quinta-feira, 31 de julho de 2014

Voto facultativo?


A população brasileira vem se convencendo ao longo do tempo de que o voto facultativo é melhor que o obrigatório. Começamos a perceber o que a grande maioria dos países do mundo já entendeu.
Segundo a Agência Central de Inteligência dos EUA, dos 236 lugares do mundo onde há eleições, em apenas 24 o voto é obrigatório. Desses 24, só quatro — Áustria, Bélgica, Chile e Cingapura — estão incluídos entre os chamados países desenvolvidos, de acordo com o critério do Índice de Desenvolvimento Humano.
Leia mais o artigo de Paulo Paim, Sim ao voto facultativo 

Candidatos 'Pinóquio'

As eleições, tão bagunçadas, são uma vergonhosa corrida nada democrática ao poder, em que se pode tudo e vale tudo. Qual seria a seriedade de candidatos que se dizem isso ou aquilo sem a menor comprovação, em site da seriedade que se admite deve ter um tribunal? Há que se explicar como a Receita Federal exige comprovações até de um corte de calo e em outro site, também federal, os candidatos esbanjam em ser o que não são. Mais uma vez aproveitam para fazer com dinheiro público um caminho para a autopromoção, declaram gastos de campanha exorbitantes e incompatíveis com a declaração de renda. Se fizessem as mesmas declarações de gastos e renda, seriam apanhados rapidamente pelo leão e nunca passariam nem de longe numa malha grossa.

O Estado, portanto, trabalha com dois pesos e duas medidas. Quando é preciso arrecadar impostos, usa da melhor tecnologia e não deixa escapar um centavo furado. Ainda mais que mentir para o leão é crime. No entanto, quando está em jogo a eleição, a mentira é moeda circulante no meio político, nem se faz uma checagem entre renda e gastos do candidato como se isso não interferisse, como a mentira, na sua transparência antes e mais ainda depois de eleito.

Uma rápida investigação nas fichas divulgadas pelo TRE basta para comprovar que fede longe a transparência e ainda mais a honestidade de candidatos que mentem com a maior desfaçatez. Como pode alguém se declarar de nível superior, quando não tem esse diploma, inventar ter uma profissão e não saber distinguir entre profissão e cargo? Pois isso fica claro para qualquer vivente que tenha olhos para ver e cabeça para pensar.

Mas os mentirosos ainda continuam seu esbanjamento, nas barbas do Tribunal. São capazes de anunciarem gastos de campanha assombrosos até mesmo sem demonstrar nenhuma fonte de renda, se já não bastassem os rombos no dinheiro público para alimentar por estes anos todos uma malta de asseclas. Tanto dinheiro virá de onde? E como será restituído? Para tais questões, o tribunal se restringe a lavar as mãos, pois isso é para se resolver depois em outro tribunal. No entanto, na justiça eleitoral se poderia fazer uma triagem dos futuros corruptos, que já indicam nas fichas que não estão ali para brincar de democracia, mas se sujar com corrupção.


Exemplo dessa orgia eleitoreira pode ser vista na ficha da candidata a deputada federal por Maricá, a mulher do prefeito Quaquá. Em sua segunda corrida ao Legislativo – a anterior foi ao municipal -, mesmo sem ter fonte de renda, anuncia uma previsão de R$ 2,5 milhões de gastos com campanha e ainda mais se diz jornalista e redator (sic) num claro desconhecimento entre a profissão e cargo, dando os dois como uma coisa só, o que vem insistindo em ser quando não é nenhuma coisa nem outra.   

Políticos


Os políticos não conhecem nem o ódio, nem o amor. São conduzidos pelo interesse e não pelo sentimento
Philip Dormer Stanhope, conde de Chesterfield (1694 / 1773), político e escritor inglês

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Novos ativistas na praça

Nani Humor

Perguntas de um operário letrado


Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis,
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilónia, tantas vezes destruída,
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas
Da Lima Dourada moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde
Foram os seus pedreiros? A grande Roma
Está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A tão cantada Bizâncio
Só tinha palácios
Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida
Na noite em que o mar a engoliu
Viu afogados gritar por seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou as Índias
Sozinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua armada se afundou Filipe de Espanha
Chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a guerra dos sete anos
Quem mais a ganhou?

Em cada página uma vitória.
Quem cozinhava os festins?
Em cada década um grande homem.
Quem pagava as despesas?

Tantas histórias
Quantas perguntas

Bertold Brecht

A caminho do novo?

Apegar-se ao passado é começar a morrer. Abrir caminhos novos é se deixar dominar pela esperança
Os brasileiros estão perdendo o medo de ter medo? Esse temor de mudar que os torturou durante tanto tempo por medo de enfrentar os poderosos ou para não perder os privilégios fornecidos pelos caciques da vez, ao mesmo tempo que impediu que abrissem as portas para a modernidade?
 
A derrota da seleção na Copa não produziu nenhum cataclismo no país que acabou aplaudindo a técnica dos alemães que humilhou com aqueles 7 a 1. Estará amadurecendo este país que começa a entender que é mais que o país do futebol?

