sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Pensamento do Dia

 


Delírio da politicagem


Acabar com a pobreza em todas as suas formas e circunstâncias é apenas um delírio político, que erradica a miséria das ilusões nos números vermelhos de uma economia que é mais vulnerável do que os próprios pobres neste mundo.

O Vale do Silício vai à guerra

Não é à toa que o governo americano está tão descontente com a Justiça brasileira, especialmente por causa dos limites dados ao ‘liberou geral’ das redes sociais. O STF atirou no discurso de ódio e em crimes como pedofilia, mas acertou nas big techs que controlam essa ‘terra de ninguém’ em que se tornou o universo digital.

E não se trata de uma preocupação do Tio Sam com a liberdade de expressão do cidadão de bem ou com a democracia. O fato é que as grandes empresas de tecnologia entraram de cabeça no sistema de Defesa ianque. O mesmo acontece em Israel, China e Rússia. As big techs tornaram-se uma espécie de batalhões da guerra do futuro, a serviço das forças armadas e dos serviços de inteligência mais poderosos do mundo. Mais uma vez, a guerra rende bilhões de dólares.

E não é apenas modo de dizer. Deu no New York Times (01/05/25) que os militares israelenses criaram um verdadeiro batalhão tecnológico, a Unidade 8200 – mais conhecida como ‘O Estúdio’ – por onde circulam reservistas egressos da Microsoft, Google e Meta (dona do Facebook, Instagram e Whatsapp). Foi assim, por exemplo, que Israel localizou e matou o líder do Hamas Ibrahim Bari, em 2023. O problema é que a mira da IA ainda carece de calibragem e o bombardeio levou junto a vida de 125 civis palestinos, incluindo mulheres e crianças. A culpa é do botão ou do dedo?

Nos EUA a coisa está ainda mais impressionante. O Pentágono criou uma força militar chamada Destacamento 201, composta por executivos e especialistas em TI das principais big techs americanas que receberam a patente militar de tenente-coronel. Mas o movimento não é de agora. Há dez anos atrás foi criada no Vale do Silício a Unidade de Inovação de Defesa, inaugurada com direito a discurso do Secretário de Defesa de então.

Segundo outra reportagem do NYT republicada pelo Estadão nos últimos dias, as principais big techs estão fechando contratos milionários com o Departamento de Defesa dos EUA. Meta, OpenAI, Google e também empresas menos conhecidas do setor como Palantir, ou startups como a Anduril e aceleradoras como a Y Combinator.

Nesse cenário de simbiose entre Vale do Silício e Pentágono os recrutamentos acontecem também no sentido contrário. O general Paul M. Nakasone, ex-chefe da Agência de Segurança Nacional, por exemplo, torou-se membro do conselho da OpenAI, criadora do ChatGPT. Da mesma forma, grandes investidores então indo atrás dos militares e das big techs para apostarem sua grana nos novos negócios tecnológicos de Defesa.

É o caso da Andreessen Horowitz que reservou US$500 milhões para investimentos em Defesa. Por sua vez, segundo o New York Times, a Anduril, que projeta armas com suporte de IA, assinou um contrato de US$ 642 milhões com os Fuzileiros Navais americanos e US$ 250 milhões para defesa aérea com o Departamento de Defesa. Ao todo, a já Anduril alavancou uns US$ 2,5 bilhões em novos financiamentos.

O envolvimento das big techs com a Defesa visa a responder aos avanços tecnológicos chineses e russos. Segundo o Vice-Presidente dos EUA, “Não devemos ter medo de novas tecnologias. Na verdade, devemos procurar dominá-las e certamente é isso que este governo quer alcançar”. Nesse pacote, está a fabricação de armas movidas a IA, mas também a produção e o tratamento de dados e informações que alimentam os novos sistemas de inteligência e os modelos preditivos para fins militares, políticos e econômicos.

O baixo nível, acima de tudo e todos

Não que esperássemos um comportamento elegante de Bolsonaro, de seu filho Eduardo e de Silas Malafaia. Mas as conversas e trocas de mensagens entre o ex-presidente, o deputado federal “no exílio” nos EUA e o líder da Assembleia de Deus chocaram as famílias brasileiras, até as fiéis bolsonaristas. É muito baixo nível, muito “cacete”, muito xingamento.

