segunda-feira, 11 de abril de 2022
'Entendedor de Putin' ganha mundo
Se um verbete da Wikipédia pode ser considerado indicador de reconhecimento no mundo atual, então é inevitável registrar a nova entrada em idioma inglês da enciclopédia online, dedicada ao termo alemão "Putinversteher". Traduzido literalmente como "aquela/e que entende Putin", o neologismo combina o nome do presidente da Rússia, Vladimir Putin, com o substantivo alemão Versteher, "entendedor".
Não é primeira vez que uma criação vocabular alemã de cunho político ganha mundo. Um exemplo é Lügenpresse: traduzível como "imprensa da mentira", é uma invectiva popular na época nazista, usada para desacreditar relatos que não se alinhem com determinada ideologia. Ela retornou em anos recentes com o partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) e com os apoiadores do presidente Donald Trump nos Estados Unidos.
Quando Versteher é combinado com outro termo, em geral é para denotar uma mistura de ironia e lisonja. Por exemplo: Frauenversteher ("entendedor de mulheres") se refere a um homem que se gaba de sua profunda compreensão da psique feminina.
Da mesma forma, um Putinversteher é alguém que não esconde sua empatia com as motivações do chefe do Kremlin. O termo passou a circular em seguida à anexação da península ucraniana da Crimeia. Se a conotação já era negativa, ela se agravou seriamente desde o início da invasão russa do país vizinho, em 24 de fevereiro de 2022.
Em seguida ao lançamento da "operação militar especial" russa na Ucrânia, diversos Putinversteher – entre os quais destacados políticos e especialistas alemães – ressalvavam, por exemplo, que a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) podia ser percebida pela Rússia como uma ameaça real. Ou comparavam a invasão da Ucrânia a outras "guerras ilegais", como a invasão do Iraque pelos Estados Unidos, em 2003, ou demais abusos cometidos pelo Ocidente.
Isso não significa que os "entendedores de Putin" sejam a favor da atual violência: como explica o verbete da Wikipédia, trata-se de uma atitude quanto ao presidente russo e o modo como ele governa a Rússia que tende a resultar em: "Sim, mas é preciso entender a posição de Putin."
De um modo geral, é muito disseminada entre o grupo em questão a estratégia conhecida como "whataboutism": derivada da expressão "What about...?" ("Mas e...?"), esta consiste em desviar uma determinada crítica citando casos supostamente análogos.
Por exemplo: desconversar de uma acusação de corrupção pelo atual governo brasileiro com: "Tá, mas e o Lula? E o PT?" Aliás, também é comum o praticante do "whataboutism" recorrer a falsas equivalências, intencionalmente confundindo alhos com bugalhos.
Encontram-se Putinversteher ao longo de todo o espectro político da Alemanha, porém especialmente entre os partidos populistas. Porém alguns apoiadores declarados recuaram desde a guerra de agressão na Ucrânia, abstendo-se de expressar publicamente seu respaldo.
Diversas legendas de ultradireita da Europa têm mantido laços estreitos com a Rússia, nos últimos anos, do Reagrupamento Nacional de Marine Le Pen ao Fidesz de Viktor Orbán. O mesmo se aplica à AfD, contudo após a invasão da Ucrânia seus membros têm encontrado dificuldade de defender um posicionamento unificado.
A ex-copresidente do partido alemão A Esquerda Sahra Wagenknecht era também notória por sua disposição de justificar as ações do autocrata no Kremlin: "Talvez devamos levar a Rússia a sério e respeitar que ela tem interesses de segurança", comentou, por exemplo, num programa de televisão dias antes da invasão da Ucrânia.
Antes de merecer seu próprio verbete na Wikipédia, e mesmo da campanha militar russa contra o país vizinho, o termo já fora empregado em diversos artigos jornalísticos em língua inglesa.
Em janeiro de 2021, escrevendo para o website de análise política Riddle, especializado na Rússia, o politólogo e historiador Dmitiri Stratievski analisava Armin Laschet, então líder da União Democrata Cristã (CDU) de Angela Merkel, perguntando-se se ele devia ser considerado um "Putinversteher merkeliano", por seu apoio à dependência alemã do gás natural russo.
E já em abril de 2014, o professor de Economia Paul Gregory, da Universidade de Houston, intitulava um artigo em seu blog no site da revista Forbes "Empatia com o Diabo: como os Putinversteher da Alemanha protegem a Rússia". Seu foco era como alguns políticos de alto escalão haviam se colocado do lado do Kremlin, apesar de um mau histórico de direitos humanos e da anexação da Crimeia.
