sábado, 11 de junho de 2016
Chicana no Rio: Lula na Fundição Progresso (e na pesquisa)
"É hora de discutir sobre estes homens medíocres que ocupam um lugar importante em sua época e que mobilizam uma imprensa comparável em produção à edição de livros".(Honoré de Balzac, em citação da antologia "Contra la Prensa" (Contra a Imprensa), do jornalista e pesquisador argentino Esteban Rodriguez, composta de textos críticos de grandes autores, em diferentes épocas, sobre a imprensa e a política).
O mais engraçado de tudo isso (ou suspeito seria a palavra mais correta para definir a situação?) é que Lula transfigurou-se, se comparado há menos de dois meses, quando apareceu com ar destroçado no ato dos petistas e aliados no Palácio do Planalto e imediações, no bota fora da mandatária – manhã seguinte à fragorosa derrota no Senado. Desde então, passou a ser citado e apresentado, piedosamente, como um ser praticamente em "estado vegetativo”, pessoal e politicamente falando. Em silêncio, afastado dos holofotes, macambúzio, dizia-se nas falas e escritos de certos nichos da imprensa nacional (e estrangeira também): "Lula está de saco cheio". "Lula entrou em depressão profunda". "Lula não consegue pegar no sono, preocupado com familiares em seu apartam ento de São Bernardo (SP)".
O burburinho começou, segundo as fontes e os veículos, quando o criador e principal líder do PT, começou "a demonstrar alheamento e desinteresse pelo futuro de seu próprio partido, deixando de comparecer não só às tertúlias do Instituto Lula, em São Paulo, mas, principalmente, à reunião da cúpula partidária, em Brasília, que discutiu a sobrevivência e o discurso do PT, "até Dilma ser julgada pelo Senado".
"Amaldiçoado seja aquele que pensar mal destas coisas", diriam os irônicos franceses. Quem sabe assim pensaria também, se vivo fosse, o velho e sábio escritor Honoré de Balzac, citado na abertura deste artigo? Responda quem souber.
O que sei e o que afirmo é: o ex-presidente petista retornou com a corda toda (ou quase), no começo desta semana junina, mês de Santo Antonio, São João e São Pedro, de grandes festejos nordestinos. Mas a volta do dirigente petista, encrencado com as firmes e cada vez mais definitivas investigações, interrogatórios e sentenças do juiz Sérgio Moro, em Curitiba, se deu no palco da Fundição Progresso. A mais famosa gafieira carioca, localizada no centro do Rio de Janeiro, a poucos metros de um dos mais representativos cartões postais da Cidade Maravilhosa.
No mesmo local onde, há menos de dois meses, comandara (ao lado de Chico Buarque e do então ministro da Cultura, Juca Ferreira), o constrangedor e desastroso ato denominado "Cultura pela Democracia", com a casa lotada de dirigentes sindicais e estudantis, intelectuais e artistas (neste caso, gente, em geral, bafejada pelas graças e pela grana da Lei Rouanet). Seguido da manifestação "popular e artística" pró-Dilma, nos Arcos da Lapa, na noite da humilhante derrota do PT e aliados, na Câmara, em Brasília, que prenunciava a queda inapelável de Dilma Rousseff, em seguida afastada pelo Senado das funções presidenciais que ela praticamente jamais exerceu em seu segundo mandato. Tudo transmitido ao vivo e à cores pela TV Brasil e "afiliadas"da Televisão Educativa no país inteiro, na festa do " ;jornalismo chapa branca" patrocinado pelos governos Lula e Dilma.
No ato desta segunda-feira, 6, a TV Brasil (em guerra intestina por mudança desde o começo do governo Temer (PMDB), não fez cobertura ao vivo. Mas ainda assim foi simbólico e revelador o ato de reaparecimento de Lula - "contra as privatizações de Temer, Meireles e Serra"- batizado de "Se é Público, é para Todos”. Emblemático das manifestações do PT e suas linhas auxiliares, não? Desta vez, no entanto, marcado por indisfarçável tom provocativo de desafio e chacota. De chicana mesmo, para usar o jargão jurídico do julgamento de corruptos condenados no processo do Mensalão. Cada dia mais presente nesta fase de denúncias, prisões, julgamentos e condenações de malfe itores do conluio público e privado, envolvidos na Lava jato.
A Fundição Progresso tinha menos artistas desta vez, mas de novo ficou coalhada de sindicalistas, políticos, estudantes ligados à UNE, representantes dos chamados "movimentos sociais", em volta de Lula, "com objetivo de propor um debate sobre temas de natureza pública”, segundo seus organizadores. A estrela principal da festa, no entanto, parecia mirar em outros alvos em seu discurso "de comício". Desconsiderou velhos "companheiros e aliados" e os desqualificou: de Temer, vice de Dilma, a Meireles, seu ex-ministro do peito. Sem esquecer a imprensa, que atacou dura e irresponsavelmente, mais uma vez.
"É o ministério de Eduardo Cunha,- provocou, enquanto o público gritava:"Volta, Volta, Volta"!- Os coxinhas agora estão com vergonha, foram para a rua em busca de um risoto, e o que caiu na panela que eles batiam foi Temer". Lembrou da companheira Dilma e falou: Não estou dizendo que a Dilma não cometeu equívocos. Ela cometeu. E queremos que ela volte exatamente para corrigir os erros que nós cometemos". E terminou com uma resposta aos apelos da "turma do volta Lula".
"É cedo para pensar nas eleições presidenciais de 2018. Mas temos gente boa e nova para isso. Eu estou na idade para me aposentar”. Em seguida, sem dar sinais de depressão alguma, foi para Brasília se dedicar a "articulações" na terça-feira. Depois voou a São Paulo, para esperar o resultado da pesquisa que saiu na quarta-feira. Mais não digo, a não ser que Balzac pode estar, mais uma vez, com a razão. A conferir.
Os privilégios dos servidores
Uma hora esta caixa-preta será aberta. O debate da Previdência Social já mudou as leis em vários países. Não há como nenhum Estado pagar aposentadoria integral de supersalários a funcionários e seus viúvos e viúvas e dependentes. Aposentadorias, pensões e benefícios pagos pela Previdência representam cerca de 20% dos gastos do governo. Vai piorar. Não dá.
