quinta-feira, 4 de agosto de 2016
Indagações
Fiz 80 anos. Entrei na evitada e almejada “melhor idade” ou, como se dizia quando éramos politicamente incorretos, na “velhice”. Minha mente (que não tem idade) só acende bem-aventuranças. Meu calendário fica menor, mas há o alívio de não ter que fazer prova de matemática! Agora, todo ano se repete e não perco mais nenhuma aula, porque fui expulso da escola. Depois de uma certa idade, somos nós mesmos que nos avaliamos. Agora, eu não vou mais ser; eu sou!
Um mago consultado diz que, aos 80, a alma fala com a consciência, os neurônios com o cérebro. Desta plataforma, eles mandam bilhetinhos para a mente, que telegrafa ao espírito.
É normal!, diz-me o bruxo fumando um baseado. Coriscos e relâmpagos intrusivos cruzam-se num permanente, mas nem sempre explícito, diálogo do “eu” consigo mesmo, pois o “eu” não está só. Ele é assolado de fora e de dentro por afrontas, notícias e algum terrorismo – além de velhos desejos e fantasias. Esse fluxo incessante faz um carnaval. A realidade tem muitas fantasias.
Foi assim que acumulei, ao longo da semana, estranhamentos e indagações um tanto incompatíveis com a idade calhada a sabedora e a bíblica quietude – aquele conformismo próprio dos velhinhos bondosos e puros. O que não é, definitivamente, o meu caso.
Mas não tem sido sempre assim, quando eu esperava a “barca” a ligar Niterói com o mundo? Na enorme fila, eu já não sentia a ansiedade do que chamamos de vida consciente, ali aguçada pela perspectiva da jornada no balanço do mar? Não era essa travessia o modelo das escolhas profissionais que a casa e a sociedade me obrigavam a fazer, quando casualmente perguntavam: o que você vai ser – ou seja: o que será de você?
– Por que não és um ricaço? Os ricos não esperam! – ainda diz um sujeito inconformado dentro da minha cabeça. Mal pacifico essa impertinência, ouço uma outra indagação trivializada nestes tempos de roubos do Brasil pelo Brasil: por que não fostes um político cunhado na frieza, na ambição, no conhecimento dos regulamentos que ninguém lê e na desonestidade? Além de milionário, tal senda faria de ti um poderoso protagonista no labirinto do teatro nacional.
Será que eu não teria ido mais longe ou “me arrumado”, se tivesse escolhido um outro caminho? Em vez de livros; dinheiro? Em vez de individualidade; uma turma e um cartão partidário? Quem sabe a marquetagem teria resolvido minha inveja, meu narcisismo e – eis a questão – a minha vergonhosa conta bancária?
Mas qual...
Infelizmente, escolhi não uma “ciência exata”, daquelas que explicam o mundo, mas uma disciplina meio histórica e literária, que desiste dos números, tem como centro a comparação por contraste e, por isso, recusa o trivial. Diferentemente das outras “ciências sociais”, a antropologia que pratico revela muitos modos de vida. Todos equivalentes e todos com o potencial de serem dignos e indignos, honrados ou execrados. Além desse deslocamento da contemporaneidade, que confundimos com “avanço” e modernidade, seu método é um oximoro: a chamada “observação participante”.
Porque o observar e analisar, usando a própria consciência como instrumento, impede o participar. E o participar, com seus afetos, gozos e nojos, impede o observar. Pode-se atacar uma feijoada ou o amor, tomando notas? Não é impossível, mas não é para qualquer um.
O “observar/participando” não é inútil, mas é uma contradição em termos tipo “inteligência militar”, “político honesto”, “profundidade jornalística” ou “radicalismo equilibrado”.
Guardando as devidas proporções, é como compreender por que o Brasil foi roubado por seus mais amados governantes. Pois como decifrar o populismo lulo-petista sem passar pelo triste capítulo do acordo com os ricos para roubar os pobres, que o elegeram e dos quais foi esperança? Eis o grande programa ideológico do genial Bertolt Brecht virado pelo avesso. Eis o mistério pateticamente trazido à luz por uma Other-Brecht, a qual transformou a ópera dos vinténs num infame jogo de bilhões.
Mas voltando ao microbalanço dessa caminhada de 80 vezes 365, devo dizer que eu não trocaria esses dias de espinhos, rosas e algum uísque, angústia e muito amor e música de Sinatra – por coisa alguma. Podemos sair de um papel, conforme temos visto envergonhados nos jornais, quando descobrimos figuras públicas como ladrões. Mas – como ensinava Shakespeare – só saímos de nossas vidas quando deixamos o palco.
Por outro lado, sabemos que o morto é uma entidade sem papéis. Na morte, viramos tudo o que os outros querem e, depois disso, somos esquecidos.
Mas, do ponto de vista da terra do nada, tudo o que vivemos é mágico e maravilhoso. Mesmo o dia mais infeliz é uma realização, mesmo o abandono e a solidão mais punitiva, é parte da magia da saudade. Essa palavra que esses 80 me presenteiam, pois, como aprendi com Joaquim Nabuco, ela – a saudade – está nos túmulos e nas cartas de amor.
Um mago consultado diz que, aos 80, a alma fala com a consciência, os neurônios com o cérebro. Desta plataforma, eles mandam bilhetinhos para a mente, que telegrafa ao espírito.
É normal!, diz-me o bruxo fumando um baseado. Coriscos e relâmpagos intrusivos cruzam-se num permanente, mas nem sempre explícito, diálogo do “eu” consigo mesmo, pois o “eu” não está só. Ele é assolado de fora e de dentro por afrontas, notícias e algum terrorismo – além de velhos desejos e fantasias. Esse fluxo incessante faz um carnaval. A realidade tem muitas fantasias.
Foi assim que acumulei, ao longo da semana, estranhamentos e indagações um tanto incompatíveis com a idade calhada a sabedora e a bíblica quietude – aquele conformismo próprio dos velhinhos bondosos e puros. O que não é, definitivamente, o meu caso.
Mas não tem sido sempre assim, quando eu esperava a “barca” a ligar Niterói com o mundo? Na enorme fila, eu já não sentia a ansiedade do que chamamos de vida consciente, ali aguçada pela perspectiva da jornada no balanço do mar? Não era essa travessia o modelo das escolhas profissionais que a casa e a sociedade me obrigavam a fazer, quando casualmente perguntavam: o que você vai ser – ou seja: o que será de você?
– Por que não és um ricaço? Os ricos não esperam! – ainda diz um sujeito inconformado dentro da minha cabeça. Mal pacifico essa impertinência, ouço uma outra indagação trivializada nestes tempos de roubos do Brasil pelo Brasil: por que não fostes um político cunhado na frieza, na ambição, no conhecimento dos regulamentos que ninguém lê e na desonestidade? Além de milionário, tal senda faria de ti um poderoso protagonista no labirinto do teatro nacional.
Será que eu não teria ido mais longe ou “me arrumado”, se tivesse escolhido um outro caminho? Em vez de livros; dinheiro? Em vez de individualidade; uma turma e um cartão partidário? Quem sabe a marquetagem teria resolvido minha inveja, meu narcisismo e – eis a questão – a minha vergonhosa conta bancária?
