quarta-feira, 25 de março de 2015

A boa notícia da tranca do cofre

A doutora Dilma decidiu cancelar a festa de uma lei que sancionou em novembro. Melhor assim
Além da decisão da Standard & Poor’s de manter a classificação do Brasil, há outra boa notícia na praça. Seu método é meio girafa, mas vá lá. A repórter Vera Magalhães revelou que o governo decidiu congelar a regulamentação da lei que mudou o indexador das dívidas dos estados e municípios com a União. É girafa porque não fica bem para a doutora Dilma valer-se de um artifício burocrático (a regulamentação) para adiar o cumprimento de uma lei que sancionou em novembro. Contudo, é melhor fazer assim do que avançar no orçamento do andar de baixo.
No final do século passado, os estados e municípios repactuaram suas dividas com a União. Hoje, essa conta está em R$ 500 bilhões, que deveriam ser quitados em 25 anos. Com o novo indexador, as prefeituras do Rio e de São Paulo, bem como os governos de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Alagoas livram-se de um espeto de R$ 176 bilhões. Noves fora Alagoas, estão entre as administrações mais ricas do país. Estima-se que esse refresco custe à União mais de R$ 3 bilhões a cada ano. Para um governo que pretende cortar benefícios de viúvas para economizar R$ 1 bilhão anuais nas despesas de Previdência, a ideia tem alguma lógica, pois num caso os cidadãos pagaram ao INSS, enquanto no outro os governadores e prefeitos não querem pagar o que devem.

Há aí uma aula de irresponsabilidade fiscal. Lá atrás os doutores endividaram suas administrações dentro da lógica do “eu faço e meus sucessores pagam”. Destruíram-se simultaneamente os orçamentos públicos e o valor da moeda. Veio o Plano Real e arrumou-se a casa repactuando-se as dívidas. Passou o tempo e os novos doutores, liderados pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, quiseram mudar o indexador para pagar menos. Há lógica no pleito, pois todos estão com pouco dinheiro para investir.

Numa trapaça da história, Haddad, que está hoje no guichê de quem tem que pagar, em 2010 estava no balcão que produzia despesas. Como ministro da Educação, mudou o sistema de financiamento aos estudantes de faculdades privadas. Baixou os juros de 6,5% para 3,4% anuais, afrouxou o sistema de fianças e facilitou o acesso aos créditos. Os empresários das escolas viram na mudança a estatização do risco da inadimplência e estimularam a migração dos alunos para os empréstimos públicos. Segundo o ministro do Planejamento, em quatro anos, os contratos passaram de 80 mil para quase dois milhões. A carteira foi de R$ 1 bilhão para R$ 13,4 bilhões. Se a ideia era aumentar o percentual de estudantes no ensino superior privado, deu água. Os financiamentos cresceram 448%, mas as matrículas aumentaram 13%. O estudante tirava zero na prova de redação e conseguia o crédito. A própria doutora Dilma reconheceu o engano de ter entregue às escolas a porteira de acesso aos financiamentos: “O governo cometeu um erro.”

Quando a dívida dos estados e municípios foi repactuada, o professor Fernando Haddad não podia imaginar que o abacaxi acabaria na sua mesa. Quando o ministro Fernando Haddad afrouxou as regras do financiamento estudantil, sabia que o abacaxi só seria colhido 12 anos depois da formatura dos estudantes, quando começariam os resgates. Ele sustenta que uma eventual inadimplência dos alunos financiados sem fiadores será coberta por um fundo garantidor. Um problema para o caixa de 2026.

Elio Gaspari

Oportunistas de sempre

(...)Ao dar razão a Lula quando afirma que a Operação Mãos Limpas na Itália resultou em Berlusconi, observei que na terra arrasada costumam triunfar os piores oportunistas. Esqueci de registrar que no Brasil os piores oportunistas estão a postos desde sempre.

Alberto Dines

A arte de maldizer

Malditos sejais, ó mentirosos, negadores, defraudadores, vigaristas, intrujões, chupistas, tartufos e embusteiros! Que a peste negra vos cubra de feridas pútridas, que vossas línguas mentirosas sequem e que água alguma vos dessedente, que vossas mentiras, patranhas, fraudes, lérias e marandubas se transformem em cobras peçonhentas que se enrosquem em vossos pescoços, que entrem por vossos rabos, cus, rabiotes e fundilhos e lá depositem venenosos ovos que vos depauperem em diarreias torrenciais e devastadoras. Que vossas línguas se atrofiem em asquerosos sapos e bichos pustulentos que vos impedirão de beijar vossas amantes, barregãs e micheteiras que vos recebem nos lupanares de Brasília, nos prostíbulos mentais onde viveis, refocilando-se nas delícias da roubalheira.