Entre essas personalidades, Gregory cita Gerhard Schröder, chanceler federal de 1998 a 2005, como "um dos Putinversteher mais descarados". Tendo sido, juntamente com Putin, o mentor do projeto do gasoduto Nord Stream durante seu mandato, ele mais tarde se tornou diretor do conselho de supervisão da estatal russa de energia Rosneft.
Considerado amigo pessoal do chefe do Kremlin, mesmo depois de este ordenar a invasão da Ucrânia, Schröder seguiu evitando qualquer comentário público que incriminasse o regime russo, ao ponto de todos os funcionários de seu escritório se demitirem.
Em meados de março, o ex-chanceler federal chegou a voar para Moscou, onde conversou pessoalmente com Putin. Contudo, à medida que atrocidades da guerra na Ucrânia vêm diariamente a público – como as notícias de execuções a sangue-frio, bombardeios a hospitais e escolas e centenas de civis em valas comuns – crescem na Alemanha os clamores para que o próprio Schröder seja alvo de sanções.
E a cada mentira, manipulação propagandística, excesso autocrático, violação dos direitos humanos e ato de violência injustifícável da personagem inspiradora do termo, os argumentos dos "entendedores de Vladimir Putin" perdem definitivamente qualquer sombra de credibilidade.
Não é primeira vez que uma criação vocabular alemã de cunho político ganha mundo. Um exemplo é Lügenpresse: traduzível como "imprensa da mentira", é uma invectiva popular na época nazista, usada para desacreditar relatos que não se alinhem com determinada ideologia. Ela retornou em anos recentes com o partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) e com os apoiadores do presidente Donald Trump nos Estados Unidos.
Quando Versteher é combinado com outro termo, em geral é para denotar uma mistura de ironia e lisonja. Por exemplo: Frauenversteher ("entendedor de mulheres") se refere a um homem que se gaba de sua profunda compreensão da psique feminina.
Da mesma forma, um Putinversteher é alguém que não esconde sua empatia com as motivações do chefe do Kremlin. O termo passou a circular em seguida à anexação da península ucraniana da Crimeia. Se a conotação já era negativa, ela se agravou seriamente desde o início da invasão russa do país vizinho, em 24 de fevereiro de 2022.
Em seguida ao lançamento da "operação militar especial" russa na Ucrânia, diversos Putinversteher – entre os quais destacados políticos e especialistas alemães – ressalvavam, por exemplo, que a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) podia ser percebida pela Rússia como uma ameaça real. Ou comparavam a invasão da Ucrânia a outras "guerras ilegais", como a invasão do Iraque pelos Estados Unidos, em 2003, ou demais abusos cometidos pelo Ocidente.
Isso não significa que os "entendedores de Putin" sejam a favor da atual violência: como explica o verbete da Wikipédia, trata-se de uma atitude quanto ao presidente russo e o modo como ele governa a Rússia que tende a resultar em: "Sim, mas é preciso entender a posição de Putin."
De um modo geral, é muito disseminada entre o grupo em questão a estratégia conhecida como "whataboutism": derivada da expressão "What about...?" ("Mas e...?"), esta consiste em desviar uma determinada crítica citando casos supostamente análogos.
Por exemplo: desconversar de uma acusação de corrupção pelo atual governo brasileiro com: "Tá, mas e o Lula? E o PT?" Aliás, também é comum o praticante do "whataboutism" recorrer a falsas equivalências, intencionalmente confundindo alhos com bugalhos.
Encontram-se Putinversteher ao longo de todo o espectro político da Alemanha, porém especialmente entre os partidos populistas. Porém alguns apoiadores declarados recuaram desde a guerra de agressão na Ucrânia, abstendo-se de expressar publicamente seu respaldo.
Diversas legendas de ultradireita da Europa têm mantido laços estreitos com a Rússia, nos últimos anos, do Reagrupamento Nacional de Marine Le Pen ao Fidesz de Viktor Orbán. O mesmo se aplica à AfD, contudo após a invasão da Ucrânia seus membros têm encontrado dificuldade de defender um posicionamento unificado.
A ex-copresidente do partido alemão A Esquerda Sahra Wagenknecht era também notória por sua disposição de justificar as ações do autocrata no Kremlin: "Talvez devamos levar a Rússia a sério e respeitar que ela tem interesses de segurança", comentou, por exemplo, num programa de televisão dias antes da invasão da Ucrânia.
