
Alexandre Garcia comenta falta de vagas em UTI
A questão hoje é se Blatter, como presidente da FIFA desde 1998, é o astuto capo di tutti capi de uma máfia do colarinho branco que administra milhares de milhões de euros gerados pelo futebol internacional ou se, aos 79 anos, é o que parece ser: um vovô distraído com tendências burlescas que não sabia das más ações dos corruptos ao seu redor.
O que também todo mundo sabe, ainda mais depois de quarta-feira, quando a polícia suíça prendeu sete diretores de alto escalão da FIFA, é que muitas das pessoas que cercam Blatter encheram os bolsos com dinheiro de suborno. Ele sustenta que não sabia de nada. Uma olhada em seu currículo coloca em dúvida essa declaração.
Não há nenhuma prova de que Blatter foi um dos beneficiários, mas ele deve ter sido muito cego ou muito incompetente, para não ter nenhuma ideia do tenebroso modus operandi de quem foi seu chefe durante 17 anos.(Trechos do artigo Sepp Blatter: bobo da corte ou Don Blatterone?, de John Carlikn, que mostrou uma caricatura de um personagem muito conhecido no Brasil)
A corrupção vale cerca de 2% do PIB, 100 bilhões de reais. Equivale ao orçamento destinado à saúde e ao dobro do valor reservado à educação
Ou construímos escolas ou no futuro teremos um exército de trombadinhas assaltando nas ruasDarcy Ribeiro, em 1984
Até que ponto a presidente Dilma e as parcelas dos partidos que a apoiam vão aguentar o tranco de uma política impopular?
Temos posto a perder a revolução pacífica e popular feita a partir de 2003, quando ocorreu não uma troca de poder, mas a troca da base social que sustenta o Estado: o povo organizado, antes à margem e agora colocado no centro. O PT pode suportar a rejeição dos poderosos. O que não pode é defraudar o povo e os humildes, que tanta confiança e esperança colocaram no partido. E muitos, como eu e Frei Betto, que nunca nos inscrevemos no PT, mas sempre apoiamos sua causa, por vê-la justa e afim às propostas sociais da Igreja da Libertação, sentimos abatimento e decepção. Não precisava ser assim.
Leonardo Boff, "Recado para o PT"