Malditos sejais, ladrões, gatunos, ratoneiros, trabuqueiros dos dinheiros públicos, dos quais agadanhais, expropriais mais da metade de todos os orçamentos, deixando viadutos no ar, pontes no nada, esgotos a céu aberto e crianças mortas de fome, mortas de tudo.

Que a maldição de todas as pragas do Egito e do Deuteronômio vos impeça de comer os frutos de vossas fazendas escravistas, que não possais degustar o pão de vossos fornos, nem o milho de vossos campos, e que vossas amantes vos traiam e vos contaminem com escabrosas doenças e repugnantes furúnculos!

Malditos sejais, homúnculos dedicados a se infiltrarem nas brechas, nas breubas do Estado para malversar, rapinar, larapiar desde pequenas gorjetas embolsadas até essa doença nacional chamada petróleo, em que vos repastais no revezamento sinistro de “negociarrões” com empresas-fantasma em terrenos baldios, até a rapinagem dos mínimos picuás dos miseráveis.

Malditas sejam as caras de pau dos ladravazes, com seus ascorosos sorrisos, imunda honradez ostentada, gélido cinismo, baseado na crapulosa legislação que vos protege há quatro séculos, por compradiços juízes, repulsivos desembargadores, fariseus que vendilham sentenças por interesses políticos, ocultados por intrincados circunlóquios jurídicos, solenes lero-leros para compadrios e favores aos poderosos! Que vossas togas se virem em abutres famintos que vos devorem o fígado, acelerando vossas morte,s que virão pela ridícula sisudez esclerosada com que justificais liminares e chicanas que liberam criminosos ricos e apodrecem pobres pretos na boca do boi de nossas prisões!

Malditos sejais, burocratas, sicofantas, enfiados na máquina pública, emperrando-a e sugando migalhas do Estado com voracidade e gula! Tomara que sejais devorados pelos carunchos que rastejam nos processos empoeirados da burocracia que impede o país de andar! Que a poeira dos arquivos mortos vos sufoque e envenene como o trigo roxo dos ratos!

Malditas sejam também as “consciências virginais”, as mentes “puras”; malditos os alienados e covardes, malditos os limpos, os não culpados, os indiferentes, que se acham superiores aos que sofrem e pecam; malditos intelectuais silenciosos que ficam agarrados em seus dogmas, que se “escandalizam” com os horrores, mas nada fazem diante dos erros óbvios que clamam por condenações. Maldito aquele que culpou os “brancos de olhos azuis” pela crise econômica mundial. Malditos os que só pensam em dividir os brasileiros entre “nós” e “eles”. Maldita seja a técnica de vitimização que funciona bem para ditadores que se dizem sempre “defensores do povo” – suas vítimas. Malditos os que condenam o passado, se eles são o passado.

Malditos os radicais de cervejaria, os radicais de enfermaria e os radicais de estrebaria. Os frívolos, os loucos e os burros. Uns bebem e falam em revolução; outros alucinam, e os terceiros zurram.
Maldita seja também a indiferença narcisista do déspota sindicalista que renegou a herança bendita que recebeu e que se esconde nas crises para voltar um dia como pai da pátria. Que gordos carrapatos infectem sua barba de estadista deslumbrado.

Malditos também os que desejam trazer de volta a irresponsabilidade fiscal, malditos anjos da cara suja, malditos os que inventaram as gorjetas de milhões, malditos espertos fugitivos da cassação, anatematizados e desgraçados sejam os que levam dólares na cueca e, mais que eles, os que levam dólares às Bahamas, malditos os que usam o “amor ao povo” para justificar suas ambições fracassadas, malditos bolchevistas que agora são arroz de festa de intelectuais mal-informados; malditos sejam, pois neles há o desejo de fazer regredir o Brasil para o velho atraso pustulento, em nome de suas ideologias infantis!

Se eles prevalecerem, voltará o dragão da inflação, com sete cabeças e dez chifres e sete coroas em cada cabeça e a prostituta do atraso virá montada nele, berrando todas as blasfêmias, vestida de vermelho, segurando uma taça cheia de abominações. E ela, a besta do atraso, estará bêbada com o sangue dos pobres, e em sua testa estará escrito: “Mãe de todas as meretrizes e mãe de todos os ladrões que paralisam nosso país”.