Mas qual...
Infelizmente, escolhi não uma “ciência exata”, daquelas que explicam o mundo, mas uma disciplina meio histórica e literária, que desiste dos números, tem como centro a comparação por contraste e, por isso, recusa o trivial. Diferentemente das outras “ciências sociais”, a antropologia que pratico revela muitos modos de vida. Todos equivalentes e todos com o potencial de serem dignos e indignos, honrados ou execrados. Além desse deslocamento da contemporaneidade, que confundimos com “avanço” e modernidade, seu método é um oximoro: a chamada “observação participante”.
Porque o observar e analisar, usando a própria consciência como instrumento, impede o participar. E o participar, com seus afetos, gozos e nojos, impede o observar. Pode-se atacar uma feijoada ou o amor, tomando notas? Não é impossível, mas não é para qualquer um.
O “observar/participando” não é inútil, mas é uma contradição em termos tipo “inteligência militar”, “político honesto”, “profundidade jornalística” ou “radicalismo equilibrado”.
Guardando as devidas proporções, é como compreender por que o Brasil foi roubado por seus mais amados governantes. Pois como decifrar o populismo lulo-petista sem passar pelo triste capítulo do acordo com os ricos para roubar os pobres, que o elegeram e dos quais foi esperança? Eis o grande programa ideológico do genial Bertolt Brecht virado pelo avesso. Eis o mistério pateticamente trazido à luz por uma Other-Brecht, a qual transformou a ópera dos vinténs num infame jogo de bilhões.
Mas voltando ao microbalanço dessa caminhada de 80 vezes 365, devo dizer que eu não trocaria esses dias de espinhos, rosas e algum uísque, angústia e muito amor e música de Sinatra – por coisa alguma. Podemos sair de um papel, conforme temos visto envergonhados nos jornais, quando descobrimos figuras públicas como ladrões. Mas – como ensinava Shakespeare – só saímos de nossas vidas quando deixamos o palco.
Por outro lado, sabemos que o morto é uma entidade sem papéis. Na morte, viramos tudo o que os outros querem e, depois disso, somos esquecidos.
Mas, do ponto de vista da terra do nada, tudo o que vivemos é mágico e maravilhoso. Mesmo o dia mais infeliz é uma realização, mesmo o abandono e a solidão mais punitiva, é parte da magia da saudade. Essa palavra que esses 80 me presenteiam, pois, como aprendi com Joaquim Nabuco, ela – a saudade – está nos túmulos e nas cartas de amor.
Vocação para o crime
O Lula lutou para que o antigo PFL desaparecesse do mapa político. O partido se reinventou e transformou-se no DEM. Hoje, preside a Câmara com Rodrigo Maia e tem uma bancada de 27 deputados. Maia é o presidente da república de plantão na ausência de Temer, o titular. O ex-presidente amaldiçoou os antigos pefelistas enfurecido com a oposição que eles faziam ao seu governo. Enquanto o DEM ascende ao poder, Lula assiste o PT definhar. Dos 69 deputados eleitos, restam 59 que evitam os lugares públicos para não serem hostilizados
Nessas eleições, os petistas, envergonhados, tentam alianças para formar chapas de prefeitos nas cidades, mas encontram dificuldades porque os partidos rejeitam coligação com os candidatos do Lula. A vitrine do PT, Fernando Haddad, em São Paulo, não consegue alcançar os dois dígitos nas pesquisas que viabilizem a sua reeleição. É o pior avaliado entre todos os prefeitos do país. Deve sentir inveja de ACM Neto em Salvador que vai encarar a reeleição com mais de 80% de aprovação. Pois é, o ACM é do então PFL, o partido que o Lula queria destruir por decreto como faziam os ditadores de plantão no regime militar.
O DEM sobreviveu, deu a volta por cima e, no momento, assiste de camarote o seu carrasco pedir ajuda da ONU para não cair nas garras do juiz Sérgio Moro. Anunciar o fim de um partido de oposição em um regime democrático é uma aberração, uma atitude arrogante de quem achava que podia tudo do alto do poder. Achava-se tão soberano que cometeu o maior erro da história política do país ao escolher a Dilma para sucedê-lo.
Lula escondeu dos brasileiros por muito tempo os seus dotes antidemocráticos, só revelados quando chegou à presidência. Ao tomar conhecimento do artigo “Ato de bebericar do líder brasileiro se torna preocupação nacional”, do correspondente do New York Time Larry Rohter, logo mostrou-se um déspota. Pediu que o ministério da Justiça providenciasse a expulsão do jornalista que ofendia a sua honra de chefe de estado. O tempo mostrou que o repórter estava certo ao escrever que ele se mantinha sob o efeito do álcool mesmo nos dias de trabalho. A matéria não inibiu que Lula continuasse saboreando uma cachacinha no seu dia a dia.
Outro atributo petista, que o Lula conseguiu disfarçar ao longo do tempo, foi a vocação para o crime. Lá atrás, com a morte de Celso Daniel, o Ministério Público investigou o envolvimento de militantes do PT na trama para assassinar o prefeito de Santo André. Mas Lula logo chegou ao poder e o caso foi abafado nos tribunais. Nem bem tomou posse, viu seu governo envolver-se no primeiro escândalo: o assessor do Zé Dirceu aparece em um vídeo sendo subornado pelo Cachoeira, o contraventor goiano que virou um próspero empresário graças ao seu relacionamento com a cúpula petista. Os primeiros experimentos com a gatunagem já apontavam para uma formação de quadrilha no futuro.
De lá pra cá, o Lula nunca mais deixou de se envolver em escândalos, negando-os todos quando era questionado, até virar réu. O mais grave até então foi o do mensalão que levou à cadeia os seus parceiros mais próximos, inclusive o Zé Dirceu, artífice da sua vitória eleitoral. Nem bem os petistas tinham cumprido parte da pena surgiu a Lava Jato que acabou por descobrir os tentáculos da organização criminosa que se instalou no país sob a coordenação da dupla Dilma e Lula.
O PT, que hoje está se desmilinguido, é aquele mesmo partido que começou a fazer política denunciando os “picaretas da Câmara” e defendendo intransigentemente a ética como princípio partidário. Dez anos depois, o povo brasileiro assiste a Polícia Federal rasgar o manto da honestidade que cobria muitos dos seus delinquentes hoje na cadeia. Os abutres petistas devoraram as empresas públicas e transformaram o Brasil em um país desacreditado, com a economia sucateada, só comparado aos mais corruptos e devassos do mundo.
O povo agora torce para que o PT chafurde e desapareça na lama e da história do Brasil. A futura geração deveria ser poupada de conhecer um grupo político tão nocivo à ética e aos bons costumes.
Nessas eleições, os petistas, envergonhados, tentam alianças para formar chapas de prefeitos nas cidades, mas encontram dificuldades porque os partidos rejeitam coligação com os candidatos do Lula. A vitrine do PT, Fernando Haddad, em São Paulo, não consegue alcançar os dois dígitos nas pesquisas que viabilizem a sua reeleição. É o pior avaliado entre todos os prefeitos do país. Deve sentir inveja de ACM Neto em Salvador que vai encarar a reeleição com mais de 80% de aprovação. Pois é, o ACM é do então PFL, o partido que o Lula queria destruir por decreto como faziam os ditadores de plantão no regime militar.
