sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Feliz sexta-feira na Bahia


'Continuemos assim' seria fatal para o Brasil


Depois de 12 anos de PT, a esquerda se tornou conservadora, e a direita pressiona por mudanças. Só que Dilma não pode ignorar as reformas reivindicadas
"Nada de experimentos! Manter o curso! Continuemos assim!" Quem diria que justamente os velhos slogans eleitorais dos conservadores alemães se aplicariam ao Partido dos Trabalhadores (PT) brasileiro? A legenda da presidente Dilma Rousseff se tornou conservadora. Ela quer preservar o status quo, prosseguir como fez até agora.

A maioria dos eleitores brasileiros tampouco queria experimentos: 51,64% deram seu voto a Dilma; o adversário Aécio Neves, do conservador PSDB, ficou com 48,36%. Em especial os eleitores das camadas mais pobres temeram que as reformas prometidas por Aécio também não fossem poupar os programas sociais.

É paradoxal, mas, depois de 12 anos de PT no poder, os conceitos políticos se deslocaram. A esquerda se tornou conservadora; a direita, por sua vez, pressiona por mudanças. Mas todo o Brasil não está ansiando por revolução e mudança? Os enormes protestos de junho de 2013, pelo menos, foram interpretados como indício inconfundível da insatisfação crescente com o governo da presidente Dilma.
Aécio não conseguiu usar em favor próprio essa insatisfação crescente. Sua campanha anti-Dilma teve sucesso sobretudo junto àqueles que já estavam céticos em relação ao PT. Os eleitores indecisos ou os simpatizantes do Partido dos Trabalhadores, esses ele não conseguiu convencer de seus méritos.

Dilma, por sua vez, reagiu com habilidade aos protestos de 2013 e "mandou ver". Ela trouxe médicos cubanos para o país e se empenhou para que o Congresso aprovasse duas leis que há anos estavam na gaveta: o emprego da receita adicional da exploração do petróleo nos setores de saúde e educação; assim como a definição da corrupção como crime hediondo.

Dilma não podia nem pretendeu acabar com a polarização da sociedade brasileira. Vencida a eleição, os petistas se encontram diante de um monte de destroços políticos. Escândalos de corrupção abalam o partido, investidas verbais abalaram relações pessoais, uma burocracia inflada fornece guarida a aproveitadores políticos.

É preciso conversar

Mesmo que as pessoas não concordem em algumas coisas, elas precisam conversar. Conversar, todos sabem, não arranca pedaço
Renan Calheiros, presidente do Senado 

Brasil, o mundo de amanhã


No novo mandato de Dilma Rousseff, o país enfrenta o desafio da modernização. Seria bom apostar nos talentos mais jovens e atender as expectativas de uma geração que exige um futuro melhor
Brasil e América Latina estão novamente numa encruzilhada. A região inteira está se despedindo de uma belle époque, um tempo de altas taxas de crescimento impulsionadas pelo empurrão das matérias primas. Com a irrupção da China no xadrez mundial, no início dos anos 2000, a América Latina viveu uma bonança sem precedentes. Esse motor está parando. O efeito do conto chinês ainda se mantém. Mas estamos vendo o fim de uma época. Como em “O Mundo que Eu Vi”, aquele canto de cisne escrito por Stefan Zweig no Brasil, toda a região deve despedir-se dos velhos tempos que passaram. E não voltarão.

As eleições brasileiras, que terminaram com a apertada reeleição de Dilma Rousseff, reforçam uma virada na região. Em todos os países – inclusive no sempre exemplar Chile – vê-se uma economia política da impaciência. Os jovens, que estão entrando no mercado de trabalho, pedem melhores condições e as classes médias, que se fortaleceram com a bonança, pedem melhores serviços públicos, mais e melhor educação, saúde, transporte. Os protestos de rua vistos nos últimos meses em Santiago, São Paulo e Lima têm uma mesma matriz, uma crescente demanda por melhor redistribuição das riquezas das nações. 

Nas estatísticas, Brasil é um dos menos corruptos


De duas, uma. Ou a corrupção que grassa no Brasil não ultrapassa nossas fronteiras ou ultrapassa, sim, mas os poderes encarregados de combatê-la estão pouco se lixando para isso.

Dilma Rousseff atravessou os dois turnos da recente eleição presidencial empenhada em convencer os brasileiros que seu governo, e os dois anteriores de Lula, sempre travaram o bom combate contra a corrupção.

Segundo o novo relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre a Convenção de Combate ao Suborno de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações de Negócios Internacionais, na verdade falta ao Brasil vontade política para aplicar de forma eficaz os progressos de sua legislação contra a corrupção transnacional.

Leia mais o artigo de Ricardo Noblat


As pedras no caminho

Nas eleições presidenciais, o risco de derrota sempre existiu. Uma das causas foi a inapetência em simplesmente fazer política, lubrificada sobretudo pela conversa mole. Agora, passada a fantasia eleitoral, o caminho recomeça a ser trilhado com muitas dificuldades e uma grave herança maldita na política.  Para piorar, ronda, tal qual um dragão alado sobre o universo político, o avanço das investigações do Petrolão! 
Murillo de Aragão, "Caneladas de início"  

Um clique para a pose angelical


A campanha eleitoral não só deixou arranhões, marcas, hematomas, tal a sua agressividade. Ficaram lições da guerrilha petista, insuflada pelos seus comandantes, que abusou da calúnia, infâmia e difamação. Lições para se refletir sobre em que Estado vivemos. E não é nada bom o que se vê.

Com ordens de baixar o cacete, fazer o diabo, os comandos petistas e aliados mostraram do que são capazes quando têm as costas quentes. Em nenhum momento, foram advertidos da insanidade por quem de direito. Saíram como cachorros loucos, babando raiva como tropa do Estado Islâmico. Até a candidata entrou no coro dos enlouqueidos, levianamente, num exemplo de quem pouco ligou para respeito e discussão de ideias.