Se hoje 73% dos cidadãos afirmam que desejam mudanças, é porque se trata de uma sociedade viva, que não se resigna com o já conseguido e que se revela cada mais exigente com as instituições governantes. "Mastigamos, mas não engolimos mais as mentiras", é um refrão que percorre as redes sociais do Brasil.

Se o país parece mais inconformista é porque enfrentou o fantasma do medo e isso começa a liberá-los de atrasos ancestrais.

Nenhuma sociedade muda e evolui se estiver presa pelo medo.

Leia mais o artigo de Juan Arias, O Brasil está caminhando para o novo?

terça-feira, 29 de julho de 2014

O varredor

O varredor de rua, Georges Seurat

Entra ano
sai ano
e eu?
varrendo sempre
as mesmas folhas secas
das mesmas velhas árvores
nesta mesma cidade fantasma
Dalton Trevisan


Intervencionista e parasita


O candidato à presidência pelo PV assume a fragilidade política do movimento ambientalista e critica o racha entre o grupo de Marina Silva e o PV. Defende, no entanto, uma reaproximação.

O médico sanitarista Eduardo Jorge, que concorre à presidência da República pelo Partido Verde (PV), credencia-se para ocupar o lugar de candidato incômodo desta eleição. Pretende discutir temas áridos, como reforma política, implementação do parlamentarismo, e tabus, a exemplo da legalização do aborto e da maconha.

Fundador do Partido dos Trabalhadores, em que ficou 20 anos, e ex-secretário municipal do tucano José Serra, Jorge vê um modelo de Estado desgastado. “O nosso Estado, além de intervencionista ao extremo, é parasita, com uma estrutura de presidencialismo imperial”, diz ele, que defende as consultas públicas e plebiscitos.


Autor da lei dos genéricos, o ex-deputado federal pelo PT sabe que tem “zero ou alguma chance” de vencer o pleito deste ano. Também é ciente que será difícil repetir o sucesso da ex-correligionária Marina Silva. A ambientalista, vice de Eduardo Campos (PSB), obteve 20 milhões de votos em 2010. A saída dela do PV para tentar criar a Rede foi nefasta, segundo Jorge, para a causa ambiental. “A organização do movimento político ambiental é frágil no país e aí ainda se dividiu. A gente devia ter se mantido unido e ampliado o PV”, analisa o candidato, que deixa a porta aberta para a volta de Marina.

Inchaço no Estado


Excesso de ministérios e cargos comissionados só servem para abrigar a base aliada e revelam a urgência de uma reforma administrativa, afirmam analistas. Brasil tem mais ministérios que Estados Unidos e Argentina juntos.
 A presidente Dilma Rousseff anunciou em 24 de junho um pacto com cinco medidas para atender às principais reivindicações da onda de protestos que recentemente tomou as ruas no Brasil. Entre elas está a responsabilidade fiscal nas contas públicas das esferas federal, estadual e municipal.
Mas especialistas ouvidos pela DW Brasil defendem que o governo federal pode começar "cortando na própria carne", ou seja, fazendo uma reforma administrativa que simplifique a estrutura do Executivo.

O número de ministérios e secretarias com status de ministério no Brasil – ao todo são 39 – é muito maior do que em países como Alemanha (14) e Estados Unidos (15), ou mesmo vizinhos como a Argentina (14) e o Chile (22).

"Essa forma de gestão caminha na contramão da história e de tudo aquilo que seria o ideal para a administração pública, não só no Brasil, mas em qualquer país. A criação desses ministérios é uma forma de abrigar a base aliada do governo e acelera ainda mais as distorções dentro da máquina pública", afirma José Matias-Pereira, professor de administração pública da Universidade de Brasília (UnB).

segunda-feira, 28 de julho de 2014

A Esquerda e a Direita





Os políticos que se dizem de esquerda, por ser o bom sítio de se ser político, estão sempre a afirmar que são de esquerda, não vá a gente esquecer-se ou julgar que mudaram de poiso. Mas dito isso, não é preciso ter de explicar de que sítio são os atos que a necessidade política os vai obrigando a praticar. Como os de direita, aliás, que é um lugar mais espinhoso. O que importa é dizerem onde instalaram a sua reputação, na ideia de que o nome é que dá a realidade às coisas. E se antes disso nos explicassem o que é isso de ser de esquerda ou de direita? Nós trabalhamos com papéis que não sabemos se têm cobertura, como no faz-de-conta infantil. Mas o que é curioso é que o comércio político funciona à mesma com os cheques sem cobertura. E ninguém tira a limpo esse abuso de confiança, para as cadeias existirem. Mas o homem é um ser fictício em todo o seu ser. E é precisa a morte para ele enfim ser verdadeiro. 
Vergílio Ferreira (1916/1996) 

Quando outubro chegar...


