quarta-feira, 4 de setembro de 2024
Linguagem e economia
No livro “Power”, publicado em 1938, o filósofo e matemático Bertrand Russel observou: “A economia como uma ciência separada é irrealista e enganosa, se tomada como um guia na prática. É um elemento - um elemento muito importante, é verdade - de um estudo mais amplo, a ciência do poder”.
Entre os poderes da economia, brilha de forma intensa o Poder Performático da Linguagem. Apoiado no linguista John Austen, Christian Marazzi em seu livro “Capitale e Linguaggio” cuida das marchas e contramarchas da finança dos últimos 40 anos. Marazzi sublinha a natureza performativa da linguagem do dinheiro e dos mercados financeiros, indicando que a linguagem dos mercados financeiros contemporâneos não descreve e muito menos “analisa objetivamente” um determinado estado de coisas, mas produz imediatamente significados “reais”.
As comunicações entre os bancos centrais e os mercados financeiros são exemplos da “produção de realidade” pela linguagem. O domínio da finança, ou seja, o capitalismo reafirmado segundo sua “natureza” produziu o que Christian Marazzi chamou de “metamorfose antropológica do indivíduo pós-moderno”.
Diz Marazzi: é relativamente simples descrever o comportamento mimético-comunicativo das convenções coletivas típicas dos mercados financeiros. No capítulo XII da Teoria Geral, Keynes se vale dos concursos de beleza promovidos pelos jornais para descrever a formação de convenções nos mercados de ativos.
Os leitores são instados a escolher os seis rostos mais bonitos entre uma centena de fotografias. O prêmio será entregue ao participante cuja escolha esteja mais próxima da média das opiniões. Não se trata, portanto, de apontar o rosto mais bonito na opinião de cada um dos participantes, mas, sim de escolher o rosto que mais se aproxima da opinião média dos participantes do torneio.
Keynes introduz, assim, na teoria econômica, as relações complexas entre Estrutura e Ação, entre papéis sociais e sua execução pelos indivíduos convencidos de sua autodeterminação, mas, de fato, enredados no comportamento de manada.
Keynes, na esteira de Freud, introduz as configurações subjetivas produzidas pelas interações dos indivíduos no ecúmeno social das “economias de mercado”. O afã de realizar sem perdas o valor dos ativos se esbate no fragor das insuspeitadas e caprichosas evoluções e involuções da opinião coletiva. Os fâmulos dos mercados passam da euforia à depressão. É implacável o constrangimento dos indivíduos dos mercados, sempre amestrados sob o guante da conversão de seus valores particulares em dinheiro, a forma geral da riqueza.
Nesse percurso, o comportamento mimético dá origem, em suas conjeturas imitativas, a situações nas quais a busca coletiva da liquidez culmina na decepção de todos. A âncora que sustenta precariamente as ariscas subjetividades atormentadas pela incerteza da liquidez está lançada nas areias movediças da peculiar “sociabilidade” do capitalismo financeiro.
No livro “Capitalisme et Pulsion de Mort”, Gilles Dostaler e Bernard Maris afirmam que nem Freud, nem Keynes acreditam na fábula da racionalidade do indivíduo, tão cara aos economistas. “O indivíduo está imerso na multidão inquieta, frustrada, insaciável, sobre a qual pesa essa imensa pressão cultural, esse movimento ilimitado da acumulação...”.
A metamorfose do indivíduo pós-moderno aludida por Marazzi é um “salto de qualidade” no comportamento mimético examinado por Keynes. Os “avanços” nas formas de comunicação promovidas pelo desenvolvimento da mídia de massas e o uso das tecnologias de informação tornaram mais rápida e eficazmente perigosa a linguagem do dinheiro.
“Avanços” nas formas de comunicação tornaram mais rápida e eficazmente perigosa a linguagem do dinheiro
Marazzi afirma que “a racionalidade econômica governa a sociedade. Ela se impõe às outras formas de pensamento, a todos os outros modos de vida possíveis e determina a forma política mais adequada para representá-la funcionalmente”.
Na mídia impressa e na eletrônica, as matérias de negócios e economia disseminam os fetiches dos mercados financeiros “eficientes” embuçados na linguagem do saber técnico e esotérico. Os comunicadores “falam” a língua articulada conforme as regras gramaticais dos mercados. Assim, o capitalismo investido em sua roupagem financeira cumpre a missão de “administrar” a constelação de significantes à procura de significados, submetendo os cidadãos-espectadores aos infortúnios da domesticação e da homogeneização, decretados pelo “coletivismo de mercado”.
Os mercados de ativos da economia destravada não obedecem a normas da “eficiência alocativa” fundada na hipótese das expectativas racionais. Permanentemente à beira dos abismos da iliquidez, os possuidores de riqueza entregam-se ao comportamento mimético, próprio dos movimentos da manada.
