segunda-feira, 30 de junho de 2014

Legenda


No princípio
Houve treva bastante para o espírito
Mover-se livremente à flor do sol
Oculto em pleno dia
No princípio
Houve silêncio até para escutar-se
O germinar atroz de uma desgraça
Maquinada no horror do meio-dia.
E havia, no princípio,
Tão vegetal quietude, tão severa
Que se entendia a queda de uma lágrima
Das frondes dos heróis de cada dia.
Havia então mais sombra em nossa via.
Menos fragor na farsa da agonia,
Mais êxtase no mito da alegria.
Agora o bandoleiro brada e atira
Jorros de luz na fuga de meu dia -
E mudo sou para cantar-te, amigo,
O reino, a lenda, a glória desse dia
.

 Mário Faustino dos Santos e Silva (1930 -1962), foi poeta, crítico, tradutor e jornalista

Estupidez e ingenuidade

"Felizes dos ingênuos que conseguem amar-se a si mesmo e odiar a seus inimigos! Felizes dos patriotas que jamais precisam duvidar de si próprios, pois nunca sentiram a menor culpa da desgraça e da ruína de suas pátrias! (...) Talvez até vivam invejavelmente satisfeitos e tranquilos dentro da couraça de sua estupidez ou de sua extrema e nojenta periculosidade"

Hermann Hesse

Sobre mordidas e legados

O mago Lula estava certo quando apostou as fichas para sediar a Copa. Já o estadista que atende pelo mesmo nome, elegeu um poste, porém não cuidou para que ficasse firme e ligado à rede
Em matéria de repercussão, sem dúvida, é a Copa das Copas. Obama, o cestinha, acendeu a luz verde ao posar para fotos a bordo do Air Force One assistindo ao embate da sua seleção com a Alemanha e a porta-voz do Departamento de Estado compareceu ao briefing matinal com a imprensa com o agasalho da seleção ianque.
Também no âmbito da geopolítica o resultado é superlativo: despachados de volta três gigantes (Inglaterra, Itália e Espanha), a Europa futebolística assemelha-se à Europa política, amarrada a velhos vícios, desfibrada. A esta altura do campeonato, Américas e África consolidam-se como as grandes reservas para o futebol do futuro. O que não impedirá que o Velho Mundo através da Alemanha, Holanda e França ainda venham a empalmar a Jules Rimet na final da 20a edição do Mundial de Futebol.
Submetidos às aflições de prazos rígidos e padrões impecáveis, saímos pela tangente oferecendo ao mundo a ideia da precariedade feliz, da transitoriedade permanente, do relaxar e gozar, do vai levando e deixa rolar.

sábado, 28 de junho de 2014

E aos que mordem a alma, o quê?


     O castigo dado ao jogador do Uruguai, Luis Suárez, por ter dado uma dentada no ombro de um colega de trabalho italiano foi rápido, exemplar, severo e sem direito a apelação. Um castigo que atinge toda a seleção, que fica fragilizada para seguir disputando a Copa.
     Não entro na polêmica sobre o possível excesso da Fifa. Psicólogos, psiquiatras e psicanalistas já analisaram ativa e passivamente essa mania feia de Suárez por morder seus companheiros de profissão. É uma disfunção de comportamento da qual Suárez deverá se tratar. A justiça esportiva estava, no entanto, obrigada tomar uma atitude. E o fez com rapidez.
    O que eu gostaria é sentenças igualmente severas e fulminantes fossem aplicadas em nossa sociedade a todos aqueles, sejam pessoas ou instituições, que mordem nossa alma, nossos legítimos direitos e até nossos sentimentos mais íntimos. 
"Nossa sociedade melhoraria se a justiça fosse severa e inapelável, como foi com o jogador, com todas as mordidas morais, que não fazem sangrar, mas doem e humilham mais que as da boca"
Leia mais o artigo de Juan Arias 

Euforia com os juros


     O governo anda eufórico mesmo que a Copa das Copas, a grande jogada marqueteira, tenha se transformado na futebolística Copa dos Gols, bem mais adequada e nada política. Ainda assim saúdam os arautos governamentais que os prognósticos pessimistas não se confirmaram. Faz parte do jogo, quando uns se arvoram em profetas e até fazem, como no caso da mídia, um alerta. Mas é certo que, apesar da dedicação em pintar uma grande Copa em realizações para o povo, só se viu mesmo as arenas superfaturadas com dinheiro público envolvido.
     De resto, a mobilidade urbana acabou mesmo imóvel. Como bem disse a presidente, a Copa é para os brasileiros e como tal as obras que ficaram para depois serão concluídas no velho jeitinho, nas calendas ou ficarão de vez como promessas em ruínas.
    Tudo como dantes. As obras sairão um dia, quem sabe. Até lá é aproveitar os juros eleitorais do que não se fez para se reeleger. Velha manobra de raposas que a urubuzada aproveita para fazer revoada.

Desafiando as mudanças climáticas


A América Latina e o Caribe são zonas climáticas altamente vulneráveis aos impactos das mudanças no clima e, embora na atualidade sua emissão de gases de efeito estufa se mantenha baixa em relação aos níveis globais, suas demandas de energia crescem à medida que se industrializam e se urbanizam.
     É por isso que ambas as regiões decidiram tomar posição no assunto e apostar em projetos sustentáveis que garantam um desenvolvimento que respeite o meio ambiente e uma transformação econômica para o uso de energias limpas e programas de baixa emissão de gases de efeito estufa. Através de fundos provenientes do CIF, Climate Investment Funds (fundos constituídos por numerosos países europeus e os EUA para financiar projetos eco-sustentáveis), estão sendo desenvolvidos 39 projetos em treze países da América Latina e do Caribe. Juntos somam um investimento de 686 milhões de dólares (1,52 bilhão de reais), o que representa 8,5% dos 8 bilhões de dólares que o CIF destina aos países em vias de desenvolvimento.