"Desinformados, raramente conseguimos destacar o raro do medíocre"                                                                                                                 Martha Medeiros
Foi-se o tempo da dentadura, do saco de cimento, do caixão doados por políticos para a compra de votos. Não que deixaram de existir, estão aí para qualquer tribunal disposto a punir se tiver vontade. Pode isso soar antiquado, mas é que os políticos se requintaram e hoje maqueiam como realizações aquilo que nunca vai sair do papel só para comprar votos com promessas. Como os tribunais não podem punir promessas vãs, ficam os criminosos soltos apontando para o cidadão a bazuca das promessas. Diante de pesado armamento, subsidiado pelo erário, fica difícil não conseguir o almejado voto. Garantido esse, gritam os políticos para o povão: “Perdeu!”

Em plena temporada eleitoreira, os discursos e promessas são as mais bizarras se não as mais escrachadas, mas imbecis e mais infames. Tudo despejado sobre a cabeça dos cidadãos como balde de estrume mesmo que nem todos tenham em vez de cabeças privadas como acontece com os correligionários desses cretinos.

Exemplo do maior escracho é Maricá. Com o tempo passando para tentar pela segunda vez eleger a primeira dona do município, o prefeito fogueteia por todo o canto as mais mirabolantes realizações, e até estipula tempo recorde que nem um super heroi conseguiria cumprir. Segundo ele, cerca de 40 km de ruas serão asfaltadas e as obras começam já daqui a 15 dias. Também incluiu no discurso a construção de seis novas escolas e 40 pistas de skate como se houvesse mais necessidade do skate do que da instrução. "Tudo ficará pronto antes de outubro", garantiu, mas sem esquecer que para o futuro virá um trem VLT, promessa antiga.

Como o tempo é curto para muita maravilha, há muito dinheiro injetado para eleger a amásia para a Câmara estadual - uma garantira de foro privilegiado. E não falta dinheiro com os royalties jorrando dia e noite nas maquiagens eleitoreiras. Mesmo sem cumprir em seis anos um terço dos 30 itens prometidos, agora o prefeitinho anuncia que os ônibus de uma empresa governamental, MaricaTrans S/A, entocados no aeroporto fechado, sairão às ruas em agosto para um período experimental com passagens gratuitas e chapa branca, tudo pago pelo Erário, para dar “gratuidade” às passagens, sem garagem, funcionários, ou qualquer estrutura. Qual será o intuito descarado senão o de garantir votos para madame com tudo pago pelo incauto cidadão? 


Mas promessas não faltarão. O governo petista de Maricá é pródigo em criar factoides, mentir, enganar como também em surrupiar os cofres públicos. Sem qualquer pingo de vergonha na cara, até já anunciaram a vinda de um trem ligando Itaipuaçu a Ponta Negra, atravessando todo município e até para orgulho dos cidadãos uma estátua de 10 metros do santo padre Anchieta, canonizado recentemente para lembrar também o “trabalho e dedicação em prol da educação e da inclusão assim como nosso governo de políticas públicas voltadas para os menos favorecidos”. 

domingo, 27 de julho de 2014

Rua do Horto

Elder Rocha Lima (Brasil, 1928)

Queijo para dois

A Situação comia o queijo sozinha, a Oposição tinha fome e também lhe apetecia comer do queijo.
- Negativo – respondeu a Situação. – O queijo não dá para todos. Mesmo que desse, o queijo nunca é para todos.
- Então eu vou aí e tiro o queijo todo para mim – ameaçou a Oposição.
E a Situação continuava comendo queijo, comendo queijo. Até que ele acabou. Vendo que tinha acabado, ela se queixou da Oposição:
- Viu o que você me arrumou? De tanto reclamar uma fatia de queijo, ele foi minguando, minguando, e me deixou com fome. Você botou olho-grande. Quando eu arranjar outro queijo, vou comê-lo escondido.
(Contos plausíveis Carlos Drummond de Andrade)
***

De uma atualidade quase profética

Deixai os doidos governar


Deixai os doidos governar entre comparsas!
Deixai-os declamar dos seus balcões
Sobre as praças desertas!
Deixai as frases odiosas que eles disserem,
Como morcegos à luz do Sol,
Atónitas baterem de parede em parede,
Até morrerem no ar
Que as não ouviu
Nem percutiu
À distância da multidão que partiu!
Deixai-os gritar pelos salões vazios,
Eles, os portentosos mais que os mares,
Eles, os caudalosos mais que os rios,
O medo de estar sós
Entre os milhares
De esgares
Reflectidos nos colossais
Cristais
Hílares
Que a sua grandeza lhes sonhou!
Reinaldo Edgar de Azevedo e Silva Ferreira (1922-1959) 

Desculpe David Luiz


Os EUA tiveram uma guerra civil que custou cerca de 600 mil vidas. A Alemanha foi derrotada duas vezes no período de 27 anos e a França foi ocupada pelos alemães. Outros países tiveram grandes traumas por terremotos e maremotos.

Nossos traumas foram derrotas no futebol: para o Uruguai, em 16/7/1950, e Alemanha, em 8/7/2014. Sofremos por causa dos 7 a 1 no futebol, mas esquecemos dos 103 a Zero para a Alemanha em Prêmios Nobel.

