quinta-feira, 18 de agosto de 2016
A Olimpíada como metáfora
O Rio de Janeiro recebeu um reforço de 88.000 agentes para garantir a realização dos Jogos Olímpicos, o maior esquema de segurança da história do Brasil. Turistas, torcedores e membros das comitivas esportivas podem circular com certa tranquilidade pelas ruas da Zona Sul, que inclusive passaram por um processo de expulsão dos sem teto na Operação Caça-Tralha. Ainda assim, alguns episódios isolados de violência foram registrados, sendo os mais graves as mortes do soldado da Força Nacional, Hélio Andrade, atingido por uma bala ao entrar por engano no Complexo da Maré, e do técnico da equipe alemã de canoagem, Stefan Henze, em decorrência de um acidente de carro na Barra da Tijuca.
Talvez, ao voltarem para casa, os turistas estrangeiros e membros das comitivas esportivas carreguem uma imagem positiva do Brasil e até mesmo questionem as notícias sempre reiteradas do perigo que é transitar pelo nosso país. Este foi, em suma, o objetivo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando, em outubro de 2009, anunciou a vinda dos Jogos Olímpicos para o Rio de Janeiro, ironicamente realizados sob a presidência interina de Michel Temer.
No entanto, no dia seguinte ao encerramento das Olimpíadas, os cariocas vão se deparar com a triste realidade: em junho, segundo dados do Instituto de Segurança Pública, os roubos a pedestres subiram 80% em relação ao mesmo mês de 2015 e os homicídios dolosos (com intenção de matar) cresceram 38% no mesmo período.
No resto do Brasil, que escapa aos olhares dos estrangeiros, ofuscados pelos holofotes dos Jogos Olímpicos, viver continua a ser muito perigoso. Segundo o Atlas da Violência 2016, nosso país é o que mais mata no mundo em números absolutos – quase 60.000 assassinatos por ano –, uma taxa média igual a 29,1 homicídios por 100.000 habitantes. De cada 100 pessoas assassinadas no planeta, 10 são brasileiros. E a violência está diretamente ligada à cor da pele e à situação socioeconômica. Um jovem de 21 anos, idade de pico das mortes por homicídio, com menos de sete anos de estudo, tem 17 vezes mais chances de ter uma morte violenta; e, caso seja negro ou pardo, as possibilidades aumentam ainda em 147%.
Felipe da Silva Ângelo, de 26 anos, recebeu 14 tiros na cabeça e nas costas numa travessa do bairro miserável de Santa Lúcia, em Maceió, no dia 10. Ninguém soube os motivos do crime e talvez nunca saberemos. Felipe não é cidadão, é estatística. Ele foi apenas mais uma das muitas vítimas da selvageria que grassa em Alagoas, estado que lidera o ranking do Atlas da Violência 2016, com 63 homicídios por 100 mil habitantes, o dobro da média brasileira, já altíssima. Alagoas, como se sabe, é dominada por clãs, como o do presidente do Senado,Renan Calheiros, cujo filho é o prefeito de Maceió, e por figuras públicas como o senador Fernando Collor, ex-presidente da República cassado por corrupção. Ambos, Renan e Collor, estão envolvidos nas denúncias da Operação Lava-Jato.
Mas Maceió, onde Felipe nasceu e viveu, não é nem o nosso município mais perigoso. De acordo com o Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal, das 50 cidades acima de 300.000 habitantes mais violentas do mundo, 21 encontram-se no Brasil. E Fortaleza, capital do Ceará, mundialmente conhecida como destino preferencial para a prática da prostituição infantil, se destaca com 60 assassinatos por 100.000 habitantes. No último fim de semana, por exemplo, foram registrados 29 homicídios – um deles, o de um menino chamado Kell. Kell havia abandonado os estudos e gostava de passar o dia soltando papagaio (ou pipa ou raia ou pandorga, dependendo da região). Ele tinha apenas 12 anos.
Por fim, infelizmente, Fortaleza não é nem nossa cidade mais violenta, em termos relativos. Segundo o Atlas da Violência de 2016, o município mais violento do Brasil chama-se Caracaraí, em Roraima, com um inacreditável índice de 210,3 mortes por 100.000 habitantes, três vezes e meia maior que o de Fortaleza. Em 2014 – ano em que foram coletados os dados – ocorreram 40 homicídios em meio a uma população de pouco mais de 19.000 pessoas. Lá, no último domingo,uma adolescente de 16 anos assassinou o tio, de 38 anos, com uma facada no abdome. A mãe dela explicou que o tio, irmão dela, havia agredido a filha e que ela se vingou, matando-o.