Lula escondeu dos brasileiros por muito tempo os seus dotes antidemocráticos, só revelados quando chegou à presidência. Ao tomar conhecimento do artigo “Ato de bebericar do líder brasileiro se torna preocupação nacional”, do correspondente do New York Time Larry Rohter, logo mostrou-se um déspota. Pediu que o ministério da Justiça providenciasse a expulsão do jornalista que ofendia a sua honra de chefe de estado. O tempo mostrou que o repórter estava certo ao escrever que ele se mantinha sob o efeito do álcool mesmo nos dias de trabalho. A matéria não inibiu que Lula continuasse saboreando uma cachacinha no seu dia a dia.
Outro atributo petista, que o Lula conseguiu disfarçar ao longo do tempo, foi a vocação para o crime. Lá atrás, com a morte de Celso Daniel, o Ministério Público investigou o envolvimento de militantes do PT na trama para assassinar o prefeito de Santo André. Mas Lula logo chegou ao poder e o caso foi abafado nos tribunais. Nem bem tomou posse, viu seu governo envolver-se no primeiro escândalo: o assessor do Zé Dirceu aparece em um vídeo sendo subornado pelo Cachoeira, o contraventor goiano que virou um próspero empresário graças ao seu relacionamento com a cúpula petista. Os primeiros experimentos com a gatunagem já apontavam para uma formação de quadrilha no futuro.
De lá pra cá, o Lula nunca mais deixou de se envolver em escândalos, negando-os todos quando era questionado, até virar réu. O mais grave até então foi o do mensalão que levou à cadeia os seus parceiros mais próximos, inclusive o Zé Dirceu, artífice da sua vitória eleitoral. Nem bem os petistas tinham cumprido parte da pena surgiu a Lava Jato que acabou por descobrir os tentáculos da organização criminosa que se instalou no país sob a coordenação da dupla Dilma e Lula.
O PT, que hoje está se desmilinguido, é aquele mesmo partido que começou a fazer política denunciando os “picaretas da Câmara” e defendendo intransigentemente a ética como princípio partidário. Dez anos depois, o povo brasileiro assiste a Polícia Federal rasgar o manto da honestidade que cobria muitos dos seus delinquentes hoje na cadeia. Os abutres petistas devoraram as empresas públicas e transformaram o Brasil em um país desacreditado, com a economia sucateada, só comparado aos mais corruptos e devassos do mundo.
O povo agora torce para que o PT chafurde e desapareça na lama e da história do Brasil. A futura geração deveria ser poupada de conhecer um grupo político tão nocivo à ética e aos bons costumes.
Previdência, esta velha senhora
É inescapável a análise de longo prazo quando se pensa em mudar regras de aposentadoria. Por se tratar de um sistema que transita por 30/40 anos, tempo em que o ser humano poupa enquanto trabalha para garantir renda na velhice, projeções e previsibilidades sobre o futuro precisam estar contempladas nas regras e nos números para a conta fechar equilibrada, sem rombos (e de rombo nossa Previdência entende: o déficit do INSS somou R$ 60,44 bilhões no primeiro semestre e pode chegar a R$ 147 bilhões até dezembro e a R$ 183 bilhões em 2017. Daí a urgência em buscar uma solução). O dilema surge quando se parte para definir dois itens: 1) com qual valor e por quanto tempo é necessário poupar; e 2) qual a idade de acesso à aposentadoria.
Quem cuida do assunto no governo tem repetido à exaustão: não haverá ajuste fiscal sem reformar a Previdência. O presidente interino Michel Temer já acertou com as lideranças do Legislativo e, tão logo seja aprovado o impeachment, a reforma da Previdência vai tramitar em regime de urgência. Que a urgência é necessária não há dúvida, mas os responsáveis pela proposta precisam ter cuidado em suas projeções, análises e definição das novas regras para evitar erros e injustiças no futuro. Mais uma vez, a análise de longo prazo é fundamental no sentido de não permitir que a necessidade do momento atropele decisões que devem ser tomadas olhando anos à frente e seu reflexo no futuro – método próprio dos sistemas previdenciários.
Vou citar, aqui, dois erros desse tipo que serviram para cavar ainda mais fundo o buraco da Previdência.
O primeiro aconteceu na China. Pressionado por uma população que não parava de crescer e já ultrapassava 1 bilhão de habitantes, o governo chinês adotou a lei do filho único em 1979, punindo pais que se aventurassem a ter um segundo filho. Como freio da explosão demográfica a decisão teve resultado: 30 anos depois 400 milhões de nascimentos haviam sido evitados. Mas os chineses passaram a conviver com outro ameaçador problema: a população envelheceu, o padrão familiar migrou para a equação “4-2-1” (4 avós aposentados, apoiados por 2 pais trabalhadores, que serão sustentados por só 1 filho no futuro). Ruinoso para a Previdência.
Resultado: em outubro de 2015 a China permitiu o segundo filho, mas a crise econômica não animou as chinesas a engravidar e o déficit da Previdência só vai crescer nos próximos anos. Em Previdência é assim: decisões surtem efeitos 30 anos depois.
O segundo erro aconteceu entre nós, mais exatamente em 2011, primeiro mandato de Dilma Rousseff. No açodamento desarvorado e inconsequente de fazer a economia girar à força, Dilma decidiu substituir a contribuição previdenciária de 56 setores econômicos por um imposto sobre o faturamento das empresas. Trocou 100 por 10 e a arrecadação ao INSS desabou no precipício, enquanto despesas com aposentadorias e pensões dispararam e o rombo da Previdência foi à lua. Em setembro de 2015 o ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy corrigiu a burrada em parte, elevando as alíquotas do imposto de 1% e 2% para 2,5% e 4,5%. O jeito, agora, é a reforma revogar a burrada. Novamente, decisões de conjuntura aplicadas à longeva Previdência só podem mesmo dar em fiasco.
Suely Caldas
Ministro denuncia falência do Supremo, e ninguém diz nada
É certo que vivemos em um mundo virtual, em que as pessoas acima da faixa de pobreza passaram a viver acopladas a seus computadores ou celulares, em conexão a alguma rede e trocando informações incessantemente. À primeira vista, essa nova situação social poderia indicar que está a ocorrer um aprimoramento intelectual da sociedade. Afinal, se existe essa facilidade de comunicação e troca de informações, é claro que a transmissão do conhecimento também teria de se ampliar. Mas as aparências sempre enganam. Na verdade, é mais provável que esteja acontecendo um retrocesso intelectual, a partir da robotização e idiotização da sociedade automatizada, conforme anteviu o genial escritor inglês George Orwell (que nasceu na Índia e se chamava Eric Arthur Blair), em sua obra “1984”.