A realidade social não nos traumatiza porque nossos grandes problemas foram banalizados. Consideramos tragédia ter o quarto melhor time de futebol do mundo, mas não nos traumatiza quando, no dia 1/3/11, a UNESCO divulgou que estamos em 88º lugar em educação; nem quando, em 15/3/13, o PNUD divulgou que estamos em 85º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano; ou quando o Banco Mundial nos coloca como o 8º pior país em concentração de renda; ou ainda quando soubemos que somos o 54º país em competitividade no mercado mundial; ou quando o IBGE divulgou, em 27/9/13, o aumento no número de adultos analfabetos entre 2011 e 2012.

sábado, 26 de julho de 2014

Aviso

Nani Humor

Melhora de vida esbarra na educação


Indicador foi o único que se manteve estável dentro do Índice de Desenvolvimento Humano

A educação ainda trava o avanço do país no ranking dos países com maior nível de desenvolvimento. Nas três dimensões que compõem o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), a educação está estagnada, enquanto avançam os indicadores de renda e saúde.

A expectativa de anos de estudo (que significa quanto tempo se espera que uma criança ficará na escola) se manteve em 15,2 anos, e a média de anos de estudo, em 7,2 anos. Já a Renda Nacional Bruta (RNB) per capita do país subiu de US$ 14.081 em 2012 para US$ 14.275 em 2013, enquanto a expectativa de vida aumentou de 73,7 anos para 73,9 anos no mesmo período.

— O que está puxando o Brasil para baixo em desenvolvimento humano é a educação. Avançamos em expectativa de vida e a renda é condizente com os demais países do grupo de alto desenvolvimento humano, mas a média de anos de estudo é a terceira pior do grupo e se aproxima dos grupos inferiores — explica a professora da UFPE Tatiane de Menezes.

No grupo de alto desenvolvimento humano, apenas Omã (6,8 anos) e Colômbia (7,1 anos) têm média de anos de estudo inferior à brasileira. Vizinhos da América Latina, como Argentina (9,8 anos), Chile (9,8 anos) e Cuba (10,2 anos), exibem números bem maiores.

Saiu uma; entra outra


No último quartel de século, contudo, apesar das sucessivas eleições, a cultura democrática pouco avançou, principalmente nos últimos 12 anos. As presidências petistas reforçaram o autoritarismo. A transformação da luta armada em ícone nacional é um bom (e triste) exemplo. Em vez de recordar a luta democrática contra o arbítrio, o governo optou pela santificação daqueles que desejavam substituir a ditadura militar por outra, a do “proletariado".

Marco Antônio Villa

Política de investimentos S/A


Levantamento traz os dez parlamentares mais votados em 2010; montante representa 8,4% do valor total

Deputados federais não são só capital político: eles também representam a garantia de engorda dos cofres das legendas, que, com grandes bancadas e votações expressivas, acabam recebendo mais dinheiro na distribuição do fundo partidário. Um levantamento feito pelo GLOBO com base em informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) revela que os 10 deputados federais mais votados em 2010 renderam R$ 111 milhões no último mandato, entre 2011 e 2014.

O montante equivale a 8,4% do R$ 1,32 bilhão repartido entre todas as siglas registradas no TSE no período. Tiririca, que tem mais votos entre eles, conseguiu sozinho R$ 29,9 milhões para o PR na divisão do fundo. Já Garotinho, o segundo lugar, foi responsável por R$ 15,3 milhões do dinheiro destinado ao PR. O repasse do fundo partidário é constituído por recursos públicos e particulares. De seu total, 5% é distribuído igualmente entre as siglas e 95% de forma proporcional à votação dos deputados federais na última eleição.

A cara do Brasil



Este filme é a cara do Brasil, segundo Cacá Diegues, com Salomé, Lorde Cigano e Andorinha, os mambembes que cruzam o país na Caravana Rolidei. 

sexta-feira, 25 de julho de 2014

'Emprego' para miseráveis

O “partido que mudou o Brasil” espalha por Maricá os “zeidanetes” ou “fabianetes”, os miseráveis pagos com uma quentinha, vale-transporte e R$ 50 por dia para ficarem exibindo bandeiras dos figurões candidatos. No Brasil desses, ainda se continua a explorar os mais pobres sem que lhes dê trabalho, educação, saúde, mas as migalhas das campanhas. Tudo sob a égide do vale tudo do voto 

Ladrão dá voto!


O crime virou de vez uma vaquinha eleitoreira. É mais uma área de governo que se tornou máquina para eleger, ou mesmo reeleger, os alcunhados bandidos diplomados em eleição, os políticos de conchavo e outros mais meliantes. O país, e em particular cada cidadão, fica à sanha da criminalidade - até mesmo as instituições policiais e seus integrantes - para que os políticos possam demagogicamente fazer firula, aparecer na mídia solicitando providências de segurança e outras mumunhas mais. Fazem pose de que estão providenciando o que nunca providenciaram, nem lhes interessa resolver, apenas para dar ibope na mídia e receberem a claque dos seus "soldados" correligionários, meros perus emplumados.

