sexta-feira, 19 de dezembro de 2014
Covil da quadrilha
Pior do que o atual, só o próximo
E a reforma política, cantada em prosa e verso durante a recente campanha presidencial? Saiu pelo ralo, porque nem Dilma Rousseff tocou outra vez no tema, nem o Congresso aproveitou o final de mandato senão para votar, ao menos para equacionar o trabalho da próxima Legislatura. Sequer o Supremo Tribunal Federal deu continuidade ao julgamento que proíbe empresas privadas de doarem recursos para as campanhas. Os três poderes da República demonstraram não falar a sério quando levantaram a ponta do tapete da reforma política, preferindo deixar a sujeira debaixo dele.
A presidente da República chegou a anunciar a disposição de ver convocada uma Assembleia Constituinte exclusiva, aliás, uma grossa bobagem, mas sentindo a impossibilidade jurídica da proposta, esqueceu da reforma propriamente dita.
Deputados e senadores reeleitos sob a promessa de mudarem regras eleitorais e institucionais demonstram que não falavam a sério. Afinal, seria suicídio alterar a legislação que serviu para preservar seus mandatos.
Na mais alta corte nacional de justiça, quatro votos já haviam sido dados pela proibição das doações empresariais, mas há mais de seis meses que o ministro Gilmar Mendes pediu vistas e engavetou sua opinião.
Em suma, nada de novo sob o sol. As campanhas continuarão à mercê de operações de compra e venda, quer dizer, os eleitos beneficiados pelas doações pagarão aprovando projetos de interesse dos doadores. A diminuição do número de partidos esbarra na lambança do aluguel oferecido pelas pequenas legendas a quem se dispuser pagar mais. Do voto distrital não se cogita porque levará o eleitor a cobrar mais empenho dos eleitos.
Nem se pensa na revogação da reeleição, que como regra dobra o tempo de permanência dos governantes no governo, precisamente pelo uso imoral das estruturas do poder. Acabar com a triste figura dos suplentes de senador significa suprimir sinecuras e obrigar os senadores eleitos a trabalhar. Mudar a forma de indicação dos ministros do Supremo Tribunal Federal equivale a tirar do Executivo a possibilidade de escolher juristas amigos e amestrados. Trocar o presidencialismo pelo parlamentarismo seria fechar as portas para o caudilhismo.
E assim por diante, ou seja, ninguém quer mudar nada capaz de alterar privilégios e distorções. Razão tinha o dr. Ulysses quando sentenciou que pior do que o atual Congresso, só o próximo…
Posse pra 'cumpanheirada'
O PT prepara uma verdadeira operação de guerra para evitar um vexame de pouco público na posse do segundo mandado de Dilma, em 1º de janeiro de 2015.
Pelas redes sociais e nos blogs alinhados ao governo federal, o partido montou uma ostensiva campanha convocando os militantes a comparecerem a Brasília, além de determinar aos diretórios municipais que organizem caravanas. Segundo o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral, para contrapor as manifestações previstas da oposição, a meta é conseguir mais de 10 mil militantes.
O motivo do medo é a avalanche de notícias ruins para a presidente: escândalo de corrupção na Petrobrás, desempenho pífio na economia e a derrota de diversos aliados nas últimas eleições. Na avaliação dos petistas, não há clima para uma grande festa espontânea.
Ainda por cima, o Distrito Federal não deve ter o tradicional réveillon por falta de verba, devido à desastrosa administração petista de Agnelo Queiroz. A cada ano, Brasília reunia na Esplanada em torno de 200 mil pessoas. O cancelamento da festa ainda ajuda o esvaziamento das festividades da posse, que o PT garante que serão bancadas pelo partido, ou seja, pelos milhões das propinas. Partidão rico é outra coisa.
Dupla do barulho
Legado da Copa foi um tremendo 171
Parece que foi no Paleolítico, mas se passaram menos de seis meses. Lembram como fomos bombardeados por sucessivas falácias sobre a “Copa das Copas” (sic), enaltecendo legados e vantagens? Era dia sim, outro também. Os estádios seriam grandes gatilhos para o desenvolvimento regional, o turismo explodiria, a cultura descentralizaria (essa pérola, como muitas outras, foi do ministro dos Esportes, o mesmo parlapatão que elogiou recentemente Eurico Miranda, déspota sem freios).
Quem se atrevesse a questionar era tachado de derrotista, de vendido aos interesses da oposição e outras gracinhas. Não adiantava argumentar com números e dados assustadores sobre o custo da farra. O que importava era a festa e as imagens que ela geraria, armazenadas para a campanha eleitoral que se aproximava. Os 7 a 1 enterraram os megalomaníacos.
Levantamento feito pela Folha de São Paulo mostra o que aconteceu com os estádios construídos para a Copa. A Arena da Amazônia, por exemplo, construída pela bagatela de R$ 669,5 milhões, abrigou apenas 4 partidas depois da Copa, com ocupação média por jogo de pouco mais de 30%. O Mané Garrincha, em Brasília, teve 5 jogos, com ocupação média de 37%. E por aí vai. Com exceção do Mineirão e do Itaquerão, todos os demais estádios tiveram ocupação média por jogo inferior a 50%.
Nos lugares mais afastados, só se programam partidas por conta da maluquice suspeita dos responsáveis pelo futebol brasileiro. Tradução: foram superdimensionados, com farta aplicação de recursos públicos. Dois deles, no Amazonas e em Mato Grosso, vão ser privatizados. Para aguentar os pesadíssimos custos de manutenção, as administrações dos estádios estão alugando os espaços para festinhas infantis, casamentos coletivos, shows, encontros corporativos, etc.
A Arena Pantanal, em Cuiabá, chegou a ser alugada para lançamento de um condomínio! Tudo cheira mal, muito mal, como se, antes da Copa, não existissem equipamentos urbanos para a realização de bar-mitzvás e casamentos. Jogaram na goela do povo um paraíso esportivo que não se concretizou. Agora, bem no estilo nacional, estão tentando dar um jeitinho.
A goleada não foi apenas da Alemanha. Tomamos a maior surra da turma 171, sempre generosa com recursos de terceiros. Brasilsilsil!
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