Todos os dias 164 pessoas são assassinadas no Brasil, a grande maioria jovens negros ou pardos residentes nas periferias das cidades, ou seja, em lugares distantes e tendo como vítimas seres humanos invisíveis para o resto da sociedade. Só tomamos consciência da violência quando ela se aproxima de nós, atingindo vizinhos ou familiares. E então nos indignamos momentaneamente para em seguida nos conformamos de novo, pois como nas medalhas conquistadas nos Jogos Olímpicos só conseguimos atuar de maneira individual. Coletivamente somos um imenso e retumbante fracasso.
Talvez, ao voltarem para casa, os turistas estrangeiros e membros das comitivas esportivas carreguem uma imagem positiva do Brasil e até mesmo questionem as notícias sempre reiteradas do perigo que é transitar pelo nosso país. Este foi, em suma, o objetivo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando, em outubro de 2009, anunciou a vinda dos Jogos Olímpicos para o Rio de Janeiro, ironicamente realizados sob a presidência interina de Michel Temer.
No entanto, no dia seguinte ao encerramento das Olimpíadas, os cariocas vão se deparar com a triste realidade: em junho, segundo dados do Instituto de Segurança Pública, os roubos a pedestres subiram 80% em relação ao mesmo mês de 2015 e os homicídios dolosos (com intenção de matar) cresceram 38% no mesmo período.
No resto do Brasil, que escapa aos olhares dos estrangeiros, ofuscados pelos holofotes dos Jogos Olímpicos, viver continua a ser muito perigoso. Segundo o Atlas da Violência 2016, nosso país é o que mais mata no mundo em números absolutos – quase 60.000 assassinatos por ano –, uma taxa média igual a 29,1 homicídios por 100.000 habitantes. De cada 100 pessoas assassinadas no planeta, 10 são brasileiros. E a violência está diretamente ligada à cor da pele e à situação socioeconômica. Um jovem de 21 anos, idade de pico das mortes por homicídio, com menos de sete anos de estudo, tem 17 vezes mais chances de ter uma morte violenta; e, caso seja negro ou pardo, as possibilidades aumentam ainda em 147%.
Felipe da Silva Ângelo, de 26 anos, recebeu 14 tiros na cabeça e nas costas numa travessa do bairro miserável de Santa Lúcia, em Maceió, no dia 10. Ninguém soube os motivos do crime e talvez nunca saberemos. Felipe não é cidadão, é estatística. Ele foi apenas mais uma das muitas vítimas da selvageria que grassa em Alagoas, estado que lidera o ranking do Atlas da Violência 2016, com 63 homicídios por 100 mil habitantes, o dobro da média brasileira, já altíssima. Alagoas, como se sabe, é dominada por clãs, como o do presidente do Senado,Renan Calheiros, cujo filho é o prefeito de Maceió, e por figuras públicas como o senador Fernando Collor, ex-presidente da República cassado por corrupção. Ambos, Renan e Collor, estão envolvidos nas denúncias da Operação Lava-Jato.
Mas Maceió, onde Felipe nasceu e viveu, não é nem o nosso município mais perigoso. De acordo com o Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal, das 50 cidades acima de 300.000 habitantes mais violentas do mundo, 21 encontram-se no Brasil. E Fortaleza, capital do Ceará, mundialmente conhecida como destino preferencial para a prática da prostituição infantil, se destaca com 60 assassinatos por 100.000 habitantes. No último fim de semana, por exemplo, foram registrados 29 homicídios – um deles, o de um menino chamado Kell. Kell havia abandonado os estudos e gostava de passar o dia soltando papagaio (ou pipa ou raia ou pandorga, dependendo da região). Ele tinha apenas 12 anos.
Por fim, infelizmente, Fortaleza não é nem nossa cidade mais violenta, em termos relativos. Segundo o Atlas da Violência de 2016, o município mais violento do Brasil chama-se Caracaraí, em Roraima, com um inacreditável índice de 210,3 mortes por 100.000 habitantes, três vezes e meia maior que o de Fortaleza. Em 2014 – ano em que foram coletados os dados – ocorreram 40 homicídios em meio a uma população de pouco mais de 19.000 pessoas. Lá, no último domingo,uma adolescente de 16 anos assassinou o tio, de 38 anos, com uma facada no abdome. A mãe dela explicou que o tio, irmão dela, havia agredido a filha e que ela se vingou, matando-o.
