TCE-RJ divulga irregularidades em folhas de pagamento dos municípios fluminense que inclui até mortos como funcionários
Prefeituras de 21 municípios remuneraram
109 pessoas mortas, entre os anos de 2012 e 2103. Mas a identificação de “falecidos”
nas folhas de pagamento não foi o único problema identificado pelos técnicos do
Tribunal de Contas do Estado, na auditoria especial realizada no ano passado
para verificação de remuneração de pessoal e acumulação de cargos. A
fiscalização, que teve resultados parciais divulgados durante o seminário
‘Vitrine de Auditorias’, apontou ainda que, das 91 prefeituras fiscalizadas, 36
(39,56%) pagam salários acima do teto constitucional; 89,01% mantêm em folha
pagamento servidores com acumulação ilícita de cargos; 94,50% cometem alguma
irregularidade na remuneração de seus agentes políticos, e 10,98% pagam
salários inferiores ao piso nacional.
Ao longo do encontro, organizado pela
Escola de Contas e Gestão (ECG) e aberto pelo presidente do TCE-RJ, Jonas Lopes
de Carvalho Junior, foram divulgados dados, também parciais, de outras duas
auditorias realizadas em 2013: Regimes Próprios de Previdência Social e Controle
de Obras Públicas. “Nós estamos no rumo certo. Sem esse tipo de auditoria não
conseguiríamos os achados a que chegamos. Por exemplo, um profissional com 11
matrículas em municípios diferentes”, afirmou o presidente, chamando a atenção
para o desenvolvimento das chamadas auditorias temáticas.
“Com essa nova mecânica estamos
conseguindo fiscalizar melhor. Isso é motivo de muito orgulho. A mola mestra da
Casa é o seu corpo funcional”, disse ele, que também destacou a produtividade
dos técnicos. “Nós passamos de 200 auditorias por ano para 850. Este é o
principal objetivo do Tribunal: fazer com que os recursos públicos não caminhem
para o ralo. No ano
de 2013, só em editais revogados, economizamos mais de R$ 3 bilhões. Nos
editais que tiveram redução, a economia foi de quase R$ 200 milhões. A
sociedade pode confiar no TCE porque aqui tem gente comprometida com a boa
aplicação dos recursos públicos”, garantiu.
Além das folhas de pagamento
problemáticas, as prefeituras também apresentaram incorreções em seus Regimes Próprios
de Previdência Social (RPPS), sendo a falta de transparência o principal deles,
como ficou demonstrado na auditoria realizada nesse campo. “De um total de 74
municípios que contam com o RPPS, 72 não fornecem informações para os segurados,
nem para a sociedade”, enfatizou Márcio Henrique Rodriguez Cattein, da
Subsecretaria de Controle Municipal (SUM).
Dos 91 municípios fiscalizados pelo
TCE-RJ, 74 possuem RPPS e foram auditados. Outros 14 municípios estão
vinculados ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e três possuem RPPS em
processo de extinção. O levantamento realizado pelo TCE levou em conta a
organização e funcionamento dos RPPS, o caráter contributivo, avaliação
atuarial e as aplicações financeiras, para verificação do equilíbrio do regime.
De
acordo com o levantamento, 16,21% das unidades gestores dos RPPS utilizam
irregularmente os recursos previdenciários. Em 64 municípios os auditores
descobriram que as prefeituras não estão repassando recursos ao órgão gestor do
RPPS decorrentes de contribuições, parcelamentos e encargos. Também não
realizam os aportes necessários para a cobertura. E mais: 67,56% dos municípios
visitados (equivalente a 67,56% do total) não adotam as providências para a
manutenção da base cadastral, de forma a dar confiabilidade nos números de
beneficiários.
Diante de tantas falhas e irregularidades,
o presidente Jonas Lopes fez um alerta: “Eu já fui presidente de uma
previdência municipal, em Campos dos Goytacazes, que na época se chamava Caprev.
Todas estão em uma situação muito difícil. Se o gestor não entender que está
tratando de vida e de conforto na hora em que a pessoa mais necessita, essas
entidades vão entrar em estágio pré-falimentar, como está quase ocorrendo com o
Rioprevidência”.
Na área
de gestão de obras, a fiscalização dos técnicos do Tribunal também chegou a
cenários que merecem atenção das prefeituras. Segundo João Marcos Daroz,
da Subsecretaria de Auditoria e Controle de Obras e Serviços de Engenharia
(SSO), 69% dos municípios não têm controle adequado da qualidade dos materiais
e serviços empregados nas obras.
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