segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Agora começa a democracia


O dia nasceu pela enésima vez desde que o mundo é mundo. Nada mudou nem foi o fim. Estamos vivos e, entre mortos e feridos, salvaram-se todos. E para maior contentamento, o Brasil continua no mesmo lugar. Não foi o caos. O que pode ter acontecido é ter surgido, espera-se, uma nova consciência das urnas.

A hora é de limpar a casa, varrer o pó, juntar os cacos que foram muitos sob o bombardeio da leviandade e da mentira, e até muito da canalhice, cenário composto pelos governista, o que obrigou a que se dividisse o país. Acendamos uma vela no altar da nossa consciência, pois precisamos muito dela para as lutas que virão.

Devemos ter aprendido mais sobre democracia sob o embate do tacape petista e o mais importante é saber que não se faz mais um país de quatro em quatro anos, com a vitória de um ou outro nas urnas, mas na constância das batalhas diárias contra qualquer palavra, gesto ou ato contra o cidadão.    

A mais sórdida campanha que um só partido protagonizou, inoculou e administrou, tem muitas lições a dar. Não se pode mais permitir que as campanhas sejam travadas como atos de desconstrução do adversário em detrimento do debate de propostas. Que não mais tenham vez e voz os marqueteiros com seus estratagemas para esconder mazelas e divulgar irrealidades, nem muito menos disputem a primazia os números de pesquisas. A propaganda e a pesquisa eleitoral disputaram voto a voto quem mais se aproximava da vitória. Saíram derrotados. Um por jogar todas as técnicas de camuflagem e ocultarem propostas; o outro por fazer do desejo do eleitor um jogo de sobe e desce, um jogo de azar.

A eleição de 2014 deixou claro que não mais se deve permitir a reeleição, quando o governo tem a seu dispor a massa da máquina pública, o Erário e até o batalhão de ministros, assessores e o comissariado a trabalhar na campanha em detrimento da governabilidade. Ficamos no mínimo dois meses à deriva sem que se movesse um palito de fósforo em prol do país, mas mexeram todos os pauzinhos para a reeleição, que se tornou mais importante que a governança do Brasil.

O dia é para se pensar e reunir forças para mudanças urgentes como o fim da reeleição e do voto obrigatório, as duas molas que propiciaram a cretinice exibida na mídia, espalhada pelas redes. O primeiro vai permitir que o governo encontre em seus quadros candidato coerente e capaz de o representar; sem a obrigatoriedade ditatorial de ir às urnas, o eleitor terá de ser conquistado com propostas mais convincentes do que promessas. Não valerão tanto os truques de marqueteiros, a performance em debates, mas a apresentação de propostas, o que foi determinantemente jogado no lixo nestas eleições.

Como em democracia, a luta não termina com o fechamento das urnas, mas é aí que começa, é preciso se preparar para todo o dia fazer exercício de cidadania. E exigir dos políticos, não só o basta na corrupção, mas impor que façam de vez as reformas política e tributária para que não mais os pobres sejam massa de manobra do populismo, mas cidadãos dignos a terem emprego, saúde e educação sem precisar integrar a demagogia das bolsas.     

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