 "O objetivo é impulsionar programas que promovam energias limpas, reflorestamento, práticas agrícolas que respeitem o meio ambiente, restauração e preservação de ecossistemas degradados (como a barreira de coral na Jamaica e no Haiti) e o acesso à água, entre outros"

Túnel do Tempo


Versão completa da grande interpretação de Lena Horne
no filme homônimo "Stormy Weather" de 1943

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Sempre pode piorar

Quem diria, hein?

Alerta para as muitas festas saudando a maquiagem de um grito de guerra que assolou o país e engessou a cidadania

     Há um vozerio pelas redes sociais bem interessante para o momento político do Brasil e, quem diria, promovido pelas fontes petistas, que sempre deram as caras como esquerdistas. Bastou uma empresária destacar o progresso do país nos últimos anos sob a gestão petista, com índices sempre de leves pinceladas dos marqueteiros, para se ouvir muitos vivas. E surpreendentemente quando anunciou a mesma que os “envergonhados” deveriam se mudar, aí muita gente aplaudiu de pé na plateia.
    Talvez seja o esquecimento que sempre circula nos ares brasileiros que gerou tanta festa. Os petistas sentiram–se mais patriotas do que todo mundo depois das declarações da empresária que até nem notaram a proposta embutida nas declarações. A empresária, curiosamente, ressuscitou o Ame-o ou Deixe-o dos tempos ditatoriais sem que um petista se levantasse contra. O que está acontecendo no país que a retomada de velhos gritos de guerra da repressão sejam retocados pelo PT sem receber um gesto de repúdio?
     O país, neste ano eleitoral, se tornou uma arena de vale-tudo. Inclusive como está fazendo o PT acenando até bandeiras que tanto defendeu no passado, esquecidas pela necessidade de manter o poder.  E fazendo retornar o passado acaba por ressuscitar os lemas da ditadura, até porque mesmo alguns de seus programas têm raízes bem lá atrás. E como qualquer coisa está servindo para garantir o continuísmo de um partido que quer se manter no Planalto por 20 anos, coincidentemente o tempo ditatorial, até vale um Ame-o ou Deixe-o com outras cores e em outras alegorias. Falta gritarem pra frente Brasil, pois não admitem em nenhum momento que o progresso de um país só se revigora com a renovação de ares. Se continuar sem aeração, o ar poluído faz estagnar qualquer democracia, ou desejo dela. Acaba um estado bolivariano de bananas podres sob o comando de títeres inqualificáveis.     

Preocupação com 'eles'


A presidenta Dilma deveria voltar aos estádios?


     Alguns jornalistas estrangeiros amigos meus não entendem por que a presidenta Dilma, mesmo com as vaias recebidas em São Paulo na abertura da Alguns jornalistas estrangeiros amigos meus não entendem por que a presidenta Dilma, mesmo com as vaias recebidas em São Paulo na abertura da Copa do Mundo brasileira, não voltou aos estádios.
     Em resposta aos insultos de mau gosto recebidos na abertura da Copa, Dilma afirmou, brava: "Não odeio, mas não me dobro". Houve quem tenha interpretado aquelas palavras como um desafio que levaria a presidenta, na segunda passada, a estar presente no simbólico estádio de Brasília, onde a seleção brasileira decidia sua classificação nesta Copa e no qual estavam virados os olhos e o coração da grande maioria do país e meio mundo.
    Dilma não apareceu. Por medo? Impossível acreditar nisso. Talvez por conselho da FIFA? Seria imaginável que a dura ex-guerrilheira pudesse se dobrar às opiniões de uma FIFA tão desprestigiada internacionalmente.
"A publicidade, em nossa era da comunicação global pode ser importante para vender melhor um produto mesmo sem valor, mas não para vender pessoas, cuja melhor riqueza e propaganda deveria ser sua autenticidade"


quinta-feira, 26 de junho de 2014

Um leve desvio


Solta no ar


Empregos em marcha lenta

Os números divulgados pelo Ministério do Trabalho nesta terça foram os piores em 22 anos e atingem um dos maiores cartões de visitas das gestões petistas 
      Um dos grandes trunfos dos Governos petistas foi a generosa geração de empregos. Foram mais de 20 milhões de vagas com carteira assinada, criadas sob as duas administrações de Lula e na atual, de Dilma Rousseff. Esse diferencial competitivo, porém, entrou em marcha lenta, com uma redução significativa no número de vagas criadas no mês de maio. Foram gerados 58.836 postos de trabalho, quase metade do total gerado no mês anterior, e 18,3% a menos do que no mesmo mês do ano passado, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho. Trata-se do pior desempenho mensal desde 1992, quando o país vivia um processo de instabilidade política, que culminou no impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello.
     A notícia era esperada, uma vez que todos os indicadores já vinham demonstrando um desempenho pífio, a começar pelo baixo crescimento do Produto Interno Bruto no primeiro trimestre, quando fechou em 0,2%, em relação ao trimestre anterior. “A balança comercial, a produção industrial e a intenção de consumo das famílias, por exemplo, apontam para a mesma tendência de queda”, diz Guilherme Dietze, economista da Federação do Comércio do Estado de São Paulo. “Diante desse cenário, as empresas assumem uma postura mais defensiva”, explica.

