segunda-feira, 9 de março de 2015

Governo Dilma se arrisca a acabar mais cedo

newtonsilva
Então fica combinado assim: em outubro último, mês da eleição presidencial em primeiro e segundo turno, havia crise econômica internacional, segundo Dilma Rousseff, mas crise no Brasil nunquinha.

No passado, quando um tsunami econômico varria o mundo, o então presidente Lula dizia que tudo não passava por aqui de uma “marolinha”. Nem “marolinha” havia no país da candidata à reeleição.

Inflação? Esqueça. Estava sob controle. E jamais deixaria de estar. Sem falar em pleno emprego. Lembra como Dilma enchia a boca para falar do paraíso do pleno emprego?

E do Pronatec! O Protanec viera para ficar, prometeu Dilma também de boca cheia. Como ela parecia se orgulhar do Pronatec!

Por falar nele, está suspenso. Trombou com o país da vida real.

E a obra de integração do rio São Francisco, concebida para acabar com a seca que aflige os nordestinos há tantos séculos?

Obra ambiciosa. Gigantesca. A ser entregue no final deste ano.

Pois sim. Está atrasadíssima. Somente em Pernambuco, no final do ano passado, foram demitidas 2.300 pessoas empregadas na obra. Uma tristeza. Outra mentira da propaganda.

Nada como morar no país da propaganda do PT. Na propaganda de qualquer partido.

Nem que a vaca tossisse, Dilma deixaria que mexessem nos direitos dos trabalhadores.

A vaca não tossiu. Não foi necessário. Mexeram nos direitos. Afinal, para manter o poder, Dilma disse que faria o diabo. E fez.

Agora, pede que tenhamos paciência. Porque os problemas são apenas conjunturais. Porque eles passarão em breve, muito em breve. E ao passarem deixarão um legado de soluções perenes.

Minha nossa senhora. É mentira em cima de mentira.

Minha Casa, Minha Vida era um programa estupendo. Complementado pelo programa Minha Casa Melhor, que financiava a compra do que fosse indispensável para se viver feliz dentro de casa.

Minha Casa Melhor foi interrompido. O governo culpa por isso quem se endividou além do que poderia pagar.

O calendário gregoriano não serve para balizar certas coisas. Por exemplo: este século de fato começou com os atentados do 11 de setembro de 2011 nos Estados Unidos. Antes deles nada de relevante aconteceu.

O segundo governo de Dilma deveria acabar no próximo dia 31 de dezembro de 2018. Pois bem: arrisca-se a acabar mais cedo.

Dilma, a incorrigível

Uma abordagem sobre a obstinação errática de Dilma Rousseff.
Ao vencer a eleição de 2014, Dilma Rousseff não percebeu que a “guerra poderia estar ganha, mas que sua paz fora irremediavelmente perdida”. A presidente comprometera-se com um mundo e uma economia que não mais existiam; armara para si uma cilada política: como satisfazer o eleitor a quem prometeu direitos e recursos sem fundos e, ao mesmo tempo, reparar a economia que degringolava, num processo de gastos insustentáveis e escolhas incorretas? O crescimento minguara e os bons ventos que conduziram grande parte dos mandatos de Lula se esgotaram; à Dilma restaria o difícil ajuste e a prova (de arte) do recomeçar.

Além disso, o processo eleitoral fora muito abrasivo, no mais agudo conflito e na mais renhida disputa da jovem e incompleta democracia do país. A eleição não somou, dividiu. Criou desconfianças não apenas no sistema partidário, mas, pior, na própria sociedade. O discurso se radicalizou e a polarização que já era um transtorno para o diálogo se afigurou como irreconciliável. A campanha de Dilma estimulou o “nós contra eles”, o que pode até ser um recurso de disputa, mas requereria saber construir caminhos de volta que a presidente não soube fazer.