A Psicologia das Massas de Sigmund Freud é um guia valioso para quem pretende compreender a sociedades contemporâneas. “A massa é extraordinariamente influenciável e crédula; é desprovida de crítica; para ela, o improvável não existe. Ela pensa por imagens que se evocam associativamente umas às outras, tal como ocorre ao indivíduo nos estados do livre fantasiar, e nenhuma instância razoável afere sua correspondência com a realidade. Os sentimentos da massa são sempre muito simples e muito exagerados. Assim, a massa não conhece nem a dúvida nem a incerteza. Ela vai logo ao extremo; a suspeita manifestada logo se transforma em certeza irrefutável, um germe de antipatia se transforma em ódio selvagem”.
Um amigo sugeriu a leitura do Estouro da Boiada, abrigada em Os Sertões, obra prima de Euclides da Cunha. Aí vai um excerto:
“De súbito, porém, ondula um frêmito sulcando, num estremeção repentino, aqueles centenares de dorsos luzidios. Há uma parada instantânea. Entrebatem-se, enredam-se, traçam-se e alteiam-se fisgando vivamente o espaço, e inclinam-se, embaralham-se milhares de chifres. Vibra uma trepidação no solo; e a boiada estoura...”.
A boiada arranca.
Entre os poderes da economia, brilha de forma intensa o Poder Performático da Linguagem. Apoiado no linguista John Austen, Christian Marazzi em seu livro “Capitale e Linguaggio” cuida das marchas e contramarchas da finança dos últimos 40 anos. Marazzi sublinha a natureza performativa da linguagem do dinheiro e dos mercados financeiros, indicando que a linguagem dos mercados financeiros contemporâneos não descreve e muito menos “analisa objetivamente” um determinado estado de coisas, mas produz imediatamente significados “reais”.
As comunicações entre os bancos centrais e os mercados financeiros são exemplos da “produção de realidade” pela linguagem. O domínio da finança, ou seja, o capitalismo reafirmado segundo sua “natureza” produziu o que Christian Marazzi chamou de “metamorfose antropológica do indivíduo pós-moderno”.
Diz Marazzi: é relativamente simples descrever o comportamento mimético-comunicativo das convenções coletivas típicas dos mercados financeiros. No capítulo XII da Teoria Geral, Keynes se vale dos concursos de beleza promovidos pelos jornais para descrever a formação de convenções nos mercados de ativos.
Os leitores são instados a escolher os seis rostos mais bonitos entre uma centena de fotografias. O prêmio será entregue ao participante cuja escolha esteja mais próxima da média das opiniões. Não se trata, portanto, de apontar o rosto mais bonito na opinião de cada um dos participantes, mas, sim de escolher o rosto que mais se aproxima da opinião média dos participantes do torneio.
Keynes introduz, assim, na teoria econômica, as relações complexas entre Estrutura e Ação, entre papéis sociais e sua execução pelos indivíduos convencidos de sua autodeterminação, mas, de fato, enredados no comportamento de manada.
Keynes, na esteira de Freud, introduz as configurações subjetivas produzidas pelas interações dos indivíduos no ecúmeno social das “economias de mercado”. O afã de realizar sem perdas o valor dos ativos se esbate no fragor das insuspeitadas e caprichosas evoluções e involuções da opinião coletiva. Os fâmulos dos mercados passam da euforia à depressão. É implacável o constrangimento dos indivíduos dos mercados, sempre amestrados sob o guante da conversão de seus valores particulares em dinheiro, a forma geral da riqueza.
Nesse percurso, o comportamento mimético dá origem, em suas conjeturas imitativas, a situações nas quais a busca coletiva da liquidez culmina na decepção de todos. A âncora que sustenta precariamente as ariscas subjetividades atormentadas pela incerteza da liquidez está lançada nas areias movediças da peculiar “sociabilidade” do capitalismo financeiro.
No livro “Capitalisme et Pulsion de Mort”, Gilles Dostaler e Bernard Maris afirmam que nem Freud, nem Keynes acreditam na fábula da racionalidade do indivíduo, tão cara aos economistas. “O indivíduo está imerso na multidão inquieta, frustrada, insaciável, sobre a qual pesa essa imensa pressão cultural, esse movimento ilimitado da acumulação...”.
A metamorfose do indivíduo pós-moderno aludida por Marazzi é um “salto de qualidade” no comportamento mimético examinado por Keynes. Os “avanços” nas formas de comunicação promovidas pelo desenvolvimento da mídia de massas e o uso das tecnologias de informação tornaram mais rápida e eficazmente perigosa a linguagem do dinheiro.
“Avanços” nas formas de comunicação tornaram mais rápida e eficazmente perigosa a linguagem do dinheiro
Marazzi afirma que “a racionalidade econômica governa a sociedade. Ela se impõe às outras formas de pensamento, a todos os outros modos de vida possíveis e determina a forma política mais adequada para representá-la funcionalmente”.
