sábado, 9 de maio de 2015

Já faz tempo que escolhi

A luz que me abriu os olhos
para a dor dos deserdados
e os feridos de injustiça,
não me permite fechá-los
nunca mais, enquanto viva.
Mesmo que de asco ou fadiga
me disponha a não ver mais,
ainda que o medo costure
os meus olhos, já não posso
deixar de ver: a verdade
me tocou, com sua lâmina
de amor, o centro do ser.
Não se trata de escolher
entre cegueira e traição.
Mas entre ver e fazer
de conta que nada vi
ou dizer da dor que vejo
para ajudá-la a ter fim,
já faz tempo que escolhi.
Thiago de Mello

Mais e mais paciência

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O segundo panelaço do ano é uma pancada na cabeça do PT. Certo. Mas de qual PT? Pois, agora, é assim: temos o PT de Lula; o PT de Dilma, que pode ser confundido com o governo; o PT dos sonhos, defendido por algumas figuras icônicas da intelectualidade brasileira, e o PT de fato, que reúne todos em uma sigla desnorteada e gera “desertores” como Marta Suplicy e “desolados” como Aloizio Mercadante.

A verdade é que o panelaço acertou todos os petistas, incluindo os de bom coração e os honestos, que se sangram ao ter que sair em defesa do indefensável.

Mas quem se beneficia da sangria deste PT de outro mundo? O PSDB? Mas qual PSDB? Pois, agora, também é assim: temos o PSDB do Aécio, que imagina um impeachment da presidente; o PSDB do Alckmin, que se vira para evitar desgaste e torce para que o aliado mineiro tropece, e o PSDB de FHC, que possibilita coisas estranhas, como se associar ao PT para defender as mesmas coisas. Como o PT, tem ainda o PSDB de fato, que reúne todos os outros e que só sabe que não sabe mesmo o que vai fazer.

Pode-se dizer também que a crise de governabilidade de Dilma e um Lula cada vez mais enfraquecido, além deste PSDB estonteado, beneficiem o PMDB. Mas qual PMDB? Pois, desde sempre, foi assim: existe o PMDB do “bem” e do “mal”, com agravantes, pois, agora, existe o PMDB de Cunha, o de Calheiros e o de Temer. Ah, claro! Existe o PMDB de fato, o que reúne todos os outros e que vai seguindo com seu eterno e “indispensável” fisiologismo.

Com as três principais forças políticas do Brasil tomadas por surtos esquizofrênicos, o que dizer então da economia em frangalhos, do desemprego em alta, das fábricas quase parando e do custo de vida aumentando?

Apesar de parecer, o país não está do lado avesso. Pelo contrário, ele está sendo colocado do lado certo, com empreiteiros sendo presos, escândalos descobertos e uma profusão de democracia, apesar de algumas recaídas (vide agressões aos professores no Paraná), capazes de estabelecer uma nova (des) ordem social. É um novo tempo.

A carência é do advento de uma liderança, como ocorria em outros tempos, capaz de se estabelecer sobre PT, PSDB e PMDB ou aglutinar o melhor de cada uma dessas legendas.

Certamente, ela existe e não é messiânica. Também não está entre os atuais lobos e falsos cordeiros. É preciso que novos lobinhos e cordeirinhos se apresentem para que a população se acalme e o país do futuro que nunca chega tenha ao menos um pouco de tranquilidade para mudar algumas coisinhas e continuar o mesmo, rumando para dias melhores com pernas curtas, passos de tartaruga e muita, mas muita paciência de sua gente.

A duração da travessia

O governo e o PT continuam alimentando a falsa esperança de que a superação da crise atual poderá ser tão rápida como em 2003

Lula-Dilma-e-o-Brasil

Quanto tempo mais será necessário para que o país supere a grave crise em que está mergulhado e volte a ter perspectivas promissoras? É o que, hoje, se perguntam todos: o governo, os partidos que lhe dão apoio, a oposição, o empresariado, os investidores e, claro, cada cidadão que tenta vislumbrar o que o futuro lhe reserva.

Não é indagação para a qual se possa dar resposta clara e inequívoca. Tal é a complexidade com que interagem as múltiplas dimensões da crise, que respostas mais cuidadosas — e, ainda assim, decepcionantemente evasivas — vêm exigindo intrincada conjugação de considerações de ordem econômica, política e jurídica.