Se é para equilibrar contas públicas e não quebrar o país, essa vaca terá de deixar de ser sagrada. Além de prender os ladrões sem-vergonha da República, o Brasil precisa da reforma da Previdência. O Brasil e o resto do mundo, que hoje envelhece muito. Não é para fazer maldade, mas para não perpetuar privilégios e desigualdades até os 100 anos de idade. Há, em países menos hierarquizados, uma estrutura de saúde e acolhimento digna e mais democrática para os velhinhos.
A estabilidade dos servidores – direito adquirido, previsto na Constituição – é outro tabu a discutir. A impossibilidade de demitir um servidor colide com a meritocracia e estimula a acomodação. Alguns países acabaram com a estabilidade, outros a flexibilizaram ou adotaram contratos temporários. O desempenho do servidor passa a ser controlado, premiado ou punido.
O foco do serviço público deveria ser a satisfação do cliente e não a garantia do servidor num emprego vitalício. Há casos em que o servidor se torna mero aproveitador de um cargo ou emprego ao qual só comparece para assinar o ponto ou nem sequer comparece por ter outras fontes de renda. Uma minoria, sim, nascida de um sistema de privilégios.
É um assunto explosivo. Na semana passada, recebi vários protestos de servidores à minha coluna (“O trem da vergonha nos Três Poderes”) que criticava os reajustes e aumentos aprovados pela Câmara a 16 categorias de funcionários públicos, num momento de ajuste fiscal. Dá para entender a mágoa de alguns, quando eu chamo os servidores de “casta privilegiada”. Generalizações são mesmo injustas. Se pensarmos nos professores e policiais, que cuidam de educação e segurança, não há nada de privilégio no dia a dia deles.
Alguns desses leitores não tinham reajuste em seus vencimentos havia vários anos e, com a aprovação do pacote e a bênção do presidente interino Michel Temer, poderão repor as perdas da inflação. Aumentos reais estavam embutidos no pacote de bondades. É importante que os servidores tenham em mente que trabalhadores do setor privado estão abrindo mão de direitos trabalhistas e até de reposição de perdas, para se adequar à crise e evitar demissão. Os autônomos – exceto profissionais liberais como os médicos – tampouco conseguem repor a inflação.
O leitor Alcides Pestana escreveu que “esses jornalistas vivem à caça de notícias deste naipe, será ódio?”. O leitor Fábio Vicente disse que “o ódio pelo servidor público nasce da incapacidade de ser aprovado em concursos os quais (sic) a concorrência chega a mais de 2 mil candidatos/vaga”. O leitor Roberto Tavares disse que “chamar os servidores públicos de casta é um desrespeito com a categoria. Se acham que somos privilegiados, demonstrem que são capazes e façam concurso público”.
Muitos servidores se acham mesmo superiores só porque fazem concurso público. Frequentemente alegam, a seu favor, que “dão o máximo para servir o país”. E isso lhes dá direito a estabilidade e aposentadoria integral? O leitor Paulo Roberto de Almeida, em reação a um editorial do jornal O Estado de S. Paulo, “O déficit da previdência pública”, escreveu: “Eu sou um funcionário público e, para que fique muito claro, quero deixar explícito, mais uma vez, que sou contra: 1) estabilidade no setor público 2) privilégios de qualquer tipo em relação ao setor privado 3) salários exorbitantes 4) outros abusos e vantagens típicos do mandarinato que caracteriza o Brasil. Acho que vai demorar para corrigir, se é que um dia se corrigirão essas iniquidades”.
Há muitas maneiras de enriquecer no Brasil. A mais rápida é se tornando vereador, deputado, senador, prefeito, governador e presidente – ou dando a sorte de ser mulher, marido, filho ou parente de qualquer um deles. Não só pelo que ganham, mas pelo que desviam, mamam e roubam (não todos, mas...). Uma outra maneira, mais lenta, de se dar bem na vida financeiramente é: conseguir um emprego público. Faça concurso, e mais concurso, insista. Assim você não poderá ser demitido e vai ganhar tanto penduricalho e benefício em seus vencimentos ao longo da vida que ficará garantido. Mire nos Tribunais de Contas.
No livro Estado, democracia e administração pública no Brasil, o autor, Marcelo Douglas de Figueiredo Torres, escreve: “A defesa de velhos e insustentáveis privilégios geralmente se esconde sob o seguinte argumento: se é para corrigir o problema A, também deveremos atacar simultaneamente os outros problemas B, X, Y ou Z. É cristalino que essa posição é absolutamente fundada na defesa dostatu quo. Na prática, o raciocínio é o seguinte: se é preciso acabar com os privilégios dos funcionários públicos, também devemos resolver as questões da sonegação fiscal e dos incentivos tributários, da corrupção, dos favorecimentos na execução orçamentária, dos subsídios aos grandes agricultores, dos empréstimos camaradas do BNDES, dos lucros aviltantes do setor financeiro e assim por diante”. É claro que é fundamental melhorar a gestão da Previdência. Mas não basta.
O Brasil, dos iletrados aos pós-doutores, sabe que corrupção não se combate com altos salários, mas com leis, valores éticos e morais, corregedorias eficientes. E com o controle social. O problema é que nossa sociedade é viciada em privilégios. Todo mundo tem, ou busca, um privilégio para chamar de seu.
Se é para equilibrar contas públicas e não quebrar o país, essa vaca terá de deixar de ser sagrada. Além de prender os ladrões sem-vergonha da República, o Brasil precisa da reforma da Previdência. O Brasil e o resto do mundo, que hoje envelhece muito. Não é para fazer maldade, mas para não perpetuar privilégios e desigualdades até os 100 anos de idade. Há, em países menos hierarquizados, uma estrutura de saúde e acolhimento digna e mais democrática para os velhinhos.
O foco do serviço público deveria ser a satisfação do cliente e não a garantia do servidor num emprego vitalício. Há casos em que o servidor se torna mero aproveitador de um cargo ou emprego ao qual só comparece para assinar o ponto ou nem sequer comparece por ter outras fontes de renda. Uma minoria, sim, nascida de um sistema de privilégios.