Na mídia impressa e na eletrônica, as matérias de negócios e economia disseminam os fetiches dos mercados financeiros “eficientes” embuçados na linguagem do saber técnico e esotérico. Os comunicadores “falam” a língua articulada conforme as regras gramaticais dos mercados. Assim, o capitalismo investido em sua roupagem financeira cumpre a missão de “administrar” a constelação de significantes à procura de significados, submetendo os cidadãos-espectadores aos infortúnios da domesticação e da homogeneização, decretados pelo “coletivismo de mercado”.
Os mercados de ativos da economia destravada não obedecem a normas da “eficiência alocativa” fundada na hipótese das expectativas racionais. Permanentemente à beira dos abismos da iliquidez, os possuidores de riqueza entregam-se ao comportamento mimético, próprio dos movimentos da manada.
A Psicologia das Massas de Sigmund Freud é um guia valioso para quem pretende compreender a sociedades contemporâneas. “A massa é extraordinariamente influenciável e crédula; é desprovida de crítica; para ela, o improvável não existe. Ela pensa por imagens que se evocam associativamente umas às outras, tal como ocorre ao indivíduo nos estados do livre fantasiar, e nenhuma instância razoável afere sua correspondência com a realidade. Os sentimentos da massa são sempre muito simples e muito exagerados. Assim, a massa não conhece nem a dúvida nem a incerteza. Ela vai logo ao extremo; a suspeita manifestada logo se transforma em certeza irrefutável, um germe de antipatia se transforma em ódio selvagem”.
Um amigo sugeriu a leitura do Estouro da Boiada, abrigada em Os Sertões, obra prima de Euclides da Cunha. Aí vai um excerto:
“De súbito, porém, ondula um frêmito sulcando, num estremeção repentino, aqueles centenares de dorsos luzidios. Há uma parada instantânea. Entrebatem-se, enredam-se, traçam-se e alteiam-se fisgando vivamente o espaço, e inclinam-se, embaralham-se milhares de chifres. Vibra uma trepidação no solo; e a boiada estoura...”.
A boiada arranca.
Os donos do planeta
O conflito entre o poder nacional brasileiro, representado por sua corte suprema, e o poder individual da empresa X (antigo Twitter) faz lembrar o capítulo “Os donos do planeta” no livro "A Cortina de Ouro: os sustos do final do século e um sonho para o próximo”, publicado há trinta anos. Nele está escrito:
“O século XX parecia fadado a inscrever-se na história como a era da descolonização. Todos os países colonizados iniciaram movimentos de independência das metrópoles. Mas o colonialismo reafirmou-se sob nova forma: a debilitação dos Estados nacionais e a universalização de uma metrópole sem nação, espalhada por todo o mundo e separada de todos os excluídos, independentemente do país onde estejam.”….
“Em lugar da esperada descolonização, no final do século XX descobre-se que a Terra foi apropriada por um reduzido grupo de donos do planeta que controlam a informática, os meios financeiros, a informação. A integração internacional e o papel do saber como elemento chave do processo produtivo contemporâneo fizeram com que um pequeno grupo de pessoas tivesse um poder que nunca antes, nenhum outro grupo tivera. Diariamente, em cadeia mundial, esse seleto grupo mobiliza trilhões de dólares, define o que será informado e quais interpretações dessas informações chegarão à totalidade dos habitantes do planeta. Eles controlam o dinheiro, controlam as mentes e o processo produtivo e continuarão a fazê-lo ao longo das próximas décadas. Para surpresa de todos, entre eles não há um único chefe de Estado ou de governo.”….
“Neste fim do século XX, os homens mais influentes do mundo são indivíduos que jamais se submeteram ao voto, que nunca legitimaram seu poder diante da população e, sobretudo, são pessoas cujo poder não se limita nem tem interesses coincidentes com nenhuma nação.
No começo do século XX, o poder dos Rockfeller e dos Ford, construído ao longo de vidas e mesmo gerações, ficava restrito a uma parte limitada da sociedade planetária e os seus impérios estavam de certa forma subordinados aos interesses nacionais de seus países. Para terem poder em uma parte do mundo, tinham que conquistar o poder político em seus países. Bem diferente é o cenário atual, em que os donos do planeta são jovens que em poucos anos estenderam o poder ao longo de um mundo que eles se acostumaram a tratar de forma integrada, sem necessidade de poder ou legitimidade políticos no âmbito dos Estados nacionais que já não conseguem incorporar conceitualmente grande parte dos novos problemas.”….
“Paralelamente ao pequeno grupo que se fez dono do planeta para além das fronteiras nacionais, dentro de cada país, políticos nacionais detêm o poder político específico de suas sociedades, incapazes de oferecer respostas globais mesmo quando têm o sentimento do mundo. O final do século XX descobriu o planeta, mas ficou prisioneiro dos interesses de uns poucos proprietários privados e da política de cada líder nacional em particular. Nenhum deles com sentimento, lógica, propósitos e instrumentos que captem a globalidade dos problemas e dos objetivos da civilização, que indiquem a complexidade da crise e o potencial das alternativas que se abrem diante da humanidade.”….