Turbinando os gastos


     No ano em que a presidente Dilma Rousseff disputa a reeleição, o Palácio do Planalto acelerou seus gastos com autopromoção: de janeiro a maio, a Presidência da República desembolsou 92,3 milhões de reais em publicidade institucional.
    O montante representa um salto de 61,84% em relação ao mesmo período em 2013, quando mais de 57 milhões de reais foram pagos, segundo levantamento feito pela ONG Contas Abertas a pedido do site de VEJA. Em relação a 2011, quando 39,7 milhões de reais foram usados de janeiro a maio para promover ações da Presidência, o aumento foi de 132,51%.
     No ano em que a presidente Dilma Rousseff disputa a reeleição, o Palácio do Planalto acelerou seus gastos com autopromoção: de janeiro a maio, a Presidência da República desembolsou 92,3 milhões de reais em publicidade institucional. O montante representa um salto de 61,84% em relação ao mesmo período em 2013, quando mais de 57 milhões de reais foram pagos, segundo levantamento feito pela ONG Contas Abertas a pedido do site de VEJA. Em relação a 2011, quando 39,7 milhões de reais foram usados de janeiro a maio para promover ações da Presidência, o aumento foi de 132,51%.
     O valor planejado pelo Planalto para a publicidade institucional é ainda maior: 201,2 milhões de reais. A cifra se refere ao montante empenhado (jargão orçamentário para um compromisso de gasto) até maio. Os 92,3 milhões de reais referem-se, portanto, àquilo que foi realmente pago pela Presidência. O levantamento do Contas Abertas leva em conta apenas os gastos da Presidência, excluindo-se ministérios.

Democracia Usurpada



     Foram constatadas fraudes nas eleições presidenciais norte-americanas em 2000 e 2004, amplamente divulgadas por todas as mídias internacionais. Tais constatações são relevantes para a discussão do sistema brasileiro, significativamente declarado, por diversos especialistas, como frágil, manipulável e pouco confiável.
    Filmado durante três anos, o documentário "Democracia usurpada" ("Hacking Democracy" ), produzido pela HBO, trata as anomalias e irregularidades com os sistemas de voto eletrônico que ocorreram durante os anos acima mencionados nas eleições americanas, especialmente no condado de Volusia, na Flórida. O documentário investiga possíveis violações à integridade das máquinas da empresa Diebold usadas nas votações usadas no Brasil, entre diversos outros incidentes, discussões e testes.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Sem voz e vez


“Nascer no Brasil até que é bom, meu querido. O triste é não ter voz. Nem ter vez”

Lygia Fagundes Telles

Um novo império, a mesma corrupção


    Há cem anos, Washington era a potência hegemônica e ameaçava a América Latina com sua política do Grande Porrete (ou Big Stick, a intervenção militar). Hoje são os chineses, a segunda economia mundial em uma ordem multipolar, os que fizeram do subcontinente uma das alavancas de seu novo salto à frente no século XXI.
    As bananas da United Fruit Company, o café de Chiapas e da América Central, o jogo e a prostituição em Cuba foram substituídos pelo desembarque de empresas e profissionais chineses, ávidos por matérias-primas, mas também por investimentos e oportunidades de desenvolvimento em novos campos, como infraestrutura e tecnologia.
    Hoje, bem no momento em que busca a si mesma, a América se pergunta o que esperar desta febre invasora chinesa. Quais são seus interesses? Cada vez menos, energia e matéria-prima. Pequim já tem 40% de ambas na África e 30% na América Latina.
"E quando alguém ouve que o novo modelo democrático é o chinês, começa a pensar o que significa esse conceito para uma América Latina que está aprendendo a ser livre, sem conseguir se desfazer de sua herança histórica: a corrupção. Uma corrupção que, no código chinês, mistura-se à honra, o que dá poucas esperanças de uma futura regeneração moral que se junte ao nascimento de novas classes governantes latino-americanas"

Nossos ‘mortos’ no funcionalismo


TCE-RJ divulga irregularidades em folhas de pagamento dos municípios fluminense que inclui até mortos como funcionários