Antes de merecer seu próprio verbete na Wikipédia, e mesmo da campanha militar russa contra o país vizinho, o termo já fora empregado em diversos artigos jornalísticos em língua inglesa.
Em janeiro de 2021, escrevendo para o website de análise política Riddle, especializado na Rússia, o politólogo e historiador Dmitiri Stratievski analisava Armin Laschet, então líder da União Democrata Cristã (CDU) de Angela Merkel, perguntando-se se ele devia ser considerado um "Putinversteher merkeliano", por seu apoio à dependência alemã do gás natural russo.
E já em abril de 2014, o professor de Economia Paul Gregory, da Universidade de Houston, intitulava um artigo em seu blog no site da revista Forbes "Empatia com o Diabo: como os Putinversteher da Alemanha protegem a Rússia". Seu foco era como alguns políticos de alto escalão haviam se colocado do lado do Kremlin, apesar de um mau histórico de direitos humanos e da anexação da Crimeia.
Entre essas personalidades, Gregory cita Gerhard Schröder, chanceler federal de 1998 a 2005, como "um dos Putinversteher mais descarados". Tendo sido, juntamente com Putin, o mentor do projeto do gasoduto Nord Stream durante seu mandato, ele mais tarde se tornou diretor do conselho de supervisão da estatal russa de energia Rosneft.
Considerado amigo pessoal do chefe do Kremlin, mesmo depois de este ordenar a invasão da Ucrânia, Schröder seguiu evitando qualquer comentário público que incriminasse o regime russo, ao ponto de todos os funcionários de seu escritório se demitirem.
Em meados de março, o ex-chanceler federal chegou a voar para Moscou, onde conversou pessoalmente com Putin. Contudo, à medida que atrocidades da guerra na Ucrânia vêm diariamente a público – como as notícias de execuções a sangue-frio, bombardeios a hospitais e escolas e centenas de civis em valas comuns – crescem na Alemanha os clamores para que o próprio Schröder seja alvo de sanções.
E a cada mentira, manipulação propagandística, excesso autocrático, violação dos direitos humanos e ato de violência injustifícável da personagem inspiradora do termo, os argumentos dos "entendedores de Vladimir Putin" perdem definitivamente qualquer sombra de credibilidade.
Se os tubarões fossem homens
Se os tubarões fossem homens, eles seriam mais gentis com os peixes pequenos. Se os tubarões fossem homens, eles fariam construir resistentes caixas do mar, para os peixes pequenos com todos os tipos de alimentos dentro, tanto vegetais, quanto animais. Eles cuidariam para que as caixas tivessem água sempre renovada e adotariam todas as providências sanitárias cabíveis se por exemplo um peixinho ferisse a barbatana, imediatamente ele faria uma atadura a fim de que não morressem antes do tempo. Para que os peixinhos não ficassem tristonhos, eles dariam cá e lá uma festa aquática, pois os peixes alegres tem gosto melhor que os tristonhos.
Naturalmente também haveria escolas nas grandes caixas, nessas aulas os peixinhos aprenderiam como nadar para a goela dos tubarões. Eles aprenderiam, por exemplo a usar a geografia, a fim de encontrar os grandes tubarões, deitados preguiçosamente por aí. Aula principal seria naturalmente a formação moral dos peixinhos. Eles seriam ensinados de que o ato mais grandioso e mais belo é o sacrifício alegre de um peixinho, e que todos eles deveriam acreditar nos tubarões, sobretudo quando esses dizem que velam pelo belo futuro dos peixinhos. Se encucaria nos peixinhos que esse futuro só estaria garantido se aprendessem a obediência. Antes de tudo os peixinhos deveriam guardar-se antes de qualquer inclinação baixa, materialista, egoísta e marxista. E denunciaria imediatamente os tubarões se qualquer deles manifestasse essas inclinações.
Se os tubarões fossem homens, eles naturalmente fariam guerra entre si a fim de conquistar caixas de peixes e peixinhos estrangeiros. As guerras seriam conduzidas pelos seus próprios peixinhos. Eles ensinariam os peixinhos que, entre os peixinhos e outros tubarões existem gigantescas diferenças. Eles anunciariam que os peixinhos são reconhecidamente mudos e calam nas mais diferentes línguas, sendo assim impossível que entendam um ao outro. Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos da outra língua silenciosos, seria condecorado com uma pequena ordem das algas e receberia o título de herói.