Vejam bem o que está ocorrendo no Brasil e tirem suas conclusões. Na terça-feira à noite, o ministro Luís Roberto Barroso, com total conhecimento de causa, anunciou publicamente a falência operacional do Supremo Tribunal Federal, mas os jornais publicaram a notícia sem maior destaque, nenhum deles abriu manchete e houve até sites e portais que preferiram dar mais importância ao possível aumento salarial dos ministros do STF, vejam a que ponto de esculhambação e omissão chegamos.
É como se a denúncia de Barroso não tivesse importância, fosse apenas mais um comentário despretensioso sobre assuntos internos do Judiciário, que interessam exclusivamente aos magistrados e não têm maior interesse para os demais brasileiros. Ou seja, a grande mídia não percebe que a falência do Supremo significa a própria derrocada da Justiça em nosso país.
Além da modesta cobertura da imprensa para tão grave notícia, a repercussão do fato nos três Poderes da República simplesmente não existiu. O presidente da República não fez qualquer comentário, porque a grande preocupação no Planalto nesta quarta-feira foi a presença da primeira-dama Marcela Temer em sua primeira cerimônia oficial em palácio.
No Congresso, também não houve repercussão. Foi como se nada tivesse acontecido. Tanto assim que o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes, preferiu tratar da questão do aumento salarial dos ministros do Supremo, ao invés de colocar em discussão a falência operacional da mais importante corte do país.
E no Supremo a denúncia de Luís Roberto Barroso também passou despercebida. Não houve nota oficial do presidente Ricardo Lewandowski e nenhum dos outros ministros se animou a comentar a gravidade da crise do tribunal.
É como se a denúncia de Barroso não tivesse importância, fosse apenas mais um comentário despretensioso sobre assuntos internos do Judiciário, que interessam exclusivamente aos magistrados e não têm maior interesse para os demais brasileiros. Ou seja, a grande mídia não percebe que a falência do Supremo significa a própria derrocada da Justiça em nosso país.
Além da modesta cobertura da imprensa para tão grave notícia, a repercussão do fato nos três Poderes da República simplesmente não existiu. O presidente da República não fez qualquer comentário, porque a grande preocupação no Planalto nesta quarta-feira foi a presença da primeira-dama Marcela Temer em sua primeira cerimônia oficial em palácio.
No Congresso, também não houve repercussão. Foi como se nada tivesse acontecido. Tanto assim que o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes, preferiu tratar da questão do aumento salarial dos ministros do Supremo, ao invés de colocar em discussão a falência operacional da mais importante corte do país.
E no Supremo a denúncia de Luís Roberto Barroso também passou despercebida. Não houve nota oficial do presidente Ricardo Lewandowski e nenhum dos outros ministros se animou a comentar a gravidade da crise do tribunal.
O que se esperava, num país minimamente sério, é que as autoridades dessem importância à denúncia e passassem imediatamente a discutir um projeto de emergência, destinado a restabelecer as condições operacionais do Supremo, no mais curto espaço de tempo.
O ministro Barroso até adiantou o que precisa ser feito e que depende de emenda constitucional ou lei complementar: 1) acabar com o foro privilegiado; 2) atribuir ao Superior Tribunal de Justiça o julgamento final das ações penais, liberando o Supremo dessa obrigatoriedade.
Outras providências sugeridas por Barroso dependem do próprio Supremo, como a edição de “repercussões gerais” (orientações técnicas aos outros tribunais). Atualmente, há 320 repercussões gerais à espera de decisão do plenário do STF, que só conseguiu julgar 11 no primeiro semestre deste ano.
“Fiz a conta apressadamente: faltam 14 anos e meio para julgar todo o estoque. Jurisdição que é prestada em 14 anos é evidentemente negação de jurisdição. Não é possível que só eu esteja aflito com isso”, disse Barroso.
O ministro Barroso até adiantou o que precisa ser feito e que depende de emenda constitucional ou lei complementar: 1) acabar com o foro privilegiado; 2) atribuir ao Superior Tribunal de Justiça o julgamento final das ações penais, liberando o Supremo dessa obrigatoriedade.
Outras providências sugeridas por Barroso dependem do próprio Supremo, como a edição de “repercussões gerais” (orientações técnicas aos outros tribunais). Atualmente, há 320 repercussões gerais à espera de decisão do plenário do STF, que só conseguiu julgar 11 no primeiro semestre deste ano.
“Fiz a conta apressadamente: faltam 14 anos e meio para julgar todo o estoque. Jurisdição que é prestada em 14 anos é evidentemente negação de jurisdição. Não é possível que só eu esteja aflito com isso”, disse Barroso.
Não adianta alegar que a denúncia do ministro trata de questões já conhecidas. O fato concreto é que o Supremo entrou em colapso operacional. Para se ter uma ideia da situação, basta dizer que o decano Celso de Mello leva, em média, 679 dias para publicar os acórdãos que relata. Isso significa que o Supremo precisa urgentemente estabelecer prazo fatal de publicação dos acórdãos, para que enfim possam ser cumpridos. De que adianta julgar e não cumprir? Esta situação é inaceitável.
A denúncia do ministro Barroso tem a máxima importância, porque demonstra que está garantida a impunidade da maioria dos parlamentares envolvidos na Lava Jato. Como o Supremo não tem condições de conduzir o grande número de inquéritos e processos, a tendência é de que esses políticos corruptos continuem se elegendo, porque o Supremo não conseguirá julgá-los e seus crimes acabarão prescritos, como recentemente aconteceu com o senador Jader Barbalho.
Não há dúvida de que esse direito à impunidade, garantido pela letargia do Supremo, é um dos mais graves problemas do país. Barroso cumpriu seu dever, ao fazer a denúncia. Mas quem se interessa? Que país é esse, Francelino Pereira?
A denúncia do ministro Barroso tem a máxima importância, porque demonstra que está garantida a impunidade da maioria dos parlamentares envolvidos na Lava Jato. Como o Supremo não tem condições de conduzir o grande número de inquéritos e processos, a tendência é de que esses políticos corruptos continuem se elegendo, porque o Supremo não conseguirá julgá-los e seus crimes acabarão prescritos, como recentemente aconteceu com o senador Jader Barbalho.
Não há dúvida de que esse direito à impunidade, garantido pela letargia do Supremo, é um dos mais graves problemas do país. Barroso cumpriu seu dever, ao fazer a denúncia. Mas quem se interessa? Que país é esse, Francelino Pereira?
'Novo mundo', mas não para os pobres
O legado da Rio 2016 trará poucos benefícios para a população mais carente - esse é o tom de diversas reportagens críticas sobre a Rio 2016 que circulam na imprensa internacional nesta terça-feira.
Já um outro artigo sobre os "brasilionários" olha para um lado menos conhecido das obras realizadas no contexto dos Jogos: a relação entre as empreiteiras e as poderosas famílias que as controlam e os recentes escândalos de corrupção.
O britânico Guardian dedica a capa de seu caderno 2 a uma coletânea de diários escritos ao longo de um ano por três jovens moradores das favelas do Alemão, Rocinha e Maré. Uma das frases destacadas é: "Espero que os Jogos Olímpicos terminem logo, porque o único legado será a repressão, a militarização e a guerra."
