A Dilma de 2015, para muitos, pode ser uma outra Dilma, fujona, não mais a "guerreira". É a mesma de sempre. Só que a anterior, debaixo de retoques de marketing, parecia quase uma heroína, para esconder o seu maior defeito: o orgulho.
É por orgulho que não quer se expor. Orgulho da ex-militante que chegou à Presidência, mas para isso teve que se cumpliciar com a mais criminosa das máfias políticas do país.
Enquanto estava numa boa, com imagem de ministra e presidente desfraldada em bandeiras de lutas pelo povo, era fácil o sorriso, as bombásticas declarações. Dava-se a esse prazer com o empenho dos mistificadores, estava construindo uma biografia para, como quer seu partido, reescrever a história brasileira. E melhor se tivesse que aparecer como numa “Liberdade guiando o povo" (pintura de Eugène Delacroix).
Mas os tempos mudaram e se nublaram. A imagem que sonhou para si na história é bem mais nebulosa, de cúmplice, de conivente. O orgulho não permite se expor a chacotas, a panelaços, ao humor da verdade dos humoristas.
Se acha acima do bem e do mal, quem não se permite a humildemente pedir desculpas por um desastre como levar ao fundo do poço o país. Prefere o silêncio dos onipotentes dos medíocres. Acomoda melhor seu orgulho continental, para quem, só deve ter aplausos, nunca apupos. É a Dilma de ontem e de hoje se achando melhor e maior do que qualquer outro cidadão. Ou melhor, é a Senhora de brasileiros e brasileiras, impávida.