No entanto, os que indagam sobre a duração da crise insistem numa resposta simples e direta. Têm decisões a tomar. Pouco ou nada lhes ajuda uma profusão de cenários alternativos, calcados em análises multidisciplinares complexas. Preferem agarrar-se a uma história simplista da qual possam extrair uma resposta inequívoca que lhes pareça plausível.

É o que explica a coexistência no país de vasto leque de narrativas distintas acerca da duração da crise, que não só espelham simplificações diferentes dos seus possíveis desdobramentos, como conveniências e restrições específicas de quem desenvolve cada narrativa. No próprio governo, há narrativas divergentes.

O Planalto ainda não tem ideia clara de quanto tempo mais durarão suas dificuldades. Mas continua tentado a crer que, na economia, pelo menos, a luz no fundo do túnel vai aparecer bem mais cedo do que se espera.

Embora haja, na nova equipe econômica, quem tenha visão mais realista de quão lentos deverão ser os resultados da reorientação da política econômica, tal realismo ainda não pôde ser externado com a devida franqueza ao Planalto. Afinal, a própria reorientação parece só ter sido possível porque a cúpula do governo se permitiu nutrir uma visão fantasiosa sobre a rapidez com que os resultados poderiam vir a ser colhidos.

Mais variadas ainda são as narrativas sobre a duração da crise que prosperam na base aliada do governo. Há grande apreensão no PT com a aposta no ajuste que vem sendo comandado pelo ministro Joaquim Levy. No amplo espectro de posições sobre a questão no âmbito do partido, há quem creia que a aposta não faz sentido. Mas, também, quem veja mérito no esforço de ajuste e esteja pronto a defendê-lo, desde que a colheita de resultados possa ser rápida.

Não obstante as circunstâncias completamente distintas, tanto o governo como o PT continuam alimentando a falsa esperança de que a superação da crise atual poderá ser tão rápida como em 2003. Tudo indica que não será. Em 2003, o ambiente externo era muito mais favorável.

O país estava estava sendo beneficiado pelo boom de preços de commodities. E o problema interno primordial resumia-se à restauração da confiança no governo. Agora, tendo em vista as proporções da devastação fiscal, dos equívocos de política econômica, da demolição institucional e da corrupção, o esforço de reconstrução terá de ser muito maior.

Manter o PT alinhado ao programa de ajuste do governo não tem sido fácil. Se a equipe econômica não tem podido ser tão franca como gostaria com o Planalto, menos franca ainda vem tendo de ser com o PT.

O quadro é delicado. E todo cuidado é pouco. Se o partido for exposto a uma narrativa realista da provável duração da crise, é bem possível que seu já tépido apoio à política econômica de Levy desapareça por completo.

O problema é que esse jogo não pode ser jogado por muito tempo mais. Nos próximos meses, tanto o Planalto como o PT estarão fadados a se desiludir com a fantasia de que os resultados do ajuste macroeconômico poderão ser colhidos em breve. Aos poucos, vão constatar, afinal, que a superação da crise deverá ser bem mais longa e mais penosa do que imaginavam.

Quando essa dura realidade se impuser, com o PT já mobilizado para a campanha das eleições municipais de 2016, terá o Planalto convicção e respaldo político para persistir no esforço de ajuste que ainda se fará necessário?
Rogério Furquim Werneck

Política de interesse há tempos

Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição. Falta igualmente a aptidão, e o engenho, e o bom senso, e a moralidade, nestes dois factos que constituem o movimento político das nações.
A ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse.
A política é uma arma, em todos os pontos revolta pelas vontades contraditórias; ali dominam as más paixões; ali luta-se pela avidez do ganho ou pelo gozo da vaidade; ali há a postergação dos princípios e o desprezo dos sentimentos; ali há a abdicação de tudo o que o homem tem na alma de nobre, de generoso, de grande, de racional e de justo; em volta daquela arena enxameiam os aventureiros inteligentes, os grandes vaidosos, os especuladores ásperos; há a tristeza e a miséria; dentro há a corrupção, o patrono, o privilégio. A refrega é dura; combate-se, atraiçoa-se, brada-se, foge-se, destrói-se, corrompe-se. Todos os desperdícios, todas as violências, todas as indignidades se entrechocam ali com dor e com raiva.
À escalada sobem todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos (...) todos querem penetrar na arena, ambiciosos dos espetáculos cortesãos, ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis dos gozos da vaidade.
Eça de Queirós (1845 - 1900), in 'Distrito de Évora (1867)

Eles sabiam de tudo (mesmo)

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O ex-presidente bonzinho do Uruguai, José Mujica, contou que o ex-presidente bonzinho do Brasil, Lula da Silva, se sentiu culpado pelo mensalão. Está registrado e agora publicado em livro: segundo o companheiro Mujica, Lula lhe confidenciou que o mensalão era “a única forma de governar o Brasil”. Que ninguém tome isso ao pé da letra. Não é que o mensalão seja a única forma possível de governar. Tem também o petrolão e seus derivados. Ou seja: a única forma de governar o Brasil é roubar os brasileiros, enriquecer o partido e comprar a vida eterna no poder.