     Prefeituras de 21 municípios remuneraram 109 pessoas mortas, entre os anos de 2012 e 2103. Mas a identificação de “falecidos” nas folhas de pagamento não foi o único problema identificado pelos técnicos do Tribunal de Contas do Estado, na auditoria especial realizada no ano passado para verificação de remuneração de pessoal e acumulação de cargos. A fiscalização, que teve resultados parciais divulgados durante o seminário ‘Vitrine de Auditorias’, apontou ainda que, das 91 prefeituras fiscalizadas, 36 (39,56%) pagam salários acima do teto constitucional; 89,01% mantêm em folha pagamento servidores com acumulação ilícita de cargos; 94,50% cometem alguma irregularidade na remuneração de seus agentes políticos, e 10,98%  pagam salários inferiores ao piso nacional.
    Ao longo do encontro, organizado pela Escola de Contas e Gestão (ECG) e aberto pelo presidente do TCE-RJ, Jonas Lopes de Carvalho Junior, foram divulgados dados, também parciais, de outras duas auditorias realizadas em 2013: Regimes Próprios de Previdência Social e Controle de Obras Públicas. “Nós estamos no rumo certo. Sem esse tipo de auditoria não conseguiríamos os achados a que chegamos. Por exemplo, um profissional com 11 matrículas em municípios diferentes”, afirmou o presidente, chamando a atenção para o desenvolvimento das chamadas auditorias temáticas.
     “Com essa nova mecânica estamos conseguindo fiscalizar melhor. Isso é motivo de muito orgulho. A mola mestra da Casa é o seu corpo funcional”, disse ele, que também destacou a produtividade dos técnicos. “Nós passamos de 200 auditorias por ano para 850. Este é o principal objetivo do Tribunal: fazer com que os recursos públicos não caminhem para o ralo. No ano de 2013, só em editais revogados, economizamos mais de R$ 3 bilhões. Nos editais que tiveram redução, a economia foi de quase R$ 200 milhões. A sociedade pode confiar no TCE porque aqui tem gente comprometida com a boa aplicação dos recursos públicos”, garantiu.
     Além das folhas de pagamento problemáticas, as prefeituras também apresentaram incorreções em seus Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS), sendo a falta de transparência o principal deles, como ficou demonstrado na auditoria realizada nesse campo. “De um total de 74 municípios que contam com o RPPS, 72 não fornecem informações para os segurados, nem para a sociedade”, enfatizou  Márcio Henrique Rodriguez Cattein, da Subsecretaria de Controle Municipal (SUM).
     Dos 91 municípios fiscalizados pelo TCE-RJ, 74 possuem RPPS e foram auditados.  Outros 14 municípios estão vinculados ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e três possuem RPPS em processo de extinção. O levantamento realizado pelo TCE levou em conta a organização e funcionamento dos RPPS, o caráter contributivo, avaliação atuarial e as aplicações financeiras, para verificação do equilíbrio do regime.
De acordo com o levantamento, 16,21% das unidades gestores dos RPPS utilizam irregularmente os recursos previdenciários. Em 64 municípios os auditores descobriram que as prefeituras não estão repassando recursos ao órgão gestor do RPPS decorrentes de contribuições, parcelamentos e encargos. Também não realizam os aportes necessários para a cobertura. E mais: 67,56% dos municípios visitados (equivalente a 67,56% do total) não adotam as providências para a manutenção da base cadastral, de forma a dar confiabilidade nos números de beneficiários.
     Diante de tantas falhas e irregularidades, o presidente Jonas Lopes fez um alerta: “Eu já fui presidente de uma previdência municipal, em Campos dos Goytacazes, que na época se chamava Caprev. Todas estão em uma situação muito difícil. Se o gestor não entender que está tratando de vida e de conforto na hora em que a pessoa mais necessita, essas entidades vão entrar em estágio pré-falimentar, como está quase ocorrendo com o Rioprevidência”.
Na área de gestão de obras, a fiscalização dos técnicos do Tribunal também chegou a cenários que merecem atenção das prefeituras.  Segundo João Marcos Daroz, da Subsecretaria de Auditoria e Controle de Obras e Serviços de Engenharia (SSO), 69% dos municípios não têm controle adequado da qualidade dos materiais e serviços empregados nas obras.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Difícil de encher

Nani Humor

Maus políticos são filhos dos maus eleitores

Limpar a imundície que criamos com nossos votos exige que arregacemos as mangas e comecemos a faxina por aqui e que nossos irmãos façam o mesmo em suas cidades
O Brasil foi tomado por gente metida a esperta que acha que sabe tudo de política. As tribunas são os botequins, praias no final de semana, fila do banco ou qualquer lugar onde haja plateia. Deitam falação a chamar políticos de ladrões e que “é tudo igual” e que o negócio é anular o voto e até deixar de comparecer às seções eleitorais. Pobre Brasil! Enchem a boca para falar de democracia e querem anular a mais universal forma de manifestação popular; o voto livre e secreto.
Quando chegar a hora lá estará boa parte dos “democratas” trocando o voto por promessas de emprego, tijolo, telha, cesta básica e até dinheiro vivo. Qualquer “cinquentinha” compra a consciência dos metidos a honestos. O mal está feito.
Os filhotes da corrupção fincaram raízes e tomaram Brasília, nossas capitais estaduais e nossos municípios e não querem sair. Deles vêm as leis que lhes garantem a impunidade, a riqueza, a continuidade quase eterna. Tratam de espalhar pelo sofrido Brasil suas garras transformando empresas públicas, Estados e Cidades em instrumentos da roubalheira. Só quem pode dar uma solução somos nós todos e, exatamente, usando o mesmo instrumento que transformou o Brasil num lamaçal.

O nunca será hoje

Charlie Chaplin em "O Grande Ditador"
Quando os dominadores tiverem falado
Os dominados falarão.
Quem ousa dizer: Nunca?
De quem a responsabilidade, se a opressão continuar?  Nossa.
De quem a responsabilidade, se ela for esmagada? Nossa.
Quem quer que seja abatido, deixem-no levantar-se!
Quem quer que esteja perdido, deixem-no lutar!
Quem quer que conheça seu destino, como pode ser detido?
Pois os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã.
E o Nunca se transformará em Hoje!

Bertold Brecht (1898-1956)

Maricá se aparelha para a nova ordem



PT regional cria núcleos até de redes sociais para “aprimoramento das decisões que envolvam o Legislativo”, seguindo a ordem de uma “nova” democracia.