Aprendi com o deputado o significado de uma sigla: VTNC. Quando olhei a primeira vez a mensagem escrita, fiquei pensando qual código secreto era esse que Eduardo tinha usado para se dirigir ao pai. Ao perceber do que se tratava, meu queixo caiu. Que tipo de educação esse rapaz recebeu em casa? OMG (oh my God), Eduardo e Malafaia conseguem fazer Bolsonaro parecer equilibrado no WhatsApp.


“Eu ia deixar de lado a história do Tarcísio, mas estou pensando seriamente em dar mais uma porrada nele, para ver se você aprende. VTNC, SEU INGRATO DO CARALHO”, escreveu Eduardo ao pai, no dia 15 de julho. O ainda deputado ficou muito chateado por ter sido chamado de “imaturo” ao comprar briga com o governador de SP. Alguém imagina falar assim com o pai?

“Se o imaturo do seu filho de 40 anos não puder encontrar com os caras aqui, porque você me joga para baixo, quem vai se fuder é você e vai decretar o resto da minha vida nesta porra aqui”. Acho que o 01 (assim Eduardo se refere ao presidente Donald Trump) não vai gostar nadinha de saber que seu protegido chamou os EUA de “essa porra aqui”. Trump é outro boquirroto, mas ser chamado de 01 é coisa de miliciano, não?

Ao final, Eduardo ordena ao pai: “Tenha responsabilidade!” E olha que o pai tem passado a ele a mesada obtida de patriotários em vaquinhas online. Eduardo não pode mexer, por ordem de Alexandre de Moraes, no salário da Câmara que voltou a receber neste mês: R$ 17 mil brutos, com um gabinete e 8 funcionários ao custo de R$ 123 mil. É surreal essa história. Por que ainda não foi cassado o traidor da pátria?

Não poderia faltar um furibundo emissário divino nessa história. Temos um pastor, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que faz corar todos os crentes e parece possuído ao falar com Bolsonaro, chamando Eduardo de “babaca, idiota e um estúpido de marca maior”. Grosseiro o pastor. Um “cacete” a cada parágrafo. Isso lá é linguagem de líder religioso.

“A faca e o queijo estão na tua mão, cacete, e nós não podemos perder isso, pô”, disse Malafaia ao ex-presidente. “E vem o teu filho babaca falar merda (...). Dei um esporro, cara, mandei um áudio para ele de arrombar. E disse para ele: ‘a próxima que você fizer, eu gravo um vídeo e te arrebento’. Falei para o Eduardo. ‘Vai pro meio de um cacete, pô’. ” Malafaia disse ainda a Bolsonaro: “Deus tá contigo, cumpade! Eles tão é ferrado! Vão ter que sentar no colinho”. Que Deus é esse?

Eduardo contemporizou com o pastor, para não jogar mais lenha na fogueira das vaidades. Mas desafiou a Polícia Federal, que o indiciou por coação na ação penal do golpe: “Absolutamente delirante”!

Faz falta, para o deputado e o pastor, um remedinho qualquer para suavizar os modos. Porque os delírios são deles, com olhos esbugalhados, sem controle, sem compromisso nem mesmo com a direita ou com as pesquisas eleitorais. O lema “Deus, pátria e família” foi desmoralizado.

Não sabemos qual será o próximo episódio, proibido para menores. Sei que o país inteiro, menos eu, está assistindo ao remake da novela “Vale tudo”. Mas quer mais “vale tudo” do que isso aí? Só tem vilão.

“No tocante” a esse último capítulo político, envolvendo Bolsonaro, Eduardo e Malafaia, quem seria a implacável Odete Roitman, a ambiciosa Maria de Fátima e o manipulador César?

Fome: um crime de guerra que permanece impune

Os apelos para julgar a fome como crime de guerra em diversos dos atuais conflitos estão se tornando mais frequentes e ganhando força. "A fome é uma arma que está sendo usada em todo o mundo no momento. Mas isso tem que acabar, vai contra o direito internacional", afirmou Shayna Lewis, conselheira sênior para o Sudão do grupo americano Prevenção e Fim das Atrocidades em Massa (Paema).

Lewis falava sobre a situação na cidade sudanesa de El Fasher, com 30 mil habitantes e que está sitiada há um ano, situação que gerou a escassez de comida. "É um crime internacional e precisa ser julgado como tal", destacou.

