domingo, 18 de maio de 2025
Um grito de socorro abafado
Na adolescência, era bom dançar ao som de "Blue Gardenia", composta e cantada por Nat King Cole. Ele inscrevia esse nome no melhor do cancioneiro romântico, suavizando o mesmo título de um filme policial (1953), também na boa tradição do thriller americano. Mas a Gardênia Azul que batiza uma comunidade na zona oeste do Rio de Janeiro reitera o alerta nacional para o descontrole territorial. Ali, o Comando Vermelho desbancou a milícia e passou a taxar o comércio, em alguns casos a R$ 10 mil por mês, além de obrigar restaurante a fornecer 70 quentinhas diárias para os traficantes. Na verdade, tráfico e milícia desbancam o Estado.
Cerca de 800 comunidades podem fazer relatos semelhantes. No mesmo dia em que a imprensa escrita noticiava a situação da Gardênia Azul, uma reportagem televisiva falava dos condôminos de um edifício em Madureira, zona norte, convocados a uma assembleia geral extraordinária para discutir o pagamento mensal de R$ 1.800 ao tráfico da região. Essa é a realidade das classes mais pobres no território carioca. Comunidade deveria ser o lugar onde se pode gritar por socorro e ser ouvido, mas aqui são as próprias comunidades que gritam. Milhões de pessoas vivem sem o direito elementar de ir e vir.
Os megaeventos, destinados a projetar uma imagem favorável da cidade para o mundo e reinjetar dinheiro na economia, tentam camuflar essa realidade opressiva. É a lógica que leva estado e município a gastarem juntos R$ 30 milhões do custo total de R$ 90 milhões com o show de Lady Gaga. O evento deixou memória positiva: impacto econômico de R$ 600 milhões, mínimas ocorrências policiais. Mas é forte a impressão de que tudo isso abafe o grito de socorro da parte da população que vive sob ditadura férrea de delinquentes, ao lado da outra imersa no negacionismo do não querer saber.
A ressonância internacional do vexame comprova-se na vinda de uma delegação dos EUA para discutir o combate ao Comando Vermelho, que já se espalha por várias cidades americanas. Quanto ao megaevento, vantajoso a empresários e políticos, é um plus anestésico num público que, em matéria de solidariedade social ou afetiva, beira a apatia. A quem assiste como coisa mais interessante de suas vidas o show bem policiado de Lady Gaga, pouco importa saber se outra parte da cidade com o mesmo anseio estará ausente por medo de deslocar-se de onde vive.
Embora a paisagem humana carioca pareça ser a mais afetada por essa calamidade cívica, o problema é de toda a nação. Inconcebível que o Estado nacional, mesmo regido por velhas elites predatórias, se mostre tão vulnerável aos sinais de sua derrocada. Divaga-se, certo, sobre retomada de territórios, mas com uma perspectiva apenas policial, enxuga-gelo, que mais prejudica a população dos espaços onde as quadrilhas se instalaram. Com frequência, as operações de "neutralização" de chefões do crime não são mais do que atos de vingança ou retaliação corporativa, com danos colaterais para moradores indefesos. É que, assim como já não se distingue narcotráfico de milícia, talvez não se saiba mais fazer a diferença entre lei e ilegalismo, Estado e banditismo.
Cerca de 800 comunidades podem fazer relatos semelhantes. No mesmo dia em que a imprensa escrita noticiava a situação da Gardênia Azul, uma reportagem televisiva falava dos condôminos de um edifício em Madureira, zona norte, convocados a uma assembleia geral extraordinária para discutir o pagamento mensal de R$ 1.800 ao tráfico da região. Essa é a realidade das classes mais pobres no território carioca. Comunidade deveria ser o lugar onde se pode gritar por socorro e ser ouvido, mas aqui são as próprias comunidades que gritam. Milhões de pessoas vivem sem o direito elementar de ir e vir.
Os megaeventos, destinados a projetar uma imagem favorável da cidade para o mundo e reinjetar dinheiro na economia, tentam camuflar essa realidade opressiva. É a lógica que leva estado e município a gastarem juntos R$ 30 milhões do custo total de R$ 90 milhões com o show de Lady Gaga. O evento deixou memória positiva: impacto econômico de R$ 600 milhões, mínimas ocorrências policiais. Mas é forte a impressão de que tudo isso abafe o grito de socorro da parte da população que vive sob ditadura férrea de delinquentes, ao lado da outra imersa no negacionismo do não querer saber.