Esse golpe está sendo dado há 12 anos, e há dez o Brasil brinca de se perguntar se Lula sabia. Eis a resposta entregue de bandeja pelo amigo de fé, irmão camarada Mujica: Lula sabia que a única forma de ficar no poder com um grupo político feito de pessoas medíocres, despreparadas, hipócritas e desesperadas por cargos e verbas era se fingir de coitado, chorar e parasitar o Estado brasileiro com todas as suas forças.

O império do oprimido ofereceu ao país incontáveis chances de perceber a sua única forma de governar. Escândalos obscenos foram montados dentro do Palácio do Planalto, envolvendo os principais personagens do Estado-Maior petista. Hoje o Brasil é governado por uma marionete desse sistema único de governo (SUG), uma presidente solidária ao seu tesoureiro preso, acusado de injetar em sua campanha eleitoral dinheiro roubado da Petrobras. Uma presidente que exalta como heróis os mensaleiros julgados e condenados. E que presidiu o conselho de administração da maior estatal brasileira enquanto ela era depenada por prepostos do seu partido.

Foi necessária a confissão de um companheiro uruguaio para desvelar o óbvio: eles sabiam de tudo. Tudo mesmo.

Essa forma única de governar o Brasil só tem uns probleminhas: a economia acaba de registrar sua maior retração em 20 anos, na contramão dos emergentes e do mundo; a inflação avacalhou a meta e taca fogo na antessala da recessão; o desemprego voltou às manchetes, apesar das tentativas criminosas de esconder seus índices durante a eleição; a perda do grau de investimento do país está por uma unha de Levy, após anos de contabilidade criativa, pedaladas fiscais e outras orgias progressistas para esconder a gastança —a única forma de governar.

Com inabalável firmeza de propósitos, o PT chegou lá: tornou-se o cupim do Estado brasileiro. Hoje é difícil encontrar um cômodo da administração pública que não esteja tomado pelo exército voraz, que substitui gestão por ingestão. O Brasil quer esperar mais quatro anos para ver o que sobra da mobília.

Mujica disse que Lula não é corrupto como Collor. Tem razão. O Esquema PC era um careca de bigode que batia na porta de empresários em nome do chefe para tomar-lhes umas gorjetas. O mensalão e o petrolão foram dutos construídos entre as maiores estatais do país e o partido governante. Realmente, não tem comparação.

Os cupins vão devorando o que podem — inclusive informação comprometedora. As gravações da negociata de Pasadena, presidida por Dilma Rousseff, sumiram. Normal. Dilma, ela mesma, também sumiu. Veio o Dia do Trabalho, e a grande líder do Partido dos Trabalhadores não apareceu na TV — logo ela, que convocava cadeia obrigatória de rádio e TV até em Dia das Mães. Pouco depois, veio o programa eleitoral do PT e, novamente, a filiada mais poderosa do partido não foi vista na tela.

Quem apareceu foi Lula, o amigo culpado de Mujica, vociferando contra os inimigos dos trabalhadores, as elites, enfim, toda essa gente que não compreende a única forma de governar o Brasil. E os brasileiros bateram panela em todo o território nacional — o que algum teórico progressista ainda há de explicar como uma saudação efusiva ao filho do Brasil adotado pela Odebrecht.

O ministro da Secretaria de Comunicação disse que é um erro vincular Lula e Dilma ao PT. Já o PT tenta parecer desvinculado do governo Dilma. Pelo menos isso: eles sabiam de tudo, mas não têm nada a ver uns com os outros.

Em meio aos panelaços, foi possível ouvir o balanço da Petrobras contabilizando 6,2 bilhões de reais de corrupção. Ou seja: as informações da Operação Lava-Jato, que apontam o PT e a própria presidente da República como beneficiários do petrolão, foram oficializadas no balanço auditado da maior empresa brasileira. Pena Lula não ter conversado sobre isso com Mujica. Os brasileiros vão ter que perceber sozinhos: esta só continuará sendo a única forma de governar o Brasil se o Brasil não cumprir o seu dever de enxotar um governo irremediavelmente delinquente.