Em seus textos, os jovens relatam um cotidiano de violência, mortes nas mãos de policiais e traficantes, negligência e abandono.
No site da rede de TV americana ABC, uma reportagem dá voz a ativistas de direitos humanos segundo os quais a proximidade dos Jogos trouxe um "aumento alarmante" no número de mortos pela polícia carioca.
Para a organização Anistia Internacional, os policiais estão fazendo uma "limpeza" antes do evento que colocará a capital fluminense sob os holofotes do mundo nas próximas semanas.
Citando uma reportagem da BBC no ano passado, a rede ABC observa que associações de policiais também apontam para o alto número de policiais mortos.
O também americano Washington Post traz uma reportagem sobre as 20 famílias que obtiveram o direito de permanecer no local da antiga Vila Autódromo, favela destruída para dar lugar ao Parque Olímpico na Barra da Tijuca.
"O slogan da Rio 2016 é Um Novo Mundo. Mas do lado de fora do Parque Olímpico, esse novo mundo não tem lugar para os pobres", escreve o correspondente do jornal, citando um morador.
Autoridades ouvidas em anonimato pelo repórter dizem que as 800 famílias relocadas tiveram opção de se mudar para moradias sociais, mas os entrevistados pela matéria alegam ter sido intimidados.
'Brasilionários'
Já os leitores do britânico Daily Telegraph foram apresentados a outro lado da Olímpiada pouco conhecido do público estrangeiro: os "ultrarricos" por trás de "escândalos olímpicos" e que "dominam o Rio".
A reportagem traça o histórico de famílias detentoras de empreiteiras, como Odebrecht e Camargo Corrêa, enfatizando seu papel nos atuais escândalos de corrupção e conectando os benefícios que obtiveram desde a ditadura militar até os dias atuais - inclusive durante o governo petista de esquerda.
"Assim como a Copa do Mundo de 2014, os Jogos Olímpicos se encaixam em uma abordagem pragmática de desenvolvimento", escreve o repórter Alex Cuadros, autor de um livro sobre os bilionários brasileiros.
"Os dois eventos tinham a cara de prêmios políticos, permitindo ao PT distribuir fundos entre seus aliados e ao mesmo tempo criar transporte público para o cidadão comum."
"À medida que a economia se deteriorava e o dinheiro se esgotava, porém, os bilhões de dólares gastos em infra-estrutura esportiva terminaram beneficiando empresários e líderes políticos bem-conectados acima de tudo."
Já um outro artigo sobre os "brasilionários" olha para um lado menos conhecido das obras realizadas no contexto dos Jogos: a relação entre as empreiteiras e as poderosas famílias que as controlam e os recentes escândalos de corrupção.
Em seus textos, os jovens relatam um cotidiano de violência, mortes nas mãos de policiais e traficantes, negligência e abandono.
No site da rede de TV americana ABC, uma reportagem dá voz a ativistas de direitos humanos segundo os quais a proximidade dos Jogos trouxe um "aumento alarmante" no número de mortos pela polícia carioca.
Para a organização Anistia Internacional, os policiais estão fazendo uma "limpeza" antes do evento que colocará a capital fluminense sob os holofotes do mundo nas próximas semanas.
Citando uma reportagem da BBC no ano passado, a rede ABC observa que associações de policiais também apontam para o alto número de policiais mortos.
O também americano Washington Post traz uma reportagem sobre as 20 famílias que obtiveram o direito de permanecer no local da antiga Vila Autódromo, favela destruída para dar lugar ao Parque Olímpico na Barra da Tijuca.
"O slogan da Rio 2016 é Um Novo Mundo. Mas do lado de fora do Parque Olímpico, esse novo mundo não tem lugar para os pobres", escreve o correspondente do jornal, citando um morador.
Autoridades ouvidas em anonimato pelo repórter dizem que as 800 famílias relocadas tiveram opção de se mudar para moradias sociais, mas os entrevistados pela matéria alegam ter sido intimidados.
'Brasilionários'
Já os leitores do britânico Daily Telegraph foram apresentados a outro lado da Olímpiada pouco conhecido do público estrangeiro: os "ultrarricos" por trás de "escândalos olímpicos" e que "dominam o Rio".
A reportagem traça o histórico de famílias detentoras de empreiteiras, como Odebrecht e Camargo Corrêa, enfatizando seu papel nos atuais escândalos de corrupção e conectando os benefícios que obtiveram desde a ditadura militar até os dias atuais - inclusive durante o governo petista de esquerda.
"Assim como a Copa do Mundo de 2014, os Jogos Olímpicos se encaixam em uma abordagem pragmática de desenvolvimento", escreve o repórter Alex Cuadros, autor de um livro sobre os bilionários brasileiros.
"Os dois eventos tinham a cara de prêmios políticos, permitindo ao PT distribuir fundos entre seus aliados e ao mesmo tempo criar transporte público para o cidadão comum."
"À medida que a economia se deteriorava e o dinheiro se esgotava, porém, os bilhões de dólares gastos em infra-estrutura esportiva terminaram beneficiando empresários e líderes políticos bem-conectados acima de tudo."
Não vivemos sob o império da lei
Um dos ideais de um regime democrático é que o império da lei seja efetivamente exercido perante todos os cidadãos. A lei valendo para todos de forma igual e uma justiça efetiva é o que devemos almejar para o País. Não é o que ocorre no Brasil.
Vivemos sob o peso de mais de 150 mil leis e normas, intermediadas por mais de 800 mil advogados. Temos mais advogados que médicos em um sistema em que a lei vale mais, ou menos, de acordo com a capacidade de o cidadão enfrentar o sistema judiciário e se aproveitar de suas brechas e sua lentidão.
Para sustentar todo o aparato judiciário, gastamos 1,8% do PIB. Juízes e promotores são muito bem pagos, até mesmo comparando-se com padrões internacionais. Temos a Justiça mais cara do planeta, mas a prestação do serviço para a cidadania está longe de ser adequada.
O emaranhado legal sufoca o País. Paralisa os negócios. Não valoriza as vontades nem os contratos.
A produtividade do sistema baixa frente ao quadro de regras e leis vigentes. Outras vezes, o ativismo judicial faz a subjetividade ou a preferência do juiz valer mais que a lei.
Acordos de vontade entre partes e empregados que poderiam vitalizar o emprego são sabotados por uma visão arcaica do trabalho. Por outro lado, a morosidade na prestação do serviço jurisdicional nos leva, erroneamente, a saudar decisões que atropelam direitos e garantias.
Temos ainda excesso de casos indo para as cortes superiores. O Supremo Tribunal Federal recebe mais de 60 mil processos por ano.
Nos Estados Unidos, a Suprema Corte recebe pouco mais de oito mil anualmente. Existe algo de muito errado em nosso sistema. Lamentavelmente, o debate sobre o Poder Judiciário ainda é inconsistente e obstruído pelo corporativismo, por nossa imaturidade cívica e pela crise da política. A Justiça, como um todo, precisa de um choque de gestão e de transparência.