O certo é que inúmeras as frentes de conflito brotaram ou se consolidaram naquele processo. Mas, a tensão da disputa e a vitória eleitoral, ao que parece, comprometeram o raciocínio e o diagnóstico da presidente que não admitiu que aquela eleição demarcava também uma derrota política que precisaria ser revertida: a presidente saíra, pessoalmente, alquebrada e o país dividido. Até mesmo com seu padrinho e fiador, Lula, as relações careciam de remendos. Seria hora de reforma, antes de tudo, de mentalidade.

Mas, isto é um prodígio que requer certo dom: juntar os cacos da política; construir uma nova governabilidade, apontar para um novo projeto, reinventar-se não é coisa à toa. Gênios não existem; estadistas são raros; políticos estão escassos. Seriam necessárias incomuns – mas não impossíveis – habilidades de articulação e capacidade de comunicação para explicar e convencer que se tratava de pisar no freio e rearrumar a bagagem para seguir viagem.

Um líder político de verdade sabe que seu caráter é sempre nacional: por isso, reúne, agrupa, concilia, recompõe o todo. E Dilma teve, para isso, várias oportunidades. Mas seus discursos de vitória e de posse – ocasiões clássicas para esse tipo de operação – foram solenemente desperdiçados com generalidades, colocações laterais, provocações e triunfalismo. Em nenhum momento mencionou a oposição como legítima, sequer se dispôs ao tradicional cumprimento do adversário; tudo foi mágoa e irreverência. A presidente faz política com o fígado (e os intestinos).

Em outras ocasiões, não olhou para frente; ocultou-se em sofismas. A propósito de se defender, buscou ferir o antecessor já longínquo, Fernando Henrique Cardoso – desprezando a possibilidade de um dia se ver forçada a procurar FHC. O que, de fato, ganhou com isso? Falou à sua tribo, apenas. E pavimentou caminhos sem volta. Se defender atirando tornou-se uma coisa tão chata e repetitiva quanto ineficaz. Há as tais “elites”, a “oposição”, a “mídia”… Os fantasmas de sempre? Dados de realidade. E daí? Para frente é que se deveria andar.

Mas se esse tratamento fosse exclusivo aos adversários seria apenas a negação da estadista que, de fato, não é; ressaltaria somente a inexistência de visão de longo prazo e um temperamento ressentido. Uma democracia deve estar preparada para, de tempos em tempos, suportar governantes assim. Todavia, esse comportamento se espalhou também para aliados e até inimigos íntimos: o PMDB, independente da má fama e da avaliação negativa que se lhe faça, foi tratado com ojeriza e humilhação. E mesmo Lula sentiu o distanciamento, o pouco-caso, a incapacidade de se fazer ouvir. De fato, como se imaginava, o “Volta Lula” deixou marcas, talvez, irreparáveis.

Dilma demonstra um péssimo defeito: desconhecer a força dos adversários e, ao mesmo tempo, não admitir a própria fraqueza. Fez enfrentamentos, como na Câmara do Deputados, tão desnecessários quanto desastrosos, não sabendo, após, admitir e assimilar derrotas e reconstruir vínculos. Política é também arte de engolir sapos. Ainda hoje, suspeita-se que tenha engolido Joaquim Levy apenas como concessão; não digerindo seu cardápio e não admitindo críticas ao passado. Desse modo, os sapos não descem goela abaixo. Entalam.

De cara pintada a cara de pau

Lindbergh Farias, de codinome Lindinho, quem diria, acaba junto com Fernando Collor de Mello na mesma lista de envolvidos no Petrolão entregue ao STF. O ex-líder dos Caras Pintadas, que ajudaram a derrubar o ex-presidente, passou a conviver com esse e agora estão unidos no assalto à Petrobras.
Mas de cara pintada agora o ex-prefeito de Nova Iguaçu, que desse cargo deixou um corolário de ações judiciais, agora virou cara de pau. Sempre negando qualquer envolvimento no esquemão político, em entrevista no fim de semana, admitiu que foi à Petrobras pedir doação de campanha ao ex-diretor Paulo Roberto Costa, depois de participar de inaugurações da empresa no Rio junto com o presidente Lula.

