segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Vida que segue


Na mão dos corruptos

Gabrieli, Graça Foster e, no cangote, 'Paulinho' são os fantasma de Dilma 
O Brasil vai viver um caso inédito de democracia com a vitória de Dilma. A reeleição fez com que a presidente passe a ter o cargo decidido nas mãos de corruptos. Caberá a Youssef e “Paulinho”, um grande companheiro na Petrobras, com suas revelações decidirem o destino de Dilma, encurralada num provável pedido de impeachment.

Os seguintes lances do Petrolão, caso de corrupção do PT e aliados na Petrobras, vão marcar mais o país nos próximos meses do que qualquer decisão na área econômica. O caso vai pairar como um urubu sobre a cabeça da presidente, que inegavelmente deve fazer o diabo para afastar da Presidência esse fantasma.

Com ou sem a capa da revista Veja, ainda se espera que Lula defina a data em que pretende prestar depoimento na Polícia Federal sobre o vetusto caso do mensalão, hoje um roubinho de merreca. Imagina quanto não vai durar essa luta de gato e rato. Já estamos indo para o oitavo mês em que o ex se entoca no Serpentário do Ipiranga, aos gritos de: “Daqui não saio, daqui ninguém me tira!”

Esses serão os lances policiais mais destacados da política. Isso se não houver mais denúncias que envolvam o Planalto. No entanto, falta chover o listão de corruptos do Congresso que beberam nas fontes da Petrobras. 

A mudança política terá de esperar


O medo dos mais pobres de perder o que foi conseguido prevaleceu sobre a incógnita
A maioria dos brasileiros decidiu depositar sua confiança no Partido dos Trabalhadores (PT) ao reeleger sua candidata, Dilma Rousseff, para outros quatro anos como presidenta da República.

O medo dos mais pobres de perder o que foi conseguido nos 12 anos de Governo petista prevaleceu sobre a incógnita de apostar na mudança. Isso, apesar de Rousseff ter acabado seus quatro anos de presidência com índices econômicos piores dos que os que tinha recebido em 2010 de seu antecessor, o ex-presidente Lula.

Os números das eleições apresentam, na verdade, um país profundamente dividido, o que representará um aumento da dificuldade para governar nos próximos anos. Com seus 50 milhões de votos —apenas três milhões a menos do que a vencedora Rousseff—, Aécio Neves tinha hasteado a bandeira da mudança apoiado pela ambientalista Marina Silva e se transforma agora em forte líder da oposição, algo que não existia desde que Lula chegou ao poder.

A reeleita Rousseff terá agora de acertar as contas com metade do país, a mais próspera e rica que, mesmo perdedora, dificilmente desistirá de continuar lutando por mudança. Sua estratégia deverá convencê-los de que ela vai ser a presidenta de todos os brasileiros e não só da metade vitoriosa. Precisará mudar a estratégia do medo usada nas eleições com os mais pobres, que se viram ameaçados de perder o bem-estar social conseguido nesses 12 anos de governo do PT e em hastear também a outra bandeira, a de uma mudança pedida por 70% dos cidadãos. 
Isso pressupõe convencer os que votaram nela de que as vantagens de uma mudança profunda de seu Governo e de seu modelo econômico em crise será benéfico não só para os mais prósperos, mas também para essa nova classe média que, saída da pobreza, é a primeira a desejar sentar-se também à mesa dos que (no calor da disputa eleitoral) foram batizados negativamente de elite social, inimiga dos pobres. Hoje, na verdade, ninguém mais se conforma em ser pobre no Brasil.

Aviso


Como a ignorância e a arrogância quase sempre andam juntas, não é por acaso que grupos de pessoas que se julgam detentoras do monopólio do bem, da justiça, do altruísmo e da bondade humana sejam mais perigosas para a convivência humana dos que os que simplesmente sabem que ninguém é infalível - e por isso não querem impor à força sua verdade a ninguém.
Sandro Vaia

Agora começa a democracia


O dia nasceu pela enésima vez desde que o mundo é mundo. Nada mudou nem foi o fim. Estamos vivos e, entre mortos e feridos, salvaram-se todos. E para maior contentamento, o Brasil continua no mesmo lugar. Não foi o caos. O que pode ter acontecido é ter surgido, espera-se, uma nova consciência das urnas.

A hora é de limpar a casa, varrer o pó, juntar os cacos que foram muitos sob o bombardeio da leviandade e da mentira, e até muito da canalhice, cenário composto pelos governista, o que obrigou a que se dividisse o país. Acendamos uma vela no altar da nossa consciência, pois precisamos muito dela para as lutas que virão.

Devemos ter aprendido mais sobre democracia sob o embate do tacape petista e o mais importante é saber que não se faz mais um país de quatro em quatro anos, com a vitória de um ou outro nas urnas, mas na constância das batalhas diárias contra qualquer palavra, gesto ou ato contra o cidadão.    

A mais sórdida campanha que um só partido protagonizou, inoculou e administrou, tem muitas lições a dar. Não se pode mais permitir que as campanhas sejam travadas como atos de desconstrução do adversário em detrimento do debate de propostas. Que não mais tenham vez e voz os marqueteiros com seus estratagemas para esconder mazelas e divulgar irrealidades, nem muito menos disputem a primazia os números de pesquisas. A propaganda e a pesquisa eleitoral disputaram voto a voto quem mais se aproximava da vitória. Saíram derrotados. Um por jogar todas as técnicas de camuflagem e ocultarem propostas; o outro por fazer do desejo do eleitor um jogo de sobe e desce, um jogo de azar.

A eleição de 2014 deixou claro que não mais se deve permitir a reeleição, quando o governo tem a seu dispor a massa da máquina pública, o Erário e até o batalhão de ministros, assessores e o comissariado a trabalhar na campanha em detrimento da governabilidade. Ficamos no mínimo dois meses à deriva sem que se movesse um palito de fósforo em prol do país, mas mexeram todos os pauzinhos para a reeleição, que se tornou mais importante que a governança do Brasil.

O dia é para se pensar e reunir forças para mudanças urgentes como o fim da reeleição e do voto obrigatório, as duas molas que propiciaram a cretinice exibida na mídia, espalhada pelas redes. O primeiro vai permitir que o governo encontre em seus quadros candidato coerente e capaz de o representar; sem a obrigatoriedade ditatorial de ir às urnas, o eleitor terá de ser conquistado com propostas mais convincentes do que promessas. Não valerão tanto os truques de marqueteiros, a performance em debates, mas a apresentação de propostas, o que foi determinantemente jogado no lixo nestas eleições.

Como em democracia, a luta não termina com o fechamento das urnas, mas é aí que começa, é preciso se preparar para todo o dia fazer exercício de cidadania. E exigir dos políticos, não só o basta na corrupção, mas impor que façam de vez as reformas política e tributária para que não mais os pobres sejam massa de manobra do populismo, mas cidadãos dignos a terem emprego, saúde e educação sem precisar integrar a demagogia das bolsas.