sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Legado da Copa foi um tremendo 171


Parece que foi no Paleolítico, mas se passaram menos de seis meses. Lembram como fomos bombardeados por sucessivas falácias sobre a “Copa das Copas” (sic), enaltecendo legados e vantagens? Era dia sim, outro também. Os estádios seriam grandes gatilhos para o desenvolvimento regional, o turismo explodiria, a cultura descentralizaria (essa pérola, como muitas outras, foi do ministro dos Esportes, o mesmo parlapatão que elogiou recentemente Eurico Miranda, déspota sem freios).

Quem se atrevesse a questionar era tachado de derrotista, de vendido aos interesses da oposição e outras gracinhas. Não adiantava argumentar com números e dados assustadores sobre o custo da farra. O que importava era a festa e as imagens que ela geraria, armazenadas para a campanha eleitoral que se aproximava. Os 7 a 1 enterraram os megalomaníacos.

Levantamento feito pela Folha de São Paulo mostra o que aconteceu com os estádios construídos para a Copa. A Arena da Amazônia, por exemplo, construída pela bagatela de R$ 669,5 milhões, abrigou apenas 4 partidas depois da Copa, com ocupação média por jogo de pouco mais de 30%. O Mané Garrincha, em Brasília, teve 5 jogos, com ocupação média de 37%. E por aí vai. Com exceção do Mineirão e do Itaquerão, todos os demais estádios tiveram ocupação média por jogo inferior a 50%.

Nos lugares mais afastados, só se programam partidas por conta da maluquice suspeita dos responsáveis pelo futebol brasileiro. Tradução: foram superdimensionados, com farta aplicação de recursos públicos. Dois deles, no Amazonas e em Mato Grosso, vão ser privatizados. Para aguentar os pesadíssimos custos de manutenção, as administrações dos estádios estão alugando os espaços para festinhas infantis, casamentos coletivos, shows, encontros corporativos, etc.

A Arena Pantanal, em Cuiabá, chegou a ser alugada para lançamento de um condomínio! Tudo cheira mal, muito mal, como se, antes da Copa, não existissem equipamentos urbanos para a realização de bar-mitzvás e casamentos. Jogaram na goela do povo um paraíso esportivo que não se concretizou. Agora, bem no estilo nacional, estão tentando dar um jeitinho.

A goleada não foi apenas da Alemanha. Tomamos a maior surra da turma 171, sempre generosa com recursos de terceiros. Brasilsilsil!

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