Doutor em desenvolvimento da cognição e psicolinguística, o português José Morais defende o envolvimento da neurociência na alfabetização para reformar os pensamentos pedagógicos. Em agosto ele virá ao Brasil para VII Seminário Internacional, promovido pelo Instituto Alfa e Beto (IAB), em Belo Horizonte.
Em recente entrevista Morais fala sobre avalia a
alfabetização brasileira. “Infelizmente, baseia-se na crença construtivista —
chamo de crença porque contraria o conhecimento científico atual. No Pisa
(programa internacional de avaliação de estudantes, na sigla em inglês), não
houve variação significativa entre a primeira versão, de 2000, e a última, de
2012. O Brasil está muito abaixo da média dos países e quase 80 pontos abaixo
de Portugal, que tem a mesma língua, o mesmo código ortográfico, e as
diferenças de dialeto deveriam até ser mais favoráveis à alfabetização no
Brasil. Só 1 em mil adolescentes brasileiros lê no nível mais alto de
desempenho estabelecido pelo Pisa. A taxa de analfabetismo continua demasiado
alta e, sobretudo, quase metade da população não lê de maneira competente. O
Ministério da Educação não pode continuar a manter uma proposta de alfabetização
que não alfabetiza”.
Ainda segundo o professor emérito da Universidade Livre de
Bruxelas, que estuda a psicologia cognitiva associada à educação, o Brasil
ainda não sabe que caminho escolher para a educação:
- É uma obrigação social e moral que o Estado fixe a idade
de início da alfabetização. Se as crianças da elite aprendem aos 5 ou 6 anos na
família ou em colégios particulares, não está certo que as do povo só sejam
alfabetizadas (capazes de ler com compreensão e de escrever) aos 8 anos. Está
se desviando a atenção daquilo que realmente é importante: a política certa,
política de reprodução de privilégios ou política pública realmente
democrática.
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