quinta-feira, 16 de abril de 2015

Resposta rápída

Vaccari e preso policia federal puxa lata empilhada pt desaba estrela

Por que Dilma recusou João Vaccari Neto, tesoureiro da campanha de 2010, para o mesmo cargo em 2014?
As investigações apontam que "Moch", o tesoureiro do Brasil, conseguiu doações ilegais naquela época. Dilma não queria se arriscar a deixar o cargo pelas irregularidades de um mero tesoureiro, que foi o homem forte das finanças sob o comando de Lula, sempre desafiando tudo e todos na maior cara de pau. 

Ao indicar Fachin, Dilma exibe menosprezo ao Congresso

Ficou na dúvida, escolheu o pior e agora não sabe o que acontecerá
O discurso que valeu a ida ao STJ


Quando surgiram as primeiras informações na internet sobre a indicação do professor Edson Fachin para o Supremo Tribunal Federal, ficou difícil de acreditar. Pareciam especulações, que podem ser desmentidas ou não. Diante do silêncio do Planalto, logo ficou patente que a notícia era verdadeira, embora só viesse a ser confirmada muitas horas depois, o que demonstrou que a presidente Dilma Rousseff ainda estava na dúvida e demorou até se decidir.
Ao escolher Fachin, ficou claro que a chefe do governo não estava apenas em busca de um jurista de notório saber e reputação ilibada. O que ela verdadeiramente pretendia era peitar o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), que há duas semanas havia alertado que os senadores não aprovariam um nome com “DNA do PT”.

Esta declaração de Renan foi indevida e importuna, não há dúvida, mas refletia o pensamento dos senadores. Esperava-se que a presidente da República, que precisa desesperadamente recuperar parte do prestígio perdido, desta vez indicasse para o Supremo um jurista de notório saber, reputação ilibada e isento, sem vinculação com qualquer partido político.

Mas Dilma bateu pé, fez beicinho e encaminhou ao Senado justamente o nome de um advogado muito ligado ao PT, que já chegou a ponto de pedir votos para o partido. Portanto, não tem a menor isenção, jamais poderia ser ministro do Supremo. Se fosse um simples juiz, jamais poderia participar de um julgamento que envolvesse o partido ou seus membros, pois teria de se considerar suspeito. E se Dias Toffoli não tem essa grandeza, como esperar que Fachin a tenha?

Não se trata de questionar seu notório saber, mas sim a neutralidade e a imparcialidade que se deveria exigir de um ministro do Supremo. Portanto, cabe uma reflexão sobre o que seja reputação ilibada. Afinal, que conceito é este? Fachin teria mesmo reputação ilibada? Para sabê-lo, certamente será necessário averiguar e analisar os contratos de seu escritório de advocacia, para saber quem eram seus clientes, com objetivo de apurar se prestava ou não serviços ao governo federal.

Chama a atenção o fato de ter participado de última campanha política, dando nítida impressão de compromissos político-partidários, inclusive quando atacou governos de FHC e defendeu os governos Lula, pedindo votos para Dilma. Terá este jurista a reputação necessária para manter a imparcialidade em seus votos? Sabemos que já houve indicação de advogado do PT, no caso, Dias Toffoli, mas agora estamos falando de um militante partidário.

Os jornais divulgaram que a presidente Dilma teria consultado o senador Renan Calheiros, que concordara e até se prontificara a defender o nome de Fachin. Será que Renan realmente mudou de opinião? Ou simplesmente deu força a mais erro político da presidente, para que ela seja novamente humilhada no Congresso?

Com apoio ou sem apoio de Renan, a perspectiva é de que Fachin deverá ter problemas na sabatina do Senado. Não é a primeira vez que um nome indicado pelo governo enfrenta resistências no plenário. O presidente Jânio Quadros, por exemplo, indicou o empresário pernambucano José Ermírio de Moraes para embaixador, mas o Senado recusou. Moraes ficou furioso, entrou na política e também se elegeu senador. Muitos anos depois, no leito de morte, fez os dois filhos (José e Antonio Ermírio) prometerem jamais entrar na política.