Todos sabem de longe que as tais medidas propostas são pirotecnia da politicanalha que impera há anos no troninho. Fingem que batalham pela segurança quando são os primeiros a usar o dinheiro público para garantir sua própria segurança. Preferem armar um exército de proteção até para evitar qualquer confronto com adversários ou encontros indesejáveis.

Essa vaquinha eleitoreira, uma das muitas implantadas nos últimos anos pelo país, foi incrementada com a falta de empenho que os desgovernos trataram e tratam o problema. Criam medidas, acenam com factóides pela mídia, falam da proteção do cidadão, mas o que mais fazem é não fazer nada. Quando muito se esforçam em casos de repercussão, e olhe lá. Mas blindam a si e aos amigos.

Esquecem esses mentores da vaquinha a falta de empenho em aplicar o máximo de esforços em liquidar de vez com as drogas. Quando o país é assolado por uma epidemia de crack - segundo país em consumo no mundo e primeiro em crack - , o que se vê é o silêncio pré-eleitoral. O problema será base da campanha para que possam render votos seguros dos incautos com os anunciados projetos mirabolantes. E a droga continuará a rolar solta, os drogados virando ladrões, quiçá assassinos, para na roda-viva manter em seus cargos aqueles mesmos que bolaram as maravilhas de combate ao crime, e não resolveram nada. Porque não é mesmo para resolver, mas só para render o continuísmo de poder.

Maricá trilha há bom tempo essa carreira criminal. A começar pela inauguração dos "atentados" eleitoreiros trombeteados em 2008. Cresceu tanto a violência na região que na grande mídia Maricá só dá as caras com destaques negativos. Ou são as matérias pagas do governo de Quaquá para anunciar suas mentiras sem pé nem cabeça – verdadeiros atentados à cidadania e à democracia -, ou os casos policiais de repercussão como a morte de turista russo, sequestro de empresário ou prisão de fugitivos de favelas cariocas. O próprio governo municipal chegou a providenciar um abaixo-assinado junto à população para pedir mais policiamento militar ao Estado, incapaz que é de gerir com os outros poderes medidas eficazes. Tudo para se eximir e jogar a batata quente para terceiros.

É assim que o povo se vê rendido ao crime, a polícia exposta ao criminoso. Tudo em bom nome da maracutaia política que assegura uma e única coisa: o sacrifício do cidadão e mesmo dos policiais imolados nas urnas.

Prêmio para Viva Rio


"Violência urbana às vezes mata mais do que guerra"

Rubem Fernandes, diretor-executivo e um dos fundadores da ONG Viva Rio, recebeu nesta quinta-feira em Wiesbaden, na Alemanha, o Prêmio da Paz de 2014 pelo reconhecimento ao trabalho da organização contra a violência e na área de desenvolvimento social.

Conclamação

“(...) Não repousemos, trabalhemos, velemos sobre nós e sobre os outros, entreguemo-nos por inteiro à probidade, prodigalizemo-nos para a justiça, arruinemo-nos pela verdade, sem contar o que perdemos, porquanto o que perdemos o ganhamos. Nada de frouxidão. Façamos segundo as nossas forças e além de nossa forças. Onde existe um dever? Onde existe uma luta? Onde há um exílio? Onde há uma dor? Corramos para aí”

Victor Hugo (1802-1885) em "Pós-escrito de minha vida"

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Confere?


A violência campeia solta


Publicado em julho, o mais recente Mapa da Violência mostra que mais da metade dos municípios brasileiros com mais de 10 mil habitantes tem taxa de homicídios em nível epidêmico, segundo os critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS) — mais de 10 homicídios para cada 100 mil habitantes. Dos 3058 municípios pesquisados, 1932 (63%) se enquadram nesse diagnóstico.
A cidade brasileira mais violenta é Caracaraí, em Roraima, com a incrível taxa de 210,3, seguida por Mata de São João, na Bahia, com 149,3. A Bahia tem mais 4 cidades entre as 10 mais violentas do Brasil: Simões Filho, Ibirapitanga, Itaparica e Porto Seguro.


(...) No Brasil, são tantos os homicídios que é como se um avião da Malaysia Airlines fosse abatido em nosso território a cada 43 horas. Por um míssil chamado subdesenvolvimento, com a seguinte munição: impunidade, crueldade, omissão e abuso policial. E a crônica falta de educação
.

Prisões ameaçam democracia


Especialistas veem ameaça à democracia e criticam fato de processo caminhar em segredo e o que seria um uso abusivo da prisão preventiva. Justiça do Rio afirma que há tentativa de "politizar uma questão de rotina".

As prisões de ativistas envolvidos nas manifestações anti-Copa do Mundo em várias cidades do Brasil geraram críticas de entidades civis, acadêmicos e organizações, gerando um debate jurídico no país.

Se de um lado seus defensores argumentam que as prisões são necessárias porque a violência gerou uma onda de crimes e prejudicou as próprias manifestações, os detratores dizem que elas não passaram de uma estratégia para, em plena Copa, enfraquecer os protestos e reduzir riscos à imagem do país.