É um assunto explosivo. Na semana passada, recebi vários protestos de servidores à minha coluna (“O trem da vergonha nos Três Poderes”) que criticava os reajustes e aumentos aprovados pela Câmara a 16 categorias de funcionários públicos, num momento de ajuste fiscal. Dá para entender a mágoa de alguns, quando eu chamo os servidores de “casta privilegiada”. Generalizações são mesmo injustas. Se pensarmos nos professores e policiais, que cuidam de educação e segurança, não há nada de privilégio no dia a dia deles.
Alguns desses leitores não tinham reajuste em seus vencimentos havia vários anos e, com a aprovação do pacote e a bênção do presidente interino Michel Temer, poderão repor as perdas da inflação. Aumentos reais estavam embutidos no pacote de bondades. É importante que os servidores tenham em mente que trabalhadores do setor privado estão abrindo mão de direitos trabalhistas e até de reposição de perdas, para se adequar à crise e evitar demissão. Os autônomos – exceto profissionais liberais como os médicos – tampouco conseguem repor a inflação.
O leitor Alcides Pestana escreveu que “esses jornalistas vivem à caça de notícias deste naipe, será ódio?”. O leitor Fábio Vicente disse que “o ódio pelo servidor público nasce da incapacidade de ser aprovado em concursos os quais (sic) a concorrência chega a mais de 2 mil candidatos/vaga”. O leitor Roberto Tavares disse que “chamar os servidores públicos de casta é um desrespeito com a categoria. Se acham que somos privilegiados, demonstrem que são capazes e façam concurso público”.
Muitos servidores se acham mesmo superiores só porque fazem concurso público. Frequentemente alegam, a seu favor, que “dão o máximo para servir o país”. E isso lhes dá direito a estabilidade e aposentadoria integral? O leitor Paulo Roberto de Almeida, em reação a um editorial do jornal O Estado de S. Paulo, “O déficit da previdência pública”, escreveu: “Eu sou um funcionário público e, para que fique muito claro, quero deixar explícito, mais uma vez, que sou contra: 1) estabilidade no setor público 2) privilégios de qualquer tipo em relação ao setor privado 3) salários exorbitantes 4) outros abusos e vantagens típicos do mandarinato que caracteriza o Brasil. Acho que vai demorar para corrigir, se é que um dia se corrigirão essas iniquidades”.
Há muitas maneiras de enriquecer no Brasil. A mais rápida é se tornando vereador, deputado, senador, prefeito, governador e presidente – ou dando a sorte de ser mulher, marido, filho ou parente de qualquer um deles. Não só pelo que ganham, mas pelo que desviam, mamam e roubam (não todos, mas...). Uma outra maneira, mais lenta, de se dar bem na vida financeiramente é: conseguir um emprego público. Faça concurso, e mais concurso, insista. Assim você não poderá ser demitido e vai ganhar tanto penduricalho e benefício em seus vencimentos ao longo da vida que ficará garantido. Mire nos Tribunais de Contas.
No livro Estado, democracia e administração pública no Brasil, o autor, Marcelo Douglas de Figueiredo Torres, escreve: “A defesa de velhos e insustentáveis privilégios geralmente se esconde sob o seguinte argumento: se é para corrigir o problema A, também deveremos atacar simultaneamente os outros problemas B, X, Y ou Z. É cristalino que essa posição é absolutamente fundada na defesa dostatu quo. Na prática, o raciocínio é o seguinte: se é preciso acabar com os privilégios dos funcionários públicos, também devemos resolver as questões da sonegação fiscal e dos incentivos tributários, da corrupção, dos favorecimentos na execução orçamentária, dos subsídios aos grandes agricultores, dos empréstimos camaradas do BNDES, dos lucros aviltantes do setor financeiro e assim por diante”. É claro que é fundamental melhorar a gestão da Previdência. Mas não basta.
O Brasil, dos iletrados aos pós-doutores, sabe que corrupção não se combate com altos salários, mas com leis, valores éticos e morais, corregedorias eficientes. E com o controle social. O problema é que nossa sociedade é viciada em privilégios. Todo mundo tem, ou busca, um privilégio para chamar de seu.
Que humanidade é esta?
Se o homem não for capaz de organizar a economia mundial de forma a satisfazer as necessidades de uma humanidade que está a morrer de fome e de tudo, que humanidade é esta? Nós, que enchemos a boca com a palavra humanidade, acho que ainda não chegamos a isso, não somos seres humanos. Talvez cheguemos um dia a sê-lo, mas não somos, falta-nos mesmo muito. Temos aí o espetáculo do mundo e é uma coisa arrepiante. Vivemos ao lado de tudo o que é negativo como se não tivesse qualquer importância, a banalização do horror, a banalização da violência, da morte, sobretudo se for a morte dos outros, claro. Tanto nos faz que esteja a morrer gente em Sarajevo, e também não devemos falar desta cidade, porque o mundo é um imenso Sarajevo. E enquanto a consciência das pessoas não despertar isto continuará igual. Porque muito do que se faz, faz-se para nos manter a todos na abulia, na carência de vontade, para diminuir a nossa capacidade de intervenção cívicaJosé Saramago, in “Canarias7 -1994
A imagem borrada de uma era
Você já viu a TV Brasil? Em cinco anos, ninguém viu. Porque não dá para ver. Em vez de uma imagem digital nítida e brilhante como se vê em outros canais, é uma tela de manchas e borrões em cores esmaecidas que remetem à TV dos anos 80. Essa é a principal, mas não única, razão para o fracasso retumbante da TV Brasil, que Lula bravateava que seria uma BBC, mas jamais conseguiu sair do “traço” de audiência, do zero, jogando no lixo bilhões de reais de dinheiro público. Em vez de espectadores, gerou empregos a companheiros, programas que ninguém viu e prejuízos irrecuperáveis.
A EBC explica que a imagem da TV Brasil é a pior da televisão brasileira porque não havia dinheiro para investir na qualidade da geração de áudio e vídeo: a base de tudo. Com tantos funcionários e terceirizados consumindo a maior parte do orçamento produzindo programas para ninguém ver, é natural que não sobre dinheiro para o investimento fundamental em tecnologia, sem o que, é certo, por melhor que seja o “conteúdo”, ninguém vê. É o que provam os números do Ibope, esclarecendo que os raros sinais de alguma audiência do canal são apenas registros residuais de zapings.