Agora, Dilma Rousseff se arrisca a repetir Jânio Quadros e ser derrotada no Senado. Ela hoje reina, mas não governa. E parece ter se tornado uma espécie de Rei Midas ao contrário, pois tudo o que Dilma faz acaba dando errado. Vai ficar na História como encarnação da célebre Viúva Porcina, criada por Dias Gomes, “aquela que foi sem nunca ter sido”
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Carlos Newton

O novo mito dos movimentos

Os únicos aparelhos por trás das manifestações chamam-se Samsung e iPhone, mas os gritos saem da alma

O PT cultiva o mito dos “movimentos sociais”. Em torno das multidões que vão para a rua pedir que ele se vá do governo gravita o novo mito, o dos “movimentos da rua”. Em tese, eles representam as manifestações. Há o “Vem pra Rua”, o “Movimento Brasil Livre”, o “União Contra a Corrupção”, o “Revoltados Online” e o “Pesadelo dos Políticos”. São todos filhotes das redes sociais que já levaram perto de três milhões de pessoas para as ruas sem que tenham distribuído uma só quentinha. Pelo contrário, geraram um mercado de ambulantes e em São Paulo uma espiga de milho cozida custava R$ 5.

Salvo os gritos contra a corrupção e o “Fora Dilma”, esses movimentos pouco têm a ver um com o outro. A maioria deles esclarece que não propõe iniciativas fora da Constituição. Mesmo assim, produzem-se excentricidades. Na Avenida Paulista havia um carro de som com cartazes em inglês e um orador que discursava também em inglês, ajudado por um tradutor. Denunciava a tentativa de bolchevização da América Latina. Mais adiante, noutro caminhão, havia personagens vestindo roupas de camuflagem militar. Um deles, no sol, com capacete de combate.

Quem foi para a rua seguiu um impulso para manifestar-se contra o governo e o PT. Fora daí, por enquanto, o aparelho que os conduziu pode ter sido um Samsung ou talvez um iPhone. O meio foi irrelevante, a essência esteve na mensagem: “Fora Dilma”.

Tudo bem, resta saber como. Admitindo-se que até agora três milhões de pessoas tenham ido às ruas para pedir que a doutora seja dispensada, faltam 500 mil para cobrir apenas a diferença entre sua votação e a de Aécio Neves (54,5 milhões x 51milhões). Ficando-se nos números do Datafolha, 63% dos entrevistados querem que se abra um processo de impedimento. Nesse grupo, um terço não sabe quem irá para o lugar. Entre eles, metade não sabe quem é Michel Temer. Só 12% dos entrevistados juntaram lé com cré.

Quem votou em Dilma e está arrependido poderá cobrar uma parte da conta na eleição municipal do ano que vem. O PT tem 22 prefeitos nas 85 cidades com mais de 200 mil eleitores. É petista o prefeito da cidade onde fica a Avenida Paulista. A fatura final só poderá ser cobrada em 2018. Fica o argumento de que Fernando Collor foi posto para fora no meio do mandato. Levado às últimas consequências, esse paralelo joga uma urucubaca sobre o sistema democrático brasileiro, pois, nesse caso, de cada quatro presidentes, dois não conseguem concluir seus mandatos. Sabendo-se que Lindberg Farias, o líder dos cara-pintadas do movimento de 1992, é hoje um senador (PT-RJ) e compartilha com o colega Fernando Collor a lista do procurador Rodrigo Janot, pode-se concluir que a política brasileira foi mal, mas os produtos dos movimentos estão no mesmo barco.

A doutora Dima ainda não sabe o que fazer com a rua. Enquanto busca uma resposta, pode botar seu governo para funcionar. No início do mês, ela determinou que seus 39 ministros não usassem os jatinhos da FAB para viajar aos seus estados nos fins de semana. Três deles já driblaram a proibição. Um, com 12 convidados para um evento que durou três horas. O pessoal que paga a conta e vai pra rua voa na rede comercial.

Elio Gaspari

Um líder se apagando

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República das faixas

O afã de se promover às custas de qualquer obra pública tem levado algumas autoridades brasileiras a flertar com o ridículo. Em Brasília, os servidores do Senado ganharam há três anos um novo refeitório para o almoço. Entre uma garfada e outra, uma placa na parede não os deixa esquecer: o espaço foi inaugurado na gestão do ex-presidente José Sarney.

No Rio, quem frequenta a Lagoa Rodrigo de Freitas se depara desde o ano passado com um “banco panorâmico” decorado com pastilhas coloridas. Só há espaço para poucas pessoas se sentarem, mas foi o suficiente para que o município instalasse um letreiro com o nome do prefeito Eduardo Paes.

