quarta-feira, 5 de junho de 2019

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Curso por correspondência

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, tem nos brindado com seu precário domínio da aritmética, pouca intimidade com a literatura e hilárias batatadas no uso da língua portuguesa. Isso explica um boletim cheio de zeros em seu curso de ciências econômicas da USP —que, sabe-se lá como, o diplomou. Mas, depois de sua denúncia de que os professores estariam “coagindo os estudantes” a participar de protestos, começa-se a desconfiar de que foi por correspondência que Weintraub fez sua carreira escolar.


Só alguém que nunca se sentou em uma sala de aula, em meio a uma classe e diante de um professor, é capaz de imaginar os estudantes como um bando de palermas que se sujeitam a coações. Nenhum professor tem a admiração incondicional da turma e muitos são ostensivamente contestados. No curso secundário, essa contestação pode se dar pelo desinteresse dos alunos pela aula e até pela hostilidade física ao mestre.

Na universidade, esse confronto, por mais adulto, é ainda pior. Nenhum professor é capaz de impor sua opinião a um aluno que já não esteja de acordo com ele. A ideia de um universitário brasileiro se deixando manipular por um professor é ofensiva a toda a categoria.

Gostaria de ver o professor Weintraub diante da minha turma de ciências sociais na antiga Universidade do Brasil, hoje UFRJ, em fins dos anos 60. Teria de se entender com rapazes e moças, de todas as colorações políticas, capazes de lhe dar aulas de sociologia, antropologia, ciência política, história, literatura e até da sua suposta especialidade, economia. Que estou dizendo? Weintraub não sustentaria cinco minutos com nenhum deles.

Só um idiota se deixaria coagir por um professor. Mas, com a avalanche de informação hoje ao alcance de qualquer jovem, já não deve haver idiotas entre os estudantes brasileiros. Se houver, estão morando dentro da cabeça do presidente Bolsonaro.
Ruy Castro

Deu nos jornais



75% das vítimas de homicídio no País são negras, aponta Atlas da Violência
 (O Estado de São Paulo)

Brasil teve 47,5 mil mortes por armas de fogo em 2017, alta de 6,9% e novo recorde 
(O Globo)

Mortes violentas disparam no Norte e Nordeste na contramão do resto país
(Folha de São Paulo)

Complacências

Desde que entrei na vida acadêmica (que nem sempre coincide com a universitária e menos ainda com a intelectual), em 1959, e fui profissionalmente iniciado naquele Museu Nacional que pegou fogo, tenho sido alvo de muita complacência. Algumas obviamente necessárias e benéficas, como as dos professores e mentores cuja obrigação é revelar com generosidade e complacência a nossa burrice relativamente a certos assuntos quando, por exemplo, pensamos que “cultura” é refinamento, artes plásticas, literatura e cinema nacional em particular; quando, de fato, “Cultura” é um estilo de vida (entre muitos). É um modo de ser e atuar no mundo.

Nesse sentido menos aristocrático, “cultura” é parte intrínseca da liberdade humana a qual resulta em diferenças entre grupos com suas línguas, tabus e credos coletivos, que produzem uma diversidade intrigante traduzida nas pesquisas das Ciências Sociais e não pelos doutores em Ciências Ocultas e Letras Apagadas, como dizia o Millôr.


Ao lado das complacências proativas, existem, entretanto, as condescendências reveladoras de uma assumida superioridade política e moral (as duas dimensões se confundem no Brasil), as quais têm como motivo revelar a minha ignorância, a minha ingenuidade e, sobretudo, o meu reacionarismo.

“Achei aquela sua crônica muito reacionária”, disse-me com superioridade de cardeal da Idade Média um felizmente ex-colega. De uma outra feita, uma jovem ex-aluna me disse, com brutal e complacente sinceridade, não ler um jornal no qual eu escrevia, passando a certeza de que quem lia tais páginas sofria de alguma patologia ideológica.

Na faculdade, não fui encorajado a ler Joaquim Nabuco, Gilberto Freyre ou Machado de Assis. O primeiro escrevia em francês – sendo, pois, um alienado. O segundo fazia apologia da intimidade entre senhores e escravos africanos (intimidade somente lida no plano óbvio do biológico e assim classificada como “mestiçagem”); e falava mais da casa e de nossa ambiguidade cultural do que da luta de classes e da famosa “revolução burguesa” que estaria ocorrendo, mas que parece muito difícil de ser partejada entre nós. Já o terceiro – explicaram-me complacentemente – era um mulato maneiroso que escrevia complicado e fugia da luta pela Abolição.