Grupos de direitos humanos, como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch (HRW), fizeram comentários semelhantes sobre o bloqueio israelense à entrada de ajuda e alimentos na Faixa de Gaza.

"Israel está matando Gaza de fome. É genocídio. É crime contra a humanidade. É um crime de guerra", afirmou Michael Fakhri, relator especial das Nações Unidas para o direito à alimentação, ao jornal britânico The Guardian na semana passada.



De acordo com especialistas, os crescentes apelos para julgar a fome de civis como crime de guerra ocorre devido ao aumento da fome causada por conflitos. Durante a primeira década deste século, houve poucas situações desse tipo, segundo um relatório da Fundação Mundial da Paz (WPF, na sigla em inglês), mas isso mudou recentemente.

"Esse é um fenômeno antigo, que é utilizado há séculos em conflitos", afirma Rebecca Bakos Blumenthal, consultora jurídica do projeto Responsabilização pela Fome, da fundação jurídica holandesa Compliance de Direitos Humanos (GRC). Segundo a especialista, essa tática ressurgiu depois de 2015.

Na última década, a fome foi registrada em conflitos na Nigéria, Somália, Sudão do Sul, Sudão, Síria e Iêmen. Especialistas em segurança alimentar avaliam que os ataques russos à agricultura ucraniana também podem serem vistos como tentativas criminosas de transformar alimentos em armas. Eles argumentam ainda que houve um aumento deste tipo de crime de guerra.

"Mesmo com a melhoria da segurança alimentar global, incidentes de fome estão aumentando", ressalta Alex de Waal, professor na Universidade Tufts, nos EUA, e diretor de pesquisa sobre fome em massa na WPF. "Isso mostra que a segurança alimentar global é mais volátil e desigual. Isso é consistente com o uso da fome como arma".

A retenção deliberada de comida e itens essenciais para a sobrevivência de civis é considerada um crime de guerra por muitos países e também em várias iterações do direito internacional, como a Convenção de Genebra, que estabeleceu normas para o direito humanitário internacional, e Estatuto de Roma, aplicado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI).

Apesar dessa classificação, até agora, ninguém que usou essa tática em um conflito foi levado a julgamento. O crime de guerra de fome nunca foi julgado em uma corte internacional isoladamente, somente como uma da parte de acusação em cerca de 20 outros casos de crime de guerra.

O fato de civis passarem fome em um conflito, não significa automaticamente que um crime foi cometido. "Uma das questões jurídicas é a intenção. O crime de guerra de fome necessita que o perpetrador aja como a intenção disso", afirma de Waal.

A fome ocorre a longo prazo, pontua de Waal, e alguns juristas argumentam que é necessário provar que o perpetrador teve desde o início, por exemplo, de um bloqueio ou cerco a intenção de matar de fome civis. A maioria dos especialistas, porém, defende uma "intenção indireta", explica. Ou seja, é claro que essa situação ocorrerá "no curso normal dos eventos", e o agressor sabe disso, tendo oportunidades de prevenir que civis passem fome, mas não o fez.

Outra questão para casos envolvendo a fome é a falta de precedentes, além da definição de quais tribunais nacionais e internacionais teriam jurisdição sobre os supostos crimes de guerra.

Até há alguns anos, a fome era vista como uma questão de desenvolvimento ou humanitária, afirmou Blumenthal, da GRC. Mas agora está sendo dada mais atenção aos aspectos criminais. "Trabalho nessa questão há alguns anos e essas coisas andam lentamente", conta Blumenthal, que se dedica ao tema desde 2020. "Acredito, porém, que a situação está mudando e que algumas medidas relevantes foram tomadas nos últimos dez anos".

Em 2018, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução que condenou a fome de civis como método de guerra. Em 2019, alterações foram feitas no Estatuto de Roma, tornando a fome um crime de guerra também em conflitos armados locais, em vez de apenas internacionais.

Houve inquéritos da ONU sobre conflitos no Sudão do Sul e na região do Tigré, na Etiópia, focando especificamente na questão da fome como crime de guerra, acrescenta Blumenthal.

"Estamos vendo mais organizações internacionais e locais, juntamente com mecanismos de responsabilização, denunciando isso e certos exemplos marcantes, como no caso de Gaza hoje, ampliaram a conscientização sobre esse crime", ressalta a especialista.