Foi bizarra a polêmica sobre a entrevista que Dilma deu a Luis Nassif para a TV Brasil: deveria ou não ir ao ar? Seria uma partidarização da emissora? Mas a TVB não foi sempre governista e contratante de profissionais identificados com suas políticas? O diretor da EBC diz que, por imparcialidade, também entrevistará Temer... rsrs. Mas por que Temer perderia seu precioso tempo para falar para ninguém?
A entrevista de Dilma pode ir ao ar quantas vezes for. Ninguém vai ver mesmo, entre as sombras e borrões da tela da TV Brasil — a imagem de uma era brasileira em que a “vontade política” e o aparelhamento ideológico prevaleceram sobre a lógica, a tecnologia e a rejeição absoluta do público que a financia.
Uma televisão que não é vista por ninguém simplesmente não tem razão de ser — por mais nobres e justas que sejam suas intenções. É melhor tentar outro modelo: este fracassou no conceito, na forma, no conteúdo e na gestão.
Nelson Motta
A EBC explica que a imagem da TV Brasil é a pior da televisão brasileira porque não havia dinheiro para investir na qualidade da geração de áudio e vídeo: a base de tudo. Com tantos funcionários e terceirizados consumindo a maior parte do orçamento produzindo programas para ninguém ver, é natural que não sobre dinheiro para o investimento fundamental em tecnologia, sem o que, é certo, por melhor que seja o “conteúdo”, ninguém vê. É o que provam os números do Ibope, esclarecendo que os raros sinais de alguma audiência do canal são apenas registros residuais de zapings.
A entrevista de Dilma pode ir ao ar quantas vezes for. Ninguém vai ver mesmo, entre as sombras e borrões da tela da TV Brasil — a imagem de uma era brasileira em que a “vontade política” e o aparelhamento ideológico prevaleceram sobre a lógica, a tecnologia e a rejeição absoluta do público que a financia.
Uma televisão que não é vista por ninguém simplesmente não tem razão de ser — por mais nobres e justas que sejam suas intenções. É melhor tentar outro modelo: este fracassou no conceito, na forma, no conteúdo e na gestão.
Nelson Motta
Diagnóstico
Carta aos covardes
O New York Times disse que o governo Temer soluça de crise em crise. Será que o jornal americano também está na folha dos companheiros? Estaria o NYT precisando também da mesada que nossos bilionários heróis progressistas pagam aos bravos e incorruptíveis jornalistas de aluguel deste país?
A imprensa internacional precisa tomar um pouco de vergonha na cara. Só um pouco. Sabem por que, dear fellows? Porque o Brasil não tem a menor importância para vocês, e tudo certo que assim seja, mas vocês têm de poder voltar para casa e se olhar no espelho do mesmo jeito, entendem?
A mídia tradicional (“tradicional” não é pejorativo, queridos moderninhos, pode ser ótimo) europeia e americana parece ter comprado a versão do golpe de Estado no Brasil. A maior parte dela andou “denunciando” o fato, ou flertando com a tese vagabunda – espalhada pelos parasitas que sugaram o Brasil por 13 anos sem dó nem piedade, e agora são apoiados pela MPB, intelectuais patéticos e artistas lunáticos (ou bem pagos).
Prezados correspondentes internacionais, façam o seu trabalho direito. Isso aqui não é brincadeira, embora pareça. Esses “progressistas” que vocês preguiçosamente adotaram como fonte, reproduzindo o discurso que a inacreditável Dilma Rousseff anda repetindo por aí, como alma penada, são nada menos que delinquentes, caros colegas gringos. Vocês estão dando voz a uma “narrativa” que roubou o Brasil – e está desesperada para continuar roubando.
Não é bom generalizar, mas as exceções compreenderão. A palhaçada passou do ponto. Ladies and gentlemen, tomem o caminho da roça. Vão à luta. Se mandem para a Venezuela, que tal? Vocês saberão puxar o saco do sanguinário Nicolás Maduro, que destruiu um país com o mesmo chavismo com que a picaretagem petista – suas adoradas fontes – jogou o Brasil em dois anos seguidos de recessão, que se completam agora.
Publiquem aí, seus irresponsáveis: dois anos de recessão no Brasil são culpa de Michel Temer, que não botou mulher no ministério. Vocês são umas crianças patéticas com seu proselitismo politicamente correto. Essa corrente “progressista” – nacional, internacional ou sideral – que resolveu se pendurar em dogmas vagabundos para sabotar tudo que não seja o PT no poder é criminosa. Não há outra definição. Vamos explicar às crianças trapalhonas: o governo podre que arrebentou com o Brasil se fazendo de coitado (há algo mais humilhante?) foi deposto por um, apenas e tão somente um, dos crimes que cometeu – e foi uma floresta de crimes, queridos siderais.
Bem antes do petrolão – esquema que vicejou graças a esse mesmíssimo discurso de vítima que agora vocês repetem em defesa de Dilma e Lula, vá entender –, aqui neste mesmo espaço, criticávamos (sem efeito nenhum, é bem verdade) a chamada “contabilidade criativa”. Era outro nome para as pedaladas, que se mostraram um apelido mais eficiente para ensinar ao jardim de infância que o Tesouro Nacional estava sendo roubado pela malandragem fiscal – o crime que derrubou Rousseff, queridos heróis da resistência democrática.
Ainda não havia Sergio Moro nem Joaquim Barbosa, portanto Lula, Dirceu e sua camarilha ainda eram santos – e não foram poucas as “sugestões” para este colunista mudar de assunto: “Vai perder a coluna”, alertavam. Este signatário respondia que preferia perder a coluna a perder o juízo. Continua preferindo. Mas isso não é fácil de entender para os que veem a vida como uma vaga no curralzinho VIP da revolução fisiológica. A coreografia de um esganado para não largar seu osso é um espetáculo ornamental.
Prezado Michel Temer, diante deste show avassalador de desonestidade intelectual, charme parasitário e bravura cafajeste, você só tem uma saída: governar. Essa é a sua missão na Terra. Cumpra-a até o fim, custe o que custar. Você teve a coragem de demitir os suspeitos – o que o PT jamais fez, a não ser quando estavam na porta da cadeia – e mais que isso: a coragem de trocar os simpáticos pilantras no topo do governo pelos melhores – que aqui da planície achávamos até que não topariam a encrenca. Toparam. E os melhores vão melhorar a vida inclusive dos canastrões que os atacam impiedosamente. Não espere por essa piedade. Ela não vale nada.