A ressonância internacional do vexame comprova-se na vinda de uma delegação dos EUA para discutir o combate ao Comando Vermelho, que já se espalha por várias cidades americanas. Quanto ao megaevento, vantajoso a empresários e políticos, é um plus anestésico num público que, em matéria de solidariedade social ou afetiva, beira a apatia. A quem assiste como coisa mais interessante de suas vidas o show bem policiado de Lady Gaga, pouco importa saber se outra parte da cidade com o mesmo anseio estará ausente por medo de deslocar-se de onde vive.
Embora a paisagem humana carioca pareça ser a mais afetada por essa calamidade cívica, o problema é de toda a nação. Inconcebível que o Estado nacional, mesmo regido por velhas elites predatórias, se mostre tão vulnerável aos sinais de sua derrocada. Divaga-se, certo, sobre retomada de territórios, mas com uma perspectiva apenas policial, enxuga-gelo, que mais prejudica a população dos espaços onde as quadrilhas se instalaram. Com frequência, as operações de "neutralização" de chefões do crime não são mais do que atos de vingança ou retaliação corporativa, com danos colaterais para moradores indefesos. É que, assim como já não se distingue narcotráfico de milícia, talvez não se saiba mais fazer a diferença entre lei e ilegalismo, Estado e banditismo.
Bolsonaro conduz a direita como gado
A direita brasileira saiu do armário e ganhou corpo graças à arrancada e à vitória de Jair Bolsonaro em 2018, mas, desde então, demonstra incapacidade de se livrar de sua tutela, mesmo depois da inédita derrota de um presidente no cargo e da debacle judicial enfrentada por ele desde que deixou (a contragosto) o poder.
Bolsonaro trata o eleitorado e os aliados que se convencionou chamar de bolsonaristas como gado. Que faça isso não surpreende ninguém, pois condiz com a maneira autoritária com que sempre se conduziu na vida pública. O constrangedor é que políticos que hoje detêm mandatos —conferidos, portanto, por voto popular— se submetam a esse jugo que nem faz sentido nem parece ser condição determinante para seu futuro eleitoral.
Bastou verificar que governadores de seu campo ideológico começaram a ensaiar conversas para uma candidatura única da direita no ano que vem para que Bolsonaro pulasse na frente para interditar o campo e dizer que o candidato tem de ser ele ou, no limite, alguém de sua família designado por ele.
O filhotismo é uma das principais características do bolsonarismo desde que Jair lançou o filho Carlos, então menor de idade, para enfrentar a própria mãe na disputa pela vereança no Rio, uma vez que ela, à época já divorciada do chefe do clã, tinha cometido a audácia de achar que o mandato lhe pertencia e pleiteava a possibilidade de se reeleger. É dessa forma desrespeitosa que Bolsonaro segue tratando aqueles que ajudou a impulsionar politicamente, como se, uma vez apoiados por ele, mantivessem a marca a ferro do capitão no couro para sempre.
Ainda que reservadamente esses mandatários reconheçam que existe boa chance para um candidato de centro-direita vencer Lula no ano que vem, na hora em que Bolsonaro estrila, ninguém ousa enfrentá-lo. Está óbvio que a prioridade do ex-presidente, hoje inelegível e réu no processo da trama golpista, não é a vitória de alguém de seu campo. Isso só interessaria se o ungido se comprometesse de papel passado com um indulto para Bolsonaro e os seus, como fez o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, em plena Nova York nesta semana, expondo diante dos holofotes uma costura que antecipei neste espaço há mais de um mês.
Os que não são tão explícitos recebem de Bolsonaro o castigo das ameaças, como uma chapa pura do clã para travar a disputa e atrasar que a fila ande. Caciques que reverenciam Bolsonaro em público, mas adorariam ver essa página virada, andavam cabisbaixos na quarta-feira pelas avenidas nova-iorquinas depois do ultimato do capitão. Sem coragem para romper o jugo, faziam um complicado cálculo de que, a esta altura, seria melhor que Lula recuperasse parte de sua popularidade para que chegasse competitivo no ano que vem. Isso daria a Bolsonaro menos cacife para dar as cartas da direita, uma vez que uma nova vitória do petista enterraria toda a indecente costura por indulto, anistia ou qualquer forma de socorro a quem tramou contra a democracia.
A indigência da política brasileira numa das quadras mais desafiadoras da História global fica ainda mais evidente em episódios como esse, mas não é exclusividade da direita submissa a Bolsonaro. Basta ver que, enquanto o escândalo do INSS segue irresoluto, o presidente, a primeira-dama e seus principais ministros se dão ao desplante de protagonizar um vexatório incidente diplomático com direito a caça às bruxas de vazadores numa viagem de Estado à China.