Hoje, como se sabe, Machado de Assis foi reclassificado com certo estardalhaço como negro num gesto de anacrônica complacência democrática porque o próprio Machado e seus contemporâneos se tratavam como parte de uma elite que se via como branca, mas que, nos Estados Unidos ou na Europa seria negra, árabe ou asiática. Ter de Machado uma representação fotográfica como “branco” foi, assume-se, um escamoteamento da verdade. Como se fosse factível – usando o mesmo viés ideológico num racismo reverso – pensar do mesmo modo a respeito de alguém que age como “mulher” embora seja “homem”. Quem tem o direito de definir o seu gênero, a sua cor, etnia ou o seu temperamento? O sujeito ou nós que, como fascistas inconscientes, sabemos o que ele realmente é ou deveria ser?

Será que um “feio” pode dizer que é “bonito”? As categorizações são imutáveis e insensíveis a contexto histórico, situação e interesses?

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A homofobia foi criminalizada. E quem calunia por interesse político-partidário uma pessoa como homofóbico? Os acusadores neofascistas que só pensam em excluir devem também morder a língua?
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Do mesmo modo que se tem orgulho de não ler um jornal ou uma revista, fala-se de certos autores. Assim, ouvi dizerem abertamente: jamais abri um livro de Talcott Parsons, de Tocqueville ou de Freud. Eram reacionários e isso liquidava o assunto. Tal como na Inquisição, a fogueira continua acesa entre os “progressistas” com suas complacências.

Nelas, incluímos também o silêncio tumular sobre a obra de certos autores ao lado da raiva de sua popularidade. O controle da vida intelectual e das indagações destoantes ou marginais sempre caracterizou um inocente autoritarismo nacional.

Ser autoritário sem saber, tendo – ademais e sobretudo – a complacência de ser democrata acusando os outros de reacionários é um dos paradoxos desses nossos tempos sombrios.

Pensamento do Dia


O meio ambiente está em toda parte

Como diria Guimarães Rosa sobre o sertão, o meio ambiente está em toda a parte, está dentro da gente. É floresta e é cidade. A terra onde se planta, o ar que se respira, a água do começo da vida, o fim dos rejeitos do nosso estilo de viver, tudo é meio ambiente. Nesse dia mundial, o Brasil não tem o que comemorar, mas tem muito a refletir. Temos errado demais na questão ambiental e isso coloca em risco cada um de nós.

Pense num assunto vasto. Ele impacta a vida, a saúde, o clima, a economia. É tudo que está em torno de nós, sob nossos pés, acima de nós. Há uma agenda ambiental urbana. Nela temos fracassado miseravelmente. A Lei Nacional de Resíduos Sólidos ficou duas décadas tramitando, foi aprovada em 2010 e até agora, quase uma década depois, não foi cumprida. Era para acabar em dois anos com os lixões. Foram dados novos prazos e todos foram descumpridos.

Em 1990, o Brasil decidiu que iria monitorar a qualidade do ar nas cidades. É fundamental porque certos poluentes, como material particulado e dióxido de carbono, apressam as mortes. Na “Análise do Monitoramento da Qualidade do Ar no Brasil” feita agora em 2019, pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade, o quadro é desolador. Das 27 unidades da federação, 20 não monitoram o ar. Das que o fazem, só São Paulo e Espírito Santo têm dados diários online. O problema, diz o Instituto, é que “a comunicação à população é fundamental”. E explica: “Indivíduos com maior suscetibilidade à poluição do ar como crianças, idosos, gestantes ou portadores de doenças crônicas, cardiovasculares, pulmonares são as que mais sofrem.


A depender dos níveis de concentração de poluentes, o mal poderá ser para todos. A comunicação em tempo real é imprescindível para que a população possa se prevenir e exercer seus direitos”, diz o relatório do Instituto que tem o professor Paulo Saldiva como patrono e a médica Evangelina Vormittag, como diretora. Em estudo recente, o Instituto concluiu que só em São Paulo a poluição mata 11 mil por ano, mais do que a violência, o câncer de mama e de próstata. Até 2030, o estado vai gastar R$ 1 bilhão com doenças que poderia prevenir se o ar fosse mais limpo. A Organização Mundial da Saúde revelou em 2018 que a poluição atmosférica é responsável por 50 mil mortes no Brasil por ano. Mais do que as mortes no trânsito.

Uma parte da agenda ambiental é a conservação das florestas, rios, biomas, biodiversidade e nela temos falhado também. Quem pensa que cidades e florestas são mundos diferentes, se engana. Já ouviu falar dos rios voadores? São as árvores da Amazônia fazendo chover no centro e no sul do Brasil.

Quem pensa que o verde é só poesia, desconhece a economia. O pesquisador Beto Veríssimo, do Imazon, lembra que Brasil vinha numa trajetória de se tornar um país muito competitivo do ponto de vista das emissões, agora pode começar a fazer o caminho inverso.