Devemos ainda buscar reduzir, dramaticamente, o número de leis por meio de um amplo programa de revogação e de desburocratização. Acordos entre as partes e a arbitragem devem ser estimulados. Infelizmente, falta um longo caminho para vivermos sob o devido império da lei.
Vivemos sob o peso de mais de 150 mil leis e normas, intermediadas por mais de 800 mil advogados. Temos mais advogados que médicos em um sistema em que a lei vale mais, ou menos, de acordo com a capacidade de o cidadão enfrentar o sistema judiciário e se aproveitar de suas brechas e sua lentidão.
Gunduz Agayev |
O emaranhado legal sufoca o País. Paralisa os negócios. Não valoriza as vontades nem os contratos.
A produtividade do sistema baixa frente ao quadro de regras e leis vigentes. Outras vezes, o ativismo judicial faz a subjetividade ou a preferência do juiz valer mais que a lei.
Acordos de vontade entre partes e empregados que poderiam vitalizar o emprego são sabotados por uma visão arcaica do trabalho. Por outro lado, a morosidade na prestação do serviço jurisdicional nos leva, erroneamente, a saudar decisões que atropelam direitos e garantias.
Temos ainda excesso de casos indo para as cortes superiores. O Supremo Tribunal Federal recebe mais de 60 mil processos por ano.
Nos Estados Unidos, a Suprema Corte recebe pouco mais de oito mil anualmente. Existe algo de muito errado em nosso sistema. Lamentavelmente, o debate sobre o Poder Judiciário ainda é inconsistente e obstruído pelo corporativismo, por nossa imaturidade cívica e pela crise da política. A Justiça, como um todo, precisa de um choque de gestão e de transparência.
Devemos ainda buscar reduzir, dramaticamente, o número de leis por meio de um amplo programa de revogação e de desburocratização. Acordos entre as partes e a arbitragem devem ser estimulados. Infelizmente, falta um longo caminho para vivermos sob o devido império da lei.
Lula discursa em meio ao caos em Natal pensando só no seu umbigo
Com Luiz Inácio Lula da Silva, a política atinge o seu estado de miséria. É impressionante!
Natal, a capital do Rio Grande do Norte, está vivendo sob o signo do terror, imposto pelo crime organizado. Ônibus são incendiados. Delegacias de Polícia estão sendo atacadas. A pedido do governador, Robinson Faria (PSD), o governo federal mandou à cidade homens da Força Nacional de Segurança.
Alheio a tudo, Lula resolveu fazer um, como dizer?, comício na cidade nesta terça-feira. Estava lá para defender o candidato do partido à Prefeitura da Capital, Fernando Mineiro. Era pretexto.
Na prática, já cuidava de sua campanha à Presidência da República.
Enquanto a população de Natal vive sob o signo do terror, Lula disse estar numa boa. Afirmou: “Eu estou aqui tranquilo. Se eles pensam que vão acabar com Lula, estão enganados”.
Que coisa!
Não parou por aí. Atacou Robinson Faria e seu filho, o deputado Fábio Faria, também do PSD, que votou em favor do envio da denúncia contra Dilma para o Senado. Disse: “O dia em que ele votou contra Dilma, eu tentei ligar para ele, ele não atendia. Eu pedi para o [Fernando] Mineiro ir no gabinete dele, ele não me atendeu. Eu queria falar com o filho dele, não me atendeu”.
Eis Lula!
A violência nas regiões Norte e Nordeste teve um crescimento brutal nos anos em que o PT esteve à frente do governo federal. O fato desafia o saber convencional das esquerdas, não é? Afinal, o Nordeste cresceu a taxas superiores ao resto do país.
O lulo-petismo ignorou solenemente o fato. Não se pensou uma única ação específica para entender e combater o fenômeno. Ao contrário: a companheirada preferia atacar a política de segurança pública de São Paulo, Estado governado pelos tucanos.
Que importa a Lula e ao PT o sofrimento objetivo da população quando algo muito mais importante está em pauta, que é a sua própria sorte e a do partido?
É por isso que, com exemplar desfaçatez, esse senhor escolhe discursar numa cidade que vive, na prática, sob o toque de recolher da bandidagem, submetida a ações que podem ser consideradas, sem favor, verdadeiramente terroristas.
Lula preferiu ignorar a onda de violência que atinge Natal e, na prática, se juntou ao crime organizado para atacar o governador.
Eis a moral profunda de Luiz Inácio Lula da Silva.
Natal, a capital do Rio Grande do Norte, está vivendo sob o signo do terror, imposto pelo crime organizado. Ônibus são incendiados. Delegacias de Polícia estão sendo atacadas. A pedido do governador, Robinson Faria (PSD), o governo federal mandou à cidade homens da Força Nacional de Segurança.
Na prática, já cuidava de sua campanha à Presidência da República.
Enquanto a população de Natal vive sob o signo do terror, Lula disse estar numa boa. Afirmou: “Eu estou aqui tranquilo. Se eles pensam que vão acabar com Lula, estão enganados”.
Que coisa!
Não parou por aí. Atacou Robinson Faria e seu filho, o deputado Fábio Faria, também do PSD, que votou em favor do envio da denúncia contra Dilma para o Senado. Disse: “O dia em que ele votou contra Dilma, eu tentei ligar para ele, ele não atendia. Eu pedi para o [Fernando] Mineiro ir no gabinete dele, ele não me atendeu. Eu queria falar com o filho dele, não me atendeu”.
Eis Lula!
A violência nas regiões Norte e Nordeste teve um crescimento brutal nos anos em que o PT esteve à frente do governo federal. O fato desafia o saber convencional das esquerdas, não é? Afinal, o Nordeste cresceu a taxas superiores ao resto do país.
O lulo-petismo ignorou solenemente o fato. Não se pensou uma única ação específica para entender e combater o fenômeno. Ao contrário: a companheirada preferia atacar a política de segurança pública de São Paulo, Estado governado pelos tucanos.
Que importa a Lula e ao PT o sofrimento objetivo da população quando algo muito mais importante está em pauta, que é a sua própria sorte e a do partido?
É por isso que, com exemplar desfaçatez, esse senhor escolhe discursar numa cidade que vive, na prática, sob o toque de recolher da bandidagem, submetida a ações que podem ser consideradas, sem favor, verdadeiramente terroristas.
Lula preferiu ignorar a onda de violência que atinge Natal e, na prática, se juntou ao crime organizado para atacar o governador.
Eis a moral profunda de Luiz Inácio Lula da Silva.
Legado olímpico é enganação contra o povo, que aceita, aplaude e sente orgulho
“Legado Olímpico” ou “Legado da Olimpíada” é uma expressão mentirosa mas que desperta um sentido, uma espécie de “presente”, que aqueles que estão no poder incutem na população do Rio, goela abaixo, e o povo acredita. E, por ingenuidade, chega a sentir orgulho. Quanta enganação! Torpe e maldosa ilusão. É muita patifaria! Legado Olímpico não existe. Legado é um bem ou conjunto de bens, materiais ou imateriais, certos e determinados, que integram o patrimônio de uma pessoa que os deixa, como herança e por testamento, para uma ou mais pessoas e constitui ato de liberalidade “causa mortis” (em razão do falecimento).