A direita e a esquerda brasileiras, com um centro superlotado, mas acéfalo, seguem atreladas a líderes personalistas, em maior ou menor grau de declínio, mas sem coragem de romper a tutela. A última vez em que se viu um cenário assim não foi há muito tempo, basta voltar algumas páginas e rememorar a eleição dos Estados Unidos.
Vera Magalhães
Bolsonaro trata o eleitorado e os aliados que se convencionou chamar de bolsonaristas como gado. Que faça isso não surpreende ninguém, pois condiz com a maneira autoritária com que sempre se conduziu na vida pública. O constrangedor é que políticos que hoje detêm mandatos —conferidos, portanto, por voto popular— se submetam a esse jugo que nem faz sentido nem parece ser condição determinante para seu futuro eleitoral.
Bastou verificar que governadores de seu campo ideológico começaram a ensaiar conversas para uma candidatura única da direita no ano que vem para que Bolsonaro pulasse na frente para interditar o campo e dizer que o candidato tem de ser ele ou, no limite, alguém de sua família designado por ele.
O filhotismo é uma das principais características do bolsonarismo desde que Jair lançou o filho Carlos, então menor de idade, para enfrentar a própria mãe na disputa pela vereança no Rio, uma vez que ela, à época já divorciada do chefe do clã, tinha cometido a audácia de achar que o mandato lhe pertencia e pleiteava a possibilidade de se reeleger. É dessa forma desrespeitosa que Bolsonaro segue tratando aqueles que ajudou a impulsionar politicamente, como se, uma vez apoiados por ele, mantivessem a marca a ferro do capitão no couro para sempre.
Ainda que reservadamente esses mandatários reconheçam que existe boa chance para um candidato de centro-direita vencer Lula no ano que vem, na hora em que Bolsonaro estrila, ninguém ousa enfrentá-lo. Está óbvio que a prioridade do ex-presidente, hoje inelegível e réu no processo da trama golpista, não é a vitória de alguém de seu campo. Isso só interessaria se o ungido se comprometesse de papel passado com um indulto para Bolsonaro e os seus, como fez o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, em plena Nova York nesta semana, expondo diante dos holofotes uma costura que antecipei neste espaço há mais de um mês.
Os que não são tão explícitos recebem de Bolsonaro o castigo das ameaças, como uma chapa pura do clã para travar a disputa e atrasar que a fila ande. Caciques que reverenciam Bolsonaro em público, mas adorariam ver essa página virada, andavam cabisbaixos na quarta-feira pelas avenidas nova-iorquinas depois do ultimato do capitão. Sem coragem para romper o jugo, faziam um complicado cálculo de que, a esta altura, seria melhor que Lula recuperasse parte de sua popularidade para que chegasse competitivo no ano que vem. Isso daria a Bolsonaro menos cacife para dar as cartas da direita, uma vez que uma nova vitória do petista enterraria toda a indecente costura por indulto, anistia ou qualquer forma de socorro a quem tramou contra a democracia.
A indigência da política brasileira numa das quadras mais desafiadoras da História global fica ainda mais evidente em episódios como esse, mas não é exclusividade da direita submissa a Bolsonaro. Basta ver que, enquanto o escândalo do INSS segue irresoluto, o presidente, a primeira-dama e seus principais ministros se dão ao desplante de protagonizar um vexatório incidente diplomático com direito a caça às bruxas de vazadores numa viagem de Estado à China.
A direita e a esquerda brasileiras, com um centro superlotado, mas acéfalo, seguem atreladas a líderes personalistas, em maior ou menor grau de declínio, mas sem coragem de romper a tutela. A última vez em que se viu um cenário assim não foi há muito tempo, basta voltar algumas páginas e rememorar a eleição dos Estados Unidos.
Vera Magalhães
O mundo de ponta-cabeça
Segunda-feira, dia 12, desembarcou em Washington o primeiro grupo de 59 sul-africanos bóeres, que Donald Trump decidiu acolher com estatuto de refugiados. Trump alega que os bóeres, no seu conjunto, estão sendo perseguidos na África do Sul por motivos raciais.
Na África do Sul, país com uma enorme riqueza étnica, e onde tal riqueza é valorizada e até mitificada, coexistem diversos grupos populacionais considerados brancos. Os bóeres são descendentes muito remotos dos primeiros colonos calvinistas de origem holandesa, francesa e escandinava que se estabeleceram no extremo sul da África, fugindo a perseguições religiosas.