“No início desta década de 1990 o mundo viu a majestosa reunião da Eco92 no Rio de Janeiro. Mais de cem chefes de Estado e de governo se reuniram para discutir o futuro do planeta. Mas cada um deles estava limitado ao sentimento político nacional de sua respectiva nação. Embora talvez desejassem uma solução global para o planeta, seus eleitores eram somente os cidadãos dos países que representavam, e ainda que haja a percepção da crise, a lógica dos interesses de cada indivíduo e de cada país não capta a dimensão dos problemas globais que o final do século apresenta.”….
“Longe de destruir o colonialismo e criar uma sociedade planetária unificada, o fim do século XX mostra uma guerra de civilizações do ponto de vista econômico, entre a elite rica do mundo inteiro contra os pobres do mundo inteiro; do ponto de vista ideológico, entre a cultura ocidental e pensamentos autônomos ainda resistentes; do ponto de vista ecológico, entre os ricos proprietários de toda a Terra e os demais pobres deserdados que a habitam.”….
“Diante da força dos donos do planeta, o poder político de Estado ficou impotente ou mesmo arcaico e obsoleto. O secretário-geral das Nações Unidas definiu isso ao dizer: ‘A realidade do poder mundial escapa largamente aos Estados. A globalização implica a emergência de novos poderes que transcendem as estruturas estatais.’”….
“No lugar de um mundo descolonizado, os homens do fim do século XX e início do XXI testemunham assustados a reafirmação de um novo colonialismo, sem metrópole nacional, comandado por redes privadas, por máfias, pelos donos do planeta: pelos que dissolvem as nações.”….
Quando o livro A Cortina de Ouro foi publicado, em 1994, Elon Musk tinha 23 e Alexandre de Moraes 26 anos. O primeiro é hoje um dos donos do planeta e usa “drones e mísseis”, o outro nos representa tentando defender o Brasil usando “capa e espada”, em uma guerra que vai durar ainda mais tempo do que os trinta anos desde a publicação do “Cortina de Ouro”.
“O século XX parecia fadado a inscrever-se na história como a era da descolonização. Todos os países colonizados iniciaram movimentos de independência das metrópoles. Mas o colonialismo reafirmou-se sob nova forma: a debilitação dos Estados nacionais e a universalização de uma metrópole sem nação, espalhada por todo o mundo e separada de todos os excluídos, independentemente do país onde estejam.”….
“Neste fim do século XX, os homens mais influentes do mundo são indivíduos que jamais se submeteram ao voto, que nunca legitimaram seu poder diante da população e, sobretudo, são pessoas cujo poder não se limita nem tem interesses coincidentes com nenhuma nação.
No começo do século XX, o poder dos Rockfeller e dos Ford, construído ao longo de vidas e mesmo gerações, ficava restrito a uma parte limitada da sociedade planetária e os seus impérios estavam de certa forma subordinados aos interesses nacionais de seus países. Para terem poder em uma parte do mundo, tinham que conquistar o poder político em seus países. Bem diferente é o cenário atual, em que os donos do planeta são jovens que em poucos anos estenderam o poder ao longo de um mundo que eles se acostumaram a tratar de forma integrada, sem necessidade de poder ou legitimidade políticos no âmbito dos Estados nacionais que já não conseguem incorporar conceitualmente grande parte dos novos problemas.”….
“Paralelamente ao pequeno grupo que se fez dono do planeta para além das fronteiras nacionais, dentro de cada país, políticos nacionais detêm o poder político específico de suas sociedades, incapazes de oferecer respostas globais mesmo quando têm o sentimento do mundo. O final do século XX descobriu o planeta, mas ficou prisioneiro dos interesses de uns poucos proprietários privados e da política de cada líder nacional em particular. Nenhum deles com sentimento, lógica, propósitos e instrumentos que captem a globalidade dos problemas e dos objetivos da civilização, que indiquem a complexidade da crise e o potencial das alternativas que se abrem diante da humanidade.”….
“No início desta década de 1990 o mundo viu a majestosa reunião da Eco92 no Rio de Janeiro. Mais de cem chefes de Estado e de governo se reuniram para discutir o futuro do planeta. Mas cada um deles estava limitado ao sentimento político nacional de sua respectiva nação. Embora talvez desejassem uma solução global para o planeta, seus eleitores eram somente os cidadãos dos países que representavam, e ainda que haja a percepção da crise, a lógica dos interesses de cada indivíduo e de cada país não capta a dimensão dos problemas globais que o final do século apresenta.”….