A pancadaria petista se viu liberada para bater em quem decidia em seus tribunais de esquerda festiva. O tacape se deu ao desvario em época de campanha, mas mesmo fora dela o regime popularizou a caça a quem apelidam de "eles".

Não é de hoje que o uso das instituições em nome de defender os petistas de críticas virou rotina. Taxam adversários como caluniadores, infames, detratores, mentirosos. Bancam mesmo ações judiciais contra o que apelidam de injúrias.

A internet está entulhada de casos da perseguição petista, sempre indignada com as críticas, que não tolera contra si.

Nos feudos municipais dominados pela gente do PT, a perseguição é conhecida há anos. Blogues são silenciados, saem do ar, a tropa de soldados entope caixas com comentários os mais agressivos. O inferno não é de hoje nessas localidades. Fedem longe as agressões de quem não convive com críticas, nem as mais leves.

Têm como exemplo o capo di tutti capi. Saiu batendo e denegrindo uns e outros, agora acena com o paz e amor de outros tempos, como um anjo da reconciliação com alto DNA de falsidade. No cúmulo da canalhice, diz que o "Nóis" como se identificam sofreram o pão que o diabo amassou. E agora estão prontos para a foto angelical e, se duvidarem, posam até com as bençãos papais.  

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Nosso 'estado islâmico'


Cada um tem o califa que merece

Frase (cretina) do ano


'Não fugi, eu salvei minha vida'
Ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, condenado no Mensalão a 12 anos, mas solto pela Justiça da Itália para onde fugiu com passaporte falso. Só para lembrar, o fugitivo que “se salvou” foi sindicalista e filiado ao PT, pelo qual concorreu a cargos eletivos, como o de governador do Paraná em 1990, de vice-governador em 1994, e de vice-prefeito de Toledo em 1996, sempre sem sucesso.

Corrupção: túmulo da democracia


No momento de depositar o voto na urna para escolher nossos governantes, pesa muito o que sabemos, mas devemos esquecer, quero dizer, que a condição humana é imperfeita e muitas vezes corrupta. Por essa razão, a simulação e certas eleições são irmãs de sangue.

A corrupção no Brasil pairou sobre estas eleições presidenciais: os 3% de comissões que a estatal Petrobras pagava aos partidos aliados do governante Partidos dos Trabalhadores, que também eram distribuídos entre suas próprias fileiras, ou o desvio dos custos da construção do metrô de São Paulo que mostraram como Aécio Neves também tinha um teto de vidro. No final, apesar da atomização do Parlamento em Brasília, a corrupção é o único elemento que une todos os partidos políticos.

No caso espanhol, surpreende que a corrupção crescente não teve repercussão eleitoral. Por isso, exemplos como o de Valência ou de Madri, governados pelo Partido Popular (PP) marcado pelo chamado caso Gürtel, como antes ocorreu com o PSOE e o escândalo Filesa, pesam definitivamente sobre a identidade democrática. Como os Governos esperam que os pobres contribuintes queriam cumprir com suas obrigações fiscais quando, por exemplo, na Espanha existem cerca de 1.700 causas judiciais abertas com mais de 500 imputados por corrupção? Parece que o normal – pelo menos nos países que falam espanhol ou português – é que os mandatários usem o poder para nos roubar.


 O futuro da América passa por acabar com a tolerância aos subornos, o que não depende de grandes leis



A corrupção corrói todo o sistema político. Mas, tirando as declarações grandiloquentes, é preciso saber que o mensalão brasileiro, o Gürtel espanhol ou o enriquecimento dos Kirchner na Argentina, unidos aos milagres de alguns dos ex-secretários mexicanos que, depois de uma vida de trabalho na função pública, deixaram, ao morrer, uma fortuna superior aos 3 bilhões de dólares, estão criando um rechaço que não afeta apenas o próprio conceito de democracia, mas todo o sistema de partidos.
Leia mais o artigo de Antonio Navalón

Você sabia?

Os dois candidatos a presidente disseram durante a campanha que teriam tolerância zero com ladroeiras. No escurinho do cinema, a Câmara aprovou um projeto que estende por 15 anos o prazo para a devolução do dinheiro da Viúva malversado por administradores públicos. Em todos os casos, eles já foram condenados pela Justiça. Coisa de R$ 1,7 bilhão.

O projeto ainda deverá passar pelo Senado, mas, se o vencedor da eleição anunciar que vetará o mimo, mostrará que falava sério.

Se vier a sancioná-lo, será chamado de mentiroso.

O que os pobres pediriam a Dilma?


Poderia parecer estranho, mas uma decisão como a nomeação do novo ministro da Fazenda ou da Educação poderia ser até mais importante para os pobres do que para os ricos.
A presidenta Dilma Rousseff está recebendo de todas as partes conselhos e sugestões sobre como deveria alterar a política econômica que acabou com um rosário de índices negativos em seu primeiro Governo e com o temor de que possa surgir o temido fantasma do desemprego, que seria pior ainda que a disparada da inflação.

Dilma se reelegeu mais com os votos dos candidatos de baixa renda do que com os dos mais afortunados. O que lhe pediriam esses milhões de eleitores pobres se entendessem de economia? É muito provável que lhe apresentassem, paradoxalmente, as mesmas preocupações dos mais ricos, dos empresários, do mundo que produz e exporta.

Os integrantes dessa nova classe C – que não sabem o que é PIB, câmbio flutuante ou o famoso tripé econômico – seria os primeiros, se soubessem dessas coisas, a se preocuparem em conhecer o nome do novo ministro da Economia. Estaria essa nova classe C preocupada em saber se a nova presidenta vai deixar a inflação correr solta e se os juros vão continuar subindo.

Nas sociedades modernas, o conceito marxista da luta de classes e das divisões entre pobres e ricos, trabalhadores e exploradores, está ultrapassado.