A desfaçatez dos políticos para falar de si mesmos não é novidade. O que espanta é que em pleno século 21 eles ainda teimem em espalhar seus nomes em placas e pedras fundamentais, mesmo que a obra a ser exaltada seja um mero banco de praça ou um bandejão.

Se prestar atenção, o leitor vai encontrar outros exemplos perto de casa. As placas estão por toda parte: viadutos, calçadas, estações de metrô. São pagas com o dinheiro de todos, o dinheiro dos impostos.

“Os governantes ‘autografam’ qualquer cômodo que mandam reformar, e não se envergonham disso”, observa Eugênio Bucci em seu novo livro, “O Estado de Narciso”.

O professor compara esses políticos a adolescentes que levam um canivete no bolso para gravar o apelido em bancos de madeira.

“Os ocupantes de cargos públicos rabiscam seus nomes e sobrenomes em todo lugar. Não percebem que fazer placa oficial com o próprio nome é uma forma legalizada de pichar o espaço público”, critica.

Além do desperdício com placas e letrinhas, está em jogo um princípio constitucional: o da impessoalidade. Numa democracia, o que é feito pela administração pública deve pertencer ao público - e não aos administradores de plantão.

Bernardo Mello Franco

Se é para colocar faixas, Maricá sai na frente


Detalhe é que as placas indicam a mesma obra, mas uma destaca apoio federal e a outra simula uma obra inteiramente feita com recurso municipal. Em qual acreditar?  

Os índios e o golpe na Constituição

Por que você deve ler essa coluna “apesar” da palavra índio

Os índios vão ocupar Brasília nesta semana. Ao escrever a palavra “índio”, perco uma parte dos meus leitores. É uma associação imediata: “Índio? Não me interessa. Índio é longe, índio é chato, índio não me diz respeito”. E, pronto, clique fatal, página seguinte. Bem, para quem ainda está aqui, uma informação: mais de mil lideranças indígenas ocupam Brasília de 13 a 16 de abril em nome dos seus direitos, mas também em nome dos direitos de todos os brasileiros. Há um golpe contra a Constituição em curso no Congresso Nacional. Para ser consumado, é preciso exatamente o seu desinteresse.

Guarde essa sigla e esse número: PEC 215. Quando se fala em PEC 215, só a sigla e o número já afastam as pessoas, porque neles estão embutidos toda uma carga de burocracia e um processo legislativo do qual a maioria da população se sente apartada. Os parlamentares que querem aprová-la contam com esse afastamento, porque a desinformação da maioria sobre o que de fato está em jogo é o que pode garantir a aprovação da PEC 215. Se durante séculos a palavra escrita foi um instrumento de dominação das elites sobre o povo, hoje é essa linguagem, é essa terminologia, que nos faz analfabetos e nos mantém à margem do centro do poder onde nosso destino é decidido. É preciso vencer essa barreira e se apropriar dos códigos para participar do debate que muda a vida de todos. A alienação, desta vez, tem um preço impagável.

O que é uma PEC? PEC é uma Proposta de Emenda à Constituição. Um instrumento para, em tese, aprimorar a Constituição de 1988. O que essa PEC, a 215, pretende, em resumo, é transferir do Executivo para o Congresso o poder de demarcar terras indígenas, territórios quilombolas e unidades de conservação. Só que o resumo, como a gente sabe, nunca explica muita coisa. O direito ao território ancestral é uma garantia fundamental da Constituição porque a terra é parte essencial da vida dos índios. Sem ela, condena-se povos inteiros à morte física (genocídio) e cultural (etnocídio). Isso explica por que, em 2012, um grupo de Guarani Kaiowá do Mato Grosso do Sul pediu, numa carta aos brancos, que fossem declarados mortos.Preferiam ser extintos a ser expulsos mais uma vez:

“Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas decretar nossa morte coletiva e enterrar nós todos aqui. Pedimos, de uma vez por todas, para decretar nossa extinção/dizimação total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar nossos corpos. Este é o nosso pedido aos juízes federais”.