—Os países e as empresa no mundo estão se posicionando para produzir com baixa emissão de gases de efeito estufa, porque sabem que lá na frente haverá uma taxação e uma regulação sobre isso. O Brasil é um dos poucos países que reduziram as suas emissões absolutas graças à diminuição do desmatamento na Amazônia. O país é fera em algumas áreas, como papel e celulose, por exemplo. Agora vai desmantelar sua estratégia de clima e aumentar suas emissões na Amazônia? É um tiro no pé para o setor exportador. Pode não ser sentido no curto prazo, mas o futuro é de baixa emissão. Nós dobramos uma esquina perigosíssima.

O tema interessa a todos nós, mas o atual governo está encolhendo o Brasil e fazendo crescer Brasília nos conselhos da área. O Conama tinha 96 membros, o governo federal com 33 e o resto do Brasil com 63 representantes. Agora são 23, sendo 10 do governo federal e 13 do resto do país.

É vasto o meio ambiente, como vasto é o mundo. No Brasil, curta é a visão das autoridades que hoje nos comandam. O presidente queria acabar com o Ministério do Meio Ambiente, o ministro indicado para a área está se esforçando para cumprir a ordem. São prisioneiros dos guetos ideológicos mais estreitos. A insensatez não lhes deixa ver a imensidão e a relevância da agenda ambiental brasileira.

68% das áreas de proteção e indígenas da Amazônia estão ameaçadas

Um levantamento realizado por uma rede de pesquisadores de seis países identificou que 68% das áreas de proteção ambiental e territórios indígenas da Amazônia estão sob ameaça de projetos de infraestrutura, planos de desenvolvimento econômico e atividades de exploração da maior floresta tropical do planeta.

Atualmente, existem 390 milhões de hectares dedicados à conservação ambiental e territórios indígenas, de um total de 847 milhões de hectares da chamada Pan-Amazônia.

Este território compreende não só os 62% da floresta localizados no Brasil, mas também sua extensão em outros sete países - Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela e um território de outro país na América do Sul, a Guiana Francesa.

Para identificar as ameaças, a Rede Amazônica de Informação Ambiental Georreferenciada (Raisg), sob a coordenação da ONG Instituto Socioambiental, reuniu dados de governos e informações de imagens de satélite e analisou os impactos de seis tipos de intervenções: obras de infraestrutura de transporte, hidrelétricas, mineração legal, extração de petróleo, queimadas e desmatamentos.

"O que mais chama atenção é que 43% das áreas protegidas e 19% dos territórios indígenas estão ameaçadas por três ou mais destes fatores", diz Júlia Jacomini, pesquisadora da Raisg e uma das responsáveis pela apuração dos dados sobre a Amazônia brasileira.

O estudo da Raisg aponta que os maiores danos são causados por projetos apoiados por governos federais e regionais, como por exemplo, a abertura de estradas. O levantamento aponta que, dos 26 mil quilômetros dos 136 mil quilômetros construídos até 2018 na Amazônia estão dentro de áreas de conservação e territórios indígenas.

"Estes projetos de infraestrutura são, em sua grande maioria, iniciativas de Estados nacionais em parceria com empresas, como parte de projetos de desenvolvimento que valorizam mais os aspectos econômicos e setores produtivos do que a preservação ambiental e dos modos de vida dos povos locais", diz Jacomini.

A extração de minério e petróleo são duas das atividades que representam maior risco à preservação destas áreas na floresta: 22% destas regiões protegidas sofrem alguma forma de pressão ou ameaça por parte destas indústrias.

O estudo destaca que alguns destes empreendimentos estão entre as maiores minas a céu aberto do mundo e implicam na construção de extensas redes de tubulações para transportar o petróleo extraído no meio da selva.

Isso gerou, por exemplo, 190 derramamentos de petróleo nos últimos 20 anos na Amazônia peruana, diz o estudo. Segundo o Organismo de Supervisão de Investimentos em Energia e Mineração, uma agência do governo do país, isso ocorreu por falta de manutenção da infraestrutura dos poços mais antigos, que datam dos anos 1970.

Ao mesmo tempo, no Equador, a exploração de petróleo levou ao desmatamento de mais de 2 milhões de hectares e ao derramamento de 650 mil barris de petróleo nos rios e córregos amazônicos.

Ao mesmo tempo, 162 das 272 usinas hidrelétricas planejadas, em construção ou já em operação na Amazônia estão dentro de áreas de proteção.

Em relação ao Brasil, a atividade de mineração foi uma das principais ameaças identificadas. O país lidera em área de floresta destinada a essa atividade entre as nações amazônicas, com 108 mil hectares, o que representa 75% do total.

O ritmo de desmatamento da Amazônia brasileira caiu 72% desde 2004, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, mas a tendência mais recente vai no sentido contrário: houve um aumento de 13,7% no último ano.