Ao longo dos séculos, os bóeres misturaram-se com outros povos, africanos e malaios, criando a sua própria língua, o afrikaans, além de música, culinária e outras práticas culturais. Embora tenham combatido contra os colonos britânicos, os bóeres terminaram aliando-se a estes para fundar um regime de segregação racial, o apartheid, que se prolongou até 1994, e em larga medida os arrancou da pobreza. O apartheid dividiu as famílias bóeres, entre brancos e mestiços. Hoje, a comunidade considerada mestiça (“coloured”) fala afrikaans e partilha com os “bóeres brancos” os nomes de família. No fundo, à semelhança do que acontece com as famílias antigas brasileiras, não existe nenhum bóer que não possua alguma ancestralidade africana.
A comunidade considerada branca, que hoje representa apenas sete por cento da população total, mantém muitos dos privilégios — e toda a riqueza! — que possuía durante o apartheid. Concretamente, essa pequena minoria detém quase 80% das terras agrícolas privadas.
A decisão de Trump, expulsando ou cortando qualquer apoio a pessoas que realmente necessitam de refúgio, e acolhendo outras que não estão sendo hostilizadas, é um insulto exuberante aos direitos humanos, à inteligência e à sensatez, e a todos os generosos princípios cristãos. É o mundo de ponta-cabeça. O mundo de Trump.
Ebrahim Rasool, o embaixador sul-africano que Trump expulsou dos EUA, despertou a ira da direita selvagem americana, ao sugerir que o maior receio da mesma é que os brancos deixem de ser majoritários nos EUA. A atitude de Trump confirma esta ideia — brancos podem entrar, não-brancos têm de sair.
Na África do Sul, a notícia da chegada dos “refugiados sul-africanos” a Washington foi recebida ora com troça, ora com fúria. Alguns comentadores agradeceram a Trump por estar retirando do país os últimos racistas brancos.
A comunidade bóer divide-se entre a vergonha, a perplexidade e a consternação. Os bóeres ligados à extrema direita teriam preferido que Trump apoiasse a sua pretensão absurda de formar uma república independente. Os outros, aqueles que ainda acreditam no país do arco-íris sonhado por Nelson Mandela, mostram-se horrorizados. Sentem-se sul-africanos e não pensam em abandonar a sua pátria, a pátria dos seus ancestrais, embora, como todas as restantes comunidades, estejam desapontados com a forma como o ANC, partido que ocupa o poder desde 1994, vem liderando o país.
Na África do Sul, país com uma enorme riqueza étnica, e onde tal riqueza é valorizada e até mitificada, coexistem diversos grupos populacionais considerados brancos. Os bóeres são descendentes muito remotos dos primeiros colonos calvinistas de origem holandesa, francesa e escandinava que se estabeleceram no extremo sul da África, fugindo a perseguições religiosas.
Ao longo dos séculos, os bóeres misturaram-se com outros povos, africanos e malaios, criando a sua própria língua, o afrikaans, além de música, culinária e outras práticas culturais. Embora tenham combatido contra os colonos britânicos, os bóeres terminaram aliando-se a estes para fundar um regime de segregação racial, o apartheid, que se prolongou até 1994, e em larga medida os arrancou da pobreza. O apartheid dividiu as famílias bóeres, entre brancos e mestiços. Hoje, a comunidade considerada mestiça (“coloured”) fala afrikaans e partilha com os “bóeres brancos” os nomes de família. No fundo, à semelhança do que acontece com as famílias antigas brasileiras, não existe nenhum bóer que não possua alguma ancestralidade africana.
A comunidade considerada branca, que hoje representa apenas sete por cento da população total, mantém muitos dos privilégios — e toda a riqueza! — que possuía durante o apartheid. Concretamente, essa pequena minoria detém quase 80% das terras agrícolas privadas.
A decisão de Trump, expulsando ou cortando qualquer apoio a pessoas que realmente necessitam de refúgio, e acolhendo outras que não estão sendo hostilizadas, é um insulto exuberante aos direitos humanos, à inteligência e à sensatez, e a todos os generosos princípios cristãos. É o mundo de ponta-cabeça. O mundo de Trump.
Ebrahim Rasool, o embaixador sul-africano que Trump expulsou dos EUA, despertou a ira da direita selvagem americana, ao sugerir que o maior receio da mesma é que os brancos deixem de ser majoritários nos EUA. A atitude de Trump confirma esta ideia — brancos podem entrar, não-brancos têm de sair.
Na África do Sul, a notícia da chegada dos “refugiados sul-africanos” a Washington foi recebida ora com troça, ora com fúria. Alguns comentadores agradeceram a Trump por estar retirando do país os últimos racistas brancos.