Sem a terra de seus ancestrais, um índio não é. Não existe. Os Guarani Kaiowá, uma das etnias em situação mais dramática do Brasil e possivelmente do mundo, testemunham o suicídio de um adolescente a cada seis dias, em geral enforcado num pé de árvore, por falta de perspectiva de viver com dignidade no território dos seus antepassados. Por isso esse grupo afirmou que preferia morrer a ser expulso, mais uma vez, porque pelo menos homens, mulheres e crianças morreriam juntos, já que os indígenas se conjugam no plural, e morreriam no lugar ao qual pertencem.
O pacote maligno

O poder de demarcar terras indígenas, territórios quilombolas e unidades de conservação é atribuído ao Executivo pela Constituição não por acaso, como se fosse um jogo de dados, em que a sorte determina o resultado e tanto faz. Foi atribuído por critérios claros, estudados em profundidade, com o objetivo de reconhecer direitos e proteger o interesse de todos os brasileiros. É o Executivo que tem a estrutura e as condições técnicas para cumprir o rito necessário à demarcação, desde equipes capacitadas para fazer os estudos de comprovação da ocupação tradicional até a resolução de conflitos e a eventual necessidade de indenizações. Da mesma forma, é bastante óbvio que a criação de áreas de preservação são parte estratégica da política social e ambiental de qualquer governo.

Quando os parlamentares tentam tirar o poder de demarcação do Executivo para entregá-lo a eles próprios, o que estão tentando fazer não é aprimorar a Constituição, mas dar um golpe nela. Na prática, a PEC 215 é apenas a pior entre as várias estratégias em curso para acabar com os avanços da Constituição no que diz respeito à preservação do meio ambiente e aos povos indígenas, aos quilombolas e aos ribeirinhos agroextrativistas que o protegem.Na prática, se a PEC 215 for aprovada, o mais provável é a paralisação do processo de demarcação de terras indígenas e quilombolas, assim como a paralisação da criação de unidades de conservação. É nesse ponto que a PEC 215 passa a ameaçar também o direito fundamental de todos os brasileiros a um meio ambiente ecologicamente equilibrado e, por extensão, ameaçar o direito à vida.

PT desmoralizou o vermelho

O lulopetismo conseguiu uma façanha que vai entrar para a história universal: nunca tão poucos safados conseguiram chegar tão longe a ponto de desmoralizarem o vermelho. A cor da luta como nas revoluções francesa, russa e chinesa, na Comuna de Paris, em 1871, nas camisas dos revolucionários de Giuseppe Garibaldi, e nos lenços dos maragatos, simboliza hoje, no Brasil, a cor da corrupção.

Foram tão longe e com tanta gana de encher as burras que emporcalharam até mesmo as próprias bandeiras vermelhas do Partido dos Trabalhadores, não o de hoje, um mero antro de meliantes, mas o de ontem, que era símbolo de ética, motivo de orgulho.

E continuam a usar o vermelho como pano de chão para limpar o que emporcalham, encobrir os rombos. Sequer ficam vermelhos, pudera, com a institucionalização do assalto a mão armada do governo. No máximo, tudo é cor de rosa, pálida de vergonha, quando a têm - ainda poucos - de deixar de lembrança na história familiar a pecha de marginal.

Exército suspeito do MST

Lula convocou o exército do MST. João Pedro Stédile, general-mor dos sem-terra, bateu continência: "Vamos enfrentar a burguesia". Semana seguinte, começaram a estripulia. Bloquearam rodovias, ocuparam fazendas, invadiram prédios públicos e agências bancárias.

Guerra declarada.

Misturaram a causa agrária com a defesa da Petrobrás. Segundo o MST, a estatal está seriamente ameaçada pela pressão do capital internacional, correndo risco de ser privatizada pelos imperialistas. Entendeu? Na reforma agrária, a Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Camponesas e a Jornada Unitária do Campo mobilizaram cerca de 20 mil pessoas, brandindo foices e facões, em 22 Estados mais Brasília. Violentos.

A pergunta é: quem paga a conta dessas manifestações do MST? Vamos comparar. Em São Paulo, naqueles mesmos dias, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) organizou, na Avenida Paulista, um ato para defender o governo Dilma. Também juntou perto de 20 mil pessoas. Os próprios participantes afirmaram ter recebido uma espécie de "kit protesto", com petrechos, incluindo o transporte gratuito e um "vale" entre R$ 35 e R$ 50. Multiplicado pelo total, a ação da CUT custou, no mínimo, R$ 2 milhões. Onerou o imposto sindical.

Nós, provavelmente, é que estamos pagando a conta das manifestações dos sem-terra. O dinheiro dos ônibus, das camisetas, dos lanches, das faixas parece estar saindo dos convênios entre o governo e certas entidades ligadas ao MST. Com esses acordos se irriga o movimento com recursos do Orçamento da União. Vem de longe tal conjectura.