Se os tubarões fossem homens, haveria entre eles naturalmente também uma arte, haveria belos quadros, nos quais os dentes dos tubarões seriam pintados em vistosas cores e suas goelas seriam representadas como inocentes parques de recreio, nas quais se poderia brincar magnificamente. Os teatros do fundo do mar mostrariam como os valorosos peixinhos nadam entusiasmados para as goelas dos tubarões. A música seria tão bela, tão bela, que os peixinhos sob seus acordes e a orquestra na frente, entrariam em massa para as goelas dos tubarões sonhadores e possuídos pelos mais agradáveis pensamentos. Também haveria uma religião ali.
Se os tubarões fossem homens, eles ensinariam essa religião. E só na barriga dos tubarões é que começaria verdadeiramente a vida. Ademais, se os tubarões fossem homens, também acabaria a igualdade que hoje existe entre os peixinhos, alguns deles obteriam cargos e seriam postos acima dos outros. Os que fossem um pouquinho maiores poderiam inclusive comer os menores, isso só seria agradável aos tubarões, pois eles mesmos obteriam assim mais constantemente maiores bocados para devorar. E os peixinhos maiores que deteriam os cargos valeriam pela ordem entre os peixinhos para que estes chegassem a ser, professores, oficiais, engenheiros da construção de caixas e assim por diante. Curto e grosso, só então haveria civilização no mar, se os tubarões fossem homens.
Ali Divandari (Irã) |
Naturalmente também haveria escolas nas grandes caixas, nessas aulas os peixinhos aprenderiam como nadar para a goela dos tubarões. Eles aprenderiam, por exemplo a usar a geografia, a fim de encontrar os grandes tubarões, deitados preguiçosamente por aí. Aula principal seria naturalmente a formação moral dos peixinhos. Eles seriam ensinados de que o ato mais grandioso e mais belo é o sacrifício alegre de um peixinho, e que todos eles deveriam acreditar nos tubarões, sobretudo quando esses dizem que velam pelo belo futuro dos peixinhos. Se encucaria nos peixinhos que esse futuro só estaria garantido se aprendessem a obediência. Antes de tudo os peixinhos deveriam guardar-se antes de qualquer inclinação baixa, materialista, egoísta e marxista. E denunciaria imediatamente os tubarões se qualquer deles manifestasse essas inclinações.
Se os tubarões fossem homens, eles naturalmente fariam guerra entre si a fim de conquistar caixas de peixes e peixinhos estrangeiros. As guerras seriam conduzidas pelos seus próprios peixinhos. Eles ensinariam os peixinhos que, entre os peixinhos e outros tubarões existem gigantescas diferenças. Eles anunciariam que os peixinhos são reconhecidamente mudos e calam nas mais diferentes línguas, sendo assim impossível que entendam um ao outro. Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos da outra língua silenciosos, seria condecorado com uma pequena ordem das algas e receberia o título de herói.
Se os tubarões fossem homens, haveria entre eles naturalmente também uma arte, haveria belos quadros, nos quais os dentes dos tubarões seriam pintados em vistosas cores e suas goelas seriam representadas como inocentes parques de recreio, nas quais se poderia brincar magnificamente. Os teatros do fundo do mar mostrariam como os valorosos peixinhos nadam entusiasmados para as goelas dos tubarões. A música seria tão bela, tão bela, que os peixinhos sob seus acordes e a orquestra na frente, entrariam em massa para as goelas dos tubarões sonhadores e possuídos pelos mais agradáveis pensamentos. Também haveria uma religião ali.
Se os tubarões fossem homens, eles ensinariam essa religião. E só na barriga dos tubarões é que começaria verdadeiramente a vida. Ademais, se os tubarões fossem homens, também acabaria a igualdade que hoje existe entre os peixinhos, alguns deles obteriam cargos e seriam postos acima dos outros. Os que fossem um pouquinho maiores poderiam inclusive comer os menores, isso só seria agradável aos tubarões, pois eles mesmos obteriam assim mais constantemente maiores bocados para devorar. E os peixinhos maiores que deteriam os cargos valeriam pela ordem entre os peixinhos para que estes chegassem a ser, professores, oficiais, engenheiros da construção de caixas e assim por diante. Curto e grosso, só então haveria civilização no mar, se os tubarões fossem homens.
Bertolt Brecht
O bezerro de ouro
Poder e Estado são palavras de amplo significado. As ciências sociais delas se ocupam como fenômenos em tempos e formas distintas. Segundo Weber, passam a ter uma relação simbiótica na medida em que o Poder “é toda chance, seja ele qual for, de impor a própria vontade numa relação social, mesmo com a relutância dos outros”. Esta chance é o Estado racional, como espaço de dominação, que “exerce o monopólio da coação física legítima”.
