O mal nunca prospera melhor do que quando lhe põem um ideal à frenteKarl Kraus
quarta-feira, 26 de junho de 2024
As causas do fogo no Pantanal
"O Pantanal está secando. Literalmente secando”, diz o engenheiro florestal e ambientalista Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas. São várias as razões, todas ligadas ao desmatamento e à conversão de áreas para a agricultura e pecuária. Estamos longe do período em que geralmente há incêndio, o normal é que seja lá para agosto ou setembro. Por que está batendo recorde de focos de calor antes da época? Porque este ano não teve cheia. O regime de águas no bioma das águas está mudando. Isso está conectado com o que acontece em outros biomas.
O MapBiomas monitora tudo o que ocorre em todos os biomas brasileiros, e tem um banco de dados que recua até 1985. Está preparando um relatório sobre a superfície das águas, que deve ser divulgado hoje, com a informação de que a cobertura de água no bioma está 61% abaixo da média histórica. O que está destruindo o Pantanal é a união explosiva de três eventos predatórios:
—A corrente de água que vem da Amazônia, os chamados rios voadores, está diminuindo por causa do desmatamento na região. Outro problema é que no planalto, no entorno do Pantanal, muitas áreas estão sendo convertidas em pastagem ou em campos de soja. E isso aumentou muito o assoreamento da Bacia do Paraguai, porque está vindo muito sedimento. Tanto que o Pantanal está ficando mais raso. E tem um terceiro problema que é a destruição do pasto natural para ser substituído pelo pasto plantado — diz Tasso.
O desmatamento da Amazônia faz chover menos no Pantanal. A destruição do Cerrado, no entorno do Pantanal, pela pecuária e para a produção de soja, afeta os rios da Bacia do Alto Paraguai. O pasto do bioma, que tem um ritmo natural, é retirado para dar lugar ao capim plantado exótico, que tem outro regime totalmente diferente. É assim que o país está destruindo o Pantanal.
— O pasto no Pantanal nativo alaga e depois desalaga, por isso os bois se moviam tanto, no tradicional pastoreio em caravanas — explica.
O engenheiro agrônomo Eduardo Reis Rosa, coordenador do bioma Pantanal no MapBiomas, explica que a especulação imobiliária tem gerado essa troca do pasto nativo pelo pasto plantado com capim exótico.
—O cara vai lá e compra uma propriedade com vegetação natural. Desmata, ganha dinheiro com o desmatamento. Coloca uma pastagem degradada, exótica, mal manejada. Depois vende a propriedade por quatro vezes mais porque a área é declarada como produtiva. Então, ele vai para outra área de vegetação nativa para fazer o mesmo — diz Rosa.
Todo esse desmatamento, essa destruição da vegetação nativa própria de área alagada, e substituição por capim plantado não é ilegal. Nessa região, os proprietários têm autorização para desmatar 80% da área, segundo Rosa.
No planalto do entorno há cidades que são campeãs de desmatamento, como Rondonópolis, área agrícola forte, ou Cuiabá e Campo Grande, que são outra pressão contra o bioma. O que os especialistas explicam é que toda a Bacia do Alto Paraguai está sofrendo os efeitos do desmatamento.
O governo reuniu ontem a Sala da Situação, na Casa Civil, com 19 ministérios, para saber como agir. O governador do Mato Grosso do Sul decretou emergência nos 24 municípios afetados pela estiagem. Neste mês de junho, o número de queimadas está batendo recorde e existem 627 mil hectares destruídos pelo fogo. A região de Corumbá está ardendo há vinte dias. O dramático é tudo acontecer, nesse nível de gravidade, sem ter entrado ainda na temporada de secas.
Tudo está conectado, o que acontece no Cerrado e na Amazônia seca o Pantanal. Mas há mais ligação entre áreas do Brasil do que se imagina.
— Essa falta de água explica muito a chuva no Rio Grande do Sul. A seca e o calor na Região Sudeste fizeram com que a chuva ficasse aprisionada no Sul. Tem mais água vindo do Sul porque o oceano está mais quente do que nunca, e, com isso, evapora mais água. Aí tem mais água na atmosfera e ela não consegue vir para os outros estados, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, sul da Bahia. Ao invés de chover nesses estados, choveu tudo no Rio Grande do Sul — explicou Tasso.
