quarta-feira, 5 de junho de 2019

Brasil é o país mais difamado do mundo em matéria de preservação ambiental

Somente nos últimos 50 anos, desde que se constatou o fenômeno das chuvas ácidas, é que a ciência passou a se preocupar para valer com a questão do meio ambiente. Na Europa e na América do Norte, a devastação já era realidade e a contaminação atmosférica passou a ser considerada grave ameaça.

Foi quando as grandes indústrias poluidoras tiveram de ser transferidas para a China, que ao mesmo tempo se tornou uma potência econômica e o país mais poluidor do mundo, a tal ponto que o famoso Rio Amarelo já não faz jus ao nome e mal consegue desaguar no Pacífico, porque na maios parte do ano suas águas secam a meio caminho. E hoje as chuvas ácidas ocorrem com maior intensidade exatamente na China.

Entre os países que ainda têm grandes extensões de florestas naturais destaca-se o Brasil. No entanto, ao invés de ser saudado como o maior preservador ambiental do planeta, há décadas passou a sofrer uma campanha permanente de difamação, inclusive com claras ameaças até de intervenção internacional na Amazônia.

Essa campanha não parou nem vai parar, porque o governo brasileiro jamais soube se defender a respeito, nem externa ou internamente. E hoje os próprios cidadãos brasileiros desconhecem que têm motivos para se orgulhar da política ambiental do país, alguns sequer acreditam que isso exista.


É impressionante que os sucessivos governos brasileiros jamais tenham alegado que o Brasil adota a mais rígida e moderna legislação do mundo, que obriga os produtores agrícolas a preservarem para reserva florestal na Amazônia 80% da área de cada empreendimento, 30% no Cerrado e 20% nas demais regiões.

Por incrível que pareça, essa legislação está sendo obedecida e Estados agrícolas que haviam sofrido brutal desmatamento estão recuperando as percentagens exigidas em lei, tornando o Brasil o país que mais regenera ambientes degradados.

Em São Paulo, a extensão de áreas reflorestadas em fazendas já é superior à soma de todas as unidades de conservação existentes no Estado. E essa regeneração está acontecendo em todo país, documentada pela Embrapa em observações por satélite.

Porém, os próprios brasileiros continuam a desconhecer essa auspiciosa realidade. O próprio governo não sabe, podem perguntar ao presidente Jair Bolsonaro ou ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Ele vão ficar surpresos.

A revista “Science”, editada pela Associação Americana para o Avanço da Ciência, acaba de divulgar que há uma tendência mundial de retrocessos ambientais, acentuada nas últimas duas décadas e liderada por dois países de proporções continentais: Estados Unidos e Brasil. Esta é a conclusão do mais completo estudo já realizado, a cargo de um grupo de cientistas de diversas universidades, sob liderança da ONG Conservação Internacional.

É preciso que o governo brasileiro reaja e desminta esse relatório de fancaria, mas quem se interessa? Em setembro, o presidente Bolsonaro vai abrir a Assembleia-Geral da ONU, seria importante revelar essas verdades ao mundo, inclusive se referindo aos países que destruíram seu meio ambiente e deveriam se envergonhar disso, ao invés de criticar quem preserva.

O mais importante é que no Brasil existe também a recuperação ambiental voluntária, realizada por ecologistas anônimos, que deveriam ser homenageados com a Ordem do Rio Branco, mas nenhum governo se lembra de fazê-lo.

É preciso exaltar os exemplos desses brasileiros, como o biólogo paulista Cláudio Martins Ferreira, que preserva a reserva ambiental das Fazendas Meandro, em Ibiúna, a apenas 70 km de São Paulo. Quando adquiriu a primeira propriedade, na década de 70, boa parte da área de Mata Atlântica estava preservada.

Empolgado, o biólogo adquiriu mais duas áreas, que foram chamadas de Fazendas Meandros II e Meandros III. Hoje, ao todo, há uma área de 1.200 hectares de Mata Atlântica conservada, que protegem diversas nascentes e um cachoeira que deságua no Rio Laranjeiras, um dos formadores da represa Cachoeira do França.

Na reserva também há uma riquíssima diversidade de animais, com muitas aves, mamíferos, répteis e anfíbios, alguns inclusive, ameaçados de extinção como é o caso da araponga, do sabiá-pimenta e do pavó. A paca e o cachorro-vinagre, de categoria bastante rara, também estão sob proteção, assim como a onça parda e primatas como o sagui, macaco-prego e bugio.

Nos campos das fazendas, o biólogo implantou um moderno esquema agrícola, em 24 estufas, onde aproximadamente 60 funcionários trabalham na produção de tomates, pimentões, pimentas, vagem holandesa e francesa.

Em média, segundo o proprietário, 60 toneladas são comercializadas por mês para grandes redes de supermercados, gerando recursos que ajudam a manter a Unidade de Conservação Ambiental, incluindo a atuação de seis guardas florestais.

Exemplos como o do biólogo Cláudio Martins Ferreira estão prosperando no país. Hoje, Dia do Meio Ambiente, é preciso lembrar que esses heróis anônimos existem e criam reservas florestais que na verdade passam a não mais pertencer a eles, porque acabam por se tornar patrimônio da Humanidade.

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