As críticas se centram, sobretudo, no fato de o processo caminhar em segredo de Justiça e no que seria um uso abusivo do recurso de prisão preventiva.
“Temos a Constituição Federal que estabelece direitos fundamentais e parâmetros da atuação da Justiça. O que estamos assistindo de uma maneira estarrecedora é como isto vem sendo ignorado pelo poder público, nesse caso especifico, sobretudo pelo Poder Judiciário e pelo Ministério Público estadual”, argumenta a jurista Vanessa Batista, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O Poder Judiciário determina que o processo deve correr em segredo de Justiça quando ele envolve menores ou quando envolve algo que signifique risco para sociedade. Qual é esse risco que nós estamos correndo? O risco quem está correndo somos nós, a sociedade democrática
Vanessa Batista, professora da UFRJ

Legado de Suassuna

Kinho
 "... é muito difícil você vencer a injustiça secular, que dilacera o Brasil em dois países distintos: o país dos privilegiados e o país dos despossuídos"

Ariano Suassuna (1927-2014)

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Turismo eleitoral


A esbórnia tá nas ruas


“(...) e por toda a parte havia políticos e pistoleiros, debruçados nas janelas de suas prefeituras, cuspindo na pobreza lá embaixo” 
Graham Greene
Quem se pergunta ainda para aonde vai o dinheiro do brasileiro, depois de passar pelo superfaturamento de obras, pagamento do inflado funcionalismo público e a corrupção - só para citar umas poucas peneiras brasileiras -, é só olhar para as ruas com a abertura da temporada de caça ao eleitor. As cidades se embandeiram em comemoração à festa cívica tão ao gosto dos políticos e governinhos demagógicos, um espetáculo imperdível de cinismo.

É um escárnio, avalizado por lei com propaganda “patriótica”, que emporcalha e ainda, para cúmulo do gozação, implanta pobres coitados, a salários miseráveis, sacudindo bandeiras dos candidatos. Em Marícá uma avenida central se enfeita de gente com panos propagandísticos. São os zeidanetes ou fabianetes, que recebem quentinha e nem dois salários mínimos por mês. Baita salário para um país que se dispõe a acabar com a miséria mantendo um pibinho de menos de 1%, muito bolsa família para engordar os não necessitados e pagando aos conselheiros das contas públicas um salário moradia de até R$ 7 mil.        

No show de cinismo, promovido pelos poderes como espetáculo de cidadania, vale tudo. Os fichas-sujas se armam de advogados para driblar a lei, os caras de pau de sempre retornam às telinhas, os correligionários se travestem de querubins, ah, e os candidatos , depois de passarem por um photoshop, mostram caras bem nutridas e risonhas, com dentadura de anúncio!, em santinhos. O custo é o de menos. Tem gente para trabalhar e pagar.

As obras, superfaturadas até com adicionais quase no valor total da construção, são completadas a toque de caixa. Não importa inaugurar a porcaria, o que vale nestes dias é mostrar o que se fez, mesmo que isso seja um monstrengo de inutilidade ou já com prazo de validade vencido. Como não deu tempo, em Maricá, uma passarela sobre rodovia ficou inacabada sem uma das calçadas de acesso. Agora está sem “dono” porque ninguém pode dizer que fez. Mas quem liga pra isso? Coisas sem importância que não empanam a festa cínica que vem aí.


Enfim, mal terminou a gastança da Copa, a gente volta às ruas para fazer brilhar mais uma vez o poder político com direito a todos os gastos sem qualquer lucro para a população. Fizeram a limpa para a festa e precisam que fique algum para quando janeiro chegar. Ninguém é de ferro, e o início do ano tem muita conta pra pagar, principalmente o custo de campanha, que deve ser ressarcido pelo contribuinte.     

Nunca falha

Nani Humor

Alfabetização no Brasil não alfabetiza

Doutor em desenvolvimento da cognição e psicolinguística, o português José Morais defende o envolvimento da neurociência na alfabetização para reformar os pensamentos pedagógicos. Em agosto ele virá ao Brasil para VII Seminário Internacional, promovido pelo Instituto Alfa e Beto (IAB), em Belo Horizonte.
Em recente entrevista Morais fala sobre avalia a alfabetização brasileira. “Infelizmente, baseia-se na crença construtivista — chamo de crença porque contraria o conhecimento científico atual. No Pisa (programa internacional de avaliação de estudantes, na sigla em inglês), não houve variação significativa entre a primeira versão, de 2000, e a última, de 2012. O Brasil está muito abaixo da média dos países e quase 80 pontos abaixo de Portugal, que tem a mesma língua, o mesmo código ortográfico, e as diferenças de dialeto deveriam até ser mais favoráveis à alfabetização no Brasil. Só 1 em mil adolescentes brasileiros lê no nível mais alto de desempenho estabelecido pelo Pisa. A taxa de analfabetismo continua demasiado alta e, sobretudo, quase metade da população não lê de maneira competente. O Ministério da Educação não pode continuar a manter uma proposta de alfabetização que não alfabetiza”.