É melhor ficar por aqui. O campo teórico é muito vasto. Neste ano, Poder e Estado são objetos de acirrada disputa eleitoral. E neste procedimento, nossa cultura política mostra rugas e males de um carcomido padrão de comportamento, aferrado às raízes históricas do patrimonialismo.
As campanhas, formalmente disfarçadas de pré-candidaturas, estão nas ruas. Ao arrepio das leis, os postulantes fazem propaganda e pedem votos. Concluído o prazo da “janela de infidelidade”, cada um se agrupa em busca da reeleição. Com uma especial característica: o nosso Parlamento é o mais caro do mundo.
Debate sério e programas partidários, nem pensar. O que está em jogo é o Poder e a consequente captura do Estado como uma fonte inesgotável de privilégios e favores: uma espécie de terra prometida onde jorra mel da fortuna para poucos e fel dos desmandos para muitos. O que vale é “se dar bem”. Às favas o interesse público.
Apurados os votos, o governismo impenitente prevalecerá: o mandato é um valioso ativo no jogo “toma lá dá cá”. No mercado de capitais, se investe em ações; na eleição, em votos.
Resultado: o estado brasileiro é o inferno burocrático para o cidadão comum e o paraíso de delinquentes e associados. Estes associados são os cães farejadores da origem e do destino dos recursos públicos: saúde, educação, obras e emendas/municípios.
Sempre “amigos” e aduladores dos poderosos, são bregas, “simpáticos” ou “paus-mandados”. Lobistas devidamente regulamentados? Jamais, o PL 6232 de Marco Maciel é de 1990. Aperfeiçoaram e organizaram o crime da corrupção na captação e manejo dos valores: do pixuleco às rachadinhas; do dinheiro vivo às criptomoedas.
A cada escândalo sucede outro numa velocidade que anestesia a indignação. O mais recente envolve autoridades e pastores. Transformaram o tesouro num mundano “Bezerro de Ouro” de forma tão literal que exigiram pepitas do melhor quilate. Isso, pagamento em barras de ouro!
PS. Recomendável a releitura bíblica: os fariseus, vendilhões do Templo, esgotaram a santa paciência de Cristo e tiveram a reação merecida.
É melhor ficar por aqui. O campo teórico é muito vasto. Neste ano, Poder e Estado são objetos de acirrada disputa eleitoral. E neste procedimento, nossa cultura política mostra rugas e males de um carcomido padrão de comportamento, aferrado às raízes históricas do patrimonialismo.
As campanhas, formalmente disfarçadas de pré-candidaturas, estão nas ruas. Ao arrepio das leis, os postulantes fazem propaganda e pedem votos. Concluído o prazo da “janela de infidelidade”, cada um se agrupa em busca da reeleição. Com uma especial característica: o nosso Parlamento é o mais caro do mundo.
Debate sério e programas partidários, nem pensar. O que está em jogo é o Poder e a consequente captura do Estado como uma fonte inesgotável de privilégios e favores: uma espécie de terra prometida onde jorra mel da fortuna para poucos e fel dos desmandos para muitos. O que vale é “se dar bem”. Às favas o interesse público.
Apurados os votos, o governismo impenitente prevalecerá: o mandato é um valioso ativo no jogo “toma lá dá cá”. No mercado de capitais, se investe em ações; na eleição, em votos.
Resultado: o estado brasileiro é o inferno burocrático para o cidadão comum e o paraíso de delinquentes e associados. Estes associados são os cães farejadores da origem e do destino dos recursos públicos: saúde, educação, obras e emendas/municípios.
Sempre “amigos” e aduladores dos poderosos, são bregas, “simpáticos” ou “paus-mandados”. Lobistas devidamente regulamentados? Jamais, o PL 6232 de Marco Maciel é de 1990. Aperfeiçoaram e organizaram o crime da corrupção na captação e manejo dos valores: do pixuleco às rachadinhas; do dinheiro vivo às criptomoedas.
A cada escândalo sucede outro numa velocidade que anestesia a indignação. O mais recente envolve autoridades e pastores. Transformaram o tesouro num mundano “Bezerro de Ouro” de forma tão literal que exigiram pepitas do melhor quilate. Isso, pagamento em barras de ouro!
PS. Recomendável a releitura bíblica: os fariseus, vendilhões do Templo, esgotaram a santa paciência de Cristo e tiveram a reação merecida.
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