A abertura de estradas e hidrovias tem um impacto relevante sobre isso: 94,9% da perda de vegetação nativa ocorre a 5,5 km de distância de estradas e a 1 km de rios navegáveis, de acordo com uma pesquisa do cientista Christopher Barber, do Centro de Excelência de Ciências Geoespaciais, nos Estados Unidos.

O estudo do Raisg cita ainda o projeto de construção da Ferrogrão, uma ferrovia com 933 km de extensão que ligará o Mato Grosso ao Pará, ao alertar que a expansão do transporte ferroviário na Amazônia brasileira "pode potencializar os impactos sociais e ambientais na região, com danos diretos a áreas de proteção e territórios indígenas".

O resultado do levantamento estará disponível ao público por meio do portal Amazônia na Encruzilhada, elaborado pela InfoAmazônia, uma agência dedicada a divulgar informações sobre a região amazônica. No site, os visitantes terão acesso a mapas interativos, fotos, vídeos e estudos de casos.

Segundo o jornalista Gustavo Faleiros, editor do InfoAmazônia, a iniciativa busca conscientizar sobre a importância de se criar uma política transnacional para a Pan-Amazônia para, ao se realizar intervenções na região, considerar os efeitos sobre toda sua extensão.

"Um estudo apontou, por exemplo, que se seis hidrelétricas previstas para a Amazônia forem construídas, todo um fluxo de nutrientes pelos rios será interrompido, afetando a vida aquática e a produção agrícola nas margens do rio", diz Faleiros.

"A Amazônia não é do Brasil, da Colômbia, do Peru ou do Equador. É um grande sistema interligado, mas até hoje não existe um plano internacional de conservação ambiental da região."

Jacomini diz que, sem uma visão mais ampla da floresta, os esforços de um país para preservá-la não terão os resultados esperados.

"Estamos falando de vários ecossistemas interligados. Um país pode ter um sistema de proteção e monitoramento forte, mas todo o bioma é impactado por um derramamento de petróleo que ocorre em um país e atinge os outros. Sem olhar para o todo, não há como garantir a preservação da Amazônia."

Pacote de Bolsonaro é incentivo à bandalha

Numa entrevista recente, Jair Bolsonaro reclamou dos radares de velocidade e disse que o brasileiro teria perdido o “prazer de dirigir”. A declaração ajuda a entendera obsessão presidencial em afrouxar as leis de trânsito.

Ontem o governo apresentou medidas que dificultam a punição de motoristas infratores. Eles poderão acumular o dobro de pontos na carteira até perderem o direito de dirigir.


A proposta vai na contramão do que defende a maioria dos especialistas. “O Brasil é o quarto país do mundo em mortes no trânsito. Deveríamos esperar medidas para aumentara fiscalização, não o contrário”, critica o sociólogo Eduardo Biavati.

Ex-coordenador de prevenção de acidentes da Rede Sarah de hospitais, ele teme um aumento no número de mortos e feridos nas estradas. “A mensagem que o governo passa é de aumento da tolerância coma violação das leis de trânsito. Este pacote decreta que o Brasil vai voltara andar par atrás”, lamenta.

Uma das medidas propostas ontem é o fim do exame de drogas para os motoristas de ônibus, caminhões e carretas. É mais uma vitória do lobby dos caminhoneiros, que só não mandam mais neste governo do que os fabricantes de armas.

Na entrevista em que atacou os radares, Bolsonaro disse que os motoristas estão perdendo a carteira “com muita facilidade”. Faz sentido. Em abril, a “Folha de S.Paulo” mostrou que a família dele acumulou ao menos 44 multas nos últimos cinco anos.

A primeira-dama e o filho Zero Um ultrapassaram o limite de 20 pontos em um ano, o que em tese resultaria na suspensão da carteira. E depois ainda dizem que o presidente toma decisões sem conhecimento de causa.

“No Rio de Janeiro, atualmente, bandido é tratado como bandido. Não tem moleza. E o trabalho é acompanhado de perto pelo governador Wilson Witzel”. Palavras de André Moura, o secretário estadual que é réu em três ações penais no Supremo.

Brasil no psiquiatra


Quantas bolsas de estudo valem os carros novos do presidente?

Na Universidade do Paraná, a mesma cuja faixa " Em Defesa da Educação " foi retirada por manifestantes de demanda desconhecida outro dia, pesquisadores analisavam alterações no sistema reprodutor de peixes. O objetivo era entender o que acontece quando você bebe aquele copo de água que veio de reservatório atingido por medicamentos que foram descartados por aí, de forma inadequada.


Era em Curitiba que moraria a partir do próximo mês a farmacologista Quelen Garlet, de Santa Maria (RS), que obteve bolsa para analisar o uso de moléculas de canabidiol como terapia no tratamento de estresse pós-traumático. Analisados efeitos em transtornos de ansiedade e ataques de pânico, quem sabe voltasse para casa com dose e posologias de sucesso definidos, para eventual teste em seres humanos.