Em dezembro de 2003 uma comissão parlamentar de inquérito, mista de senadores e deputados, se formou para analisar a questão. A CPMI da Terra ouviu 125 pessoas, de todos os lados. Colheu vários depoimentos em segredo de Justiça. Acionou o Tribunal de Contas da União (TCU). Resultado: descobriu-se grande sujeira debaixo do tapete do MST. Duas organizações, na verdade, apareciam como operadoras, ou controladoras, dos principais convênios daquela época: a Associação Nacional de Cooperação Agrícola (Anca) e a Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil (Concrab). O MST, sabe-se, nunca teve personalidade jurídica nem apresenta balanço contábil.

Chamados a depor na então CPMI da Terra, os responsáveis pelos braços operacionais do MST não abriram a boca. Francisco Dal Chiavon avocou o direito constitucional de permanecer calado por 27 vezes. José Trevisol emudeceu na resposta de 25 perguntas, Emerson Rodrigues da Silva também permaneceu horas repetindo o jargão daqueles que temem a verdade. Um vexame. Inidôneas se tornaram a Anca e a Concrab.

Passaram-se os anos. Nenhuma providência concreta foi tomada. Hoje a situação permanece mais nebulosa ainda. Levantamento executado a partir do Portal da Transparência mostra que o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) repassou, entre 2003 e 2014, a enormidade de R$ 2,75 bilhões - sim, bilhões! - a 1.424 entidades civis. Muito dinheiro.

Lidera a lista das beneficiadas a Fundação para o Desenvolvimento do Semiárido Nordestino. Fui ao Google procurar conhecer tal ONG. Não localizei sequer seu site. Como teria ela aplicado os R$ 58 milhões que recebeu, em sete convênios, para investir na reforma agrária? Em segundo lugar aparece a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag), que recebeu R$ 48 milhões. Essa entidade pelo menos é histórica. Seguindo-a está o Instituto Creatio. Pesquisei na internet. Trata-se de uma ONG, de Mato Grosso, que afirma atuar repassando recursos públicos nas áreas de educação, cultura e, principalmente, saúde. Nada consta sobre reforma agrária. Muito estranho. Depois se encontra a surpreendente Associação de Produtores Rurais Boa Esperança. Alguém sabe onde fica tal associação? Há várias com nomes parecidos: uma em Querência (MT), outra em Primavera (PA), outra em Seringueiras (RO). Todas pequeninas. Alguma delas faturou R$ 36,3 milhões do MDA. Por aí vai. A lista completa das entidades conveniadas encontra-se em www.xicograziano.com.br.

É de arrepiar o cabelo. Mas o grande mistério mora noutro lugar. O MDA também repassa parte de seus recursos orçamentários à Caixa Econômica Federal (CEF). Daí, a CEF distribui o dinheiro, via convênios, para execução de serviços e obras nos assentamentos agrários. Entre 2003 e 2014 firmaram 8.303 convênios, no valor de R$ 1,98 bilhão. O Portal da Transparência diz que 84% já foram liberados. Não informa, porém, o destino. Não se divulga a execução prática nem a respectiva prestação de contas. Funciona assim, terceirizada e oculta, a reforma agrária no Brasil.

Não se deve generalizar. Muitos convênios, por certo, aplicam corretamente o recurso público, ajudando os menos favorecidos no campo. Existem ONGs sérias e responsáveis. Mas o joio mistura-se no trigo. Falta transparência, existe manipulação política. Tudo piorou quando, na partilha do poder efetuada por Lula em 2003, o MST passou a controlar o Incra. Escalou seus quadros dentro da instituição. Garantiu o soldo de seu exército.

Pense no petrolão. Depois da Operação Lava Jato, que fez aflorar toda aquela podridão, fica difícil botar fé na ética do poder. Ninguém sério acredita que esse assunto nebuloso dos convênios com organizações agrárias tenha michado. Ao contrário, com certeza o ralo se aprofundou.

Gato escaldado tem medo de água fria. Chegou a hora de esgoelar. Apertar a fiscalização. Milhões, em nome da causa agrária, se esvaem pelo desconhecido.

Desgraçadamente, a reforma agrária parece também não ter escapado da corrupção.


Roubalheira inacreditável

O PT é um partido formado basicamente por ladrões. Eles roubam tudo: petróleo, setor elétrico, merenda escolar, superfaturamento de obras, fundo de pensões...

