as noviças espalhadas pela Esplanada dos Ministérios.
Deu certo no primeiro período? Dará certo no segundo? Há dúvidas. Sem poder supervisionar 39 atividades e mais outro tanto na administração secundária, é natural que Dilma desconheça aspectos fundamentais do seu próprio governo e da vida nacional.
Carlos Chagas
A desculpa do PT para cair no colo da direita
Argumentação rasteira, tola e absurda está sendo usada pelos blogueiros chapa branca de sempre, além de porta-vozes formais e informais do governo, para justificar a montagem até aqui do segundo ministério da presidente Dilma Rousseff. Se não dá raiva, dá pena. Ou as duas coisas juntas.
O ministério está saindo mais à direita do que todos desejavam, eles reconhecem. Para, em seguida, encaixar a desculpa de que isso se deve à falta de amparo do resto da esquerda. Sim, do resto, porque ainda consideram o PT um partido de esquerda. O resto da esquerda seriam o PSOL, PCB, PCO, etc...
Outro motivo para o governo se inclinar à direita: o Congresso. O novo Congresso seria tão ou mais conservador do que esse que ainda temos. Mais conservador na opinião dos defensores do governo. Desse modo, ao governo só restaria cair com desconforto no colo dele. É o jeito!
Vê-se desde logo que o raciocínio não se sustenta por frágil, na melhor das hipóteses. Ou mentiroso, na pior. O PT deixou de ser de esquerda há muito tempo. Desde que chegou ao poder com a primeira eleição de Lula. Ganhou a eleição pela esquerda. Governou pela direita.
Leia mais o artigo de Ricardo Noblat
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