Se tiver conhecimento de como essas possíveis mudanças podem afetar concretamente o seu cotidiano, ou da tortura que implica ter que se endividar em bancos para manter o que já foi conquistado, eles estariam mais preocupados com essas mudanças na economia do que com a reforma política ou com o uso de plebiscitos. E, se bobear, até mais preocupados do que com como resolver o câncer da corrupção que afeta a Petrobras. Para isso os pobres têm uma solução drástica: os corruptos devem ir para a cadeia e devolver o que foi roubado.

Meu Brasil Minha Vida


Nós e eles queremos o bem do povo, o bem do país. Desprezamos quem desqualifica o outro lado
Nós e eles estamos irremediavelmente ligados por um amor comum. O destino do país. E o país são as pessoas. Não conheci um eleitor que deseje que o Brasil afunde nos próximos anos, que a economia naufrague e que a roubalheira do sanatório geral continue.

Não conheci um eleitor, jovem ou idoso, de classe abc-yz, que torça para o país sofrer – na educação, na saúde, na segurança, no transporte, na infraestrutura, no emprego, na inflação, na produtividade, no meio ambiente e na ética – goleadas humilhantes.

Nós e eles votamos em Dilma ou Aécio, com sonhos parecidos. Que o Brasil vença a ignorância e o subdesenvolvimento. Que a inclusão social não signifique nivelamento por baixo. Que o conhecimento seja valorizado e se erradique o analfabetismo. Que o combate à desigualdade se qualifique por oportunidade real de ascensão, e todos tenham direito a saneamento e a moradia digna.

Nós e eles queremos o bem do povo e o bem do país. Por isso, nós e eles repudiamos qualquer tentativa oficial de censura ou de ditadura à esquerda ou à direita. Nós e eles achamos terrível quando um governo tenta calar ou manietar quem revela os malfeitos. Nós e eles somos a favor da liberdade de expressão.
Nós e eles desprezamos quem desqualifica a oposição. Nós e eles desprezamos uma oposição irresponsável. Nós e eles nos escandalizamos quando um governo cerceia o direito de ir e vir de oposicionistas. Nós e eles abominamos mentiras – em fatos e números –, destinadas a manipular nosso pensamento, a incitar irmãos ao ódio e a estimular a luta de classes que não leva a lugar algum, nem amanhã nem nunca.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Sempre às ordens

"O que o Lula quiser fazer, eu apoiarei"
Dilma, subserviente ao capo

Reforma pra levar no bico


 Um dia depois de reeleita, Dilma insistiu que vai batalhar pela reforma política. Isso já havia defendido na cartilha de 2010. E logicamente esquecida como convinha aos governistas.

No ano passado, voltou a reafirmar seu empenho com os protestos nas ruas. A agravante, na época e como reeleita, é que a reforma sairá de um plebiscito como se o Executivo determinasse à sua conta e risco.

Com a gritaria pós-reeleição, a presidente saiu com uma de suas pérolas, das muitas que tem em caixas: "Acho que não interessa muito se é referendo ou plebiscito. Pode ser uma coisa ou outra". Uma coisa não é a mesma coisa que outra coisa, dona Dilma. Há diferenças profundas e uma presidente tem que saber muito bem o que quer. Jogar pra galera é que não pode como fez e continua fazendo. Também Hugo Chávez, muito amigo dos petistas, aplicou golpes desse tipo.

A reforma através de plebiscito como formula Dilma não só está sem pé nem cabeça, deixando o Legislativo de lado, mas tem um nítido viés bolivariano. É o trator da autoridade de quem se acha dona do país, apesar de sempre babar doçuras como pedir humildemente, quando de humilde não tem nada. Ao contrário, é famosa por humilhar tudo e todos. Freud explica.

Se o Executivo planeja em seus porões a reforma de outro poder através de escolha popular, se configura ditadura. Dilma sequer sabe como vai operar o seu milagre petista e ainda mais quem vai sancioná-lo. Se ficar como promessa mais essa digital da presidente em assunto que não lhe cabe, já é um grande alívio para as instituições democráticas. Pode fazer reforma, mas pelas vias legais.

A tentativa de realização desse fajuto plebiscito, criado em conluio dentro do Planalto com Lula e o marqueteiro João Santana, no ano passado, para dar uma satisfação ao povo, sob a faixa de que cumpre promessas, vai esbarrar no Judiciário e Legislativo.

Talvez o PT e Dilma estejam tão inebriados pelo poder que, “bolivariamente”, se achem no direito de tudo poder e fazer. Só esquecem que devem muitas explicações ao país e nem têm tanta força como imaginam. Por isso empurram com a barriga, como está fazendo Dilma, com a invenção de que tanto faz plebiscito ou referendo. É cortina de fumaça para tirar o foco do país de necessidades mais importantes. Ou esconder malfeitos. 

Entenderá Dilma a mensagem?

Os eleitores deram uma segunda oportunidade a Dilma. Será a presidenta capaz de encarnar a mudança da mudança? Terá entendido a mensagem desta vez?
 “Entendi a mensagem”, afirmou Felipe González na noite de sua última vitória eleitoral em 1993. Os socialistas espanhóis tinham vencido por uma pequena diferença depois de uma campanha marcada por distintos casos de corrupção e cujo principal argumento foi insuflar o medo do retorno da direita. Mas o propósito de emenda não pôde evitar uma tendência negativa de desgaste e, em três anos, o PSOE perdia o Governo em eleições antecipadas.

No Brasil, o agônico triunfo e reeleição de Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT), descontando-se as diferenças, guarda semelhanças com aquela experiência. Na noite de domingo, Dilma prometeu ser “uma presidenta melhor do que até agora”, depois de uma campanha agressiva, apoiada na divisão social e étnica – pobres contra ricos, negros contra brancos, centros urbanos contra zonas rurais, sul contra norte, esquerda contra direita – salpicada por acusações de corrupção. 