O novo decreto defendido com unhas e dentes pelo PT de criação de conselhos, que vem provocando polêmica, já tem paralelo em funcionamento nos municípios petistas. Sem contar o inchaço administrativo com até um subsecretário municipal para menos de mil habitantes, e um corpo de comissionados, oficial, que passa de 2 mil pessoas, a Prefeitura de Maricá agora se aplica em colocar em prática as linhas gerais do famigerado Decreto 8.243, que cria uma Política Nacional de Participação Social, ainda sequer sancionado pela presidência.
Em plenária realizada na última semana, o PT municipal apresentou a criação, com as devidas vagas no cabideiro, de 16 núcleos de bairro, sete núcleos setoriais e um núcleo digital para estabelecer "debates e sugestões para melhoria da qualidade de vida, assim como traçar novos rumos aprimorando mais a participação dos filiados nas decisões que envolva (sic) o Legislativo”. Isso sem contar os já existentes “conselhos” que são meras fachadas, abrigo de companheiros e companheiras, às vezes presididos por analfabetos informais com o 1º grau incompleto. Chega ou ainda é pouco do que são capazes?
A decisão municipal é a aplicação do decreto nem sancionado, mas posto em prática pelo partido com todas as letras para o devido aparelhamento do governo ainda mais que os tais núcleos estarão sob o comando da presidente regional do partido, que nada mais é do que a mulher do prefeito. A criação de uma tropa mercenária para assessorar um governo dito democrático, sem qualquer aprovação pelo Legislativo, extrapola qualquer legislação, e ainda é custeada por fundos públicos. 
A atitude da plenária mostra que o PT local, como o nacional, pretende aproveitar, entre as várias ações, a brecha do decreto para impulsionar as candidaturas partidárias, além de solidificar o controle total da governabilidade. No município, os dois candidatos à Câmara Federal e à Assembleia são respectivamente o presidente da Câmara Municipal e a presidente local do partido, também conhecida como a Prima Dona do município ou madame Z. O reforço de “correligionários” não seria à toa.
Com mais um latifúndio para abrigar outro lote de comissionados com o dinheiro público (ou será que alguém pensa que o dinheiro é de fundo partidário?), o partido faz uma grande jogada acrescentando novos batalhões de “soldados”, sob o anonimato das redes sociais, com a prerrogativa de “aprimoramento das decisões que envolvam o Legislativo”. Em letra miúda, pressionar com força total o Legislativo em decisões que o Executivo ache “importantes” e até mesmo “assessorando” com sua força a execução do que o prefeito mandar. Tudo sob a chancela de que se defende a melhoria da qualidade de vida e novos rumos no município. Mais aval para se instalar de forma “democrática” uma ditadura de esquerda festiva custe o que custar em dinheiro, porque o povo paga e o PT faz a farra.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

O Planalto é deles?


O encontro do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência com blogueiros e chapas brancas na última semana dentro do Palácio do Planalto não é o primeiro, mas outro de uma série em que transformam o palácio presidencial em escritório petista, porque o decreto que desejam aprovado é partidário e não de interesse nacional como fazem supor. Esse abuso dentro do próprio Planalto vem se sucedendo há meses e teve como destaque até a reunião, no ano passado, de ex-presidente e do marqueteiro para discutir medidas contra as manifestações de rua.  
O mais importante prédio da República está servindo de escritório privilegiado para as reuniões de interesse do PT, que ainda se servem de toda infraestrutura pública, paga com o dinheiro do povo, para discutir seus planos eleitorais e de governança ditatorial. O uso indevido do patrimônio nacional para meras reuniões de partido com vistas às eleições é a demonstração de que os petistas se consideram donos de tudo na República, inclusive das leis. 
As reuniões também chamam a atenção para um detalhe que é a presidente, eleita para defender todos os brasileiros, aceitar coniventemente o abuso dentro do próprio palácio.  Faz parecer que temos no cargo apenas uma marionete que abre as portas do Palácio quando o senhor partido mandar. Ainda mais que o local deveria ser palco para discussões com parlamentares, representantes eleitos, mas não para meros escolhidos pelo partido para desenvolverem táticas de guerrilha eleitoreiras.
O uso abusivo do Planalto revela bem o objetivo partidário do novo decreto, uma vez que ali se instalará o quartel-general do plano de Política Nacional de Participação Social, casualmente presidido pelo ministro da Secretaria-Geral. A democracia brasileira, segundo os petistas, vai assim instalar no prédio máximo da República o quarto poder, gerido por um eleito do partido. 

Vaias, xingamentos, rainhas

O assunto já parecia esgotado, mas não: agora começo a receber pedidos de assinaturas em manifestos de desagravo e de apoio à d. Dilma, como se os xingamentos que recebeu na abertura da Copa fossem algo nunca ouvido. “Não porque ela é a presidente. Nem porque é do PT. Nem precisa gostar dela ou do PT. É porque uma senhora deve ser respeitada. Imagino que todos tenham mãe, irmãs, esposas ou mulheres próximas que não gostariam que fossem xingadas” escreveu uma amiga ao me encaminhar o terceiro pedido que recebi em menos de dois dias.

Ela está enganada. Como tanta gente já observou, não há figuras mais desrespeitadas em estádios do que as mães, e não é de ontem. Mas nunca, jamais, ninguém propôs um manifesto a favor das mães dos juízes, todas, suponho, senhoras de certa idade. Os manifestos estão surgindo exatamente porque Dilma é a presidente, porque é do PT (que sempre foi especialista em agitprop) e, sobretudo, porque estamos em ano eleitoral, e o partido ainda vai fazer o que puder para explorar politicamente o episódio. Como, aliás, faria qualquer outro partido — embora, mais uma vez, os petistas estejam forçando a mão na odiosa divisão de classes e raças que tem sido a sua marca registrada, ricos versus pobres, eles contra nós, cronópios e famas.

