Quero ouvir a voz do meu país denunciando ditaduras, e não
compactuando com elas.
Amigos petistas (sim, ainda tenho alguns) dizem que votam no
PT por causa das suas políticas sociais. É um bom argumento: não há pessoa com
um mínimo de sensibilidade e compaixão que possa ser contra políticas de
inclusão social, especialmente num país tão desigual quanto o nosso.
A questão é que ele parte do princípio de que o PT detém o
monopólio das boas intenções sociais, e aí entramos na área da desqualificação
do adversário, da qual o partido tanto entende. Que eu me lembre, em momento
algum Aécio ou o PSDB afirmaram que pretendem mudar o que, a duras penas, já se
conquistou; mas a propaganda do PT insiste nisso e pronto, basta a palavra do
marqueteiro João Santana para transformar o que jamais foi dito em verdade
sacramentada.
Outro problema com esse argumento é que, por melhores que
sejam as intenções sociais de quem quer que seja, elas não existem fora de um
contexto mais amplo. Sem dinheiro não se faz nada, nem bom ensino, nem boa
saúde, nem distribuição de renda. Simplesmente não há política social que
consiga se manter, a médio ou longo prazo, diante de uma economia desastrosa
como a do governo Dilma.
Eu até poderia dizer, parafraseando os meus amigos petistas,
que não voto no PT justamente porque prezo as conquistas sociais do país, e não
quero que elas desapareçam levadas por uma política econômica que vai de mal a
pior.
Mas não é só isso.
Entre outros incontáveis motivos, não voto no PT porque
tenho vergonha do papel que o meu país está fazendo no cenário internacional,
abraçando ditaduras obsoletas, financiando tiranos e dando apoio a terroristas.
Ao contrário de tanta gente que prestigia o partido, eu não
acho que democracia seja essencial para nós, brasileiros, mas desnecessária
para iranianos, cubanos ou venezuelanos. Eu quero que todo mundo tenha as
mesmas prerrogativas que eu tenho, quero que todas as pessoas do mundo possam
viver e respirar em ambientes de liberdade, dizendo o que têm vontade de dizer
sem risco de ir para a cadeia no dia seguinte.
Eu quero ouvir a voz do meu país denunciando ditaduras, e
não compactuando com elas.
Passei vários anos da minha vida brigando por liberdade no
Brasil e pedindo uma imprensa livre. Na minha cabeça, não faz o menor sentido
votar, agora, num governo que apoia regimes que perseguem seus cidadãos por
crimes de opinião — e que, vira e mexe, fala em “democratizar” a mídia.
Eu vi esse filme há muito, muito tempo, e não gostei.
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