Só nos resta isso: maldizer.

Portanto: que a peste negra vos devore a alma, políticos canalhas, que vossos cabelos com brilhantina vos cubram de uma gosma repulsiva, que vossas gravatas bregas vos enforquem, que os arcanjos vingadores vos exterminem para sempre!

Arnaldo Jabor
*Não pude escrever o artigo da semana por doença (nada grave, inimigos meus), mas me lembrei de outro texto da época do mensalão e achei por bem republicá-lo, pois cabe perfeitamente nestes tempos de petrolão. 

Sair da crise é o desafio para a presidente

O jornal britânico Financial Time, matéria transcrita pelo Globo na edição de 23, prevê que a situação econômica brasileira pode se agravar em 2015 e até estender-se por mais tempo. De fato, esse é o desafio que se coloca à frente da presidente Dilma Rousseff: sair da crise o mais rapidamente possível, pois ela se reflete diretamente nos níveis de emprego e consumo. E sem ambos os setores funcionando normalmente, não existe atmosfera política que resista. A estabilidade do país depende da superação dos obstáculos colocados na rota do Planalto.

O primeiro deles causado pela onda de corruptos e corruptores que atingiu e aprisionou a Petrobrás. A culpa é desses atores somados aos operadores de câmbio e de falsas doações. Não se trata de influência externa, como sustentou o deputado Sibá Machado do PT, em artigo na mesma edição de O Globo, culpando a CIA. Os fatores são internos, entre eles ex-diretores e ex-gerentes da própria estatal alçados aos cargos ao longo de mais de uma década.

Não adianta tampouco dizer-se que a corrupção vem do período FHC. Pode ser. Mas cresceu de forma gigantesca durante os mandatos do presidente Lula até que atingiu seu ponto de explosão no final do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. Esse bando de ladrões é o maior adversário real do governo atual, sobretudo em função do descrédito público a que foi conduzido o país. Os assaltantes são os maiores inimigos da administração federal e do próprio Brasil.

Pois ao conseguir abalar a Petrobrás, e a empresa é vital para o país, os assaltantes abalaram a nação. O que parecia impossível foi alcançado por um elenco de ladrões que tiveram força para comprometer o presente e ameaçar o futuro.

Não será com projetos do ministro Joaquim Levy que o Poder Executivo vencerá a etapa gigantesca que tem pela gente. Pois apertar as contas públicas conduz à redução do consumo e a diminuição deste projeta-se no mercado de trabalho, como já está acontecendo. Para livrar-se do espelho das contradições, em primeiro lugar Dilma tem que assumir uma posição bem mais firme e incisiva na órbita da estatal, de fato, onde estão os seus piores e verdadeiros inimigos.

De nada adiantará ouvir versões como a de Sibá Machado. São falsas. Imparciais. Ilusórias. Não enganam a pessoa alguma. Pelo contrário: só elevam o grau de desconfiança na ação do governo. Transformar inimigos totais em vítimas do acaso é entrar em colisão frontal com a essência da atuação do poder. Pois se ele não se mostra capaz de identificar a verdade à sua volta, como a opinião pública poderia reagir?

A sociedade não se sente representada através da omissão e do acobertamento dos verdadeiros traidores do Planalto. Só o processo da verdade e a transparência que descortina a realidade será capaz de impulsionar o governo, fazendo-o ultrapassar a etapa atual e dar início a um esforço de recuperação do tempo perdido. Mas está tentando recuperação com iniciativas que não mobilizam. Antes, ao contrário, desmobilizam o povo e o país.
 Pedro do Coutto

As maldades do Pato PT

A sujeira da ficha do ‘Pato’

Vá o cidadão tirar para conseguir emprego um levantamento sobre sua ficha e lá encontra estar respondendo por 18 inquéritos civis. Será que consegue o emprego?

Numa empresa privada talvez nem sequer com pistolão. Mas quando se é prefeito e presidente regional do PT, o cargo na empresa pública é garantido e pode até se dar ao luxo de considerar normal uma “variação” patrimonial de meros e inúteis R$ 3,5 mil mensais.

Para o presidente do PT fluminense, essa “variação” não é causada por nenhuma irregularidade como se fosse normal entre os mortais trabalhadores, que precisam suar para conseguir até um aumentinho legal.

Numa das mais cínicas declarações, Washington Quaquá, de codinome Pato, considerou sobre reportagem mostrando a asséptica ficha dos prefeitos fluminense que é um sujeito limpo, apesar de estar inelegível por oito anos.