Ou o rapaz é de uma pureza virginal, ou é pilantragem na veia. Ir ao prédio da empresa, procurar Costa, íntimo da petizada, e pedir indicação de alguém da Andrade Gutierrez, é no mínimo uma confissão. "Você pode até dizer que é impróprio. Só que não é ilegal".

A confissão tem todas as digitais de intenção criminosa. O que parece desconhecer é que doação de campanha, segundo a legislação eleitoral, não é dedutível do Imposto de Renda. Portanto, é um agrado. Também como explicar legalmente que sabia da "boca do caixa" na empresa. E p
or que não bateu logo na Andrade Gutierrez, que poderia dar o dinheiro legalmente? Precisou de intermediação de agente conhecidíssimo de distribuição de propinas e ainda se declara o maior inocente.
"Pedi doação legal e entrei na lista de gente que fez atos bárbaros de corrupção. Isso pode estar destruindo minha carreira política"
Merece o nome na lista pela cretinice da frase. Quando o parafuso aperta e faz doer, os santos logo se mostram cara de bebê chorão.

Noticiário político de hoje é uma agressão a qualquer um

O noticiário político, em todos os seus formatos, é uma agressão ao estômago de qualquer um de nós. Não posso, porém, deixar de dizer algo sobre o ex-presidente Lula. Poderia ter tido a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente quando o ex-prefeito Pimenta da Veiga (cuja derrota para o governo de Minas foi uma perda para o Estado e para o país), já no segundo turno das eleições de 1990, o recebeu em casa da prefeitura na Pampulha (que não sei se ainda existe). Uma visita cordial, mas que teve significado político. Não foram poucos os tucanos que, com o insucesso de Mário Covas, optaram pelo voto no líder petista.

Não vai aqui, embutido no parêntesis supra, juízo de valor sobre o governador eleito, Fernando Pimentel, também ex-prefeito de Belo Horizonte, a quem desejo sucesso não só no governo, mas, principalmente, e por ser no Estado o seu chefe supremo, na condução em Minas do seu partido, que se distanciou da ética que sempre pregou.

Na época, aquele Lula se preparava para alcançar o maior e mais difícil cargo no país, mas perdeu a Presidência da República para Fernando Collor de Melo – um mal que desabou sobre nós e que tem reflexos até hoje. Voltei à era Collor não para trazê-la de volta, mas para fundamentar o que desejo dizer. Ou seja: Lula era um líder sindical que precisava ser lapidado. Comandava um partido recém-nascido, que teve incrível chance de iniciar um novo rumo para o país. E mais: poderia ter nascido, naquelas eleições, uma aliança entre PSDB e PT, se os seus principais líderes pensassem, juntos, no bem do país.

Nada do que imaginava, porém, aconteceu: primeiro, a vitória do tucano Mário Covas, e, depois, a de Lula, afinal abatido por quem acabou defenestrado da Presidência da República. Lula só foi aceito depois dos dois governos de Fernando Henrique Cardoso: por alguns poderosos porque viam nele “certo glamour”; por outros, como eu, porque viam nele mistério e esperança; pelo povo sofrido porque representava a certeza do resgate de uma dívida social que não foi paga até hoje. No primeiro mandato, no seu início, e antes do mensalão, reacendeu por pouco tempo o sonho de um governo voltado para as classes mais necessitadas. No segundo, já não era o mesmo e, no fim, não soube indicar o sucessor: tirou-o do bolso do colete. Esqueceu-se de que, quando isso ocorre, o candidato é sempre menor do que o bolso…

No início, sem influência de qualquer ideologia, Lula queria, apenas, promover os trabalhadores, mas, depois, o poder lhe subiu à cabeça. Por isso, não soube governar e não soube, repito, indicar o sucessor. Lula poderia ter sido um bem infungível, que não se desgasta com o tempo. Só melhora. Sua trajetória, na vida pública, se deu de modo inverso: em vez de se aprimorar, piorou. Senão, vejamos.