A proteção ambiental tem que ser em todos os biomas, porque o efeito de um sobre o outro mostra que eles são interdependentes. É uma só natureza. Ela não tem fronteiras.
O MapBiomas monitora tudo o que ocorre em todos os biomas brasileiros, e tem um banco de dados que recua até 1985. Está preparando um relatório sobre a superfície das águas, que deve ser divulgado hoje, com a informação de que a cobertura de água no bioma está 61% abaixo da média histórica. O que está destruindo o Pantanal é a união explosiva de três eventos predatórios:
—A corrente de água que vem da Amazônia, os chamados rios voadores, está diminuindo por causa do desmatamento na região. Outro problema é que no planalto, no entorno do Pantanal, muitas áreas estão sendo convertidas em pastagem ou em campos de soja. E isso aumentou muito o assoreamento da Bacia do Paraguai, porque está vindo muito sedimento. Tanto que o Pantanal está ficando mais raso. E tem um terceiro problema que é a destruição do pasto natural para ser substituído pelo pasto plantado — diz Tasso.
O desmatamento da Amazônia faz chover menos no Pantanal. A destruição do Cerrado, no entorno do Pantanal, pela pecuária e para a produção de soja, afeta os rios da Bacia do Alto Paraguai. O pasto do bioma, que tem um ritmo natural, é retirado para dar lugar ao capim plantado exótico, que tem outro regime totalmente diferente. É assim que o país está destruindo o Pantanal.
— O pasto no Pantanal nativo alaga e depois desalaga, por isso os bois se moviam tanto, no tradicional pastoreio em caravanas — explica.
O engenheiro agrônomo Eduardo Reis Rosa, coordenador do bioma Pantanal no MapBiomas, explica que a especulação imobiliária tem gerado essa troca do pasto nativo pelo pasto plantado com capim exótico.
—O cara vai lá e compra uma propriedade com vegetação natural. Desmata, ganha dinheiro com o desmatamento. Coloca uma pastagem degradada, exótica, mal manejada. Depois vende a propriedade por quatro vezes mais porque a área é declarada como produtiva. Então, ele vai para outra área de vegetação nativa para fazer o mesmo — diz Rosa.
Todo esse desmatamento, essa destruição da vegetação nativa própria de área alagada, e substituição por capim plantado não é ilegal. Nessa região, os proprietários têm autorização para desmatar 80% da área, segundo Rosa.
No planalto do entorno há cidades que são campeãs de desmatamento, como Rondonópolis, área agrícola forte, ou Cuiabá e Campo Grande, que são outra pressão contra o bioma. O que os especialistas explicam é que toda a Bacia do Alto Paraguai está sofrendo os efeitos do desmatamento.
O governo reuniu ontem a Sala da Situação, na Casa Civil, com 19 ministérios, para saber como agir. O governador do Mato Grosso do Sul decretou emergência nos 24 municípios afetados pela estiagem. Neste mês de junho, o número de queimadas está batendo recorde e existem 627 mil hectares destruídos pelo fogo. A região de Corumbá está ardendo há vinte dias. O dramático é tudo acontecer, nesse nível de gravidade, sem ter entrado ainda na temporada de secas.
Tudo está conectado, o que acontece no Cerrado e na Amazônia seca o Pantanal. Mas há mais ligação entre áreas do Brasil do que se imagina.
— Essa falta de água explica muito a chuva no Rio Grande do Sul. A seca e o calor na Região Sudeste fizeram com que a chuva ficasse aprisionada no Sul. Tem mais água vindo do Sul porque o oceano está mais quente do que nunca, e, com isso, evapora mais água. Aí tem mais água na atmosfera e ela não consegue vir para os outros estados, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, sul da Bahia. Ao invés de chover nesses estados, choveu tudo no Rio Grande do Sul — explicou Tasso.