Quem lega chama-se legador. Quem recebe o bem, legatário. E o bem deixado denomina-se legado. Há, portanto, e necessariamente, três ou mais elementos: o legador, o legado e o(s) legatário(s).
Daí a pergunta: desde quando alguém pode constituir como legado um bem que foi construído ou obtido com o dinheiro do próprio legatário, ou seja, daquele designado para receber a herança? É o que acontece com esse mal falado “Legado Olímpico” ou “Legado da Olimpíada”.
Quem lega chama-se legador. Quem recebe o bem, legatário. E o bem deixado denomina-se legado. Há, portanto, e necessariamente, três ou mais elementos: o legador, o legado e o(s) legatário(s).
Daí a pergunta: desde quando alguém pode constituir como legado um bem que foi construído ou obtido com o dinheiro do próprio legatário, ou seja, daquele designado para receber a herança? É o que acontece com esse mal falado “Legado Olímpico” ou “Legado da Olimpíada”.
Todas as obras, viadutos, túneis, estádios (agora chamados de “arenas”), dezenas de edificações residenciais, vias expressas, vila olímpica e tudo mais foi feito com o dinheiro do povo. Logo, ao povo pertence. Nunca foi, não é, nem jamais será legado.
Seria legado se o Comitê Olímpico Internacional (COI) junto com o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) construíssem as obras e benfeitorias para receber os Jogos Olímpicos e, após, as deixassem para o povo do Rio. Aí, sim, seria um legado. Mas não é isso que acontece. E também não foi assim na Copa do Mundo de Futebol de 2014. Não foi com o dinheiro do COI e do COB, muito menos com o dinheiro da FIFA e da CBF, que os dois eventos mundiais tiveram o Brasil e têm a Cidade do Rio de Janeiro como palco.
Muito pelo contrário. O honorabilíssimo COI escolhe uma cidade e a honorabilíssima FIFA, um país. Depois, dizem, autoritariamente: “Arrumem a casa de vocês, façam embelezamentos e obras nos padrões que nós queremos, mandamos e determinamos que sejam feitos, porque vamos realizar a Olimpíada e a Copa do Mundo aí e depois pegamos todo o lucro com os eventos e caímos fora e as dívidas ficam por conta de vocês”. É isso. É assim. É a realidade.
Este “oba-oba” olímpico tem prazo curto. Há uma espécie de entorpecimento do povo que, empolgado e sem que os meios de comunicação alertem e mostrem a realidade, tudo aceita, aplaude e acha “excelente”. O pior virá depois: o endividamento monstruoso. Vai faltar dinheiro para tudo.
O município e o Estado do RJ (ou o governo federal) não têm receita, muito menos caixa suficiente para realizar tantas obras, de afogadilho, sem o posterior desfalque financeiro em prejuízo dos serviços que lhes cumprem prestar à população. A começar pelo pagamento do funcionalismo, dos ativos e inativos, atendimento médico-hospitalar, segurança pública, conservação e manutenção dos meios de mobilização urbana…
O povo do Rio só vai a sentir os efeitos desses danos a partir de setembro próximo e por longos anos.
Para quem acredita no senador Crivella, saibam o que disse ele anteontem na convenção do PRB que o lançou à prefeitura do Rio: “A prefeitura carioca desembolsou R$ 40 bilhões com obras executadas por empreiteiras envolvidas com a Lava-Jato. E após a Olimpíada do Rio, a Odebrecht e a Andrade Gutierrez, com a Carvalho Hosken, receberão sem ônus o terreno do antigo Autódromo de Jacarepaguá, para fazer um megaempreendimento” (O Globo, 1.8.2016, página 4).
É discurso de candidato, sabemos disso. Mas a denúncia é gravíssima. E não veio desmentido de parte alguma. A prefeitura não pode doar, permutar, vender, emprestar ou praticar qualquer ato de despojamento de bens públicos sem prévia autorização legislativa, seguida de prévia avaliação e licitação. A prefeitura também não pode enganar a população.
“Legado Olímpico” ou “Legado da Olimpíada” é mentira. Não existe. Ninguém pode legar a si próprio um bem que lhe pertence.
Seria legado se o Comitê Olímpico Internacional (COI) junto com o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) construíssem as obras e benfeitorias para receber os Jogos Olímpicos e, após, as deixassem para o povo do Rio. Aí, sim, seria um legado. Mas não é isso que acontece. E também não foi assim na Copa do Mundo de Futebol de 2014. Não foi com o dinheiro do COI e do COB, muito menos com o dinheiro da FIFA e da CBF, que os dois eventos mundiais tiveram o Brasil e têm a Cidade do Rio de Janeiro como palco.
Muito pelo contrário. O honorabilíssimo COI escolhe uma cidade e a honorabilíssima FIFA, um país. Depois, dizem, autoritariamente: “Arrumem a casa de vocês, façam embelezamentos e obras nos padrões que nós queremos, mandamos e determinamos que sejam feitos, porque vamos realizar a Olimpíada e a Copa do Mundo aí e depois pegamos todo o lucro com os eventos e caímos fora e as dívidas ficam por conta de vocês”. É isso. É assim. É a realidade.
Este “oba-oba” olímpico tem prazo curto. Há uma espécie de entorpecimento do povo que, empolgado e sem que os meios de comunicação alertem e mostrem a realidade, tudo aceita, aplaude e acha “excelente”. O pior virá depois: o endividamento monstruoso. Vai faltar dinheiro para tudo.
O município e o Estado do RJ (ou o governo federal) não têm receita, muito menos caixa suficiente para realizar tantas obras, de afogadilho, sem o posterior desfalque financeiro em prejuízo dos serviços que lhes cumprem prestar à população. A começar pelo pagamento do funcionalismo, dos ativos e inativos, atendimento médico-hospitalar, segurança pública, conservação e manutenção dos meios de mobilização urbana…
O povo do Rio só vai a sentir os efeitos desses danos a partir de setembro próximo e por longos anos.
Para quem acredita no senador Crivella, saibam o que disse ele anteontem na convenção do PRB que o lançou à prefeitura do Rio: “A prefeitura carioca desembolsou R$ 40 bilhões com obras executadas por empreiteiras envolvidas com a Lava-Jato. E após a Olimpíada do Rio, a Odebrecht e a Andrade Gutierrez, com a Carvalho Hosken, receberão sem ônus o terreno do antigo Autódromo de Jacarepaguá, para fazer um megaempreendimento” (O Globo, 1.8.2016, página 4).
É discurso de candidato, sabemos disso. Mas a denúncia é gravíssima. E não veio desmentido de parte alguma. A prefeitura não pode doar, permutar, vender, emprestar ou praticar qualquer ato de despojamento de bens públicos sem prévia autorização legislativa, seguida de prévia avaliação e licitação. A prefeitura também não pode enganar a população.
“Legado Olímpico” ou “Legado da Olimpíada” é mentira. Não existe. Ninguém pode legar a si próprio um bem que lhe pertence.