Já existe até quem defenda a prisão de todos os seus integrantes, analisando-se caso a caso e soltando-se paulatinamente inocentes que possam ser encontrados, pois toda regra tem exceção e será possível achar gente honesta mesmo dentro de legenda tão desmoralizada e dedicada à gatunagem como é o PT.

 

Mas o Partido dito dos Trabalhadores vem roubando e roubou além das medidas. Veja-se o fundo de pensão Postalis, dos Correios, cujo buraco financeiro atingiu a soma de cinco bilhões e 600 mil reais! Os sindicalistas do PT dizem ter administrado “muito bem” o dinheiro do Postalis. Investiram sozinhos num fundo do Bank of New York, comprando títulos da Venezuela e da Argentina. Títulos podres.

Para que se tenha ideia, o fundo perdeu 65% de seu valor e o dinheiro da pensão dos Postalis desapareceu. Fala-se agora que os empregados dos Correios deverão pagar 25% de seus salários, até que o montante se recomponha. Outras empresas nas quais os sindicalistas do PT investiram foram as seguintes: a EBX, de Eike Batista, Bancos Cruzeiro do Sul e BVA, além da Financeira Oboé.

Mas isso não é tudo: grande montante de dinheiro foi investido no Lehman Brothers, em agosto de 2008, menos de 30 dias antes de sua falência. Se investigados outros fundos (e serão), descobrir-se-ão novos roubos. Os sindicalistas do PT administram o dinheiro dos trabalhadores assim como Dilma administra o Brasil.

Costa, Gabrielli, Dilma e Lula: todos mal na foto

Dilma foi presidente do Conselho de Administração da Petrobras, à época em que a roubalheira ali se processava a todo vapor, mas afirma que não sabia de nada e que também nada viu. A presidente é cúmplice da roubalheira, mas vem mentir com a maior cara de pau. Acha que todos nós somos cretinos. A mulher que prometeu milhares de creches ao longo da campanha, pencas de aeroportos pelo país (sem contar o terceiro aeroporto de São Paulo) e trem bala antes da Copa, esgotou seu repertório.

Todos os dias são descobertos novos roubos praticados pelo PT, em volume descomunal. Este partido tem de ser extinto, juntamente com outros que vivem de assaltar os cofres públicos nacionais, inclusive o PSDB! É preciso que se dê todo o apoio possível ao juiz federal Sérgio Moro, o paranaense que está expondo as vísceras da roubalheira praticada por Lula da Silva, o Lularápio, e seus seguidores.

Não devem ser esquecidas as pressões sofridas pelo ex-ministro do STF Joaquim Barbosa, a quem se concede todo o crédito pela prisão de gente como Zé Dirceu e Zé Genoíno, figurões de pés de barro. Mas é preciso mais, muito mais.

O PT tenta desconstruir as manifestações de rua, querendo levar o país para uma guerra civil. O partido não quer desalojar seus ladrões, inclusive a própria presidente da República, cúmplice de toda a roubalheira. O cinismo da presidente é de doer: vejam que o Palácio do Planalto determinou a vários senadores que retirassem suas assinaturas da CPI que deveria apurar o assalto que vem sendo praticado no BNDES.

Na propaganda petista veiculada pelos meios de comunicação, o partido diz que está prendendo corruptos, como se as instituições nacionais dependessem de legendas partidárias. Enquanto isso fica montando armadilhas, pregando através de jornais amigos, reféns de fartas verbas, que o número de participantes nas manifestações está diminuindo. Quer dar a entender que a população está desistindo do impeachment.

A insatisfação é generalizada e ninguém aguenta mais tantos desmandos. Dilma tem de ser afastada, para que se inicie processo de limpeza. Fazer aqui como se fez na Itália, com a Operação Mãos Limpas. O governo desgovernado está apodrecido. 

Sem dias: velhice e crise moral

Dilma completa cem dias de governo e entre malandragens e trapalhadas, os amigos dizem que eu - com 78 anos! - não sou velho!
Mas como quem sabe de mim sou eu; ele, o meu eu (ou pelo menos um dos seus múltiplos sujeitos), me afirma e confirma a velhice. Como? Pela impossibilidade de descer a escada do meu escritório-biblioteca-fábrica de estrume sem segurar no corrimão. Meu equilíbrio, o qual, nos meus jovens 60 anos, me permitia lidar com três objetos ao mesmo tempo, tal como os artistas de circo ou os pugilistas de filmes pornográficos, sumiu pelos neurônios do meu cérebro.