A Copa como metáfora do novo Brasil

Aquele futebol único que apenas o Brasil sabia criar no gramado, que fez de Pelé o mais brilhante embaixador do país, está mudando, se globalizou e se uniformizou

Deveria ter sido a Copa das Copas. Não está sendo nos estádios, porque o time brasileiro já não entusiasma o mundo como antes e nem sequer os de casa. O futebol já não se identifica com o país de Pelé, Garrincha e Neymar. Outros estão jogando igual ou melhor do que a família Scolari.
A situação que vive o futebol do Brasil pode ser ao mesmo tempo paradoxal e metáfora positiva de algo mais profundo que este país está vivendo.
É provável que o Brasil ganhe a Copa, mas ele já não é, como no inexorável passado, indiscutível. Outros também podem ganhá-la, ou melhor ele também pode ganhá-la. Virou normal.
Aquele futebol único que apenas o Brasil sabia criar e imaginar no gramado dos estádios do planeta que fez de Pelé o mais brilhante embaixador do país, está mudando, se globalizou e por isso mesmo se uniformizou.
Em destaaque
Não estará chegando um Brasil mais moderno, mais inconformista e pragmático, aonde se continue sofrendo quando a equipe de coração joga mal, mas também aonde se possa chorar e lutar por outras causas mais próximas de nossa vida real, as vezes feliz e as vezes cruel?

sábado, 21 de junho de 2014

O que tem que se ensinar


Você sabia?



O Brasil é o único país que eximiu a Fifa de pagar impostos por suas operações e lucros, algo que fará deste torneio um negócio “indecentemente rentável” para os organizadores.

Milagre brasileiro na Copa

Num passe de mágica, a primeira semana da Copa fez desaparecer tudo de ruim que assola o país. Os congressistas entraram em recesso, já não há mais bandidagem à solta nas ruas (só circula no momento nos sempre obscuros meandros políticos), nem se fala de problemas de trânsito ou de educação, com tanto feriado para tirar os carros das ruas e as crianças das escolas.
As mazelas brasileiras foram sanadas pelo manto sagrado da Fifa. Os brasileiros ficaram curados de qualquer mal estar e nem mais precisam se socorrer em hospitais. Basta continuar de olho na tevê.
O país parece ser outro daquele antes da Copa, quando fervilhava o noticiário com crimes dos mais diversos tipos, engarrafamentos astronômicos, e um quebra-pau sem fim na política, problemas mil de prisões de corruptos. Nem a presidenta sai em romaria para suas inaugurações de obras incompletas, ou sequer há uma operação da Polícia Federal contra qualquer colarinho branco mesmo que seja um chinelinho.
Tudo e todos ficam em frente à telinha ou acompanhando os jogos por suas mídias móveis. Em suma, o país parou no tempo com a mídia deslocando seus integrantes para comentar as maiores barbaridades futebolísticas, realizando reportagens as mais estrambóticas. Com tanto trabalho insano para mostrar a banalidade do momento, não resta ninguém nas redações para desvendar aquele país que continua a viver e sobreviver apesar do futebol. 
O Brasil assim vive o momento supremo tão almejado pela ditadura: um país pra frente, sem problemas e com um povo feliz com as dádivas governamentais. Dias róseos, em que até a doença e o sofrimento parecem ter feito uma pausa para glória do governo, que tanto empenhou e se empenhou para que o Brasil passasse a imagem de paraíso. Mas esquecem todos que o outro Brasil está apenas anestesiado, sob as fortes doses de um patriotismo barato e de um hipócrita amor ao esporte, que serve apenas para se fazer festa. O milagre da Copa tem prazo de validade. E as mazelas continuam as mesmas, sob um manto de enfumaçado noticiário, não se enganem os descuidados. O país tem mais o que resolver do que discutir se uma bola entrou ou não. E essa parada pode ter um custo inimaginável quando tudo acabar e o circo da Fifa recolher as lonas para se mandar para a Rússia. Aí as contas ficarão aqui exigindo serem pagas a qualquer custo.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

E na democracia "modelo"...


Sombras de uma pesquisa


A pesquisa “O Descontentamento no Brasil antes da Copa do Mundo”, publicada pelo Pew Research Center, conclui que “o clima nacional no Brasil é sombrio”, depois de um ano em que mais de um milhão de pessoas saíram às ruas em todo o país para protestar contra a corrupção, a inflação e os enormes gastos do governo em obras públicas para a Copa, muitas das quais permanecem inacabadas.Muitos manifestantes dizem que o Brasil deveria ter gastado mais com educação de qualidade, saúde e transporte público, e menos com futebol.
Alguns dos resultados da pesquisa são:
*72% dos brasileiros estão insatisfeitos com o rumo das coisas em seu país, em comparação com 55% pouco antes do início das manifestações contra a Copa em junho de 2013, e 49% em 2010.
*67% dos brasileiros acham que a economia não vai bem, em comparação com 41% no ano passado e 36% em 2010.
*61% dos brasileiros acham que sediar a Copa do Mundo é ruim, porque retira dinheiro da educação, da saúde e de outros serviços públicos. Só 34% acham que a Copa ajudará a melhorar a economia.
*52% dos brasileiros acham que Dilma exerce uma má influência sobre os assuntos do país, enquanto 48% pensam que a sua influência é boa.