A comunidade bóer divide-se entre a vergonha, a perplexidade e a consternação. Os bóeres ligados à extrema direita teriam preferido que Trump apoiasse a sua pretensão absurda de formar uma república independente. Os outros, aqueles que ainda acreditam no país do arco-íris sonhado por Nelson Mandela, mostram-se horrorizados. Sentem-se sul-africanos e não pensam em abandonar a sua pátria, a pátria dos seus ancestrais, embora, como todas as restantes comunidades, estejam desapontados com a forma como o ANC, partido que ocupa o poder desde 1994, vem liderando o país.
A grande fome de Gaza
Depois de, já esta semana, três responsáveis israelitas terem reconhecido que o território de Gaza está prestes a sofrer fome generalizada, o mundo acordou na quinta-feira com a notícia de um novo bombardeio na zona de Khan Yunis. Mais 79 mortos. Tinha havido outro ataque na noite anterior.
Enquanto tudo isto acontece, o Presidente americano, Donald Trump, passeia-se por outras zonas do Médio Oriente, inveja as riquezas da região e as suas “maravilhas brilhantes” e considera aceitar um avião opulento como presente.
O saldo da investida de Israel em Gaza, desde outubro de 2023, rondará as 64.260 vítimas mortais, de acordo com o número estimado em janeiro deste ano num estudo da revista The Lancet.
O Governo de Israel tem considerado que este bloqueio à entrada de ajuda, decretado há dois meses, é essencial para pressionar o grupo islamista Hamas, mas, à luz do direito internacional, é ilegal impedir o acesso de missões humanitárias a uma zona em conflito. E mesmo que não fosse uma questão de legalidade, seria, sem qualquer sombra de dúvida, uma questão de humanidade para com os mais de dois milhões de palestinos que tentam sobreviver na Faixa de Gaza.
Perante a situação humanitária em Gaza, Emmanuel Macron (que prometeu reconhecer o Estado da Palestina) visita à fronteira daquele território com o Egito. “Não há água, não há medicamentos, não se consegue retirar os feridos. Foi uma das piores coisas que alguma vez vi”, recordou, recebendo, do lado Benjamin Netanyahu, a resposta de que estava a apoiar uma “organização terrorista”.
Macron também disse que a situação no enclave é “inaceitável” — uma vergonha” — e que o mundo não pode “fingir que nada está a acontecer”. Tem razão o Presidente francês: quando está em causa assistência básica, nenhum fim justifica que Israel se mantenha inflexível e continue a bloquear o acesso humanitário ao enclave.
Se isso acontecer, um dia ouviremos falar na grande fome que arrasou os palestinianos de Gaza.
Enquanto tudo isto acontece, o Presidente americano, Donald Trump, passeia-se por outras zonas do Médio Oriente, inveja as riquezas da região e as suas “maravilhas brilhantes” e considera aceitar um avião opulento como presente.
O saldo da investida de Israel em Gaza, desde outubro de 2023, rondará as 64.260 vítimas mortais, de acordo com o número estimado em janeiro deste ano num estudo da revista The Lancet.
O inferno continua a existir em Gaza e, a aceitar como válidas as declarações das três fontes militares israelitas que falaram sob anonimato ao jornal The New York Times, está prestes a piorar. De acordo com os mesmos responsáveis, para evitar o cenário de fome seria necessária a entrada imediata de ajuda humanitária (que inclui não só alimentos, mas também água, medicamentos e equipamentos médicos).
O Governo de Israel tem considerado que este bloqueio à entrada de ajuda, decretado há dois meses, é essencial para pressionar o grupo islamista Hamas, mas, à luz do direito internacional, é ilegal impedir o acesso de missões humanitárias a uma zona em conflito. E mesmo que não fosse uma questão de legalidade, seria, sem qualquer sombra de dúvida, uma questão de humanidade para com os mais de dois milhões de palestinos que tentam sobreviver na Faixa de Gaza.
Perante a situação humanitária em Gaza, Emmanuel Macron (que prometeu reconhecer o Estado da Palestina) visita à fronteira daquele território com o Egito. “Não há água, não há medicamentos, não se consegue retirar os feridos. Foi uma das piores coisas que alguma vez vi”, recordou, recebendo, do lado Benjamin Netanyahu, a resposta de que estava a apoiar uma “organização terrorista”.
Macron também disse que a situação no enclave é “inaceitável” — uma vergonha” — e que o mundo não pode “fingir que nada está a acontecer”. Tem razão o Presidente francês: quando está em causa assistência básica, nenhum fim justifica que Israel se mantenha inflexível e continue a bloquear o acesso humanitário ao enclave.
Se isso acontecer, um dia ouviremos falar na grande fome que arrasou os palestinianos de Gaza.
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