Lula, o Chefe

Povo-Dilma-Lula-PT
O Brasil é o país dos segredos de domínio público, os tais segredos de polichinelo. O da vez foi “revelado” pelo ex-presidente do Uruguai, José Mujica, a quem Lula confessou, em 2010, não apenas saber do Mensalão, mas de tê-lo promovido e sustentado, por entender que “não há outro modo de governar o Brasil”.

O depoimento está no recém-lançado livro “Uma Ovelha Negra no Poder”, em que Mujica conta a dois jornalistas amigos, Andrés Danza e Ernesto Tulbovitz, sua passagem pela presidência do Uruguai. Não o faz com o objetivo de denegrir Lula.

Muito pelo contrário, é seu amigo e o admira – e faz questão de distingui-lo de Collor, que, segundo ele, seria um corrupto de verdade, sem explicar exatamente o que os distingue. Talvez o fato de que Collor não teve sucesso.

E aí está um dos aspectos mais interessantes dessa história. Mujica supunha estar falando do óbvio (e estava): o papel de Lula no Mensalão. Um papel que ninguém ignora, a não ser, claro, a Justiça brasileira e a oposição de então, que evitou pedir o seu impeachment. Se suspeitasse dos problemas que causaria ao amigo, provavelmente não falaria. Mas falou - e, nestes tempos de Petrolão, recolocou em cena o perfil moral do Chefe do PT.

Em 2010, o Mensalão já tramitava há cinco anos no STF. E Lula, em relação a ele, já havia se manifestado das maneiras mais contraditórias. De início, disse que não sabia de nada; depois, que foi traído. Chegou a dizer que o PT devia desculpas ao país.

Mas, à medida em que o tempo passava, convicto de que nada iria ocorrer, assumiu tom desafiante. Disse que o Mensalão jamais havia ocorrido, que era uma invenção da oposição (a mesma que o havia livrado do impeachment) e que estava convencido de que não passara de uma tentativa de golpe de estado.

Mais: prometeu que, tão logo deixasse a presidência, iria se dedicar a investigar por conta própria o caso. Bravata ridícula, na medida em que tal tarefa não cabe a um ex-presidente, que é um cidadão comum, desprovido dos meios de investigação, que pertencem ao Estado. Se queria investigar, o lugar de fazê-lo era na presidência – e não em São Bernardo ou no sítio de Atibaia.

A alegação de que não sabia foi, de imediato, desmentida por dois personagens: o então deputado Roberto Jefferson, delator do esquema (em quem Lula dizia confiar ao ponto de não recear em lhe dar um cheque em branco), e o governador de Goiás, Marcone Perillo – a quem chamava de “companheiro” e a quem agradeceu publicamente a ideia de juntar as bolsas sociais do governo FHC numa só, a Bolsa Família. Tornou-se seu inimigo figadal.

O importante nessa “revelação” de Mujica não é o fato em si, que ninguém jamais ignorou – a não ser o então procurador-geral da República Antonio Fernandes de Souza, que excluiu Lula da denúncia - mas a justificativa do ex-presidente: não há outro meio de governar o Brasil. Só pela corrupção.

Esse modo estrábico (e imoral) de enxergar o país explica as inúmeras denúncias que envolvem os governos do PT, não apenas no âmbito federal, mas também nos âmbitos estaduais e municipais. Explica os assassinatos dos prefeitos Toninho do PT (Campinas) e Celso Daniel (Santo André), até hoje sem solução.

Explica o Petrolão e os saques, entre outros, aos fundos de pensão, BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica, Dnit, Eletrobras e onde mais haja cofres abarrotados. Só roubando – eis o mote a aplacar eventuais crises de consciência. Lula também disse a Mujica, em relação ao Mensalão, que se sentia “um pouco” culpado. Só um pouco. Quando o caso se aproximava do julgamento do STF, abordou o ministro Gilmar Mendes em busca de adiamento.

Tentou chantageá-lo, sem êxito, por meio da CPI do Cachoeira, o bicheiro que financiava políticos (sobretudo do PT), em que seus aliados buscaram transformar o papel investigativo de uma revista, a Veja, em cumplicidade com o bicheiro.

Também não funcionou. Lula escapou do Mensalão – um crime que, não obstante envolver menos dinheiro que o Petrolão, tem simbolismo mais grave, por se tratar da compra de um poder da República (o Legislativo) por outro (o Executivo). Os ministros Celso de Melo e Ayres Brito, do STF, o classificaram de tentativa de golpe, de crime contra o estado e a democracia. Nesses termos, tudo saiu muito barato: os agentes políticos estão todos soltos.

