Sonho de qualquer sociedade é ter, com orgulho, câmara de
especialistas, homens sóbrios, sábios, sabedores das necessidades do povo, de
como provê-las e principalmente com disposição política para ter iniciativa de
realizar o que for preciso. Sonho dos sonhos que muita cidadezinha por este
mundão de Deus quase chegou lá. Foram bem pertinho, todas sem um respingo de
corrupção ou uma escarrada de descaso na cara do eleitor.
Mas há aí outras que nem conseguem chegar ao calcanhar
dessas, reúnem apenas os espertos de 1001 utilidades. Como aquela câmara lá da
vila de fim de linha, terra dos Patos, onde os regabofes supimpas são custeados
pelo dinheiro do povo. Às vezes se faz de casa da luz vermelha, se vendendo por
patacas. Mas o mais das vezes arma o circo. Também pudera com os integrantes
que tem, é fácil armar barraca, ou melhor, tendinha. Vendem como banca de
camelô qualquer iniciativa. Tudo sob as vistas de uma arquibancada de palhaços.
Os espertos até se fazem expertos disso ou daquilo, mas não
têm como disfarçar a falta de educação e de formação. Uns até se pintam de edis
da saúde, mesmo que da saúde só saibam aquela que vendiam em seus quiosques.
Outros bancam a educação, que nunca tiveram nem terão. Uns também copiam de
cabo a rabo leis estaduais e federais, colocam debaixo a assinatura e as
transformam em municipais como criação única. São edis xerox. Ainda há quem se
arvore estrategista de segurança pública – aí aparecem os tais “xerifes” – com
o problema resolvido: vamos recorrer a quem sabe.
A Casa parece mesmo um antro de piadistas. E é. Só que muito
bem pagos pelo Erário, com presença em duas sessões semanais que muitas vezes
somadas não chegam a meia hora de trabalho suado. Para bancar a palhaçada,
estão na platéia os palhaços, pagando impostos e trabalhando para que a turba
de calhordas continue a usufruir a boa vida e muita grana.