A barata e os ratos na retórica do impeachment
A Comissão do Impeachment encerra seus trabalhos nesta quinta-feira com a aprovação do relatório em que Antonio Anastasia (PSDB-MG) recomenda a deposição de Dilma Rousseff. A essa altura, a comissão acumula perto de 240 horas de debates. Há pouco por dizer. Na sessão da véspera, os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) esgotaram o repertório de provocações numa troca de farpas que injetou no debate o que faltava: uma barata, inseto ortóptero, da família dos batídeos; e os ratos, roedores da família dos murídeos.
Ex-líder de Dilma no Senado, Humberto Costa pressionou uma vez mais a tecla preferida do petismo. “Estamos vivendo um golpe”, ele reiterou. Insinuou que a eventual confirmação do afastamento de Dilma pelo plenário do Senado banalizará o instituto do impeachment. A pretexto de reforçar seu argumento, Humberto construiu uma analogia inusitada. Deixou Dilma em posição, digamos, kafkiana:
Baratas e ratos não são privilégios feios do Brasil. São universais. A diferença é que, nessa terra de palmeiras, por muitos anos, os personagens que se comportavam como legítimos representantes das famílias dos batídeos e dos murídeos continuavam atuando na política como se nada tivesse sido descoberto sobre seus hábitos. De raro em raro, quando as luzes acendiam, essas criaturas ziguezagueavam e escapavam. Não havia vassourada que as alcançasse.
A Lava Jato interrompeu um ciclo. A despeito de suas sensíveis hastes e do seu couro cascudo, a oligarquia política e empresarial migra gradativamente dos gabinetes do poder, das colunas sociais e da editoria de política para a cadeia. Num futuro próximo, a força-tarefa de Curitiba pode figurar nos livros de história como um ponto fora da curva. Mas, por ora, o brasileiro está achando tudo o maior barato.
Embora Dilma e o PT abominem a expressão “conjunto da obra”, madame será enviada mais cedo para casa justamente porque, sob sua fama de gerente impecável, proliferaram a ruína econômica e a desfaçatez ética. Beneficiário direto da conjuntura, Michel Temer governa com a tranquilidade de quem dança um minueto à beira do precipício.
A Lava Jato já não permite que o PMDB e assemelhados sejam indultados por um surto qualquer de amnésia combinada. Enquanto prepara o “tchau” de Dilma, Brasília vive a neurose do que está por vir depois que os investigadores extraírem a derradeira gota de suor do último dedo da Odebrecht.
Ex-líder de Dilma no Senado, Humberto Costa pressionou uma vez mais a tecla preferida do petismo. “Estamos vivendo um golpe”, ele reiterou. Insinuou que a eventual confirmação do afastamento de Dilma pelo plenário do Senado banalizará o instituto do impeachment. A pretexto de reforçar seu argumento, Humberto construiu uma analogia inusitada. Deixou Dilma em posição, digamos, kafkiana:
— Como era necessário tirar um governo do qual eles não gostavam, com o qual eles não concordavam, vale até incendiar o apartamento para matar a barata. Essa é a realidade que nós temos no nosso país hoje. Por que é golpe? A principal razão está aí, no que a gente vê no dia a dia. Eles não aceitam que o Brasil possa dar tratamento social diferente ao seu povo.
Líder do PSDB, Cássio Cunha Lima como que dobrou a meta, para utilizar expressão ao gosto de Dilma. Incluiu na prosa outras fúnebres criaturas.
— Não me venham falar em defesa dos pobres, porque quem defende os pobres não rouba os pobres. Quem defende os menos favorecidos não monta uma organização criminosa para assaltar um país em nome de um projeto de poder. […] Aqui não se tentou matar uma barata incendiando o edifício. O que se tenta aqui é afastar os ratos que danificaram o país no trato da coisa pública. Chega, basta! Ninguém aguenta mais o que o Brasil está vivendo.”
A certa altura, Cássio mencionou “as delações e mais delações que confirmam na Lava Jato que a campanha de Dilma Rousseff foi financiada com dinheiro do petrolão.” O petista Lindbergh Farias (RJ), destacado membro da infataria de Dilma, interveio:
— E o que falam do PSDB nas delações, senador Cássio, Vossa Excelência esqueceu?
Os jornais do dia traziam a notícia sobre o suborno de R$ 10 milhões que o ex-senador tucano Sérgio Guerra, já morto, recebera para sufocar uma CPI da Petrobras em 2009, época em que era presidente do PSDB federal. Cássio não se deu por achado:
— Aqueles que cometeram crimes nos partidos A, B ou C que paguem pelos seus crimes. Que possamos encerrar esse processo, que possamos dar cabo desse julgamento. Quanto mais esticarmos isso, mais o país vai ficar nessa situação de instabilidade.
Líder do PSDB, Cássio Cunha Lima como que dobrou a meta, para utilizar expressão ao gosto de Dilma. Incluiu na prosa outras fúnebres criaturas.
— Não me venham falar em defesa dos pobres, porque quem defende os pobres não rouba os pobres. Quem defende os menos favorecidos não monta uma organização criminosa para assaltar um país em nome de um projeto de poder. […] Aqui não se tentou matar uma barata incendiando o edifício. O que se tenta aqui é afastar os ratos que danificaram o país no trato da coisa pública. Chega, basta! Ninguém aguenta mais o que o Brasil está vivendo.”
A certa altura, Cássio mencionou “as delações e mais delações que confirmam na Lava Jato que a campanha de Dilma Rousseff foi financiada com dinheiro do petrolão.” O petista Lindbergh Farias (RJ), destacado membro da infataria de Dilma, interveio:
— E o que falam do PSDB nas delações, senador Cássio, Vossa Excelência esqueceu?
Os jornais do dia traziam a notícia sobre o suborno de R$ 10 milhões que o ex-senador tucano Sérgio Guerra, já morto, recebera para sufocar uma CPI da Petrobras em 2009, época em que era presidente do PSDB federal. Cássio não se deu por achado:
— Aqueles que cometeram crimes nos partidos A, B ou C que paguem pelos seus crimes. Que possamos encerrar esse processo, que possamos dar cabo desse julgamento. Quanto mais esticarmos isso, mais o país vai ficar nessa situação de instabilidade.
A Lava Jato interrompeu um ciclo. A despeito de suas sensíveis hastes e do seu couro cascudo, a oligarquia política e empresarial migra gradativamente dos gabinetes do poder, das colunas sociais e da editoria de política para a cadeia. Num futuro próximo, a força-tarefa de Curitiba pode figurar nos livros de história como um ponto fora da curva. Mas, por ora, o brasileiro está achando tudo o maior barato.
Embora Dilma e o PT abominem a expressão “conjunto da obra”, madame será enviada mais cedo para casa justamente porque, sob sua fama de gerente impecável, proliferaram a ruína econômica e a desfaçatez ética. Beneficiário direto da conjuntura, Michel Temer governa com a tranquilidade de quem dança um minueto à beira do precipício.
A Lava Jato já não permite que o PMDB e assemelhados sejam indultados por um surto qualquer de amnésia combinada. Enquanto prepara o “tchau” de Dilma, Brasília vive a neurose do que está por vir depois que os investigadores extraírem a derradeira gota de suor do último dedo da Odebrecht.
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