A imprensa internacional precisa tomar um pouco de vergonha na cara. Só um pouco. Sabem por que, dear fellows? Porque o Brasil não tem a menor importância para vocês, e tudo certo que assim seja, mas vocês têm de poder voltar para casa e se olhar no espelho do mesmo jeito, entendem?
A mídia tradicional (“tradicional” não é pejorativo, queridos moderninhos, pode ser ótimo) europeia e americana parece ter comprado a versão do golpe de Estado no Brasil. A maior parte dela andou “denunciando” o fato, ou flertando com a tese vagabunda – espalhada pelos parasitas que sugaram o Brasil por 13 anos sem dó nem piedade, e agora são apoiados pela MPB, intelectuais patéticos e artistas lunáticos (ou bem pagos).
Não é bom generalizar, mas as exceções compreenderão. A palhaçada passou do ponto. Ladies and gentlemen, tomem o caminho da roça. Vão à luta. Se mandem para a Venezuela, que tal? Vocês saberão puxar o saco do sanguinário Nicolás Maduro, que destruiu um país com o mesmo chavismo com que a picaretagem petista – suas adoradas fontes – jogou o Brasil em dois anos seguidos de recessão, que se completam agora.
Publiquem aí, seus irresponsáveis: dois anos de recessão no Brasil são culpa de Michel Temer, que não botou mulher no ministério. Vocês são umas crianças patéticas com seu proselitismo politicamente correto. Essa corrente “progressista” – nacional, internacional ou sideral – que resolveu se pendurar em dogmas vagabundos para sabotar tudo que não seja o PT no poder é criminosa. Não há outra definição. Vamos explicar às crianças trapalhonas: o governo podre que arrebentou com o Brasil se fazendo de coitado (há algo mais humilhante?) foi deposto por um, apenas e tão somente um, dos crimes que cometeu – e foi uma floresta de crimes, queridos siderais.
Bem antes do petrolão – esquema que vicejou graças a esse mesmíssimo discurso de vítima que agora vocês repetem em defesa de Dilma e Lula, vá entender –, aqui neste mesmo espaço, criticávamos (sem efeito nenhum, é bem verdade) a chamada “contabilidade criativa”. Era outro nome para as pedaladas, que se mostraram um apelido mais eficiente para ensinar ao jardim de infância que o Tesouro Nacional estava sendo roubado pela malandragem fiscal – o crime que derrubou Rousseff, queridos heróis da resistência democrática.
Ainda não havia Sergio Moro nem Joaquim Barbosa, portanto Lula, Dirceu e sua camarilha ainda eram santos – e não foram poucas as “sugestões” para este colunista mudar de assunto: “Vai perder a coluna”, alertavam. Este signatário respondia que preferia perder a coluna a perder o juízo. Continua preferindo. Mas isso não é fácil de entender para os que veem a vida como uma vaga no curralzinho VIP da revolução fisiológica. A coreografia de um esganado para não largar seu osso é um espetáculo ornamental.
Prezado Michel Temer, diante deste show avassalador de desonestidade intelectual, charme parasitário e bravura cafajeste, você só tem uma saída: governar. Essa é a sua missão na Terra. Cumpra-a até o fim, custe o que custar. Você teve a coragem de demitir os suspeitos – o que o PT jamais fez, a não ser quando estavam na porta da cadeia – e mais que isso: a coragem de trocar os simpáticos pilantras no topo do governo pelos melhores – que aqui da planície achávamos até que não topariam a encrenca. Toparam. E os melhores vão melhorar a vida inclusive dos canastrões que os atacam impiedosamente. Não espere por essa piedade. Ela não vale nada.
'Cidade de Merda' à disposição de Lula e Dilma
Em vez de dar a um político as chaves da cidade, seria melhor trocar as fechadurasDoug Larson
Washington Quaquá, presidente do PT fluminense, vai abrir as portas da "Cidade de Merda", segundo o prefeito carioca Eduardo Paes, para mais uma exibição da dupla quadrilheira Lula & Dilma. É outra exibição do carreirismo do prefeito de Maricá, alcunhado de Pato, quando vivia na merda, que não perde ocasião de exibir seu apadrinhamento e sua vocação nata para a embromação.
O anunciado Festival da Utopia é uma daquelas conhecidas armações no município. Há oito anos se sobrevive na região aos trancos e barrancos pela incompetência administrativa, para dizer o menos de quem tornou a cidade um lixo. A cidade progressista do prefeito é que não passa de utopia.
O menino pobre da Mumbuca - comia rã e piaba apanhadas de rio - é hoje um magnânimo alcaide de esquerda, que viaja meio mundo às custas dos pobres cidadãos, em busca de grandes investimentos que não são vistos. Viagens à Cuba, paraíso para muitos dos seus comissionados mais bem aquinhoados, França, Itália, Portugal, Espanha e mesmo China mostram bem quanto andou e gastou às escancaras do erário. Não só pagou despesas de comitivas como ainda participou de feiras milionárias para "promover" o município. Dinheiro no ralo para os munícipes, mas no bolso da nova elite, que até estreou avião e tour no exterior,
Os mega-investimentos de porto em área de proteção ambiental, de aeroporto moderno à beira de uma lagoa poluída, de super resort também em área protegida são as grandes obras (?) boladas para sustentar a máquina administrativa entulhada de comissionados eleitores.
Não é surpresa que novamente Quaquá invista em uma grande promoção sob a capa de festival internacional (?) para assegurar a vitória do seu "poste" em outubro. Quase um replay do que o guru Lula fez com Dilma. Mas esse "poste" municipal, um amorfo vereador e ainda mais apagado deputado federal, precisa de gás eleitoral. Então mais uma fantasia no paraíso da merda para inflar a candidatura. E dinheiro sobra, tirando do que seria para o município e o cidadão.
As esquerdas aplaudem e dão vivas à improbidade administrativa como vitória do povo sem saúde, saneamento e educação. Portanto, nada mais adequado do que receber de braços abertos Lula e Dilma, profissionais em transformar um país em paraíso da pilantragem. Afinal, só mesmo pilantra viceja na merda dos outros.