Ganhou, com a imprescindível ajuda do carisma de Lula, por apenas três milhões de votos em um país com 146 milhões de cidadãos com direito a sufrágio, dos quais 50 milhões votaram em seu rival, o liberal Aécio Neves, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).
Depois dos protestos de junho de 2013, a presidenta prometeu reformas

As eleições configuraram um Brasil dividido em duas metades, mas é preciso destacar que o pleito demonstrou a solidez da democracia brasileira e levar em consideração que, embora a presidenta tenha de se esforçar para reconciliar os brasileiros, a polarização política atual é muito menor que em outros países da região e não existe tradição de enfrentamento nem na história do país, nem no temperamento de seus cidadãos.


Se não cumpre nem essa!


Lei nº 5700, de 1971, revista e revisada em 1992, pela Lei nº 8421: “Artigo 31 – São consideradas manifestações de desrespeito à Bandeira Nacional, e portanto proibidas: I – ……;III – Usá-la como roupagem, reposteiro, pano de boca, guarnição de mesa, revestimento de tribuna, ou como cobertura de placas, retratos, painéis ou monumentos a inaugurar“.

A pena é pecuniária: de 1 a 4 salários mínimos, elevada ao dobro, no caso de reincidência. E o processo a que se submete o infrator “obedecerá o rito previsto para as contravenções penais” (Artigo 36).

Ninguém viu o racha?



Foi preciso o eleitor ir às urnas para os políticos se darem conta que algo de podre acontecia no maravilhoso mundo made in Brazil. O vaso trincado se tornou um vaso rachado de vez pelos próprios políticos que não se deram conta que havia um racha sob seus narizes empinados.

Puseram mais lenha no fogo com o “nós” e “eles” para agora surgirem como os conciliadores com rolos de esparadrapo para consertar o vaso. Serão os bombeiros para um fogo que se alastra mais rapidamente. A queimada da divisão ficou fora de controle. Podem até reduzir os focos, mas o fogo continuará a arder sem que tenham meios para conter uma nova queimada. 

Havia, e ainda há, algo de podre no reino. O país só aproveitou as eleições para dizer bem alto: “Cuidado!” Ainda assim acenam com medidas como um pedaço de esparadrapo aqui e outro ali com as conclamações de união, quando foram os mesmos que fomentaram a divisão com a complacência, a impunidade, a petulância, a imunidade.

Numa boa jogada de marketing, sempre ele, Dilma paira diáfana com a mão estendida da reconciliação nos jornalões. Imagem de santa, só que do pau-oco. O Estado, como está, tem a sua mão grande, seu olho gordo no poder, sua ganância de entrar na História com uma biografia inebriante ... para os tolos. Sequer pensa que o futuro decanta os verdadeiros, despreza a borra dos falsos.

Essa reconciliação proposta e acenada por dona Dilma tem um detalhe que pouco se fala. A presidente quer paz, mas em momento algum fez uma convocação direta ao senador Aécio Neves, que nas urnas ficou com a outra metade do país. A falta do gesto mostra a parcialidade da sua pretensão. Quer para si os juros de pacificadora, mas não quer conciliar-se com quem ficou sob o cacete de sua militância comandada por Lula. Como sempre, bate de um lado e finge que estende a outra mão. Mas só finge.

Comigo não, violão



Transformar as redes sociais em um esgoto fedorento para destruir adversários. Foi isso que fizeram. Não diga a candidata Dilma que não sabia o que estava acontecendo. Todo mundo percebia as insinuações que fazia nos debates e os coros nos debates sociais, dizendo que o Aécio batia em mulheres, era drogado. Quem faz isso não tem autoridade moral para pedir diálogo. Comigo, não. Estende uma mão e, com a outra, tem um punhal para ser cravado nas costas
Aloysio Nunes, líder do PSDB no Senado e candidato derrotado como vice de Aécio Neves 

Burrice e ignorância


A burrice não é democrática, porque a democracia tem vozes divergentes, instila dúvidas e o burro não tem ouvidos. O verdadeiro burro é surdo. E autoritário: quer enfiar burrices à força na cabeça dos ignorantes. O sujeito pode ser culto e burro. Quantos filósofos sabem tudo de Hegel ou Espinoza e são bestas quadradas? Seu mundo tem três ou quatro verdades que ele chupa como picolés. O burro dorme bem e não tem inveja do inteligente, porque ele “é” o inteligente.
(...)
Como disse acima, a liberdade é chata, dá angústia. A burrice tem a “vantagem“ de “explicar” o mundo. O diabo é que a burrice no poder chama-se “fascismo”.
Leia mais o artigo de Arnaldo Jabor 

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Segundo mandato


O susto do PT


A eleição presidencial deu um susto no PT. Não esperava que Marina Silva se tornasse cabeça de chapa e obtivesse votação mais expressiva do que em 2010. E muito menos que ela, derrotada, apoiasse Aécio.

Não esperava que Aécio fosse um concorrente tão ameaçador. E muito menos que o PMDB entrasse rachado na campanha, com Hartung, do Espírito Santo, e Sartori, do Rio Grande do Sul, como cabos eleitorais do PSDB.

Assustou-o também a divulgação das denúncias de corrupção na Petrobras em plena disputa do segundo turno. Sorte que o adversário também tem telhado de vidro...

Lula conclamou, em São Paulo, a militância a ir de casa em casa. Que militância? Além de ver reduzida, pelas urnas, sua bancada de senadores e deputados federais, o PT já não conta com aquela aguerrida militância voluntária das décadas de 80 e 90.

Agora, tudo depende de marketing e de muito dinheiro investido por pessoas jurídicas que, a partir de hoje, começam a cobrar a fatura.

A presidente Dilma sabe que tem pela frente uma espinhosa tarefa: cumprir o que prometeu e costurar o tecido da governabilidade em um Congresso tão esgarçado em partidecos, e desprovido de lideranças ética e politicamente consistentes em sua base de apoio.

