Confesso que estava curiosa com a aparência do ex-presidente Lula depois de sete meses de prisão. Pois não é que ele está muito bem? Corado, meio gordinho, com a voz firme e forte, só o cabelo mais branco, o que é natural na sua idade. E com a mesma garra de sempre…
A segunda surpresa veio com o nome do novo chanceler. Foi uma surpresa e tanto! Ao lado do presidente-eleito no momento em que esse anunciou seu nome, chamou minha atenção sua postura entre o solene e o grave, digna de um quadro a óleo para a galeria de chanceleres do Itamaraty. Claro que não é igual, mas que parece muito com o Barão do Rio Branco quando ainda Juca Paranhos, parece.
Suas primeiras palavras como chanceler foram impactantes. Ele se comprometia a trilhar, na chefia do Itamaraty, “uma política efetiva, em função do interesse nacional, de um Brasil atuante, um Brasil feliz, um Brasil próspero”. Modesto, não acham?
Atuante e próspero, pode até ser. Temos como chegar lá. Mas feliz? Isso já não é prometer muito? Será que ele levou em conta que para ser feliz o Homem precisa de Saúde, ou pelo menos médicos que possam ajuda-lo a recuperar ou manter sua saúde; um Teto para viver com sua família em segurança, com água na torneira e esgoto sanitário nas ruas onde vive; Creches para receber seus filhos para que o casal possa trabalhar tranquilo; Escolas onde suas crianças possam aprender a ler para furar o bloqueio da ignorância e atingir a luz; Empregos, pois sem empregos, cadê o dinheiro para viver?; Justiça para todos, sem preconceitos, sem distinção alguma.
A mim me parece uma tarefa mastodôntica. Quem sabe Ernesto Araujo, um vitorioso, consegue? Afinal, ele conseguiu o impensável: embaixador sem embaixada, jovem ainda, recém-promovido a ministro de primeira classe, agradou ao presidente-eleito e seus filhos, sem exceção. É ou não é uma grande vitória?
A outra grande surpresa ligada ao novo chanceler encontrei em seu blog Metapolítica 17. Copio aqui: “You are your brain, diz o título de um desses livros mecanicistas que se publicam obrigatoriamente às dezenas todos os anos e que as pessoas compram porque os vêem na livraria. (Às vezes acho bom que as livrarias estejam acabando, porque as livrarias ultimamente selecionam e, ao selecionar, endossam o que há de pior na mínima denominação comum do materialismo. Sem livrarias, as pessoas vão chegar aos livros por outros caminhos, e deixarão de ler besteira só porque o livro aparece em destaque numa estante. O cânone materialista implícito que as livrarias aplicam dará lugar à plena liberdade e à livre concorrência das ideias.)
Tive que ler várias vezes. Custei a compreender e muito menos a acreditar no que lia. Mas como está em seu blog e não houve desmentido, aí vai a douta opinião do chanceler Ernesto Araujo sobre livrarias.
A terceira e mais aflitiva surpresa veio com a decisão de Cuba, com plenos motivos, de retirar do Brasil os seus médicos. É surpresa assustadora, para ser digerida aos poucos: como ficaremos sem eles? Acho que isso nem Deus sabe… Maria Helena RR de Sousa