“Longe de destruir o colonialismo e criar uma sociedade planetária unificada, o fim do século XX mostra uma guerra de civilizações do ponto de vista econômico, entre a elite rica do mundo inteiro contra os pobres do mundo inteiro; do ponto de vista ideológico, entre a cultura ocidental e pensamentos autônomos ainda resistentes; do ponto de vista ecológico, entre os ricos proprietários de toda a Terra e os demais pobres deserdados que a habitam.”….
“Diante da força dos donos do planeta, o poder político de Estado ficou impotente ou mesmo arcaico e obsoleto. O secretário-geral das Nações Unidas definiu isso ao dizer: ‘A realidade do poder mundial escapa largamente aos Estados. A globalização implica a emergência de novos poderes que transcendem as estruturas estatais.’”….
“No lugar de um mundo descolonizado, os homens do fim do século XX e início do XXI testemunham assustados a reafirmação de um novo colonialismo, sem metrópole nacional, comandado por redes privadas, por máfias, pelos donos do planeta: pelos que dissolvem as nações.”….
Quando o livro A Cortina de Ouro foi publicado, em 1994, Elon Musk tinha 23 e Alexandre de Moraes 26 anos. O primeiro é hoje um dos donos do planeta e usa “drones e mísseis”, o outro nos representa tentando defender o Brasil usando “capa e espada”, em uma guerra que vai durar ainda mais tempo do que os trinta anos desde a publicação do “Cortina de Ouro”.
República dos bananas
A dois meses das eleições norte-americanas, compõe-se o ramalhete de homens fortes interessados na vitória de Trump: Putin, Netanyahu, Modi, Orbán, Milei, Mohammed VI e o grandioso Elon Musk. É uma festa. Ainda assim, há quem consiga ter dúvidas sobre onde faria o “X” frente aos dois quadradinhos, Kamala ou Trump, como o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares. É possível que estejam à espera da declaração de voto do Conde Drácula.
Mas falemos de outro “X”. Esta semana, o Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil ditou a suspensão do antigo Twitter, depois de Elon Musk se ter recusado a cumprir uma ordem para nomear um representante legal da plataforma no país. O veredicto surge no quadro de uma investigação sobre distribuição de notícias falsas, em que o empresário é suspeito de crimes de obstrução à justiça, organização criminosa e incitação ao crime.
Nas palavras do juiz Alexandre de Moraes, Musk tem incorrido em “conscientes e voluntários descumprimentos das ordens judiciais”, ignorado as multas e o ordenamento jurídico brasileiro, procurando “instituir um ambiente de total impunidade e de terra sem lei”. Começa a ser o padrão.
Elon Musk é figura de proa de uma ideologia de direita-radical que, mascarada de progresso, visa trazer de volta o absolutismo do séc. XVII: o poder absoluto, concentrado num homem, para fazer o que lhe der na gana. Sem essa maçada que é o escrutínio, a lei, os tribunais, os valores, os direitos dos povos ou os códigos de ética. Declarou guerra à ONU, quando o diretor do Programa Alimentar, David Beasley, desafiou os bilionários a ajudar a acabar com a fome no mundo. Declarou guerra à Comissão Europeia, por implementar leis para responsabilizar as plataformas pela desinformação e proteger a privacidade dos cidadãos europeus. Declarou guerra ao Governo britânico, apoiando extremistas e incitando à guerra civil perante os motins e a violência de extrema-direita contra cidadãos imigrantes e muçulmanos no Reino Unido. Como um miúdo mimado, o homem mais rico do mundo chora e esperneia perante as regras.
Nos últimos anos, tornou-se mainstream um discurso anti-Estado que olha para a Lei como espartilho, para os impostos como fardo, para o vizinho como inimigo. É a dita direita radical, também os temos cá. Todos os homens do ramalhete dos horrores que citei o promovem, vale a pena repescar: Trump, Putin, Netanyahu, Modi, Orbán, Milei, Mohammed VI e o magnificente Musk. Eis um velho truque dos tiranos: bradar a liberdade como valor supremo, quando na verdade advogam a sua própria liberdade para esmagar os outros. Infelizmente, a lengalenga vende numa sociedade permeada pela moral neoliberal, de que o Estado oprime e os empresários salvam. Trump e os amiguinhos são a tacada final na destruição do ideal do Estado social, para repor o bom velho medievalismo disfarçado de futuro, desta vez com smartphones e robôs.
Mas ainda vamos a tempo. Pelo menos, a tempo de não sermos os patinhos desta história. Findas as férias, há que guardar as sandálias e abrir os olhos, que eles “andem” aí – em Portugal também. Prometem força e liberdade, mas só batem nos mais pobres e nos mais frágeis. É tempo de os por na ordem. Mão firme com os tiranetes, que isto não é a República dos bananas.
Mas falemos de outro “X”. Esta semana, o Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil ditou a suspensão do antigo Twitter, depois de Elon Musk se ter recusado a cumprir uma ordem para nomear um representante legal da plataforma no país. O veredicto surge no quadro de uma investigação sobre distribuição de notícias falsas, em que o empresário é suspeito de crimes de obstrução à justiça, organização criminosa e incitação ao crime.