O PMDB, rachado quase ao meio, usará todo o seu poder de pressão para ditar a pauta do governo. O PSDB, com apoio do DEM e do que resta do PSB, tentará consolidar uma oposição ferrenha, acirrada pela frustração de ter sentido o aroma do banquete ao qual foi desconvidado pelo resultado das urnas.

O PT enfrenta, agora, o desafio de governar melhor do que já fez até aqui e tentar resgatar o que, no passado, lhe imprimiu tanta credibilidade: o capital ético, a organização política dos setores populares e o compromisso de promover reformas estruturais.

Faça as contas

A grande reportagem deste pós-eleição ainda não surgiu em nenhum jornal. Espera-se que alguém possa responder a mais importante pergunta: Quanto o povo pagou, e onde ainda vai pagar em nada suaves prestações, para manter Dilma no troninho? Não é nada pouco.

Para começar, em cinco meses de farras eleitoreiras, com viagens dela, em campanha, o que se gastou em combustível de avião anda na casa dos milhões. A balela, no início da campanha, era de que tudo estaria bancado pelo PT. Alguém acredita que, agora, reeleita, o partido vai pagar algum tostão?

E quanto pesaram na conta as viagens dos ministros, secretários e outros do comissariado para todo país, principalmente no segundo turno, quando estavam de “férias” para trabalhar na campanha? Ponha-se zero e mais zero no gasto. Quanto ainda se pagou a Ongs para fortalecer com militância de aluguel? Apenas a Articulação Semiárido Brasileiro, que custeou 99 ônibus com militantes para uma série de comícios, recebeu este ano repasses de R$ 172,8 milhões. Isso foi o contribuinte que pagou.

Se achou pouco, ainda tem mais a somar. Calcule o prejuízo desse tempo por estar o país praticamente parado sem nada por fazer ou para fazer nos ministérios e outros locais de governança.

Só como exemplo, num caso inédito e inimaginável em país sério, o país sustentou um ministro demitido, que já não tinha mais nada para fazer. Ficou no cargo apenas para preencher espaço e dar “entrevistas” como aquela em que anunciou que, numa segunda gestão, Dilma levaria a economia às últimas consequências. Ameaça ou realidade? 

O caixa do PT dá para pagar tudo? Nem se mexe. A conta fica mesmo com o cidadão, que pague se quiser ter e exibir pela história uma presidente reeleita.

Se não acredita, vai aí uma historinha sugestiva de como o lulismo opera as contas de governo que deveriam ser justificadas e justificáveis. Em certo município de curral petista, o prefeito circulou pela Europa, pelo Brasil, e foi até a China.

Um caso inédito de um executivo municipal circulando pelo mundo às custas do minguado erário (nem tanto, chovendo royalties) que nunca prestou nem vai prestar contas. Chegou a manter um bonde de agregados, inclusive a filha do guru petista, lá fora, tudo em nome de conquistar recursos estrangeiros, pagando com recurso público.

Até hoje o município não soube quanto custou, mas sabe que vai pagar caro em saúde, educação, saneamento. O dinheiro do cidadão é mesmo para isso. Os políticos jogam no ralo para satisfazer interesses próprios e depois choram que suam para o bem da nação. Afinal hipocrisia dá voto, não é PT?.   

Poder afasta


Um dos problemas mais graves da política contemporânea é que frequentemente quem está no poder se distancia demasiadamente da maneira de viver das grandes maiorias. E acaba vendo a realidade a partir de onde estão. É preciso se voltar à fonte do que é republicano. Os eleitos para um governo são funcionários em trânsito, não são reis, não são sangue azul.
José Mujica (79 anos), presidente do Uruguai

Um mandato inédito


'A doutora Dilma reelegeu-se num cenário de dificuldades econômicas e políticas igualmente inéditas'
Os eleitores deram ao PT um mandato inédito na história nacional. Um mesmo partido ficará no poder nacional por 16 anos sucessivos. A doutora Dilma reelegeu-se num cenário de dificuldades econômicas e políticas igualmente inéditas. Lula recebeu de Fernando Henrique Cardoso um país onde se restabelecera o valor da moeda. Ela recebe dela mesma uma economia travada. Tendo percebido o tamanho da encrenca, em setembro anunciou a substituição do ministro Guido Mantega. Por quem, não disse. Para quê, muito menos. A dificuldade política será maior. As petrorroubalheiras devolveram o PT ao pesadelo do mensalão. Em 2005, o comissariado se blindou e, desde então, fabrica teorias mistificadoras, como a do caixa dois, ou propostas diversionistas como a da necessidade de uma reforma política. Pode-se precisar de todas as reformas do mundo, mas o que resolve mesmo é a remessa dos ladrões para a cadeia.

O Supremo Tribunal Federal deu esse passo, formando a bancada da Papuda. Foi a presença de Marcos Valério na prisão que levou o ‘‘amigo Paulinho’’ a preferir a colaboração à omertà mafiosa.

Dilma teve uma atitude dissonante em relação às condenações do mensalão. Protegeu-se sob o manto do respeito constitucional às decisões do Judiciário. No debate da TV Globo, quando Aécio Neves perguntou-lhe se achou ‘‘adequada’’ a pena imposta ao comissário José Dirceu, tergiversou. Poderia ter seguido na mesma linha: decisão da Justiça não deve ser discutida. Emitiu um péssimo sinal para quem sabe que as petrorroubalheiras tomarão conta da agenda política por muito tempo.