A proteção ambiental tem que ser em todos os biomas, porque o efeito de um sobre o outro mostra que eles são interdependentes. É uma só natureza. Ela não tem fronteiras.
Brasil está secando, aponta Mapbiomas
Em 2023, o território do Brasil ficou um pouco mais seco. Em todos os meses do ano, inclusive durante a temporada de chuvas, a superfície de água encolheu, aponta levantamento divulgado nesta quarta-feira pela organização não-governamental MapBiomas, uma rede que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia e que realiza estudos para monitorar mudanças na cobertura e no uso da terra.
A perda registrada no ano passado foi de 3% em comparação com 2022. É como se a água esparramada sobre 5.700 km² tivesse evaporado – o equivalente a cinco vezes a cidade de São Paulo.
Desde 1985, início do período analisado pelo Mapbiomas, a tendência observada no país é de declínio. Especificamente em 2023, a redução foi de 1,5% em relação à média histórica. Atualmente, a água cobre 183.000 km² do território brasileiro, o que corresponde a 2% do total.
"A tendência geral é de perda de água. A explicação para esse cenário é complexa e se deve a vários fatores como mudança nos padrões de precipitação, aumento de temperatura, verões mais quentes e mais longos, mudanças no uso do solo", afirma à DW Juliano Schirmbeck, coordenador técnico do Mapbiomas Água.
Extremos de Norte a Sul
O impacto dos eventos climáticos extremos de 2023 é um dos destaques preocupantes da coleção de dados. A Amazônia, por exemplo, iniciou aquele ano com superfície de água acima da média histórica e, meses depois, o bioma enfrentou uma seca sem precedentes. O rio Negro registrou o menor índice desde que seu nível começou a ser acompanhado, há 100 anos.
O Pampa, do lado oposto do Brasil, iniciou os primeiros quatro meses de 2023 na fase mais seca de sua série histórica. Em setembro, chuvas intensas começaram a ocorrer no Sul e provocaram inundações, deixando milhares de desabrigados e dezenas de mortos. "A chuva caiu principalmente em cidades que estão dentro do bioma Mata Atlântica, mas a água escorreu para o Pampa e fez com que aumentasse a disponibilidade", detalha Schirmbeck.
A era dos extremos impulsionados pelas mudanças climáticas, analisa o pesquisador, se mostrou com bastante clareza no ano que passou. "Há anos escutamos dos cientistas que as mudanças climáticas provocariam eventos extremos mais graves e com maior frequência. Isso foi visto nos extremos geográficos do Brasil", comenta o coordenador da série do Mapbiomas.
Proporcionalmente, o Pantanal foi o bioma que mais secou desde 1985. Em 2023, a superfície de água anual registrada ficou em 3.820 km², o que representou uma redução de 61% em relação à média histórica. Além da diminuição da área alagada, o tempo em que este terreno fica submerso também caiu.
"O Pantanal é uma das maiores áreas úmidas do mundo e está sob preocupação especial. A superfície de água anual, que permanece pelo menos seis meses, caiu drasticamente, é a maior redução desde 1985", pontua Schirmbeck.
Há quatro décadas, o Pantanal contava com mais de 65% de vegetação nativa em seu entorno. Atualmente, não passa de 40%. Muitos desses pontos concentram nascentes – que ajudam a inundar o terreno – , exatamente por onde avança a fronteira agrícola.
Com o bioma mais seco, a temporada de incêndios começou precocemente neste ano e coloca à prova a sua resiliência. Nas duas primeiras semanas de junho, o número de focos de calor é quase 700% maior que o mesmo período de 2020, o ano da pior crise do fogo até então.
A maior parte dos focos se concentra no município de Corumbá, Mato Grosso do Sul, onde também foi registrada, em 2023, a maior perda de superfície de água proporcional, com redução de 53% em comparação com a média histórica.
Já a superfície de água na Mata Atlântica cresceu, ficando 3% acima da média histórica. Diversas localidades no bioma registraram altos níveis de precipitação com inundações em áreas agrícolas e deslizamentos.