Afora essa e outras impossibilidades impublicáveis numa crônica, chega à minha mente (uma entidade muito mais complexa que o meu mero cérebro) um total desânimo e, confesso, um intenso desejo de sair do palco. Não de morrer, propriamente, com todos os ritos e rezas (que espero não ter), mas de ficar no meu canto, porque eu olho pra rua e só vejo ruína, desespero, incompetência, descaso, insulto, mentira, malandragem e desonra.

Uma das sensações mais claras do fim de uma existência é descobrir que o drama no qual você entrou como um ator não convidado - pois ninguém escolhe onde vai nascer ou se deseja nascer - não funciona porque a companhia teatral, o diretor, o contrarregra, o produtor, o ator principal, e parte da plateia estão liquidando com a peça - no caso, com o Brasil. O Brasil que eu pensava que ia deixar de ser um ninho de ratos para ser um lugar razoável para se viver. Essa sensação de estranhamento e de desentendimento com o mundo, é um sintoma claro de que não há mais nada a representar ou, pior que isso, de estar fazendo o papel de idiota ou, como dizem alguns ex-amigos, de reacionário.

De agente da anti-história, que, infantilmente, ainda fica indignado com a ladroagem, quando não entende que o projeto político em curso é comprar com o dinheiro roubado da sociedade a tal "democracia popular"; é o de transformar o Brasil num paraíso socialista moreno como dizia, apesar de todos os pesares, um nobre pensador como Darcy Ribeiro. (Aliás, permitam-me uma pausa: o que diria ele se estivesse testemunhando essa fieira de vergonhas relativas ao que se chama vulgarmente de "governo" transformado, nessa última década, numa quadrilha cujo objetivo é assaltar o povo trabalhador do Brasil. Fim da pausa.) É claro que, ao lado desse projeto social-popular, alguns viram duques, mas isso faz parte do jogo e do "realismo" implacável da política brasileira.

Outro sintoma é acordar em meio às trevas, quando todos são virtualmente mortos, roncando serenamente para vagar como alma penada, justamente porque a alma não sabe mais onde está. Sabe, contudo, e com a certeza mais absoluta, que não pode mais ficar em plena sintonia com o corpo: esse corpo brasileiro sujeito a um Brasil que derrete pela crise moral que o desmorona por todos os lados.

Sou de uma geração caracterizada por uma mudança cosmológica. Para nós, "esquerdistas", o futuro não seria mais comandado pela religião e pelas compensações do outro mundo, mas pela política, a qual transformaria (por bem ou por mal) esse mundo. Queríamos o paraíso agora, como me ensinou um jovem Richard Moneygrand de olhos muitos azuis numa Harvard banhada de intensa luminosidade.

O sonho permanece, como todas as ilusões - nem o velho Freud viveu sem elas. A questão é descobrir que depois dos males do império, da escravidão, da velha república reformada em Estado Novo -, enfim do domínio da "direita entreguista e reacionária", tudo continua no mesmo lugar, agora sob o sol amarelo da "esquerda" petista. Essa esquerda que rejeitaria os sindicatos, que "não roubava nem deixava roubar", mas que - no poder - emasculou-se justamente pelo saque aberto da coisa pública, em nome de um republicanismo pervertido.

O centro da crise moral que conduz à morte dos valores que nos tornam humanos e nos salvam, justamente porque demandam tudo de cada um de nós naquilo que se chama de crença, honradez, fidelidade, trabalho e esperança, jaz justamente na depravação de que a nossa história não dependeria de nós. Ela, como os elevadores, seria determinada por dispositivos automáticos. Hoje, com os olhos arregalados, descobrimos que não está. Não pode ser entregue a um só ator como um Lula ou uma Dilma e seus comparsas. Tem que ser de todos nós.

A crise moral que atinge todas as esferas do nosso sistema, exceto o da aristocratização sistemática, a qual conduz à impunidade e a garantias que roubar do povo é um belo projeto de vida, consolidou-se e está sendo revelada justamente porque um grupo de procuradores e juízes tem firmemente atuado em conjunto com a polícia federal.

Só isso - e uma mudança radical do nosso sistema jurídico-político-teológico - pode nos salvar na nossa indiferença, da nossa insanidade pública e da nossa perversidade. Os ratos não estão só no navio, estão - valha-nos Deus! - em todo lugar!

