“(...) e por toda a parte havia políticos e pistoleiros, debruçados nas janelas de suas prefeituras, cuspindo na pobreza lá embaixo”
Graham Greene
Quem se pergunta ainda para aonde vai o dinheiro do
brasileiro, depois de passar pelo superfaturamento de obras, pagamento do
inflado funcionalismo público e a corrupção - só para citar umas poucas
peneiras brasileiras -, é só olhar para as ruas com a abertura da temporada de
caça ao eleitor. As cidades se embandeiram em comemoração à festa cívica tão ao
gosto dos políticos e governinhos demagógicos, um espetáculo imperdível de
cinismo.
É um escárnio, avalizado por lei com propaganda “patriótica”,
que emporcalha e ainda, para cúmulo do gozação, implanta pobres coitados, a
salários miseráveis, sacudindo bandeiras dos candidatos. Em Marícá uma avenida
central se enfeita de gente com panos propagandísticos. São os zeidanetes ou
fabianetes, que recebem quentinha e nem dois salários mínimos por mês. Baita
salário para um país que se dispõe a acabar com a miséria mantendo um pibinho
de menos de 1%, muito bolsa família para engordar os não necessitados e pagando
aos conselheiros das contas públicas um salário moradia de até R$ 7 mil.
No show de cinismo, promovido pelos poderes como espetáculo
de cidadania, vale tudo. Os fichas-sujas se armam de advogados para driblar a
lei, os caras de pau de sempre retornam às telinhas, os correligionários se
travestem de querubins, ah, e os candidatos , depois de passarem por um
photoshop, mostram caras bem nutridas e risonhas, com dentadura de anúncio!, em
santinhos. O custo é o de menos. Tem gente para trabalhar e pagar.
As obras, superfaturadas até com adicionais quase no valor
total da construção, são completadas a toque de caixa. Não importa inaugurar a
porcaria, o que vale nestes dias é mostrar o que se fez, mesmo que isso seja um
monstrengo de inutilidade ou já com prazo de validade vencido. Como não deu
tempo, em Maricá, uma passarela sobre rodovia ficou inacabada sem uma das
calçadas de acesso. Agora está sem “dono” porque ninguém pode dizer que fez. Mas
quem liga pra isso? Coisas sem importância que não empanam a festa cínica que
vem aí.
Enfim, mal terminou a gastança da Copa, a gente volta às
ruas para fazer brilhar mais uma vez o poder político com direito a todos os
gastos sem qualquer lucro para a população. Fizeram a limpa para a festa e
precisam que fique algum para quando janeiro chegar. Ninguém é de ferro, e o
início do ano tem muita conta pra pagar, principalmente o custo de campanha,
que deve ser ressarcido pelo contribuinte.
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