Nas palavras do juiz Alexandre de Moraes, Musk tem incorrido em “conscientes e voluntários descumprimentos das ordens judiciais”, ignorado as multas e o ordenamento jurídico brasileiro, procurando “instituir um ambiente de total impunidade e de terra sem lei”. Começa a ser o padrão.
Elon Musk é figura de proa de uma ideologia de direita-radical que, mascarada de progresso, visa trazer de volta o absolutismo do séc. XVII: o poder absoluto, concentrado num homem, para fazer o que lhe der na gana. Sem essa maçada que é o escrutínio, a lei, os tribunais, os valores, os direitos dos povos ou os códigos de ética. Declarou guerra à ONU, quando o diretor do Programa Alimentar, David Beasley, desafiou os bilionários a ajudar a acabar com a fome no mundo. Declarou guerra à Comissão Europeia, por implementar leis para responsabilizar as plataformas pela desinformação e proteger a privacidade dos cidadãos europeus. Declarou guerra ao Governo britânico, apoiando extremistas e incitando à guerra civil perante os motins e a violência de extrema-direita contra cidadãos imigrantes e muçulmanos no Reino Unido. Como um miúdo mimado, o homem mais rico do mundo chora e esperneia perante as regras.
Nos últimos anos, tornou-se mainstream um discurso anti-Estado que olha para a Lei como espartilho, para os impostos como fardo, para o vizinho como inimigo. É a dita direita radical, também os temos cá. Todos os homens do ramalhete dos horrores que citei o promovem, vale a pena repescar: Trump, Putin, Netanyahu, Modi, Orbán, Milei, Mohammed VI e o magnificente Musk. Eis um velho truque dos tiranos: bradar a liberdade como valor supremo, quando na verdade advogam a sua própria liberdade para esmagar os outros. Infelizmente, a lengalenga vende numa sociedade permeada pela moral neoliberal, de que o Estado oprime e os empresários salvam. Trump e os amiguinhos são a tacada final na destruição do ideal do Estado social, para repor o bom velho medievalismo disfarçado de futuro, desta vez com smartphones e robôs.
Mas ainda vamos a tempo. Pelo menos, a tempo de não sermos os patinhos desta história. Findas as férias, há que guardar as sandálias e abrir os olhos, que eles “andem” aí – em Portugal também. Prometem força e liberdade, mas só batem nos mais pobres e nos mais frágeis. É tempo de os por na ordem. Mão firme com os tiranetes, que isto não é a República dos bananas.
Elon Musk é um míssil geopolítico descontrolado
Apesar de toda sua riqueza e inegável brilhantismo como engenheiro e empreendedor, Musk continuará sujeito à lei dos países nos quais opera. Isso explica a crescente fúria de seus ataques verbais contra o Brasil e qualquer outro que ouse ficar em seu caminho.
Grandes empresas e bilionários costumam ficar loge de controvérsias políticas. Se exercem o poder, preferem fazê-lo nas sombras. Elon Musk é diferente.
Nas últimas semanas, ele manifestou seu apoio a Donald Trump e fez uma entrevista em tom amigável com o ex-presidente dos EUA no X, a plataforma de relacionamento social on-line pertencente a Musk. Também está envolvido em uma briga pública com o Supremo Tribunal Federal do Brasil, que na semana passada suspendeu o X. Recentemente, ele sustentou que uma guerra civil no Reino Unido é inevitável e reagiu à prisão de Pavel Durov na França com a seguinte publicação: “POV [ponto de vista]: É 2030 na Europa e você está sendo executado por curtir um meme”.
Ser dono do X deu a Musk um gigantesco megafone para transmitir seus pontos de vista. No entanto, dar atenção apenas à plataforma social on-line de Musk obscurece a real extensão e a fonte de seu poder geopolítico.
É o controle da SpaceX, da Starlink e da Tesla que tem dado a Musk um papel central na guerra na Ucrânia e na crescente rivalidade entre EUA e China; assim como uma participação coadjuvante na guerra na Faixa de Gaza.
Nesses conflitos, o papel de Musk é mais ambíguo do que nas guerras culturais do Ocidente. Suas intervenções imprevisíveis — combinadas com seu imenso poder tecnológico e financeiro — fazem dele um míssil geopolítico descontrolado, cujos caprichos são capazes dar novas formas a assuntos mundiais.
Quando a Rússia lançou sua invasão em grande escala da Ucrânia em 2022, um de seus primeiros objetivos foi derrubar o acesso à internet no país. Ao fornecer à Ucrânia acesso à Starlink, o serviço de internet via satélite de Musk, ele manteve as Forças Armadas do país na luta durante um momento que foi crucial.