Pouca gente se liga no fato de que um dos efeitos do aumento da expectativa de vida da população é a incidência cada vez maior de familiares com doença de Parkinson. Por isso, não faltavam razões para a busca por novos tratamentos para a doença. Na universidade paranaense, havia também apostas na produção de biodiesel a partir de algas convertidas em carbono. E gente dedicada a desenvolver um código visual de cores captados por cegos, como forma de comunicação.

Na Federal de Minas, um grupo de pesquisadores tentava desenvolver vacinas com o intuito de controlar vírus transmitidos pelo Aedes aegypti , como dengue, zika e chikungunya. Outro buscava vacina para aplicar em cães e bloquear, com isso, a proliferação de leishmaniose canina entre os homens. O que fazer agora com o caros equipamentos de laboratório é uma incógnita.

Esses são alguns dos estudos ainda afetados pelo contingenciamento de 3.574 mil bolsas de pós-graduação pelo Ministério da Educação. As bolsas custariam aproximadamente R$ 50 milhões, ou 50 Lava Jatos, se considerado apenas o valor devolvido à Petrobras entre 2014 e 2015. Duas manifestações de rua não sensibilizaram o governo. Na última semana, Jair Bolsonaro pediu autorização para comprar novos carros blindados (Audi A6, Ford Fusion ou Honda Accord) para atender a sua família e ao vice-presidente, ao custo de R$ 7,14 milhões, o equivalente a 507 bolsas. Escolha difícil.

Clima gera prejuízo de US$ 1 trilhão a grandes empresas

Mais de 200 das maiores empresas do mundo deverão perder um total de 1 trilhão de dólares por causa das mudanças climáticas, grande parte disso apenas nos próximos cinco anos, aponta um relatório divulgado nesta terça-feira (04/06).

O estudo realizado pela ONG CDP sugere que muitas empresas ainda subestimam os perigos relacionados ao fenômeno, enquanto os cientistas alertam que o clima da Terra se encaminha para limites catastróficos caso não haja reduções nas emissões de carbono na atmosfera.

"A maioria das empresas ainda tem muito a caminhar em termos de avaliar adequadamente os riscos relacionados ao clima", afirmou Nicolette Bartlett, diretora para Mudanças Climáticas da CDP e autora do relatório.

Fundada no ano 2000, a CDP (antigamente chamada de Projeto de Transparência do Carbono – nome que originou a sigla em inglês) é um organismo respeitado dentro de uma crescente coalizão de grupos de lobby, administradores de fundos, bancos centrais e políticos que acreditam que as mudanças climáticas representem um risco sistêmico para o sistema financeiro.

Ao forçar as empresas a enfrentar os riscos às suas operações, os defensores de mais transparência esperam fazer avançar investimentos suficientes na indústria para reduzir as emissões, a tempo de cumprir as metas climáticas. O CDP analisou dados de 215 das maiores indústrias do mundo, como Apple, Microsoft, Nestlé, Unilever, China Mobile, Infosys, UBS, Sony e BHP.

Essas empresas já teriam tido prejuízos de 970 bilhões de dólares em custos adicionais devido a fatores como o aumento das temperaturas, clima caótico e o preço colocado sobre as emissões de gases causadores do efeito estufa. Cerca de metade desses custos são considerados prováveis ou praticamente certos.

Segundo o relatório, as companhias poderiam obter amplas vantagens com um mundo descarbonizado a tempo de evitar os cenários climáticos mais tenebrosos, que os cientistas acreditam representar um risco existencial para a civilização industrial.

As preocupações com os riscos representados pelo clima aumentaram de modo acentuado, paralelamente ao crescimento do ativismo ecológico em muitos países, enquanto ondas de calor, secas, incêndios florestais e supertempestades reforçadas pelo clima se tornam cada vez mais difíceis de serem ignoradas.

Roubo e inépcia levam país ao inferno da penúria

Quando Jair Bolsonaro ainda estava em campanha, seu Posto Ipiranga prometia zerar o déficit público no primeiro ano da nova administração. Era ilusão. Ainda estamos no primeiro semestre. E Jair Bolsonaro ergue suas preces ao Altíssimo para que o Congresso autorize o governo a emitir quase R$ 249 bilhões em dívida.

Se suas preces não forem atendidas, o capitão viverá um vexame dentro de duas semanas. Vai faltar dinheiro para despesas vitais. Bolsa família e aposentadorias, por exemplo. A encrenca tem um nome dourado: "regra de ouro". Assim é chamada a norma que proíbe o governo de se endividar para pagar as chamadas despesas correntes —desde salário de servidor até conta de luz.



Ou o Congresso atende aos apelos do Planalto ou Bolsonaro ficará numa encruzilhada. Se cancelar as despesas, o presidente produzirá o caos. Se gastar sem o aval do Legislativo, fornecerá matéria prima para a abertura de um processo de impeachment. A esse ponto chegamos.