No Cerrado e na Caatinga, a disponibilidade superficial da água também aumentou. Isso pode ser explicado pela criação de reservatórios e hidrelétricas ao longo do tempo. Atualmente, 23% de toda água disponível no país se concentra em áreas construídas de armazenamento – a maioria está na Mata Atlântica.
Por outro lado, a situação é diferente quando se analisam os corpos hídricos naturais: sua superfície encolheu 30,8% em 2023 em relação a 1985. Metade das bacias hidrográficas do país estavam abaixo da média no ano passado.
"No Brasil, o ambiente natural está secando. O ganho de superfície é no ambiente antrópico, construído pelo homem. Isso vai na contramão das soluções associadas à água recomendadas num clima em mudança", afirma Schirmbeck, referindo-se a soluções baseadas na natureza como cidades-esponjas e preservação de áreas úmidas.
Essas estratégias permitem o armazenamento de água da chuva no solo que, aos poucos, escorre para os rios. Elas ajudam também a evitar enchentes nas grandes cidades, como as que ocorreram no fim de abril e começo de maio no Rio Grande do Sul.
Os dados do Mapbiomas Água usam como base as imagens do satélite Landsat 5. Ele faz parte de um programa da agência espacial americana Nasa e integra a rede de observação mais contínua de toda a Terra. Embora a antena do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) capte desde a década de 1970 as imagens do Landsat, a cobertura do território brasileiro de forma sistematizada se deu a partir de 1985.
Morador de Roca Sales, no Rio Grande do Sul, Schirmbeck precisou se refugiar em Belém, Pará, para finalizar a pesquisa sobre o cenário de 2023. Ele deixou a cidade gaúcha em 10 de maio depois das enchentes recordes atingirem duramente o cotidiano da família.
A casa construída em 1944 onde moravam os pais do pesquisador foi alagada. O casal de idosos foi retirado pelo telhado numa madrugada. A residência onde vivia com a esposa e a filha, de cinco anos, ficou isolada devido a um deslizamento de terra e perdeu a conexão com a rede de energia elétrica.
"Eu também virei um refugiado climático. Tudo o que estamos registrando é um alerta para repensarmos urgentemente a nossa relação com o meio ambiente, para darmos importância aos estudos científicos, aos dados, na tomada de decisão pelas autoridades", comenta ao relatar a experiência.
A perda registrada no ano passado foi de 3% em comparação com 2022. É como se a água esparramada sobre 5.700 km² tivesse evaporado – o equivalente a cinco vezes a cidade de São Paulo.
Desde 1985, início do período analisado pelo Mapbiomas, a tendência observada no país é de declínio. Especificamente em 2023, a redução foi de 1,5% em relação à média histórica. Atualmente, a água cobre 183.000 km² do território brasileiro, o que corresponde a 2% do total.
"A tendência geral é de perda de água. A explicação para esse cenário é complexa e se deve a vários fatores como mudança nos padrões de precipitação, aumento de temperatura, verões mais quentes e mais longos, mudanças no uso do solo", afirma à DW Juliano Schirmbeck, coordenador técnico do Mapbiomas Água.
Extremos de Norte a Sul
O impacto dos eventos climáticos extremos de 2023 é um dos destaques preocupantes da coleção de dados. A Amazônia, por exemplo, iniciou aquele ano com superfície de água acima da média histórica e, meses depois, o bioma enfrentou uma seca sem precedentes. O rio Negro registrou o menor índice desde que seu nível começou a ser acompanhado, há 100 anos.
O Pampa, do lado oposto do Brasil, iniciou os primeiros quatro meses de 2023 na fase mais seca de sua série histórica. Em setembro, chuvas intensas começaram a ocorrer no Sul e provocaram inundações, deixando milhares de desabrigados e dezenas de mortos. "A chuva caiu principalmente em cidades que estão dentro do bioma Mata Atlântica, mas a água escorreu para o Pampa e fez com que aumentasse a disponibilidade", detalha Schirmbeck.