O elitismo da tropa


Um manifesto assinado por 300 parlamentares, artistas, professores, jornalistas e advogados em defesa dos condenados no mensalão foi protocolado no Supremo Tribunal de Justiça (STF). O documento, batizado "apelo público ao STF, em defesa da Justiça e do Estado de direito", foi iniciativa de um grupo de amigos do ex-ministro José Dirceu, fazendo duros ataques ao presidente do tribunal, Joaquim Barbosa.
Eis aí mais um movimento da elite, petista de camiseta e bandeira, desfilando como justiceira em favor dos seus. Aqueles que nunca se manifestaram contra a calamitosa gestão das penitenciárias brasileiras, onde negros e pobres são os mais escorraçados; aqueles que não defenderam bandeiras contra a corrupção; aqueles que não assinam nenhum documento contra os nefastos governos petistas; aqueles que sempre taxaram os outros partidos de elite, estão aí para demonstrar o quanto são elite. Porque elite é apenas uma parcela da população que defende com toda a blindagem possível interesses de grupo.
O manifesto dos 300 é mais uma pirotecnia petista que se apropria da justiça para criticar e condenar a Justiça, uma vez que os presos que defendem, todos sem distinção, nada mais são que condenados como milhares e milhares que vegetam nas cadeias brasileiras, estejam com saúde ou precisando de cuidados médicos. Estiveram, por privilégio, diante do mais importante tribunal do país e receberam as devidas (ou indevidas) condenações. Agora desejam os amigos que a Justiça reveja a legislação para privilegiar os companheiros no xilindró. Os benefícios que conseguirem com o manifesto será estendido aos demais presos? Nem pensar, porque os outros não fazem parte da elite.
A hipocrisia dos 300 mostra bem o quanto são capazes para defender da lei os infratores petistas. Não falta a eles um estoque de todo tipo de máscara para cada situação, e não têm vergonha em se mascararem conforme a ocasião.
Sobem em tamancas e se fantasiam de Justiça por estarem blindados e nunca porem a cara a tapa nas grandes questões que o povo levou às ruas. Ou alguém ainda acredita que algum deles iria à rua para se manifestar contra os desmandos na saúde, educação, segurança pública? O documento que assinaram é uma das maiores vergonhas dos últimos tempos, mas que piamente consideram, por serem petistas de carteirinha, que é de grande importância, como eles também se acham importantes. Pois o mal das elites é não reconhecerem nunca que fedem tanto quanto os outros.  E os petistas que restam até ainda vivos exalam putrefação longe.     

A lista do PT

Lula só pensa naquilo. Diante das vaias (normais no ambiente dos estádios) e dos xingamentos (deploráveis em qualquer ambiente) a Dilma Rousseff na abertura da Copa, o presidente de facto construiu uma narrativa política balizada pela disputa eleitoral.
A “elite branca” e a “mídia”, explicou, difundem “o ódio” contra a presidente-candidata. Os conteúdos dessa narrativa têm o potencial de provocar ferimentos profundos numa convivência democrática que se esgarça desde a campanha de ataques sistemáticos ao STF deflagrada pelo PT.
O partido que ocupa o governo decidiu, oficialmente, produzir uma lista de “inimigos da pátria”. É um passo típico de tiranos — e uma confissão de aversão pelo debate público inerente às democracias. Está lá, no site do PT, com a data de 16 de junho (Leia "A desmoralização dos pitbulls da grande mídia").
O artigo assinado por Alberto Cantalice, vice-presidente do partido, acusa “os setores elitistas albergados na grande mídia” de “desgastar o governo federal e a imagem do Brasil no exterior” e enumera nove “inimigos da pátria” — entre os quais, este colunista.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Manipulação das massas


“Lula antevê uma campanha eleitoral “violenta”, pois a elite “está conseguindo despertar o ódio de classes”. Manipulação astuciosa, recicla o ódio do PT, transformando-o no ódio ao PT”


Pão ou circo no Brasil


A Copa pode contribuir para reparar danos ou agravar o mal-estar entre os cidadãos
 A narrativa nacional brasileira era cristalina até um ano atrás. Mas o Mundial de futebol pode contribuir para reparar danos ou agravar o mal-estar entre os cidadãos, especialmente tendo em vista as eleições presidenciais de 5 de outubro.
Existe o risco de que a nação latino-americana fique como uma “potência emergente congelada”
O presidente Lula afirmava que estava sendo criado um novo país, no qual o progresso econômico e social assumiam o valor de uma refundação. As taxas de crescimento superavam 4% até chegar a 7%; 40 milhões de brasileiros tinham saído da pobreza para integrar-se nesse balaio de gato chamado “classe média”; a política externa era muito ativa, com forte investimento cultural e econômico na África; o Brasil era membro fundamental dos BRICS, o grupo das grandes potências emergentes; reivindicava um assento no Conselho de Segurança e entre suas pretensões mais intangíveis figurava a hegemonia e direção de um vasto bloco latino-americano.
A segunda fase dessa investida teria de ser desenvolvida pela sucessora de Lula, Dilma Rousseff. Mas existe uma antinarrativa das massas que desencadearam um irado protesto em junho de 2013, inicialmente contra o aumento do preço do transporte, mas logo depois contra o esbanjamento e a corrupção da Copa, que custou, oficialmente, 28 bilhões de reais, e que em sua inauguração tinha oito estádios sem terminar e um rastro de acusações de desembolsos e reembolsos mal explicados.