Nesta quarta-feira, o deputado Hildo Rocha, relator do pedido de liberação de crédito suplementar, apresentará seu relatório para ser votado na Comissão de Orçamento. Convocou-se uma sessão do Congresso, com deputados e senadores, para tentar votar a matéria em plenário na sequência.

Misturando-se a penúria financeira à roubalheira e à incompetência que infelicitam o Estado brasileiro, conclui-se que o inferno existe. É aqui. E não funciona.

Paisagem brasileira

Paisagem (1943), Edgar Walter

Faoro e a Justiça Militar

Em 1997, quando estava no forno a transferência dos processos de PMs para a Justiça Militar, Raymundo Faoro matou a questão com quatro palavras: “É um privilégio de impunidade”. Com seu senso de humor, acrescentou: “O presidente francês Georges Clemenceau dizia que a Justiça Militar está para a Justiça assim como a música militar para a música”. Clemenceau (1841-1919) era um mestre das palavras e chamavam-no de “O Tigre”.

Passou o tempo, virou o século, e os militares ganharam o foro de sua Justiça.


O Ministério Público militar pediu o arquivamento do processo da Chacina do Salgueiro, ocorrida em 2017. Numa noite, oito pessoas foram mortas numa comunidade de São Gonçalo (RJ), e um sobrevivente diz que os tiros vieram de pessoas fardadas que estavam na mata. Esse cidadão prestou três depoimentos à polícia e ao MP estadual. A Procuradoria Militar não o chamou.

Noutro episódio, 11 cidadãos presos em agosto passado numa operação de combate ao tráfico de drogas na Penha disseram que foram torturados num quartel do Exército. Sete deles vão responder por tentativa de homicídio contra os militares. Três dizem que em dezembro foram ameaçados no presídio em que estão trancados.

Há duas semanas, o Superior Tribunal Militar revogou a prisão dos nove militares que haviam sido presos por dispararem 83 tiros num carro que conduzia uma família, matando duas pessoas. Eles responderão ao processo em liberdade. Está entendido que atiraram porque achavam que no carro iam bandidos. (Houve um voto pela manutenção da prisão, outro para que continuasse preso o tenente que comandava a patrulha e dois para que o grupo cumprisse medidas cautelares.)

Como disse o ministro-general Luis Carlos Gomes Mattos, “só a ação penal vai dizer o que aconteceu”: “Estamos julgando criminosos que saíram do quartel para dar tiros? Tenho certeza absoluta de que não foi assim.” Mesmo assim, deve-se ter certeza absoluta de que a patrulha tentou (e conseguiu) enganar seus comandantes por um dia, inventando uma cena de confronto.

Cada um desses três casos tem a sua especificidade, mas o conjunto sugere um padrão: a dificuldade da Justiça Militar de delimitar a linha que separa a compreensão da tolerância. A ação de um soldado que tenha disparado sua arma em Guadalupe difere daquela do tenente que comandava a patrulha e teria dado 77 tiros. Além disso, sempre sobrará a questão do uso de tropas em ações policiais, pois a corda acaba arrebentando nas mãos de um jovem oficial, tenente, capitão ou, no máximo, um major.

Houve um tempo em que, apesar da advertência de juízes militares como Olympio Mourão Filho e Peri Bevilaqua, por diversos motivos, não se traçava a linha demarcatória e tolerava-se o intolerável.

Cada caso tinha sua especificidade, e assim a coisa foi, até que em 1971 um capitão descobriu uma boca de fumo num quartel de Barra Mansa. Supliciaram 11 soldados, matando quatro. Fingiu-se que os jovens haviam desertado, e acobertou-se o caso, até que entraram na cena o bispo Dom Waldyr Calheiros e dois chefes militares, Antônio Carlos Muricy e Valter Pires de Carvalho. Como disse Muricy a Pires: “O Exército não deve ter medo de que uma coisa dessas aconteça. Deve ter medo é de acobertar.”

Um ano depois, o Exército admitiu os assassinatos e, em 1973, a Justiça Militar condenou o capitão a uma pena de 84 anos. Ele cumpriu onze e meio. O coronel que comandava o quartel ficou de fora. O tenente-coronel que o substituía nas férias e dirigiu o acobertamento teve uma pena de sete anos, reduzida para seis meses. Ele teria mandado cortar a cabeça de um dos mortos.

É preciso mudar

Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos
Eduardo Galeano

Brasil é o país mais difamado do mundo em matéria de preservação ambiental

Somente nos últimos 50 anos, desde que se constatou o fenômeno das chuvas ácidas, é que a ciência passou a se preocupar para valer com a questão do meio ambiente. Na Europa e na América do Norte, a devastação já era realidade e a contaminação atmosférica passou a ser considerada grave ameaça.