Tempos depois, porém, Musk optou por restringir o acesso ucraniano à Starlink — para impedir quaisquer tentativas de ataque às forças russas na Crimeia. Musk justificou-se mencionando o risco de uma terceira guerra mundial. A atitude — somada à promoção por Musk de um plano de paz que incorporava algumas exigências russas — o tornou bem menos popular em Kiev. A forma como ele via os riscos de uma terceira guerra mundial, contudo, não era muito diferente à do governo Biden.
A questão na qual Musk e o governo dos EUA realmente divergem é a China. A abertura de uma imensa fábrica da Tesla em Xangai em 2019 é vista em Washington como um grande revés ao objetivo americano de continuar à frente da China em tecnologias-chave do futuro. A China agora é o maior produtor mundial de veículos elétricos (VEs) e autoridades americanas acreditam que as montadoras chinesas aprenderam — e, também, roubaram — da Tesla.
O governo Biden tenta persuadir as principais empresas de tecnologia dos EUA a se diversificarem fora da China e ficou animado no início de 2024 quando Musk programou uma visita à Índia, com a ideia de abrir uma fábrica da Tesla no país. Mas Musk cancelou a visita e apareceu em Pequim. Na China, ele anunciou a intensificação das relações da Tesla com o país. A fábrica de Xangai agora produz mais da metade dos Teslas fabricados no mundo.
Membros do governo americano observam que o apoio de Musk à liberdade de expressão — e sua disposição para insultar líderes mundiais — não se aplica à China. O X está banido na China há tempos, mas Musk é meticulosamente respeitoso com Xi Jinping, o líder ditatorial da China.
Outro líder estrangeiro que parece ter entendido como lidar com Musk é Benjamin Netanyahu, de Israel. Musk já fora acusado de promover teorias conspiratórias antissemitas no X. No entanto, o que realmente alarmou o governo de Israel foi a proposta de Musk de fornecer os serviços da Starlink a organizações de ajuda humanitária na Faixa de Gaza — o que, segundo os israelenses, ajudaria o Hamas. Após uma visita ao país em 2023, Musk concordou que só operaria a Starlink na Faixa de Gaza com a aprovação de Israel.
O governo Biden sente inquietação com muitas das atividades de Musk. Mas as empresas dele têm capacidades tecnológicas que nem o governo dos EUA tem. Para manter a Ucrânia conectada, quando Musk hesitou, o Pentágono precisou contratar a Starlink. Quando a Nasa quer transportar astronautas para a Estação Espacial Internacional ou trazê-los de volta, é a SpaceX que faz isso acontecer.
Se Musk costuma falar e agir como se fosse mais poderoso do que qualquer governo, é possível que seja assim porque, em certos aspectos, isso é verdade.
Mas os governos mantêm um poder-chave que ainda escapa a Musk: a capacidade de fazer e aplicar a lei. Tanto o confronto entre o Brasil e o X quanto a prisão de Durov na França são sinais de que a era da impunidade nas plataformas sociais on-line está chegando ao fim no mundo democrático (algo que nunca existiu no mundo autoritário).
Há cada vez mais chances de as empresas do setor serem reguladas de forma mais parecida aos meios de comunicação tradicionais, e isso tem implicações de alto custo. Em 2023, a Fox News precisou pagar US$ 787,5 milhões de dólares à Dominion Voting Systems em um acordo para encerrar acusações de difamação contra a emissora por ter divulgado teorias conspiratórias a respeito da eleição presidencial de 2020.
O X está repleto de teorias da conspiração — algumas delas promovidas pelo próprio Musk. Apesar de toda sua riqueza e inegável brilhantismo como engenheiro e empreendedor, Musk continuará estando sujeito à lei dos países nos quais opera. O fato de estar percebendo isso cada vez mais pode explicar a crescente fúria de seus ataques verbais fulminantes contra o Brasil, o Reino Unido, a União Europeia e o Estado da Califórnia — e contra qualquer outro que ouse ficar em seu caminho.
O X não é a fonte do poder de Musk. Mas pode ser o ponto em que seu poder encontra limites.
Grandes empresas e bilionários costumam ficar loge de controvérsias políticas. Se exercem o poder, preferem fazê-lo nas sombras. Elon Musk é diferente.
Nas últimas semanas, ele manifestou seu apoio a Donald Trump e fez uma entrevista em tom amigável com o ex-presidente dos EUA no X, a plataforma de relacionamento social on-line pertencente a Musk. Também está envolvido em uma briga pública com o Supremo Tribunal Federal do Brasil, que na semana passada suspendeu o X. Recentemente, ele sustentou que uma guerra civil no Reino Unido é inevitável e reagiu à prisão de Pavel Durov na França com a seguinte publicação: “POV [ponto de vista]: É 2030 na Europa e você está sendo executado por curtir um meme”.
Ser dono do X deu a Musk um gigantesco megafone para transmitir seus pontos de vista. No entanto, dar atenção apenas à plataforma social on-line de Musk obscurece a real extensão e a fonte de seu poder geopolítico.