O cúmulo da cretinice é destacar que as 18 ações cíveis, a maior soma entre os prefeitos no estado, são “denúncias encaminhadas por motivações políticas”.

Ah, PT até quando vais abusar de nossa paciência?


A Sassá Mutema de Maricá

Apenas com o currículo de ser filha de Lula, Lurian Silva está a caminho de ser a dona de Maricá como o pai se tornou “o dono do Brasil”. Os petistas colocaram o bloco da sucessão de Quaquá nas ruas de Maricá inclusive com enquete (adivinha quem paga) para escolher o candidato do partido em 2016 em uma lista tríplice.

A 'baixinha' quer voar para o executivo

Há tempos “diretora” da revista Maricajá, de propriedade de Quaquá e da mulher, deputada estadual recém eleita, que se não tiver receita abocanha na bica pública, Lurian tem investido no município. Está em todas inclusive no desfile de 2014 da Grande Rio ao lado do casal 171.

A lista da pesquisa, que deve dar Lurian na cabeça, é completada pelo vice-prefeito, conhecido zero à esquerda, e por um forte candidato. Chiquinho, dono de trailer, ex-coordenador de campanha de madame Z, mulher de Quaquá, em 2010, hoje presidente da Câmara.

Em resumo, o PT continuar a cagar e andar para o município. Quer fazer mais sujeira para garantir a continuação no poder e no bolso público.

Quem nos livrará?

Por motivos ideológicos, obviamente contrários ao regime democrático, embora sempre se considerem seus arautos, nem a presidente, nem seus principais auxiliares são capazes de reconhecer que estão errados na condução do país. Querem, na verdade, apartá-lo entre ricos e pobres e não conseguem mostrar nada senão isso, vítimas que são (ou serão autores?) de uma esquerda autoritária e retrógrada.
A mentira como tática e a defesa intransigente de uma esquerda autoritária poderão levar a maioria da sociedade brasileira à aceitação do impeachment (que é, repito, um instrumento legítimo e de autodefesa do regime democrático), mas sem, hoje, as condições jurídicas necessárias, advertiu o ex-ministro (do STF) Carlos Ayres Brito.
Presidente: não entregue (só) a Deus o nosso destino. Convoque não apenas o país, mas, sobretudo, auxiliares competentes e comprometidos com a liberdade, e antes que a despachem para casa... E, depois, reze, como, aliás, farão todos os que têm juízo.
O Brasil é muito maior do que todos nós!
Acílio Lara Resende

E dos ricos, o governo não vai tomar nada?!

Na semana passada tratei da cota de sacrifícios que o governo deveria fazer e falei do que quer fazer contra os trabalhadores (nas pensões e no seguro-desemprego). Agora, vou tratar da parte que cabe aos ricos no ajuste fiscal. Esqueci-me, no entanto, do abono salarial que o governo também quer cortar: acho uma verdadeira crueldade mexer nesse benefício, que vai para quem menos ganha e que – pasmem! – foi criado por Médici no auge do arrocho salarial da ditadura.


Voltemos aos ricos. A gritaria agora é constante. E mostra direitinho o que separa cada fração da classe burguesa, essa nomenclatura tão desprezada hoje em dia, a ponto de alguém, nas recentes manifestações, ter desfilado com um curioso cartaz: “Prisão para Karl Marx”.

Os grandes empresários industriais, que querem capital de giro em longo prazo, agora chiam por causa dos juros estratosféricos e do fim das desonerações. Cadê o projeto de taxação das grandes fortunas apresentado pelo ex-senador FHC? É preciso dizer em alto e bom som: os grandes empresários no país não pagam Imposto de Renda. Isso mesmo. É ridículo imaginar que sobre o que recebem devem pagar os mesmos 27,5%, a maior alíquota existente, que incide sobre a classe média de maiores rendimentos. Só que o desconto da classe média – como de resto dos demais trabalhadores – já vem tungado no contracheque mensal. Ninguém tem como escapar. Eles, os ricos, por meio de vários mecanismos, acabam nada pagando ou pagando uma mixaria, como se pode ver em publicação dos procuradores da Fazenda nacional. Em folder amplamente distribuído, os procuradores listam algumas das maneiras de sonegar: lavagem a frio (com a propina embutida no serviço ou produto), “off-shores”, “laranjas” e “fantasmas” (todos sabem o que significam esses nomes), “dólar cabo” (um doleiro daqui tem conta no exterior e um doleiro de lá deposita na conta e depois faz uma compensação paralela), e por aí vai. Além disso, a estrutura de impostos no Brasil é regressiva, e todos pagam mais impostos indiretos que diretos (o que vai onerar quem vive de arroz com feijão).