Será muito difícil, e sobretudo arriscado, tentar jogar o que vem por aí para baixo do tapete. Ou a doutora parte para a faxina, cortando na carne, ou seu governo vai se transformar num amestrador de pulgas, de crise em crise, de vazamento em vazamento, até desembocar nas inevitáveis condenações.
Leia mais o artigo de Elio Gaspari

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Vida que segue


Na mão dos corruptos

Gabrieli, Graça Foster e, no cangote, 'Paulinho' são os fantasma de Dilma 
O Brasil vai viver um caso inédito de democracia com a vitória de Dilma. A reeleição fez com que a presidente passe a ter o cargo decidido nas mãos de corruptos. Caberá a Youssef e “Paulinho”, um grande companheiro na Petrobras, com suas revelações decidirem o destino de Dilma, encurralada num provável pedido de impeachment.

Os seguintes lances do Petrolão, caso de corrupção do PT e aliados na Petrobras, vão marcar mais o país nos próximos meses do que qualquer decisão na área econômica. O caso vai pairar como um urubu sobre a cabeça da presidente, que inegavelmente deve fazer o diabo para afastar da Presidência esse fantasma.

Com ou sem a capa da revista Veja, ainda se espera que Lula defina a data em que pretende prestar depoimento na Polícia Federal sobre o vetusto caso do mensalão, hoje um roubinho de merreca. Imagina quanto não vai durar essa luta de gato e rato. Já estamos indo para o oitavo mês em que o ex se entoca no Serpentário do Ipiranga, aos gritos de: “Daqui não saio, daqui ninguém me tira!”

Esses serão os lances policiais mais destacados da política. Isso se não houver mais denúncias que envolvam o Planalto. No entanto, falta chover o listão de corruptos do Congresso que beberam nas fontes da Petrobras. 

A mudança política terá de esperar


O medo dos mais pobres de perder o que foi conseguido prevaleceu sobre a incógnita
A maioria dos brasileiros decidiu depositar sua confiança no Partido dos Trabalhadores (PT) ao reeleger sua candidata, Dilma Rousseff, para outros quatro anos como presidenta da República.

O medo dos mais pobres de perder o que foi conseguido nos 12 anos de Governo petista prevaleceu sobre a incógnita de apostar na mudança. Isso, apesar de Rousseff ter acabado seus quatro anos de presidência com índices econômicos piores dos que os que tinha recebido em 2010 de seu antecessor, o ex-presidente Lula.

Os números das eleições apresentam, na verdade, um país profundamente dividido, o que representará um aumento da dificuldade para governar nos próximos anos. Com seus 50 milhões de votos —apenas três milhões a menos do que a vencedora Rousseff—, Aécio Neves tinha hasteado a bandeira da mudança apoiado pela ambientalista Marina Silva e se transforma agora em forte líder da oposição, algo que não existia desde que Lula chegou ao poder.

A reeleita Rousseff terá agora de acertar as contas com metade do país, a mais próspera e rica que, mesmo perdedora, dificilmente desistirá de continuar lutando por mudança. Sua estratégia deverá convencê-los de que ela vai ser a presidenta de todos os brasileiros e não só da metade vitoriosa. Precisará mudar a estratégia do medo usada nas eleições com os mais pobres, que se viram ameaçados de perder o bem-estar social conseguido nesses 12 anos de governo do PT e em hastear também a outra bandeira, a de uma mudança pedida por 70% dos cidadãos. 
Isso pressupõe convencer os que votaram nela de que as vantagens de uma mudança profunda de seu Governo e de seu modelo econômico em crise será benéfico não só para os mais prósperos, mas também para essa nova classe média que, saída da pobreza, é a primeira a desejar sentar-se também à mesa dos que (no calor da disputa eleitoral) foram batizados negativamente de elite social, inimiga dos pobres. Hoje, na verdade, ninguém mais se conforma em ser pobre no Brasil.

Aviso


Como a ignorância e a arrogância quase sempre andam juntas, não é por acaso que grupos de pessoas que se julgam detentoras do monopólio do bem, da justiça, do altruísmo e da bondade humana sejam mais perigosas para a convivência humana dos que os que simplesmente sabem que ninguém é infalível - e por isso não querem impor à força sua verdade a ninguém.
Sandro Vaia

Agora começa a democracia


O dia nasceu pela enésima vez desde que o mundo é mundo. Nada mudou nem foi o fim. Estamos vivos e, entre mortos e feridos, salvaram-se todos. E para maior contentamento, o Brasil continua no mesmo lugar. Não foi o caos. O que pode ter acontecido é ter surgido, espera-se, uma nova consciência das urnas.

A hora é de limpar a casa, varrer o pó, juntar os cacos que foram muitos sob o bombardeio da leviandade e da mentira, e até muito da canalhice, cenário composto pelos governista, o que obrigou a que se dividisse o país. Acendamos uma vela no altar da nossa consciência, pois precisamos muito dela para as lutas que virão.

Devemos ter aprendido mais sobre democracia sob o embate do tacape petista e o mais importante é saber que não se faz mais um país de quatro em quatro anos, com a vitória de um ou outro nas urnas, mas na constância das batalhas diárias contra qualquer palavra, gesto ou ato contra o cidadão.    

A mais sórdida campanha que um só partido protagonizou, inoculou e administrou, tem muitas lições a dar. Não se pode mais permitir que as campanhas sejam travadas como atos de desconstrução do adversário em detrimento do debate de propostas. Que não mais tenham vez e voz os marqueteiros com seus estratagemas para esconder mazelas e divulgar irrealidades, nem muito menos disputem a primazia os números de pesquisas. A propaganda e a pesquisa eleitoral disputaram voto a voto quem mais se aproximava da vitória. Saíram derrotados. Um por jogar todas as técnicas de camuflagem e ocultarem propostas; o outro por fazer do desejo do eleitor um jogo de sobe e desce, um jogo de azar.

A eleição de 2014 deixou claro que não mais se deve permitir a reeleição, quando o governo tem a seu dispor a massa da máquina pública, o Erário e até o batalhão de ministros, assessores e o comissariado a trabalhar na campanha em detrimento da governabilidade. Ficamos no mínimo dois meses à deriva sem que se movesse um palito de fósforo em prol do país, mas mexeram todos os pauzinhos para a reeleição, que se tornou mais importante que a governança do Brasil.