Ainda segundo o professor emérito da Universidade Livre de Bruxelas, que estuda a psicologia cognitiva associada à educação, o Brasil ainda não sabe que caminho escolher para a educação:
- É uma obrigação social e moral que o Estado fixe a idade de início da alfabetização. Se as crianças da elite aprendem aos 5 ou 6 anos na família ou em colégios particulares, não está certo que as do povo só sejam alfabetizadas (capazes de ler com compreensão e de escrever) aos 8 anos. Está se desviando a atenção daquilo que realmente é importante: a política certa, política de reprodução de privilégios ou política pública realmente democrática.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Apenas parecidas

Nani Humor

Velhos filmes em pobres cenários


Lá pelos idos de 1940 e até 1950, Hollywood produziu filmes, normalmente de classe B, em que o bandido quase sempre fugia para o Brasil. Aqui era o reduto da bandidagem cinematográfica na mesma época em que Havana era o refúgio da máfia norte-americana. O cinema convergia as cenas para o paraíso tropical a fim de não comprometer as aberrações criminosas sob o regime de Fulgêncio Batista. Colocar bandidos em Havana, na época, era contra os interesses nacionais (deles). Então que viessem para o Rio – “Yes, nós temos banana” também.

Os saudosistas podem ficar tranquilos. Os tempos estão voltando. Mas os bandidos não são os de cinema, nem vivem em Hollywood, também o paraíso da impunidade não fica no Rio dos cassinos, que já não existem. Agora a bandidagem, que não é cinematográfica, nem estrangeira, nem estrela, prefere uma pequena e desleixada cidade bem próxima ao Rio.

Depois de abrigar Marcelo Sereno e Maria Helena, prósperos asseclas de Zé “Mensalão”, por um bom tempo, na primeira gestão de Washington Quaquá, o grande nome das paradas já há algum tempo é Lurian Lula, dona de um extenso prontuário de atuações em governos municipais petistas. Depois de passear por São José, cidade vizinha de Florianópolis, onde abocanhou o cargo de secretária de Desenvolvimento Social, quando trocou as cestas básicas pela criação de um Cartão Cidadão, e ser figurinha na última campanha no Maranhão ferrando 13 candidaturas petistas no estado, parece que se encantou pela sujeira de Maricá, onde desde o ano passado vem participando da politicalha local, nos bastidores, como confessou há tempos sobre sua preferência de ação. E com tempo até para acompanhar o casal reinante em passeios internacionais e na passarela do samba.

Lurian teria trocado São Paulo, o apartamento em Florianópolis e as praias nordestinas pela suja e desleixada (pelo governo) cidadezinha fluminense encantada. Por que deixaria o bem-estar lá de fora por um muquifo em Maricá, sem ruas asfaltadas, saneamento básico, saúde, segurança? Ou será, dizem as más línguas, que é uma cidadã virtual podendo confortavelmente fazer seu trabalho através do mundo e receber tudo via internet? Pois Lurian agora é a jornalista responsável (sic) pela revista Maricajá, de propriedade do casal Quaquá, que tem como diretora nada menos do que a consorte Zeidan, candidata à Câmara federal.

O caso Maricajá, agora nas mãos de Lurian, é o mais escandaloso uso de verbas públicas para abastecer a empresa sem registro do prefeito, que se tornou órgão oficioso e de propaganda da Prefeitura. E no comando agora temos a sempre zelosa pelo bem do povo, Lurian, uma representante de sangue azul dos pelegos. É ou não é a volta dos velhos filmes classe B, em que pontuavam os mafiosos?       

E no cordão dos puxa-sacos...


"Presidentes temperamentais dizem o que querem, e os áulicos aprendem a fingir que concordam"
Elio Gaspari 

Altas contas dos TCEs

Benefícios como 14º e 15º salários são pagos como ‘aquisição de obras técnicas’
 Os salários ultrapassam R$ 26 mil. A eles, somam-se auxílio-alimentação que chega a R$ 1.000 por mês; auxílio-moradia que, em alguns casos, ultrapassa R$ 7 mil por mês; R$ 2.924 por abono de permanência, pago ao magistrado que, aposentado, continua trabalhando; e 14º e 15º salários camuflados sob a rubrica de “aquisição de obras técnicas”. É a folha dos conselheiros dos Tribunais de Contas dos estados no país.