A era dos extremos impulsionados pelas mudanças climáticas, analisa o pesquisador, se mostrou com bastante clareza no ano que passou. "Há anos escutamos dos cientistas que as mudanças climáticas provocariam eventos extremos mais graves e com maior frequência. Isso foi visto nos extremos geográficos do Brasil", comenta o coordenador da série do Mapbiomas.
Proporcionalmente, o Pantanal foi o bioma que mais secou desde 1985. Em 2023, a superfície de água anual registrada ficou em 3.820 km², o que representou uma redução de 61% em relação à média histórica. Além da diminuição da área alagada, o tempo em que este terreno fica submerso também caiu.
"O Pantanal é uma das maiores áreas úmidas do mundo e está sob preocupação especial. A superfície de água anual, que permanece pelo menos seis meses, caiu drasticamente, é a maior redução desde 1985", pontua Schirmbeck.
Há quatro décadas, o Pantanal contava com mais de 65% de vegetação nativa em seu entorno. Atualmente, não passa de 40%. Muitos desses pontos concentram nascentes – que ajudam a inundar o terreno – , exatamente por onde avança a fronteira agrícola.
Com o bioma mais seco, a temporada de incêndios começou precocemente neste ano e coloca à prova a sua resiliência. Nas duas primeiras semanas de junho, o número de focos de calor é quase 700% maior que o mesmo período de 2020, o ano da pior crise do fogo até então.
A maior parte dos focos se concentra no município de Corumbá, Mato Grosso do Sul, onde também foi registrada, em 2023, a maior perda de superfície de água proporcional, com redução de 53% em comparação com a média histórica.
Já a superfície de água na Mata Atlântica cresceu, ficando 3% acima da média histórica. Diversas localidades no bioma registraram altos níveis de precipitação com inundações em áreas agrícolas e deslizamentos.
No Cerrado e na Caatinga, a disponibilidade superficial da água também aumentou. Isso pode ser explicado pela criação de reservatórios e hidrelétricas ao longo do tempo. Atualmente, 23% de toda água disponível no país se concentra em áreas construídas de armazenamento – a maioria está na Mata Atlântica.
Por outro lado, a situação é diferente quando se analisam os corpos hídricos naturais: sua superfície encolheu 30,8% em 2023 em relação a 1985. Metade das bacias hidrográficas do país estavam abaixo da média no ano passado.
"No Brasil, o ambiente natural está secando. O ganho de superfície é no ambiente antrópico, construído pelo homem. Isso vai na contramão das soluções associadas à água recomendadas num clima em mudança", afirma Schirmbeck, referindo-se a soluções baseadas na natureza como cidades-esponjas e preservação de áreas úmidas.
Essas estratégias permitem o armazenamento de água da chuva no solo que, aos poucos, escorre para os rios. Elas ajudam também a evitar enchentes nas grandes cidades, como as que ocorreram no fim de abril e começo de maio no Rio Grande do Sul.
Os dados do Mapbiomas Água usam como base as imagens do satélite Landsat 5. Ele faz parte de um programa da agência espacial americana Nasa e integra a rede de observação mais contínua de toda a Terra. Embora a antena do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) capte desde a década de 1970 as imagens do Landsat, a cobertura do território brasileiro de forma sistematizada se deu a partir de 1985.
Morador de Roca Sales, no Rio Grande do Sul, Schirmbeck precisou se refugiar em Belém, Pará, para finalizar a pesquisa sobre o cenário de 2023. Ele deixou a cidade gaúcha em 10 de maio depois das enchentes recordes atingirem duramente o cotidiano da família.
A casa construída em 1944 onde moravam os pais do pesquisador foi alagada. O casal de idosos foi retirado pelo telhado numa madrugada. A residência onde vivia com a esposa e a filha, de cinco anos, ficou isolada devido a um deslizamento de terra e perdeu a conexão com a rede de energia elétrica.
"Eu também virei um refugiado climático. Tudo o que estamos registrando é um alerta para repensarmos urgentemente a nossa relação com o meio ambiente, para darmos importância aos estudos científicos, aos dados, na tomada de decisão pelas autoridades", comenta ao relatar a experiência.
Assinar:
Postagens (Atom)