Brasil piora em paz e segurança

O Índice Global da Paz divulgou nesta quarta-feira um novo levantamento sobre os países mais seguros do mundo. Com estatísticas que mesclam o impacto da violência na economia, e considerando ainda fatores como índices de democracia, transparência, educação e bem-estar material, além do nível de militarização e atividades criminosas ou terroristas, a organização constatou que a Islândia segue como o país mais seguro para se morar. Em contrapartida, a Síria apresentou uma drástica decaída em seus níveis de segurança e tomou a última colocação do ranking, ocupada anteriormente pelo Afeganistão. O Brasil caiu cinco posições no ranking em relação ao ano passado e ocupa a 91ª posição entre os 162 países analisados. No total, o índice é composto de 22 indicadores qualitativos e quantitativos.
Atrás de Bolívia e Guiana, por exemplo, a economia brasileira sofreu um impacto de 117 bilhões de dólares causado pela violência, conforme dados do estudo. Segundo Steve Killiliea, presidente executivo do Global Peace Index (GPI), “na preparação para a Copa do Mundo, o Brasil viveu um aumento de manifestações violentas”. Mas ele ressalta que “apesar da queda de cinco lugares na classificação no índice, o Brasil continua a ser o melhor entre os países do BRICS”.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Arte brasileira

Vilarejo com paisagem
Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo (1897/1976)

Tudo igual

"Hoje os jornalistas não fazem bem seu trabalho. Falta a eles imaginação e também olfato para saber onde estão as boas histórias. Dependem demasiado dos políticos e os políticos lhe oferecem uma versão manipulada da realidade. Os jornalistas estão aí para ajudar seus leitores a compreender melhor a realidade e não para deixarem-se leva pela propaganda do governo.(...) Hoje todos os jornalistas fazem o mesmo. Estão muito próximos do poder econômico, político ou militar. Não são suficientemente radicais, céticos ou independentes. Precisamos de mais jornalistas que desconfiem do poder"

Gay Talese 

Na falta de política, militares


“O Conselho Sul-Americano de Defesa é o único organismo da Unasul a registrar alguma atividade. Quem o estimula é o Brasil, que pretende isolar sua vizinhança dos Estados Unidos – os antigos reflexos anti-imperialistas do PT” 
Dilma Rousseff mobilizou os soldados brasileiros para blindar as 12 sedes da Copa. Durante a campanha colombiana que culminou na reeleição de Juan Manuel Santos, discutiu-se se a instituição militar estava sendo traída pela paz com a guerrilha. Há um mês, a Assembleia Nacional do Equador autorizou que os militares garantam a ordem pública. Desde 2011 o Exército argentino combate o narcotráfico na fronteira com a Bolívia. Nada que surpreenda colombianos ou mexicanos, acostumados a que essa luta seja um objetivo militar. O fenômeno se generalizou: as Forças Armadas, cujo recolhimento profissional foi decisivo para o processo de democratização, voltam a gravitar na América Latina.
A passagem da ditadura ao Estado de Direito implicou para a maioria dos países erguer um muro entre Segurança e Defesa. Essa delimitação está se tornando cada dia mais imprecisa.



terça-feira, 17 de junho de 2014

Ódio, teu nome é revolta


Depois de começar com uma campanha da “esperança para vencer o medo”, lembrando os idos de 2002, os petistas liderados pelo supremo guru Lula se lançam na luta da “esperança para vencer o ódio” em resposta aos xingamentos à presidente na abertura da Copa. Como de costume, são camaleônicos, vestem a camisa da vez, esbanjam o blábláblá, e criam motes aos borbotões. É mais uma alteração de última hora para camuflar, ou tentar, a queda presidencial nas pesquisas.
O chavão desgastado não emplacou se tão pouco durou. Era preciso colocar o trovejante e bom de boca ex-presidente para dar uma resposta ao ataque do estádio. E embora pareça que se saiu bem, em verdade tropeçou nas palavras para um mero entendedor.
Se já não era bom falar em medo de mudança de 12 anos de governos marcados por corrupção, agora inventou-se o ódio como mote de uma campanha que querem isenta de agressões.
Mas convém lembrar que ódio é gratuito quando seja de um psicopata. E estamos tratando de eleitores que não são delinqüentes mentais. O ódio em questão, muito mal expressado nos xingamentos, não é nada mais do que expressão, extrema e equivocada, da imensa revolta pelo destrambelado governo de Dilma e o petismo marcado pela corrupção, o conchavo, a cooptação, o toma lá dá cá, a farta distribuição de benesses aos mais ricos, tudo sob uma capa de socialismo à brasileira. Essa a revolta que não querem ver, nem muito menos admitir, para não influir na eleição.
Querem os petistas de qualquer forma esconder a revolta, em maioria no país, contra um governo e seu principal partido que estão pretendendo instituir uma ditadura de bananas, para que possam se locupletar por mais tempo até do que o previsto de 20 anos no poder. Mas definir os opositores como estandartes do ódio é simplesmente colocar num balaio todos os revoltados do país, e não são poucos. E se arriscam muito a que o balaio transborde nas urnas afogando suas esperanças de continuísmo acima de tudo, acima de todos e atropelando todas as leis.

"Quando os que comandam perdem a vergonha, os que obedecem perdem o respeito”
 Georg Lichtenberg (1742-1799)