Partidos nos tomaram R$ 307 milhões em cinco meses
Os partidos políticos retiraram do Tesouro Nacional mais de R$ 307 milhões, a título de Fundo Partidário, somente entre janeiro e maio. O dinheiro do fundo partidário tem sido gasto em aluguéis, marqueteiros, pessoal, impressão de materiais etc. O PT foi o partido que mais embolsou dinheiro público este ano, R$ 40,86 milhões, gastos com assessores e aluguel de jatinho particular para seus dirigentes, inclusive para Lula e Dilma, que só na passagem de ida para Campinas gastou R$ 39,6 mil, num avião para 8 pessoas.
O PSDB é o segundo da lista dos que receberam dinheiro do Fundo Partidário: R$ 33,68 milhões. O PMDB levou R$ 32,83 milhões.Até nanicos encheram os bolsos. Com um único deputado, PMB tomou R$ 439,22 mil, mesma quantia paga a um certo Partido Novo.
Há pouca escolha ente maçãs podres... Mas há!
Você ouve de um cardiologista, sem nenhum rodeio: “Amigo, se continuar pesando 160 quilos, possivelmente você não viverá para ver Dilma sendo cassada. Precisa emagrecer para 80 quilos o quanto antes, se quiser ter uma vida saudável. Ou uma vida”. Caso goste deste mundo, você irá abraçar novos hábitos e uma disciplina alimentar rígida, a fim de atingir o patamar determinado pelo médico, correto? Mas é claro que não atingirá essa meta do dia para a noite. Entre 160 e 80, é necessário passar por 159, 158, 157… Enfim, várias etapas precisam ser percorridas nesse ciclo de recuperação da saúde – tal qual ocorre com o Brasil desde 12 de maio.
Um exame menos acurado pode levar um observador a imaginar que trocamos seis por meia dúzia desde a ascensão de Michel Temer à chefia do executivo federal. Afinal, o PMDB constantemente marca presença em escândalos de corrupção. Mas é bom não perder de vista que desferir um soco ou disparar um tiro contra o rosto de alguém são atos tipificados em artigos bem distintos no Código Penal brasileiro. Ou por outra: existem diferentes graus de canalhice na política e jogar todos os seus agentes em um mesmo saco, desde o chefe até o office-boy da quadrilha, gera o risco de permanência por tempo indeterminado de salteadores no poder.
As cifras amealhadas pelo PT desde que alçou Lula ao poder em 2003, totalizando apenas os recursos canalizados da Petrobras para suas campanhas eleitorais e para o bolso de determinados companheiros (não contabilizado aí o desperdício de verbas públicas e o aporte que o Tesouro Nacional precisará fazer, cedo ou tarde, para evitar a quebra da estatal, visto que privatizá-la não está na agenda do governo), atingem valores tão elevados que ultrapassam qualquer fronteira da falta de respeito com a coisa pública registrada na história mundial.
Além disso, ainda há muito a ser escavado pela equipe da Lava Jato, a qual, em breve, caso resolva aprofundar-se nos empréstimos concedidos pelo BNDES para obras em países alinhados ao bolivarianismo, vai precisar ocupar todo o prédio da Justiça Federal em Curitiba para trabalhar. Ou seja, o rombo aberto pelo PT nas contas públicas é de fazer inveja a qualquer político do PMDB.
Atente-se para o fato de que, sob a batuta de governos “progressistas”, o Planalto vinha irrigando diversos “movimentos sociais” com dinheiro de pagadores de impostos (tais como UNE, CUT, MST, MTST e demais “joint ventures” da esquerda) para que cumprissem suas “funções” – quais seriam mesmo, além de promover baderna e depredação do patrimônio público? Isso sem mencionar os sites financiados da mesma forma para destruírem a reputação de adversários políticos – leia-se: qualquer um que se opusesse à eternização da esquerda no governo.
Outra considerável diferença é o viés estatizante do PT: esse sempre fez questão de seguir à risca a cartilha keynesiana (muito conveniente para quem pretende gastar até o que não tem para “impulsionar o crescimento do país”, ainda que isso faça tanto sentido quando tentar encher mais a piscina tirando água da parte funda para a parte rasa). O PMDB, a seu turno, já dá mostras de que compreendeu que imprimir dinheiro – reduzindo taxas de juros para níveis abaixo do mercado, forçando os bancos públicos a puxarem a fila – seria uma maneira artificial de se recuperar de uma recessão causada, justamente, por um crescimento econômico não menos artificial. Eis o legado de Lula: um acréscimo de prosperidade não fundamentado em aumento de produtividade. Não tinha como ir longe. Por isso mesmo, já planeja privatizações, redução do número de cargos de confiança, reformas trabalhista e previdenciária, e limitação do gasto público. Ou seja, está enfrentando o problema de frente, em vez de administrar doses mais altas do mesmo veneno que levou o paciente à UTI.
A diferença do trato da mídia em relação aos governantes de PT e PMDB também é de se levar em conta. Michel Temer tem sido colocado contra a parede pelos jornalistas dos principais veículos do país, o que é digno de elogio, pois esse é o papel do jornalismo – e não tirar selfies com a presidenta, ou permitir que apenas após a meia-noite a real situação econômica e política do país seja desnudada ao público.
Chama atenção também o perfil conciliador que Temer vem adotando em sua ações. Por mais de uma vez, voltou atrás de decisões que havia tomado para evitar desgastes desnecessários em um momento no qual nenhum apoio para aprovar no Congresso Nacional às reformas necessárias pode ser desprezado. Esse, por sinal, já era seu perfil como presidente da Câmara dos Deputados. Ou será que valeria a pena mesmo enfrentar a horda de artistas ensandecidos com a mera possibilidade de ver minguar seus lucros, ou a turma do MTST fechando avenidas em São Paulo? Melhor atirar um osso do que correr o risco de ver o totó subir na mesa.
Acredito que, até 2018, esse governo de transição possui duas missões intimamente interligadas: a primeira é tentar desarmar a bomba-relógio que pode transformar a depressão econômica em um completo colapso; a segunda é plantar na cabeça dos brasileiros a noção de que enxugar o Estado pode melhorar sua vidas. O fantasma do populismo arrasta correntes por Brasília há tanto tempo ─ possivelmente em decorrência do regime militar, que transformou a esquerda em eterna vítima, rendendo-lhe muitas vitórias em eleições ─ que hoje não há um único político na esfera federal cujo discurso represente o liberalismo econômico.