É o controle da SpaceX, da Starlink e da Tesla que tem dado a Musk um papel central na guerra na Ucrânia e na crescente rivalidade entre EUA e China; assim como uma participação coadjuvante na guerra na Faixa de Gaza.
Nesses conflitos, o papel de Musk é mais ambíguo do que nas guerras culturais do Ocidente. Suas intervenções imprevisíveis — combinadas com seu imenso poder tecnológico e financeiro — fazem dele um míssil geopolítico descontrolado, cujos caprichos são capazes dar novas formas a assuntos mundiais.
Quando a Rússia lançou sua invasão em grande escala da Ucrânia em 2022, um de seus primeiros objetivos foi derrubar o acesso à internet no país. Ao fornecer à Ucrânia acesso à Starlink, o serviço de internet via satélite de Musk, ele manteve as Forças Armadas do país na luta durante um momento que foi crucial.
Tempos depois, porém, Musk optou por restringir o acesso ucraniano à Starlink — para impedir quaisquer tentativas de ataque às forças russas na Crimeia. Musk justificou-se mencionando o risco de uma terceira guerra mundial. A atitude — somada à promoção por Musk de um plano de paz que incorporava algumas exigências russas — o tornou bem menos popular em Kiev. A forma como ele via os riscos de uma terceira guerra mundial, contudo, não era muito diferente à do governo Biden.
A questão na qual Musk e o governo dos EUA realmente divergem é a China. A abertura de uma imensa fábrica da Tesla em Xangai em 2019 é vista em Washington como um grande revés ao objetivo americano de continuar à frente da China em tecnologias-chave do futuro. A China agora é o maior produtor mundial de veículos elétricos (VEs) e autoridades americanas acreditam que as montadoras chinesas aprenderam — e, também, roubaram — da Tesla.
O governo Biden tenta persuadir as principais empresas de tecnologia dos EUA a se diversificarem fora da China e ficou animado no início de 2024 quando Musk programou uma visita à Índia, com a ideia de abrir uma fábrica da Tesla no país. Mas Musk cancelou a visita e apareceu em Pequim. Na China, ele anunciou a intensificação das relações da Tesla com o país. A fábrica de Xangai agora produz mais da metade dos Teslas fabricados no mundo.
Membros do governo americano observam que o apoio de Musk à liberdade de expressão — e sua disposição para insultar líderes mundiais — não se aplica à China. O X está banido na China há tempos, mas Musk é meticulosamente respeitoso com Xi Jinping, o líder ditatorial da China.
Outro líder estrangeiro que parece ter entendido como lidar com Musk é Benjamin Netanyahu, de Israel. Musk já fora acusado de promover teorias conspiratórias antissemitas no X. No entanto, o que realmente alarmou o governo de Israel foi a proposta de Musk de fornecer os serviços da Starlink a organizações de ajuda humanitária na Faixa de Gaza — o que, segundo os israelenses, ajudaria o Hamas. Após uma visita ao país em 2023, Musk concordou que só operaria a Starlink na Faixa de Gaza com a aprovação de Israel.
O governo Biden sente inquietação com muitas das atividades de Musk. Mas as empresas dele têm capacidades tecnológicas que nem o governo dos EUA tem. Para manter a Ucrânia conectada, quando Musk hesitou, o Pentágono precisou contratar a Starlink. Quando a Nasa quer transportar astronautas para a Estação Espacial Internacional ou trazê-los de volta, é a SpaceX que faz isso acontecer.
Se Musk costuma falar e agir como se fosse mais poderoso do que qualquer governo, é possível que seja assim porque, em certos aspectos, isso é verdade.
Mas os governos mantêm um poder-chave que ainda escapa a Musk: a capacidade de fazer e aplicar a lei. Tanto o confronto entre o Brasil e o X quanto a prisão de Durov na França são sinais de que a era da impunidade nas plataformas sociais on-line está chegando ao fim no mundo democrático (algo que nunca existiu no mundo autoritário).
Há cada vez mais chances de as empresas do setor serem reguladas de forma mais parecida aos meios de comunicação tradicionais, e isso tem implicações de alto custo. Em 2023, a Fox News precisou pagar US$ 787,5 milhões de dólares à Dominion Voting Systems em um acordo para encerrar acusações de difamação contra a emissora por ter divulgado teorias conspiratórias a respeito da eleição presidencial de 2020.
O X está repleto de teorias da conspiração — algumas delas promovidas pelo próprio Musk. Apesar de toda sua riqueza e inegável brilhantismo como engenheiro e empreendedor, Musk continuará estando sujeito à lei dos países nos quais opera. O fato de estar percebendo isso cada vez mais pode explicar a crescente fúria de seus ataques verbais fulminantes contra o Brasil, o Reino Unido, a União Europeia e o Estado da Califórnia — e contra qualquer outro que ouse ficar em seu caminho.
O X não é a fonte do poder de Musk. Mas pode ser o ponto em que seu poder encontra limites.
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