Blumenthal destaca que os mandados de prisão emitidos pelo TPI contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ex-ministro israelense de Defesa Yoav Gallant em novembro de 2024 são um "marco histórico" por mencionar especificamente a fome como um crime de guerra. Foi a primeira vez que mandados destacam a fome como um crime isolado. Ela acrescenta que a corte possui ainda uma investigação aberta sobre o Sudão.

"A questão, sem dúvida, ganhou atenção nos últimos dez anos. Todas as estruturas legais estão em vigor. O que falta é vontade política para agir", avalia de Waal.

De Waal pontua que ainda há desafios jurisdicionais, mas ele está confiante de que em muitos casos é possível haver condenações. "Basta levar o acusado ao tribunal".

Blumenthal concorda. "Há equívocos sobre isso e muitos pensam que a fome é uma parte inevitável da guerra. Mas, durante nossas investigações aprofundadas, é surpreendente a rapidez com que fica claro que, na verdade, esses padrões são muito acentuados e em muitas situações é possível discernir uma estratégia deliberada".

Com cautela, Blumenthal está otimista de que aqueles que usaram a fome de civis deliberadamente como arma de guerra enfrentarão em breve a justiça. "Essa é certamente a esperança. É para isso que estamos trabalhando".
Cathrin Schaer1

Piedade por essa gente? Nem um pouco. Sinto nojo e raiva

Como foi possível que tão poucos, e da pior qualidade, tenham enganado tanta gente por muito tempo?

Como é possível que a essa altura, depois de tudo o que se sabe, uma parte dessa gente continue a acreditar neles?

Para escapar de ser condenado, Bolsonaro chamou de “malucos” os acampados à porta de quarteis que pediam um golpe.

Não diz que os inspirou a proceder assim. Não diz que forçou os chefes militares a garantir-lhes abrigo e a tratá-los bem.

Enganou seus devotos com a falsa promessa de que moveria suas tropas nas ruas e no Congresso para aprovar a anistia.

Em primeiro lugar sempre esteve a anistia para ele. Dos Estados Unidos, no dia 7 de julho último, foi advertido pelo filho Eduardo, o embaixador sem escrúpulos do tarifaço:

“Temos que decidir entre ajudar o Brasil, brecar o STF e resgatar a democracia ou enviar o pessoal que esteve no protesto que evoluiu para uma baderna para casa num [regime] semiaberto.”


Onde você leu “ajudar o Brasil, brecar o STF e resgatar a democracia”, leia: “ajudar Bolsonaro a salvar-se da Justiça”.

Não lhe faltaria apoio de Trump. A não ser que Trump se convencesse de que estaria bem servido com Tarcísio de Freitas como candidato a presidente no próximo ano.

Aconselhado pelo filho, Bolsonaro consultou a respeito um advogado que representa a Trump Media & Technology Group em processo contra Alexandre de Moraes junto à Justiça americana.

Aconselhado pelo pastor Silas Malafaia, no dia 13 de julho postou nas redes sociais um recado para os ministros do Supremo Tribunal Federal; na verdade, uma tentativa de chantagem:

“Não me alegra ver sanções pessoais, ou familiares, a quem quer que seja. Não me alegra ver nossos produtores do campo ou da cidade, bem como o povo, sofrer com essas tarifas de 50%. A solução passa por justiça aos presos pelo 08 de janeiro, passa pela anistia”.

Em carta a Lula, Trump vinculou o tarifaço à suspensão imediata do julgamento de Bolsonaro. No recado aos ministros do Supremo, Bolsonaro vinculou o tarifaço à anistia. As peças se encaixam.

“Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” cedeu vez a “Bolsonaro acima de qualquer coisa”. A lei pouco importa. Se preciso, pediria asilo a um país amigo. Por que não a Argentina?

No celular de Bolsonaro, a Polícia Federal encontrou a minuta de um pedido de asilo dirigido ao governo argentino. Não estava assinado. Mas, e daí? A minuta do golpe também não estava.

Bolsonaro subiu ao patíbulo. Deixou nos bancos e em paraísos fiscais a fortuna que acumulou ao longo da vida pública. Se não for bloqueada, será repartida entre os filhos.

Os governadores de direita deram-lhe as costas. O Centrão também. A hora da execução se aproxima.

Não há mais nada que ele possa fazer a não ser chorar antes que a farsa encenada termine e o pano desça. Sem aplausos.