Aprendi com o deputado o significado de uma sigla: VTNC. Quando olhei a primeira vez a mensagem escrita, fiquei pensando qual código secreto era esse que Eduardo tinha usado para se dirigir ao pai. Ao perceber do que se tratava, meu queixo caiu. Que tipo de educação esse rapaz recebeu em casa? OMG (oh my God), Eduardo e Malafaia conseguem fazer Bolsonaro parecer equilibrado no WhatsApp.
“Eu ia deixar de lado a história do Tarcísio, mas estou pensando seriamente em dar mais uma porrada nele, para ver se você aprende. VTNC, SEU INGRATO DO CARALHO”, escreveu Eduardo ao pai, no dia 15 de julho. O ainda deputado ficou muito chateado por ter sido chamado de “imaturo” ao comprar briga com o governador de SP. Alguém imagina falar assim com o pai?
“Se o imaturo do seu filho de 40 anos não puder encontrar com os caras aqui, porque você me joga para baixo, quem vai se fuder é você e vai decretar o resto da minha vida nesta porra aqui”. Acho que o 01 (assim Eduardo se refere ao presidente Donald Trump) não vai gostar nadinha de saber que seu protegido chamou os EUA de “essa porra aqui”. Trump é outro boquirroto, mas ser chamado de 01 é coisa de miliciano, não?
Ao final, Eduardo ordena ao pai: “Tenha responsabilidade!” E olha que o pai tem passado a ele a mesada obtida de patriotários em vaquinhas online. Eduardo não pode mexer, por ordem de Alexandre de Moraes, no salário da Câmara que voltou a receber neste mês: R$ 17 mil brutos, com um gabinete e 8 funcionários ao custo de R$ 123 mil. É surreal essa história. Por que ainda não foi cassado o traidor da pátria?
Não poderia faltar um furibundo emissário divino nessa história. Temos um pastor, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que faz corar todos os crentes e parece possuído ao falar com Bolsonaro, chamando Eduardo de “babaca, idiota e um estúpido de marca maior”. Grosseiro o pastor. Um “cacete” a cada parágrafo. Isso lá é linguagem de líder religioso.
“A faca e o queijo estão na tua mão, cacete, e nós não podemos perder isso, pô”, disse Malafaia ao ex-presidente. “E vem o teu filho babaca falar merda (...). Dei um esporro, cara, mandei um áudio para ele de arrombar. E disse para ele: ‘a próxima que você fizer, eu gravo um vídeo e te arrebento’. Falei para o Eduardo. ‘Vai pro meio de um cacete, pô’. ” Malafaia disse ainda a Bolsonaro: “Deus tá contigo, cumpade! Eles tão é ferrado! Vão ter que sentar no colinho”. Que Deus é esse?
Eduardo contemporizou com o pastor, para não jogar mais lenha na fogueira das vaidades. Mas desafiou a Polícia Federal, que o indiciou por coação na ação penal do golpe: “Absolutamente delirante”!
Faz falta, para o deputado e o pastor, um remedinho qualquer para suavizar os modos. Porque os delírios são deles, com olhos esbugalhados, sem controle, sem compromisso nem mesmo com a direita ou com as pesquisas eleitorais. O lema “Deus, pátria e família” foi desmoralizado.
Não sabemos qual será o próximo episódio, proibido para menores. Sei que o país inteiro, menos eu, está assistindo ao remake da novela “Vale tudo”. Mas quer mais “vale tudo” do que isso aí? Só tem vilão.
“No tocante” a esse último capítulo político, envolvendo Bolsonaro, Eduardo e Malafaia, quem seria a implacável Odete Roitman, a ambiciosa Maria de Fátima e o manipulador César?

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