quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Nosso 'estado islâmico'


Cada um tem o califa que merece

Frase (cretina) do ano


'Não fugi, eu salvei minha vida'
Ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, condenado no Mensalão a 12 anos, mas solto pela Justiça da Itália para onde fugiu com passaporte falso. Só para lembrar, o fugitivo que “se salvou” foi sindicalista e filiado ao PT, pelo qual concorreu a cargos eletivos, como o de governador do Paraná em 1990, de vice-governador em 1994, e de vice-prefeito de Toledo em 1996, sempre sem sucesso.

Corrupção: túmulo da democracia


No momento de depositar o voto na urna para escolher nossos governantes, pesa muito o que sabemos, mas devemos esquecer, quero dizer, que a condição humana é imperfeita e muitas vezes corrupta. Por essa razão, a simulação e certas eleições são irmãs de sangue.

A corrupção no Brasil pairou sobre estas eleições presidenciais: os 3% de comissões que a estatal Petrobras pagava aos partidos aliados do governante Partidos dos Trabalhadores, que também eram distribuídos entre suas próprias fileiras, ou o desvio dos custos da construção do metrô de São Paulo que mostraram como Aécio Neves também tinha um teto de vidro. No final, apesar da atomização do Parlamento em Brasília, a corrupção é o único elemento que une todos os partidos políticos.

No caso espanhol, surpreende que a corrupção crescente não teve repercussão eleitoral. Por isso, exemplos como o de Valência ou de Madri, governados pelo Partido Popular (PP) marcado pelo chamado caso Gürtel, como antes ocorreu com o PSOE e o escândalo Filesa, pesam definitivamente sobre a identidade democrática. Como os Governos esperam que os pobres contribuintes queriam cumprir com suas obrigações fiscais quando, por exemplo, na Espanha existem cerca de 1.700 causas judiciais abertas com mais de 500 imputados por corrupção? Parece que o normal – pelo menos nos países que falam espanhol ou português – é que os mandatários usem o poder para nos roubar.


 O futuro da América passa por acabar com a tolerância aos subornos, o que não depende de grandes leis



A corrupção corrói todo o sistema político. Mas, tirando as declarações grandiloquentes, é preciso saber que o mensalão brasileiro, o Gürtel espanhol ou o enriquecimento dos Kirchner na Argentina, unidos aos milagres de alguns dos ex-secretários mexicanos que, depois de uma vida de trabalho na função pública, deixaram, ao morrer, uma fortuna superior aos 3 bilhões de dólares, estão criando um rechaço que não afeta apenas o próprio conceito de democracia, mas todo o sistema de partidos.
Leia mais o artigo de Antonio Navalón

Você sabia?

Os dois candidatos a presidente disseram durante a campanha que teriam tolerância zero com ladroeiras. No escurinho do cinema, a Câmara aprovou um projeto que estende por 15 anos o prazo para a devolução do dinheiro da Viúva malversado por administradores públicos. Em todos os casos, eles já foram condenados pela Justiça. Coisa de R$ 1,7 bilhão.

O projeto ainda deverá passar pelo Senado, mas, se o vencedor da eleição anunciar que vetará o mimo, mostrará que falava sério.

Se vier a sancioná-lo, será chamado de mentiroso.

O que os pobres pediriam a Dilma?


Poderia parecer estranho, mas uma decisão como a nomeação do novo ministro da Fazenda ou da Educação poderia ser até mais importante para os pobres do que para os ricos.
A presidenta Dilma Rousseff está recebendo de todas as partes conselhos e sugestões sobre como deveria alterar a política econômica que acabou com um rosário de índices negativos em seu primeiro Governo e com o temor de que possa surgir o temido fantasma do desemprego, que seria pior ainda que a disparada da inflação.

Dilma se reelegeu mais com os votos dos candidatos de baixa renda do que com os dos mais afortunados. O que lhe pediriam esses milhões de eleitores pobres se entendessem de economia? É muito provável que lhe apresentassem, paradoxalmente, as mesmas preocupações dos mais ricos, dos empresários, do mundo que produz e exporta.

Os integrantes dessa nova classe C – que não sabem o que é PIB, câmbio flutuante ou o famoso tripé econômico – seria os primeiros, se soubessem dessas coisas, a se preocuparem em conhecer o nome do novo ministro da Economia. Estaria essa nova classe C preocupada em saber se a nova presidenta vai deixar a inflação correr solta e se os juros vão continuar subindo.

Nas sociedades modernas, o conceito marxista da luta de classes e das divisões entre pobres e ricos, trabalhadores e exploradores, está ultrapassado.

Se tiver conhecimento de como essas possíveis mudanças podem afetar concretamente o seu cotidiano, ou da tortura que implica ter que se endividar em bancos para manter o que já foi conquistado, eles estariam mais preocupados com essas mudanças na economia do que com a reforma política ou com o uso de plebiscitos. E, se bobear, até mais preocupados do que com como resolver o câncer da corrupção que afeta a Petrobras. Para isso os pobres têm uma solução drástica: os corruptos devem ir para a cadeia e devolver o que foi roubado.

Meu Brasil Minha Vida


Nós e eles queremos o bem do povo, o bem do país. Desprezamos quem desqualifica o outro lado
Nós e eles estamos irremediavelmente ligados por um amor comum. O destino do país. E o país são as pessoas. Não conheci um eleitor que deseje que o Brasil afunde nos próximos anos, que a economia naufrague e que a roubalheira do sanatório geral continue.

Não conheci um eleitor, jovem ou idoso, de classe abc-yz, que torça para o país sofrer – na educação, na saúde, na segurança, no transporte, na infraestrutura, no emprego, na inflação, na produtividade, no meio ambiente e na ética – goleadas humilhantes.

Nós e eles votamos em Dilma ou Aécio, com sonhos parecidos. Que o Brasil vença a ignorância e o subdesenvolvimento. Que a inclusão social não signifique nivelamento por baixo. Que o conhecimento seja valorizado e se erradique o analfabetismo. Que o combate à desigualdade se qualifique por oportunidade real de ascensão, e todos tenham direito a saneamento e a moradia digna.

Nós e eles queremos o bem do povo e o bem do país. Por isso, nós e eles repudiamos qualquer tentativa oficial de censura ou de ditadura à esquerda ou à direita. Nós e eles achamos terrível quando um governo tenta calar ou manietar quem revela os malfeitos. Nós e eles somos a favor da liberdade de expressão.
Nós e eles desprezamos quem desqualifica a oposição. Nós e eles desprezamos uma oposição irresponsável. Nós e eles nos escandalizamos quando um governo cerceia o direito de ir e vir de oposicionistas. Nós e eles abominamos mentiras – em fatos e números –, destinadas a manipular nosso pensamento, a incitar irmãos ao ódio e a estimular a luta de classes que não leva a lugar algum, nem amanhã nem nunca.