Se hoje houvesse um Macri no Brasil, e ele se candidatasse, certamente seria tachado de “NEOLIBERAL” – palavrão cunhado durante a década de 1990 para descrever, de forma pejorativa, medidas liberais tomadas por Fernando Henrique, como se fossem atitudes reacionárias requentadas (eis o porquê do NEO) – e não lograria sequer participar do segundo turno, por certo. Por isso é tão importante que Temer consiga emplacar tudo que prevê seu plano de governo “Uma Ponte para o Futuro”, pois convenceria muitos incrédulos da importância do “laissez-faire” – em português claro, menos governo e mais indivíduo.
Não podemos manter o PT no governo até que Jesus Cristo reencarne e saia candidato à presidência. Se Temer e seu partido não são detentores de uma ficha limpa, eles representam um avanço, especialmente em termos gerenciais. E se até mesmo setores da direita estão insatisfeitos com a corrente situação, talvez devessem sopesar que, se por um lado o PMDB está promovendo uma liberalização bastante lenta da economia (muito mais por tratar-se de medida imperativa diante do quadro atual do que por eventual convicção), por outro lado é possível que até seja melhor que assim se desenrole o enxugamento do Estado brasileiro. Manobras apressadas nesse sentido costumam render resultados indesejáveis – basta lembrar-se, guardadas as proporções, do que aconteceu na URSS após o “fim” do Comunismo, com espertalhões ficando milionários por meio de algumas canetadas.
O remédio para tirar o Brasil da fossa é amargo, e precisa ser ingerido urgentemente. Se o PMDB não é o médico mais indicado para tratar do paciente enfermo, é o melhor disponível neste momento. Sonhar com mundos impossíveis costuma conduzir a eventos não muito memoráveis.
Quem já assistiu ao reality show The Biggest Looser sabe perfeitamente que, entre o candidato que entra no primeiro dia, mal conseguindo ficar em pé e o esbelto vencedor da final, há vários estágios a serem percorridos. Eu diria que, naquele exemplo proposto no primeiro parágrafo, já estamos com 150 quilos. Já estamos até conseguindo subir escadas! Quem sabe no médio prazo já poderemos até estar correndo uma meia maratona? Mas isso vai exigir muito mais do que preparo aeróbico: vai demandar mudança de mentalidade do eleitor brasileiro.
Um exame menos acurado pode levar um observador a imaginar que trocamos seis por meia dúzia desde a ascensão de Michel Temer à chefia do executivo federal. Afinal, o PMDB constantemente marca presença em escândalos de corrupção. Mas é bom não perder de vista que desferir um soco ou disparar um tiro contra o rosto de alguém são atos tipificados em artigos bem distintos no Código Penal brasileiro. Ou por outra: existem diferentes graus de canalhice na política e jogar todos os seus agentes em um mesmo saco, desde o chefe até o office-boy da quadrilha, gera o risco de permanência por tempo indeterminado de salteadores no poder.
As cifras amealhadas pelo PT desde que alçou Lula ao poder em 2003, totalizando apenas os recursos canalizados da Petrobras para suas campanhas eleitorais e para o bolso de determinados companheiros (não contabilizado aí o desperdício de verbas públicas e o aporte que o Tesouro Nacional precisará fazer, cedo ou tarde, para evitar a quebra da estatal, visto que privatizá-la não está na agenda do governo), atingem valores tão elevados que ultrapassam qualquer fronteira da falta de respeito com a coisa pública registrada na história mundial.
Atente-se para o fato de que, sob a batuta de governos “progressistas”, o Planalto vinha irrigando diversos “movimentos sociais” com dinheiro de pagadores de impostos (tais como UNE, CUT, MST, MTST e demais “joint ventures” da esquerda) para que cumprissem suas “funções” – quais seriam mesmo, além de promover baderna e depredação do patrimônio público? Isso sem mencionar os sites financiados da mesma forma para destruírem a reputação de adversários políticos – leia-se: qualquer um que se opusesse à eternização da esquerda no governo.
Outra considerável diferença é o viés estatizante do PT: esse sempre fez questão de seguir à risca a cartilha keynesiana (muito conveniente para quem pretende gastar até o que não tem para “impulsionar o crescimento do país”, ainda que isso faça tanto sentido quando tentar encher mais a piscina tirando água da parte funda para a parte rasa). O PMDB, a seu turno, já dá mostras de que compreendeu que imprimir dinheiro – reduzindo taxas de juros para níveis abaixo do mercado, forçando os bancos públicos a puxarem a fila – seria uma maneira artificial de se recuperar de uma recessão causada, justamente, por um crescimento econômico não menos artificial. Eis o legado de Lula: um acréscimo de prosperidade não fundamentado em aumento de produtividade. Não tinha como ir longe. Por isso mesmo, já planeja privatizações, redução do número de cargos de confiança, reformas trabalhista e previdenciária, e limitação do gasto público. Ou seja, está enfrentando o problema de frente, em vez de administrar doses mais altas do mesmo veneno que levou o paciente à UTI.
A diferença do trato da mídia em relação aos governantes de PT e PMDB também é de se levar em conta. Michel Temer tem sido colocado contra a parede pelos jornalistas dos principais veículos do país, o que é digno de elogio, pois esse é o papel do jornalismo – e não tirar selfies com a presidenta, ou permitir que apenas após a meia-noite a real situação econômica e política do país seja desnudada ao público.
Chama atenção também o perfil conciliador que Temer vem adotando em sua ações. Por mais de uma vez, voltou atrás de decisões que havia tomado para evitar desgastes desnecessários em um momento no qual nenhum apoio para aprovar no Congresso Nacional às reformas necessárias pode ser desprezado. Esse, por sinal, já era seu perfil como presidente da Câmara dos Deputados. Ou será que valeria a pena mesmo enfrentar a horda de artistas ensandecidos com a mera possibilidade de ver minguar seus lucros, ou a turma do MTST fechando avenidas em São Paulo? Melhor atirar um osso do que correr o risco de ver o totó subir na mesa.