Foi quando as grandes indústrias poluidoras tiveram de ser transferidas para a China, que ao mesmo tempo se tornou uma potência econômica e o país mais poluidor do mundo, a tal ponto que o famoso Rio Amarelo já não faz jus ao nome e mal consegue desaguar no Pacífico, porque na maios parte do ano suas águas secam a meio caminho. E hoje as chuvas ácidas ocorrem com maior intensidade exatamente na China.

Entre os países que ainda têm grandes extensões de florestas naturais destaca-se o Brasil. No entanto, ao invés de ser saudado como o maior preservador ambiental do planeta, há décadas passou a sofrer uma campanha permanente de difamação, inclusive com claras ameaças até de intervenção internacional na Amazônia.

Essa campanha não parou nem vai parar, porque o governo brasileiro jamais soube se defender a respeito, nem externa ou internamente. E hoje os próprios cidadãos brasileiros desconhecem que têm motivos para se orgulhar da política ambiental do país, alguns sequer acreditam que isso exista.


É impressionante que os sucessivos governos brasileiros jamais tenham alegado que o Brasil adota a mais rígida e moderna legislação do mundo, que obriga os produtores agrícolas a preservarem para reserva florestal na Amazônia 80% da área de cada empreendimento, 30% no Cerrado e 20% nas demais regiões.

Por incrível que pareça, essa legislação está sendo obedecida e Estados agrícolas que haviam sofrido brutal desmatamento estão recuperando as percentagens exigidas em lei, tornando o Brasil o país que mais regenera ambientes degradados.

Em São Paulo, a extensão de áreas reflorestadas em fazendas já é superior à soma de todas as unidades de conservação existentes no Estado. E essa regeneração está acontecendo em todo país, documentada pela Embrapa em observações por satélite.

Porém, os próprios brasileiros continuam a desconhecer essa auspiciosa realidade. O próprio governo não sabe, podem perguntar ao presidente Jair Bolsonaro ou ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Ele vão ficar surpresos.

A revista “Science”, editada pela Associação Americana para o Avanço da Ciência, acaba de divulgar que há uma tendência mundial de retrocessos ambientais, acentuada nas últimas duas décadas e liderada por dois países de proporções continentais: Estados Unidos e Brasil. Esta é a conclusão do mais completo estudo já realizado, a cargo de um grupo de cientistas de diversas universidades, sob liderança da ONG Conservação Internacional.

É preciso que o governo brasileiro reaja e desminta esse relatório de fancaria, mas quem se interessa? Em setembro, o presidente Bolsonaro vai abrir a Assembleia-Geral da ONU, seria importante revelar essas verdades ao mundo, inclusive se referindo aos países que destruíram seu meio ambiente e deveriam se envergonhar disso, ao invés de criticar quem preserva.

O mais importante é que no Brasil existe também a recuperação ambiental voluntária, realizada por ecologistas anônimos, que deveriam ser homenageados com a Ordem do Rio Branco, mas nenhum governo se lembra de fazê-lo.

É preciso exaltar os exemplos desses brasileiros, como o biólogo paulista Cláudio Martins Ferreira, que preserva a reserva ambiental das Fazendas Meandro, em Ibiúna, a apenas 70 km de São Paulo. Quando adquiriu a primeira propriedade, na década de 70, boa parte da área de Mata Atlântica estava preservada.

Empolgado, o biólogo adquiriu mais duas áreas, que foram chamadas de Fazendas Meandros II e Meandros III. Hoje, ao todo, há uma área de 1.200 hectares de Mata Atlântica conservada, que protegem diversas nascentes e um cachoeira que deságua no Rio Laranjeiras, um dos formadores da represa Cachoeira do França.

Na reserva também há uma riquíssima diversidade de animais, com muitas aves, mamíferos, répteis e anfíbios, alguns inclusive, ameaçados de extinção como é o caso da araponga, do sabiá-pimenta e do pavó. A paca e o cachorro-vinagre, de categoria bastante rara, também estão sob proteção, assim como a onça parda e primatas como o sagui, macaco-prego e bugio.

Nos campos das fazendas, o biólogo implantou um moderno esquema agrícola, em 24 estufas, onde aproximadamente 60 funcionários trabalham na produção de tomates, pimentões, pimentas, vagem holandesa e francesa.

Em média, segundo o proprietário, 60 toneladas são comercializadas por mês para grandes redes de supermercados, gerando recursos que ajudam a manter a Unidade de Conservação Ambiental, incluindo a atuação de seis guardas florestais.

Exemplos como o do biólogo Cláudio Martins Ferreira estão prosperando no país. Hoje, Dia do Meio Ambiente, é preciso lembrar que esses heróis anônimos existem e criam reservas florestais que na verdade passam a não mais pertencer a eles, porque acabam por se tornar patrimônio da Humanidade.