Dentre as inúmeras e toscas intervenções, trago à baila, leitor, somente estas três preciosas pérolas: a primeira quando, em defesa da candidatura de Dilma, afirmou que “eles não sabem do que seríamos capazes de fazer para elegê-la”; a segunda quando foi a Caracas para apoiar a candidatura do ditador Nicolás Maduro à Presidência da Venezuela; a terceira quando, em ato supostamente a favor da Petrobras, ameaçou chamar às ruas o “exército do Stédile”, líder do MST, para enfrentar os inimigos do seu partido e do atual governo.

Lula, possuído pela vertigem do poder, fragiliza ou ameaça agora, leitor, claramente, o que mais desejamos – a democracia.

Até quando?

Acílio Lara Resende 

Olho vivo


Cabe aos tribunais, em vez de se imaginarem acima e além da sujeira, extirpá-la. Para começar, agilizando as investigações e os processos. O Brasil não aguentará mais do que um ano assistindo revelarem-se a conta-gotas suas podridões. Torna-se necessário pular por cima de expedientes e filigranas jurídicos que em vez de aprimorar, só conspurcam a Lei e o Direito. Cultivar o contraditório e a prerrogativa de defesa não impedem a urgência. 
Carlos Chagas

Política desgosta até profissional do ramo

Por um Brasil otimista

“Bad news, good news”. É o que aprendemos na faculdade e na prática jornalística. Papel de jornalista é mesmo apontar o que está errado, criticar e atuar com altivez em defesa do interesse coletivo contra os desmandos do poder. Nestes dias, essa missão se pinta extremamente útil para o nosso país. Útil, mas delicada.

A nobre arte de reportar o desalinho público e amplificá-lo tem que se sobrepor à confortável pantomima de arauto das desgraças, à prática da rapinagem. E não se trata aqui de jornalismo policial. Para o ideal de sociedade e de condução política, cada um tem sua própria régua. O jornalismo reflete isso, por meio das preferências dos veículos, mas, ainda hoje, a forma mais indicada de se fazer política concreta no nosso país é como cidadão ilibado que se filia a um partido e disputa um cargo eletivo nas urnas.

Pois bem, hoje, no jornal, no rádio, na televisão, na internet, é só uma onda maciça de más notícias. Sem razão? Não mesmo. A crise existe e é uma hidra de sete cabeças, cada uma mais hedionda e de uma espécie distinta. Logo, motivos jornalísticos para noticiar a ruindade há de sobra, e ela deve ser noticiada. Entretanto, devemos ter a consciência da nossa responsabilidade na construção daquilo que, nas estranjas, é chamado de “national mood”. No nosso caso presente, “the mood is blue, deep blue”. Cada má notícia de abrangência nacional que pautamos, apuramos, redigimos, editamos e publicamos é um tijolinho a mais nessa muralha de profundo azul melancólico.

O que fazer? Jornalismo não existe para falar de coisa boa. Vá lá, mas precisamos ir além da última página ou da subida da ficha técnica, senão como jornalistas, como cidadãos.

O que constatamos no Brasil hoje é uma espécie de câncer, que, de fato, entristece, dói e traumatiza. Acontece que, diferentemente de qualquer tumor, por mais agressivo que seja, que acometa um ser humano, nosso país sobreviverá à doença: ele é mais antigo, mais forte e maior do que qualquer mal. O Brasil é maior do que a Petrobras, maior do que o Clube das Empreiteiras Unidas (CEU), maior do que o PT, a Dilma ou o Aécio. Todos eles passarão, e o país, passarinho.

Câncer existe mesmo é para purgar a alma dos pecados cometidos. E, se ele é incapaz de matar o paciente, vai fortalecê-lo. Não há razão para não crer que teremos, depois da tempestade, instituições mais sólidas, regras mais transparentes, cidadãos mais bem esclarecidos e, sim, empresários e homens públicos ao menos mais cautelosos.

Daremos um passo à frente no caminho da boa vocação confiada a nossa nação, um passo evolutivo, como deve ser, sem saltos. Saltos revolucionários não existem. Só há golpes, assim como impeachment sem dolo é golpe.