O dia é para se pensar e reunir forças para mudanças urgentes como o fim da reeleição e do voto obrigatório, as duas molas que propiciaram a cretinice exibida na mídia, espalhada pelas redes. O primeiro vai permitir que o governo encontre em seus quadros candidato coerente e capaz de o representar; sem a obrigatoriedade ditatorial de ir às urnas, o eleitor terá de ser conquistado com propostas mais convincentes do que promessas. Não valerão tanto os truques de marqueteiros, a performance em debates, mas a apresentação de propostas, o que foi determinantemente jogado no lixo nestas eleições.

Como em democracia, a luta não termina com o fechamento das urnas, mas é aí que começa, é preciso se preparar para todo o dia fazer exercício de cidadania. E exigir dos políticos, não só o basta na corrupção, mas impor que façam de vez as reformas política e tributária para que não mais os pobres sejam massa de manobra do populismo, mas cidadãos dignos a terem emprego, saúde e educação sem precisar integrar a demagogia das bolsas.     

domingo, 26 de outubro de 2014

Rezemos, pois


Não deixei-nos cair em tentação e livrai-nos de todo mal
Amém

Votar é fácil, difícil é limpar a sujeira depois


Partidos políticos são máquinas de fabricar paixões coletivas que exercem uma pressão coletiva sobre o pensamento individual e têm por meta final apenas seu próprio crescimento
Simone Weil, filósofa francesa

Bem e mal, Deus e o diabo, certo e errado, nós e eles, direita e esquerda. O dualismo dita a receita política para ser servida aos desacostumados a paladares mais refinados. Com apenas esses ingredientes, fazem baião de dois que é engolido pela multidão nessas republiquetas pré-democráticas.

Acreditam que o mundo só tem dois caminhos e que é preciso seguir um deles. Mas descobrir o seu depende do ponto de vista em que se está. E aí fica muito difícil dizer qual é que se deve tomar. Seja para continuar na mesma, ou mudar. Aí entra o marqueteiro, bancando o guarda de trânsito para “orientar” o caminho a seguir mesmo que esse seja para o precipício.

A confusão não ocorre apenas nos mais desinformados, mesmo alentados formadores de opinião se deixam levar pelo entusiasmo, sem ver a idiotice que disseram. Como aquele que declarou, do alto de sua sabedoria: “Sempre votei com a esquerda”. Apesar de respeitado pelo trabalho, em política, mostrou-se com antolhos. No extinto paraíso soviético, estaria na direita ou esquerda? Um dissidente daquela época seria um homem de direita, adorador de Tio Sam? Era apenas um cidadão que queria o fim da ditadura do proletariado para acabar com a supressão da liberdade, mas nunca um burguês.

Em meio ao neocoronelismo brasileiro, incrementado pelo comissariado, eleitor é posto na encruzilhada, se quiser. Basta pensar, fazer aquele exercício com os neurônios tão necessário à vida, para descobrir que o coração tem também dois lados, mas nem por isso se deve seguir um ou outro. Pulsa, porque esquerdo e direito trabalham harmonicamente para o bem comum do cidadão. Mas basta um deles pipocar para a engrenagem ir para o brejo. Acontece isso agora, quando o coração brasileiro foi dividido pela maracutaia. Nem por isso vamos querer extirpar o lado falho, mas responder com o remédio para curar o estrago político dos parasitas. 

Democracia também se faz com dois lados, ou até mais. Defender que só um lado serve, é outra coisa bem pior: o câncer do autoritarismo, de direita ou esquerda, que importa. Vai levar à falência dos órgãos as instituições e delinquir contra o cidadão. Só entra nessa da defesa intransigente de “seu” lado quem adora ser melhor do que o vizinho, mais justo, mais honesto, qualidades que não são produto de valor pessoal, mas de dever humano, de coletividade.  

É muito fácil eleger a ditadura, basta o voto ao fisiologismo, à demagogia, ao estelionato político; difícil e doloroso, por muitos anos, é lutar para sua derrubada. Resta saber se o Brasil quer mais uma vez ficar sob o jugo não mais dos tacões, mas dos bandidos que assaltam diariamente sob o manto de “governo”.

Cuidado

 Não se esqueça do aviso do velho e bom Platão: deixe tudo como está para ver como é que fica, e no final você verá que ficou bem pior para você e para todos os cidadãos que, como você, se recusaram a “sujar as mãos” na política. Sua omissão resulta que serão aqueles de mãos realmente sujas os que decidirão o destino de sua cidade, seu estado e seu país.

Direito


"Não vou usar o direito de ser idiota"
Sandra Starling, fundadora do PT e ex-deputada federal, anuncia voto em Aécio por não se "calar diante das mentiras que a Dilma vem assumindo"

Democracia, a palavra mágica


Quero ouvir a voz do meu país denunciando ditaduras, e não compactuando com elas.

Amigos petistas (sim, ainda tenho alguns) dizem que votam no PT por causa das suas políticas sociais. É um bom argumento: não há pessoa com um mínimo de sensibilidade e compaixão que possa ser contra políticas de inclusão social, especialmente num país tão desigual quanto o nosso.

A questão é que ele parte do princípio de que o PT detém o monopólio das boas intenções sociais, e aí entramos na área da desqualificação do adversário, da qual o partido tanto entende. Que eu me lembre, em momento algum Aécio ou o PSDB afirmaram que pretendem mudar o que, a duras penas, já se conquistou; mas a propaganda do PT insiste nisso e pronto, basta a palavra do marqueteiro João Santana para transformar o que jamais foi dito em verdade sacramentada.

Outro problema com esse argumento é que, por melhores que sejam as intenções sociais de quem quer que seja, elas não existem fora de um contexto mais amplo. Sem dinheiro não se faz nada, nem bom ensino, nem boa saúde, nem distribuição de renda. Simplesmente não há política social que consiga se manter, a médio ou longo prazo, diante de uma economia desastrosa como a do governo Dilma.