Os bancos, estes nem piam. Consultem seus balanços. Agora, o Banco Central anda preocupado com os bancos públicos porque todos tiveram de participar dos financiamentos para os grandes da construção civil e pesada, que agora estão dando o calote com a operação Lava Jato.

Já o problema dos pupilos de Kátia Abreu e Ronaldo Caiado é de outra fonte: a China, grande importadora das commodities agrícolas, decidiu fechar a torneira e não vai fazer jorrar grana para a conta deles. Concorrendo com os importados, a indústria nacional não consegue ter preços competitivos. A patuleia, que antes havia sido mimada com créditos de toda ordem, agora nem compra mais, e muitos já ficaram inadimplentes, tendo de cortar até na comida.

É justo que Joaquim Levy fique negociando sem parar com os grandes empresários e ainda não tenha se reunido com os trabalhadores?

Enquanto isso, aqui, ao lado de onde moro, em Brasília, o ronco do helicóptero continua...

Sandra Starling

Vinagre com espinhos


Eu hoje estou pulando como sapo
Pra ver se escapo
Desta praga de urubu

(Noel Rosa)
Eis aí onde veio parar, em apenas dois meses de segundo mandato e exatamente como tinha de acontecer, o governo da presidente Dilma Rousseff – ficou sem roupa, como no samba de Noel, e agora está aí, todo santo dia, pulando dos desastres de ontem para os desastres de hoje, e já apavorado com os que virão amanhã. O último infortúnio a entrar em cena é essa lista do procurador-geral Rodrigo Janot, pedindo que o Supremo Tribunal Federal autorize a abertura de inquérito contra 54 políticos e agregados suspeitos de envolvimento na corrupção histórica da Petrobras – calamidade destinada a tornar-se, por sinal, o centro da biografia de Dilma e de sua passagem pela Presidência da República.
Leia mais o artigo de J. R.Guzzo

Ascensão e queda de Lula, brasileiro chamado Esperança

Lula teve duas fases desde a sua ascensão ao poder: a esperança e a decepção. Ao assumir pela primeira vez a presidência da República, Lula trazia consigo a expectativa de como um simples brasileiro comandaria a Nação. Havia muita esperança e seus primeiros anos de governo foram arrebatadores, com a economia em franca expansão e aumento substancial dos beneficiários do Bolsa Família.

A partir da metade da sua primeira gestão, começou a pipocar a corrupção: Escândalo dos Bingos; Assessor do deputado José Guimarães (PT-CE), irmão de José Genoino, transportando dinheiro numa mala e dólares na cueca; Mensalão; Quebra do sigilo de um caseiro e demissão de Palocci; Compra de um dossiê por parte de agentes da campanha do PT, em São Paulo.

Mesmo assim, Lula foi reeleito, porque teve massiva votação dos bolsistas e da classe média, com a economia em crescimento.

No seu segundo mandato, Lula enfrentou novos problemas graves: Desdobramento do mensalão; Crise no setor aéreo; Cartões Corporativos; Rosegate; Passaportes diplomáticos; Enriquecimento da família (seu filho era o “Ronaldinho” dos negócios); Erenice Guerra. E agora o escândalo da Petrobras mostra apenas a ponta do iceberg, pois falta apurar o BNDES, os Fundos de Pensão e as outras estatais.

A grande mídia brasileira tem sua parcela de culpa, ao endeusá-lo, ao inflar-lhe o ego de tal maneira que a fama lhe subiu à cabeça de forma inexorável e altamente prejudicial no desenrolar da sua trajetória como chefe da nação e, posteriormente, como “orientador” de Dilma Rousseff.

Lula deve ter imaginado que era de fato um milagreiro, que era “o cara”! Mas foi enganado e enganou a si mesmo, e hoje paga o preço pela sua furtiva glória, porém interminável desonra.

Daqui para a frente, Lula deve servir de exemplo para que o povo não caia mais em armadilhas políticas, tipo salvador da pátria e pai dos pobres. As duas administrações do ex-metalúrgico redundaram na maior crise moral e ética já registrada no país, culminando com a conclusão que venho escrevendo há tempos: Lula traiu o povo e País!

A experiência de tê-lo como presidente da República pode evitar que os próximos mandatários se comportem como ele, fiquem deslumbrados com o poder e se sintam onipotentes.

Francisco Bendl