Trabalha e confia, como nos lembra a bandeira capixaba. O melhor virá amanhã? No ano que vem? Na próxima eleição? Quem pode ter certeza do quando? A certeza é que virá, a cada dia, como resultado do nosso trabalho coletivo erigido sobre essa convicção otimista, apesar da corrupção, do “blue mood” e da avalanche de más notícias de hoje.

Ao acusar Cunha, Janot agravou a crise

 
O procurador-geral Janot aceitou acusações frágeis demais
Depois do verdadeiro furacão causado pela chamada “lista de Janot”, a poeira começa a assentar e vão surgindo informações que verdadeiramente comprometem o trabalho do procurador-geral da República.

Como se sabe, Rodrigo Janot assumiu claramente a defesa da presidente Dilma Rousseff, ao fazer uma criativa interpretação da Constituição Federal e se recusar a pedir investigação sobre ela, alegando simplesmente que os crimes foram cometidos no mandato anterior. Contraditoriamente, Janot pediu abertura de inquérito contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o senador tucano Antonio Anastasia, sem que nos autos existam provas materiais ou sequer acusações sólidas contra ele. Quer dizer, pode haver algo de podre na “lista de Janot”.

Todos sabem que o deputado Eduardo Cunha é um político altamente polêmico, para se dizer o mínimo. Sabe-se que o deputado fluminense presidiu a Telerj no governo Collor, depois integrou o governo de Anthony Garotinho no Estado do Rio, quando sofreu algumas acusações de irregularidades, mas nada ficou provado contra ele, foi diretor da Rádio Melodia de programação evangélica, elegeu-se deputado na condição de líder religioso, é considerado altamente conservador e se tornou um dos parlamentares mais influentes do Congresso.

No caso da lista de Janot, a denúncia contra Eduardo Cunha é baseada num depoimento confuso do policial Jayme Alves de Oliveira Filho, que informou ter levado dinheiro do doleiro Alberto Youssef para o deputado do PMDB e entregue numa casa no Rio, mas quem mora no local é o advogado do deputado estadual Jorge Picciani. Logo em seguida, o próprio Youssef desmentiu o policial, dizendo que jamais mandar entregar propina a Cunha.

Em sua delação premiada, o que Youssef disse sobre Cunha foi ter sido informado de que o deputado pressionara a empresa Mitsui, que supostamente suspendera o pagamento de propina ao PMDB. E essa informação, segundo a denúncia de Janot, teria sido reforçada por um pedido de informações sobre a Mitsui, apresentado na Câmara por uma deputada do PMDB-RJ, Solange Almeida, por suposto pedido de Cunha. Ou seja, ainda não há, diretamente, nada de concreto contra o presidente da Câmara.

O caso do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) é pior ainda. O parlamentar mineiro também foi indiciado com base apenas no mesmo depoimento confuso do ex-policial que trabalhava para o Youssef e que disse ter reconhecido depois o senador por fotos vistas em jornal. O próprio doleiro desmentiu a acusação, afirmando que jamais enviou propina a Anastasia. Mesmo assim, o procurador Janot incluiu o senador tucano na lista.

Nos autos, havia muito mais provas contra José Dirceu, por exemplo. Segundo Youssef, Dirceu mantinha uma estreita relação com o empresário Julio Camargo, da Toyo Setal, um dos operadores dos desvios de recursos da Petrobras para o bolso de políticos e partidos. Na contabilidade de Camargo, Dirceu era chamado de “Bob”. Mas Janot não quis abrir denúncia contra o ex-ministro. Se o juiz não o fez, ele poderia fazê-lo.

Com esse comportamento dúbio, poupando Lula, Dilma e José Dirceu e incriminando Cunha e Anastasia sem provas contundentes, o que o procurador Janot conseguiu foi o agravamento da crise institucional. Agora, o presidente da Câmara está convicto de que Janot foi instruído pelo Planalto e não descansará enquanto não demolir o governo da presidente Dilma Rousseff.
Carlos Newton