Nova York perde a guerra contra os ratos

Luis Aguilar fica alerta quando chega a primavera. Há dias vigia pacientemente um buraco que apareceu em um vaso em frente ao edifício do qual é zelador. “Há pelo menos oito filhotes”, calcula. Mas antes de pegar a pá e começar a destroçar o vaso com a mãe dentro, tira um rolo de fita de embalagem para fechar o espaço da calça na altura dos tornozelos. “Os ratos sempre procuram um local para se esconder quando estão encurralados”, alerta.

A operação de extermínio dura alguns segundos. “Verá como não voltarão aqui por uns anos”, diz convencido após acabar completamente com a família de roedores, “procurarão um lugar mais seguro”. O veneno e as armadilhas, diz, não funcionam. Comenta que o abastado bairro de Upper West Side de Nova Yorkestá infestado. “Os nova-iorquinos estão acostumados a conviver com eles”, diz, mas alerta que nos últimos anos o problema aumentou e sabe que sua batida na verdade não irá adiantar muito.


Enquanto os altos preços obrigam mais moradores a abandonar a cidade, a população de ratos cresce. É só prestar atenção nos últimos dados do serviço de assistência telefônica de Nova York. As queixas dos moradores ao número 311 cresceram quase 40% em um ano, até superar as 17.350 ligações. E isso apesar do prefeito Bill de Blasio declarar há dois anos a guerra aos ratos, destinando 32 milhões de dólares (125 milhões de reais) do orçamento municipal a um programa de combate e erradicação dos roedores.

A frequência de recolhimento das latas de lixo aumentou e foram instaladas novas lixeiras de aço nos parques que compactam os restos. A cidade de Nova York possui até mesmo uma equipe especial dedicada a exterminar os ratos. Sua nova arma de ataque é colocar gelo seco nas tocas quando os animais estão dentro e fechar os buracos para que não possam escapar.

Mas ao que parece, a cidade dos arranha-céus está perdendo a batalha. Não há um bairro que esteja livre dessa peste, apesar do esforço realizado. É um problema comum em outras grandes cidades, como Filadélfia, Washington, Chicago, Los Angeles e Seattle. Os biólogos, entretanto, deixam claro que os ratos nunca poderão ser completamente erradicados em Nova York.
Gentrificação

Para começar, o bairro de Manhattan está em uma ilha e a água também banha o Bronx, Queens e o Brooklyn. A extensa rede de metrô lhes dá proteção e uma via para se movimentar. E como principal fator que contribuiu para o aumento da população de roedores está o sistema de coleta de lixo, que fica empilhado de noite na frente de bares e restaurantes em um bufê infinito até que o caminhão passe horas depois.

Existem mais dois fatores, que de acordo com os especialistas alimentaram seu crescimento nos últimos anos. Por um lado, está o boom da construção. “É como pisar em um formigueiro”, diz Aguilar enquanto mostra a obra sendo feita na mesma calçada, “fazem com que saiam de seus esconderijos”. Há outra construção que acaba de começar virando a esquina. “Saíram centenas quando derrubaram o edifício”. As novas edificações mais altas enriquecem o bufê desses animais.

Outro fator, mais preocupante, que contribuiu à praga é o efeito da mudança climática. Os invernos mais suaves elevam a sobrevivência do mamífero e aceleram seu processo de reprodução. Os ratos, paralelamente, ficaram maiores e mais pesados. “Até os gatos têm medo deles”, diz o zelador. Não está errado. Um estudo do biólogo Michael Parsons da Universidade de Fordham revela que o felino já não serve para caçar roedores.
Batidas da população

De fato, eles são vistos nas ruas comendo na mesma pilha de lixo, ao mesmo tempo. A única forma de evitar que a população continue crescendo, diz a Arrow Exterminating, “é ficar constantemente em cima”. Há um grupo de voluntários conhecidos como Ryders Alley Trencher Society – a sigla em inglês forma a palavra ratos – que pelas noites fazem batidas pela cidade com cachorros da raça Terrier.

É uma boa desculpa para sair para passear quando o tempo está bom no verão e colocar o instinto animal para funcionar. Podem caçar até vinte ratos em grupo. Não há um número confiável sobre os roedores que povoam a cidade. O que se diz é que são o dobro dos humanos. A mudança climática, como informa o Departamento de Saneamento de Nova York, só exacerba as condições.

Admitem que não possuem arma adequada para lutar essa guerra e o máximo que podem fazer é reduzi-la a um nível tolerável. Robert Sullivan, que passou um ano examinando os habitantes mais incômodos da grande metrópole dos EUA, opina, entretanto, que os ratos são na realidade um espelho dos humanos. Estão tão integrados que são classificados geneticamente por ratos do “uptown” e do “downtown”.