Acredito que, até 2018, esse governo de transição possui duas missões intimamente interligadas: a primeira é tentar desarmar a bomba-relógio que pode transformar a depressão econômica em um completo colapso; a segunda é plantar na cabeça dos brasileiros a noção de que enxugar o Estado pode melhorar sua vidas. O fantasma do populismo arrasta correntes por Brasília há tanto tempo ─ possivelmente em decorrência do regime militar, que transformou a esquerda em eterna vítima, rendendo-lhe muitas vitórias em eleições ─ que hoje não há um único político na esfera federal cujo discurso represente o liberalismo econômico.
Se hoje houvesse um Macri no Brasil, e ele se candidatasse, certamente seria tachado de “NEOLIBERAL” – palavrão cunhado durante a década de 1990 para descrever, de forma pejorativa, medidas liberais tomadas por Fernando Henrique, como se fossem atitudes reacionárias requentadas (eis o porquê do NEO) – e não lograria sequer participar do segundo turno, por certo. Por isso é tão importante que Temer consiga emplacar tudo que prevê seu plano de governo “Uma Ponte para o Futuro”, pois convenceria muitos incrédulos da importância do “laissez-faire” – em português claro, menos governo e mais indivíduo.
Não podemos manter o PT no governo até que Jesus Cristo reencarne e saia candidato à presidência. Se Temer e seu partido não são detentores de uma ficha limpa, eles representam um avanço, especialmente em termos gerenciais. E se até mesmo setores da direita estão insatisfeitos com a corrente situação, talvez devessem sopesar que, se por um lado o PMDB está promovendo uma liberalização bastante lenta da economia (muito mais por tratar-se de medida imperativa diante do quadro atual do que por eventual convicção), por outro lado é possível que até seja melhor que assim se desenrole o enxugamento do Estado brasileiro. Manobras apressadas nesse sentido costumam render resultados indesejáveis – basta lembrar-se, guardadas as proporções, do que aconteceu na URSS após o “fim” do Comunismo, com espertalhões ficando milionários por meio de algumas canetadas.
O remédio para tirar o Brasil da fossa é amargo, e precisa ser ingerido urgentemente. Se o PMDB não é o médico mais indicado para tratar do paciente enfermo, é o melhor disponível neste momento. Sonhar com mundos impossíveis costuma conduzir a eventos não muito memoráveis.
Quem já assistiu ao reality show The Biggest Looser sabe perfeitamente que, entre o candidato que entra no primeiro dia, mal conseguindo ficar em pé e o esbelto vencedor da final, há vários estágios a serem percorridos. Eu diria que, naquele exemplo proposto no primeiro parágrafo, já estamos com 150 quilos. Já estamos até conseguindo subir escadas! Quem sabe no médio prazo já poderemos até estar correndo uma meia maratona? Mas isso vai exigir muito mais do que preparo aeróbico: vai demandar mudança de mentalidade do eleitor brasileiro.
Governo já gastou ceca de R$ 650 mil com manutenção de Dilma
Dilma Rousseff vive desde o dia 13 de maio uma derrocada dourada. Ela já havia reconhecido que, afastada pelo Senado, seria “carta fora do baralho”. Mas, enquanto aguarda o veredicto final dos senadores no julgamento do impeachment, permanece no Palácio da Alvorada, às expensas dos contribuintes. Fechada a contabilidade de maio, o governo gastou com Dilma cerca de R$ 650,7 mil. Os dados obtidos pelo blog são oficiais. Podem ser conferidos no quadro que ilustra esse post. Procurada por meio de sua assessoria, Dilma não quis fazer comentários sobre o tema.
O custo mais alto refere-se à folha salarial: R$ 446.441,09. Dilma fez jus ao contracheque integral: R$ 38.049,68. A cifra superou o teto do funcionalismo, medido pelo salário dos ministros do STF, hoje fixado em R$ 33.700. A remuneração do staff que Dilma recrutou para assessorá-la custou em maio R$ 312.536,48. A soma inclui encargos, comissões e gratificações. Outros R$ 95.854,93 foram pagos à equipe que dá prontidão médico no Alvorada.
Excluíram-se da conta as mais de cem pessoas que asseguram ao palácio presidencial uma hospedagem cinco estrelas: cozinheiros, garçons, arrumadeiras, seguranças e um infindável etcétera. Ainda assim, o Planalto, agora sob nova direção, cogita forçar uma redução das despesas com a assessoria direta de Dilma. Alega-se que é preciso reforçar a equipe do presidente interino Michel Temer.
O segundo item mais oneroso foi a conta das viagens de Dilma. Noves fora as despesas com os aviões da FAB, usados por Dilma, as equipes que viajaram antes para preparar os três deslocamentos realizados entre os dias 13 e 30 de maio sorveram R$ 113.100,59 em passagens aéreas e diárias. O Planalto achou um exagero, já que Dilma não cumpre mais agendas oficiais como presidente. E decidiu impor limites às viagens dela.
Há uma semana, escorando-se em parecer da assessoria jurídica da Casa Civil, o Planalto restringiu as viagens da presidente afastada nas asas da FAB aos voos entre Brasília e Porto Alegre, cidade que Dilma adotou para viver e onde moram sua filha e seus dois netos. Dilma estava na capital gaúcha quando soube da novidade. Subiu no caixote: “Houve uma decisão da Casa Civil ilegítima, cujo objetivo é proibir que eu viaje'', disse. Ameaçou viajar em aviões de carreira. Acabou se entendendo com o PT, que fretará jatos para suas viagens.
No período entre os dias 13 e 31 de maio, foram lançadas nos cartões de pagamento do Alvorada despesas de R$ 81.675,49. O grosso foi destinado à compra de alimentos e produtos para copa e cozinha: R$ 62.112,69. O resto pagou da manutenção dos automóveis à aquisição de produtos de limpeza e higiene. De resto, as contas de telefones celulares, atualizadas até o dia 6 de junho, custaram R$ 4.598,16. A de internet, fechada em 8 de junho, saiu por R$ 4.893,00.
o prazo para que Dilma seja julgada pelo Senado é de até seis meses. Mas estima-se que a votação ocorrerá em meados de agosto. São pequenas as chances de um retorno.
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