E aí surge o Petrolão. Lula repete a pantomima: não sabia de nada, não fez nada – não houve nada. Tudo não passa de tentativa para denegrir o PT e derrubar Dilma (cujo impeachment, clamado nas ruas, é mais uma vez blindado pela oposição).

O serviço (involuntário) que o companheiro Mujica prestou foi o de ter revelado (ou confirmado) ao país que o roubo, no PT, não deriva apenas de uma fraqueza humana pelo enriquecimento fácil, mas da convicção ideológica de que é uma ferramenta de governo. Sem ele – eis a lógica - não se governa. Isso explica tudo o que aí está - e deixa claro que, com esses pilotos, não há chance de a embarcação Brasil chegar a porto seguro.

Procura-se


Não são mais apenas notas de 100 dólares com as caras de Lula, Dilma e João Vaccari, jogadas no plenário da Câmara, as boas imagens que o PT recolheu esta semana. Em São Paulo e outras cidades do interior já aparecem colados em postes e paredes cartazes com o título “Procurado” ou “Procurada”, estampadas as fotos de Lula, Dilma e os deputados petistas Vicentinho e Sibá Machado, entre outros, segundo noticia o site do Estadão. O sucesso é total e a iniciativa vai se espalhar pelo país.

Os cartazes são feitos aos moldes dos usados nos Estados Unidos, na época da ocupação do velho Oeste. Com programação visual que lembra papel antigo, Dilma e Lula são retratados como culpados pelo “roubo” de direitos trabalhistas e outras rapinagens que vieram à tona na Operação Lava Jato.

Nada muda no Brasil. E as distorções se eternizam

É engraçado como os comentaristas aqui na Tribuna da Internet, cada um a seu jeito e visão, conseguem enxergar estas obviedades e distorções que ocorrem pela suprema mão do Supremo Tribunal Federal, desde os tempos pré-parados de ontem do Gilmar Mendes e Daniel Dantas e que persistem até hoje, conubiando (se é que o termo existe…) o malfeitor e a Justiça, esta que deveria tão somente punir aquele, mas, muito pelo contrário, não só não o faz, postergando a condenação, como, muito pior, mantém intactos os malfeitos.
Por acaso, as construtoras tiveram suspensas suas obras, orientações, permissões, concessões, dações etc.? Seus contratos foram revistos para serem eliminados os elementares e óbvios sobrepreços propínicos e sem concorrência? Não existe ninguém no próprio Ministério Público que reaja contra estas distorções, como seria natural do seu previsto trabalho?

O próprio juiz federal Sérgio Moro ou alguém de seu grupo ou da força-tarefa, que certamente há, por que não reagem contra esta indevida perpetuação dos malfeitos, como os apelidou de forma carinhosa a presidente? Como enfrentar este verdadeiro e fajuto sistema de acomodação existente?

É verdade que agora, no meio do furacão, já se cogita de impedir que o presidente de plantão nomeie os ministros do Supremo com elementos de sua trupe, que, por óbvio, vão defendê-lo, com unhas e dentes, das culpas por seus deslizes e seus “não sabia de nada”, como ocorre hoje. Já se cogita, mas ainda não se impediu. É bom que se mude isto, e antes tarde do que nunca, claro.

Por fim, há uma realidade constrangedora e assustadora: o furacão já está aí, sobre nossas cabeças… A marolinha, constata-se, era mesmo visão de quem não sabia de nada. 

Os desperdícios do Condomínio Brasil


A imagem, que recebi por e-mail, fala muito ao Brasil sobre o modo como nós brasileiros lidamos com as questões do Estado, do governo e da política.

O que aí está exposto deveria conscientizar-nos da necessidade e das imensas possibilidades que se abririam a um projeto determinado, valente e moralmente indispensável, de redução do tamanho do Estado. Para onde olharmos, o que se agigantou no gigante adormecido, foi o zelador. É como se, na administração de um condomínio, se fossem criando mais e mais funções e cargos com o repasse mensal da conta para os proprietários ou inquilinos. E que isso prosseguisse assim, num crescendo sem limites, através dos anos. De repente, os moradores sustentam uma corte a que todos se submetem, sem saber bem por quê.

O Brasil poderia custar muito menos para todos nós! Os desperdícios estão por toda parte e são maiores onde menos se necessita do Estado.