Em Mato Grosso, por exemplo, o auxílio-moradia é de R$ 7.235 — mais que o dobro do que têm direito os deputados federais, que podem receber até R$ 3 mil. Mesmo com as regalias, há diversos casos de conselheiros acusados de desvios de verba pública, como mostrou O GLOBO neste domingo. Além disso, os tribunais, que cobram a prestação de contas de vários entes governamentais, não são transparentes.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

O maior bem

"A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que lê nunca será um povo escravo" 

António Lobo Antunes

Parada pra poesia

Sophia de Mello Breyner Andresen (1919 – 2004)

As pessoas sensíveis

As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas

O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra

“Ganharás o pão com o suor do teu rosto” Assim nos foi imposto
E não:
“Com o suor dos outros ganharás o pão”

Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito
Perdoais–lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem


Olho vivo com a morte lenta


As democracias, como registrou Guillermo O’Donnell, não só morrem de maneira súbita com golpes de Estado. Também perecem de maneira gradual quando se concentra o poder no Executivo, se restringem liberdades que permitem o pluralismo e o Estado coloniza a esfera pública e a sociedade civil. Os governos de Rafael Correa, no Equador, como de Hugo Chávez e Nicolás Maduro, na Venezuela, dificilmente podem ser considerados como democracias liberais. Apesar de legitimados ganhando eleições, essas se deram em condições de inequidade que sistematicamente favorecem aos candidatos do governo. Na Venezuela e Equador, o poder está concentrado no Executivo e as cortes de Justiça, como as instituições de controle e regulamentação, estão subordinadas ao presidente.

Quando Chávez e Correa chegaram ao poder, as instituições políticas estavam em crise. O sistema partidário da democracia cooptada venezuelana, que se constituiu excluindo a esquerda marxista, se transformou em um regime corporativista e corrupto. Entre 1996 e 2006 nenhum presidente equatoriano pôde terminar seu período e o Congresso destituiu com artimanhas legais três mandatários. Neste contexto de desencanto e desconfiança com os partidos, parlamentos e cortes de Justiça, estes políticos se apresentaram como forasteiros que prometeram a reforma de todas as instituições e o fim do neoliberalismo.

Apesar de que Chávez e Correa redistribuíram a riqueza e reduziram a desigualdade, criaram regimes autoritários que colonizaram a sociedade civil e a esfera política. Criaram leis para regular as Ongs e os movimentos sociais foram cooptados e reprimidos. Os ativistas que resistem em subordinação ao regime são criminalizados como terroristas. Estes governos criaram instituições que regulam os conteúdos da mídia e o Estado, que controla canais de televisão, emissoras de rádio e jornais públicos, se converteu em principal comunicador. Nos países em que não se diferencia o público do estatal, os meios públicos funcionam como porta-vozes do Governo. Estrangula economicamente a imprensa crítica e fomenta grupos econômicos afins ao governo para que comprem os meios críticos. Como resultado, a qualidade dos debates na esfera pública se empobreceu, os meios se autocensuram e quase não há espaços para que investiguem os abusos de poder.

domingo, 20 de julho de 2014

Nem sempre séria

"Uma democracia não precisa ser sempre séria, embora possa competir com as ditaduras quando quer"
Graham Greene (1904-1991)

D. manteve tradição




Como já se tornou uma tradição no governo Dilma, a presidente enfim resolveu encontrar espaço na agenda eleitoreira para visitar os desafortunados das enchentes no Sul, mas só viu a desgraça do ar num sobrevoo de 12 minutos na área atingida pela cheia do rio Uruguai. E liberou, segundo alguns jornais – outros dão cifras maiores -, R$ 40 milhões para reconstrução de estradas.

A presidente teria aventado a hipótese de se utilizar o Minha Casa Minha Vida para atender aos milhares de desabrigados, mas com o prejuízo geral não há como se pagar as prestações do programa, que não é gratuito como se propala, com prestações até de R$ 600, custo impensável para quem já perdeu tudo, restando apenas a eles apenas a dignidade pessoal e a indignidade dos políticos. 

Tal lá como aqui

Repressão na Venezuela contra manifestantes continua e mantém presos em protestos. Mais de cem pessoas continuam presas na Venezuela por violência em protestos

A procuradora-geral da Venezuela, Luísa Ortega Díaz, disse hoje (17) que 101 pessoas permanecem presas por suspeita de participação em atos de violência registados em protestos contra o governo, desde fevereiro, no país. Segundo ela, entre os detidos estão 14 funcionários públicos e seis estudantes.

"Isso foi explicado durante uma reunião, entre funcionários do Ministério Público e representantes da Anistia Internacional, que manifestaram o desejo de se deslocarem à Venezuela para abordar o tema dos direitos humanos, especialmente os acontecimentos violentos ocorridos entre 12 de fevereiro e junho", disse.

De acordo com a procuradora, foram também discutidas as causas da morte de 43 pessoas durante os protestos. "Explicamos que nove [das vítimas] eram oficiais das Forças Públicas, uma era procurador do Ministério Público e que seis venezuelanos morreram tentando limpar barricadas colocadas por outro grupo que protestava violentamente".

Há mais de cinco meses que se registram protestos diários na Venezuela devido à crise econômica, inflação, escassez de produtos e medicamentos, insegurança, corrupção e repressão por parte de organismos de segurança do Estado.

Alguns protestos acabaram em confrontos violentos durante os quais morreram pelo menos 43 pessoas. Mais de 900 pessoas ficaram feridas, e mais de 3,2 mil foram detidas. No total, 14 policiais continuam presos e estão em curso 197 investigações sobre violações de direitos fundamentais dos manifestantes.