Eu até poderia dizer, parafraseando os meus amigos petistas, que não voto no PT justamente porque prezo as conquistas sociais do país, e não quero que elas desapareçam levadas por uma política econômica que vai de mal a pior.

Mas não é só isso.

Entre outros incontáveis motivos, não voto no PT porque tenho vergonha do papel que o meu país está fazendo no cenário internacional, abraçando ditaduras obsoletas, financiando tiranos e dando apoio a terroristas.

Ao contrário de tanta gente que prestigia o partido, eu não acho que democracia seja essencial para nós, brasileiros, mas desnecessária para iranianos, cubanos ou venezuelanos. Eu quero que todo mundo tenha as mesmas prerrogativas que eu tenho, quero que todas as pessoas do mundo possam viver e respirar em ambientes de liberdade, dizendo o que têm vontade de dizer sem risco de ir para a cadeia no dia seguinte.

Eu quero ouvir a voz do meu país denunciando ditaduras, e não compactuando com elas.

Passei vários anos da minha vida brigando por liberdade no Brasil e pedindo uma imprensa livre. Na minha cabeça, não faz o menor sentido votar, agora, num governo que apoia regimes que perseguem seus cidadãos por crimes de opinião — e que, vira e mexe, fala em “democratizar” a mídia.

Eu vi esse filme há muito, muito tempo, e não gostei.

sábado, 25 de outubro de 2014

Extra! Extra! Extra!


As redes sociais estão neste sábado entupidas com denúncias, inclusive com ameaças aos jornaleiros, de apreensão dos exemplares da revista Veja mesmo que o ato não tenha sido determinado por lei. A sede da revista foi pichada em São Paulo por um grupo ligado ao PCB, aliado do PT. O TSE determinou que não houve publicidade da edição desta semana com a matéria de capa “Dilma e Lula sabiam de tudo”.

Se isso não é coação à liberdade de imprensa, parece muito manifestação de um estado bolivariano, controlado pela máquina pública em proveito do governo.

A tática não é desconhecida. Pela primeira vez está acontecendo em vários locais do país, mas é comum em administrações municipais petistas, onde as publicações com matérias contrárias aos governos são arrancadas das bancas; há bloqueio de chapa fria nas estradas para impedir a chegada de caminhões com as revistas ou jornais contrários.

Bem diferente são as ações quando a imprensa publica notícias favoráveis. Não só os exemplares chegam em maior número às bancas como ainda são distribuídos pelos agentes municipais gratuitamente. E dias depois ainda há exemplares para distribuição, comprados com dinheiro público, como material de propaganda petista.

Se era para fazer o diabo para reeleger Dilma, o PT está mostrando que vai partir pro pau pra cima de qualquer lei. Afinal, o PT se diz a lei no Brasil. Ai de quem discordar que os “soldados” estão armados para fazer cumprir a determinação do Comando Vermelho da Capital.

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Ainda se estranha muito a atitude da Rede Globo. Quando, ontem, a grande manchete em todos os programas jornalísticos e na internet era a reportagem de Veja, o noticiário da emissora fez um silêncio de pedra.

Neste sábado, no entanto, a emissora está dando destaque não só às agressões à sede da Veja como à fala de Dilma condenando a reportagem. Mas não era a Rede Globo a amaldiçoada pelos petistas? Aquela emissora que não gostava do PT? No entanto, teve nestes dois dias um comportamento considerado no mínimo enigmático.        

Decisão é sua

“Existe uma medida para acabar com a corrupção: tirar o PT do governo!”
Aécio Neves 

Elementar, Watson



Por que em todo crime no Brasil envolvendo entidades, ongs, instituições, estatais e até secretarias governamentais há sempre uma digital do PT? Não seria o caso de trocar a Polícia Federal por Sherlock Holmes ressuscitado?

Quem são os donos do Brasil


Dos milhões de cidadãos, nenhum é mais poderoso. Um só voto, seja o do maior milionário ou do mais pobre ribeirinho da Amazônia, é capaz de decidir as eleições presidenciais
Nestas eleições, o nome do Brasil e de quem deverá governá-lo nos próximos quatro anos foi pronunciado mais do que nunca. De quem é, no entanto, este país de mais de 200 milhões de habitantes, coração do continente e que, até o domingo, boa parte do mundo estará acompanhando de perto?

É dos políticos que se arrogam às vezes seu direito de propriedade? É do Governo que administra e às vezes saqueia suas riquezas para proveito pessoal ou de um grupo? É dos bancos e empresas? Das forças da ordem? Dos juízes?

Não. O Brasil não tem dono. Não têm dono suas imensas riquezas materiais e culturais; não tem dono sua gente, que são cidadãos livres para pensar e votar e não aceitam nenhum tipo de escravidão.

Esse Brasil tão cobiçado nestes dias por todos não é de ninguém e é de todos. Donos do país são todos os que nele nasceram e trabalharam.
É das pessoas: são os homens e mulheres, crianças, jovens e aposentados que têm o direito de se sentirem donos do Brasil.

Desses milhões de cidadãos, nenhum é melhor nem mais poderoso que outro. Isso é mostrado pelo fato de que um só voto, seja o do maior milionário ou do mais pobre ribeirinho da Amazônia, seja capaz de decidir as eleições presidenciais.

É a grandeza da democracia, que concede a cada cidadão, sem distinção, um voto com o mesmo peso e a mesma força de decisão.
São as ditaduras que despojam os cidadãos do direito de votar e de decidir seu futuro. As ditaduras ou os governos chamados democráticos que compram votos ao preço da corrupção.

Nos governos tiranos são os políticos e não as pessoas que são os donos do país e se arrogam o direito de usá-lo a seu gosto e vontade.