Roberto Damatta

Dilma está nos chamando de idiotas

Notório saber jurídico, ah, isso o doutor Luiz Edson Fachin tem. O bicho – ao contrário do chefão do partido que ele sempre apoiou – estudou muito.

É mestre e doutor em Direito pela PUC de São Paulo. Fez pós-doutorado no Canadá, atua como pesquisador convidado do Instituto Max Planck, da Alemanha. É professor visitante no King’s College, naquela horrorosa, nojenta monarquia capitalista.Todo mundo fala bem dele. O senador Álvaro Dias, do PSDB, correu para dizer que o doutor Fachin é uma maravilha. O senador Roberto Requião, do PMDB, ex-governador do Paraná, o Estado em que o doutor Fachin se formou e labutou e labuta, diz que ele é o homem, o cara, o gênio.

Todo mundo fala bem dele. O senador Álvaro Dias, do PSDB, correu para dizer que o doutor Fachin é uma maravilha. O senador Roberto Requião, do PMDB, ex-governador do Paraná, o Estado em que o doutor Fachin se formou e labutou e labuta, diz que ele é o homem, o cara, o gênio.
Não interessa se o doutor Fachin é o melhor jurista que já houve no mundo. Ele pode ser o maior jurista que já pisou na face da terra – mas ele não pode ser ministro do Supremo Tribunal Federal, de forma alguma, porque ele é petista. Ele trabalhou para a CUT, o MST. Ele foi garoto-propaganda da candidata Dilma Rousseff em 2010,

Pode ser um águia de Haia, pode botar no chinelo todo e qualquer Ruy Barbosa – mas é partidário.

Um ministro da Suprema Corte não pode ser partidário.

Como estes são tempos ruins, horrorosos, sem qualquer tipo de respeito à ética, já temos na nossa Suprema Corte dois petistas de carteirinha: Ricardo Lewandowski, cuja atuação erm defesa dos mensaleiros o país viu na TV, e Dias Toffolli, o neguinho que trabalhou a vida inteira pelo PT e – embora tenha levado bomba duas vezes nas duas tentativas de virar juiz estadual, com saber jurídico equivalente ao de uma banana, vai julgar agora o petrolão. Incapacitado, mas com poder de raposa sobre as galinhas.

Indicar um sujeito que fez campanha para Dilma na TV para a vaga deixada por Joaquim Barbosa, no momento em que milhões de brasileiros vão às ruas clamando contra a corrupção e pedindo fora Dilma, ah, isso é um acinte. Uma provocação.

O governo está nos chamando, a nós todos, brasileiros, de imbecis.

Sérgio Vaz

Depois do grito, as propostas

Se os 60 milhões de jovens brasileiros lutarem contra a corrupção, ainda há esperança

Novamente, no domingo passado, centenas de milhares de pessoas voltaram a rugir em mais de duzentas cidades brasileiras com o grito de protesto contra Dilma Rousseff, e contra o veneno da corrupção política que envergonha o país.

Agora, depois do grito, é urgente a chegada das propostas concretas de mudança.

Foi um grito saudável, ao revelar que os brasileiros, depois de anos de silêncio, perderam o medo do protesto. Exigem que os governantes “lhes devolvam o Brasil” sequestrado, segundo eles, por aqueles que pretendem se eternizar no poder, sem saber mais como fazer para que o país volte a crescer.

Os políticos deste país, pouco acostumados a ver a classe média, melhor informada, sair às ruas, correm o risco de demonizar essas manifestações como golpistas ou da direita. No entanto, como bem disse o vice-presidente da República, o hábil político de centro Michel Temer, as manifestações revelam uma “democracia poderosa” e os políticos têm o dever de escutar esse grito, em vez de condená-lo.

Sem ser pautadas nem organizadas, como no passado, por partidos políticos ou movimentos sociais de esquerda, as novas manifestações brasileiras refletem necessariamente desordem e, ao mesmo tempo, a criatividade de centenas de exigências, às vezes até conflitantes. Por isso agora, depois do grito que liberta e ameaça, chegou a hora de apresentar um programa capaz de transformar positivamente o país, resgatando-o da crise econômica à qual foi arrastado por uma política equivocada de desperdício de dinheiro público, assim como pela corrupção organizada que acaba atingindo os mais pobres.