Todos os dias 164 pessoas são assassinadas no Brasil, a grande maioria jovens negros ou pardos residentes nas periferias das cidades, ou seja, em lugares distantes e tendo como vítimas seres humanos invisíveis para o resto da sociedade. Só tomamos consciência da violência quando ela se aproxima de nós, atingindo vizinhos ou familiares. E então nos indignamos momentaneamente para em seguida nos conformamos de novo, pois como nas medalhas conquistadas nos Jogos Olímpicos só conseguimos atuar de maneira individual. Coletivamente somos um imenso e retumbante fracasso.
O público aprendeu com o impeachment?
Terá o público brasileiro, particularmente o eleitorado, absorvido alguma nova dose de ensinamentos? Terá aumentado o seu nível de consciência política, aprofundado o de informação econômica, melhorado sua atenção e interesse sobre a questão básica para o País que é a das finanças públicas? Ou não terá acontecido nada disso durante este descabelado, longo e tumultuado processo de impeachment, que dentro de poucos dias poderá, ou deverá, acabar de vez com a descabelada presença da infeliz Dilma Rousseff na política brasileira e com a lembrança da sua errática e mal inspirada governança?
Pergunto porque, se isso de fato aconteceu, se o público aprendeu e melhorou sua percepção, é algo que se pode tirar de mais positivo de tudo o que o País vem vivendo com muita tensão e pouca esperança.
Tenho abordado amigos economistas, políticos e colegas jornalistas com essa indagação que, parece-me, tem escapado em geral das muitas tentativas de análises, sociológicas inclusive, que buscam apurar as possíveis contribuições – digamos – positivas ou negativas que o traumático período nos oferece e que ainda pode deixar para a Nação. Lembremos que o impeachment do presidente Fernando Collor, há apenas 24 anos, foi também por crime de responsabilidade fiscal, e não por corrupção. Na verdade, nunca ficou provado, na Justiça, que Collor tenha abocanhado parte ou o todo do que seu tesoureiro, PC Farias, amealhou na campanha eleitoral, achacando empresas e empresários sob a lenda de que era preciso evitar o mal maior, isto é, o imprevisível Lula da Silva. Ninguém diz, também, nem se provou, que Dilma Rousseff tenha se beneficiado de qualquer parcela do dinheiro que seu tesoureiro, Edinho Silva, amealhou na campanha. O crime dela é de responsabilidade fiscal – como o de Collor –, e não de corrupção. E o repúdio a ela é por mau governo, que ela diz ser injustiça.
Mas, deixando de lado os paralelos, o que de fato o público brasileiro pode ter aprendido durante o impeachment de Dilma? O que não significa que tenha amadurecido.
Uma das coisas importantes, a meu ver, é sobre as astronômicas quantidades de dinheiro que partidos e candidatos requerem para se eleger. E o corolário desse ensinamento é que não dá para acreditar que um candidato cujo nome nunca apareceu em campanha nenhuma despeje fantásticas somas em busca de votos, ou se endivide para isso, para depois não tentar recuperar os gastos ou tentar pagar a dívida apenas com seus rendimentos pessoais de antes da campanha, sejam quais forem. Ou o sujeito é um bilionário do nível de Donald Trump, ou um estelionatário do mesmo nível, ou terá de abraçar a rendosa carreira de corrupto.
Outra é que a demagogia com dinheiro público tem duas etapas: a da bonança aparente, que alegra o público, seguida de inflação, recessão e desemprego, que afetam mais os mais pobres. É a grande lição do período Lula/Dilma, quando a bonança financiada irresponsavelmente do primeiro período deu lugar às agruras que indústria, comércio e trabalhadores em geral vivem hoje. A bonança socialmente distribuída resulta em agruras individualmente colhidas. Disso deveria decorrer a segunda lição: a gestão austera das contas públicas e o uso responsável dos recursos são fundamentais para o progresso continuado da economia, enquanto saltos para cima seguidos de mergulhos no fosso nada asseguram para o País e para as famílias.
Na pequena enquete pessoal que fui fazendo, decepcionou-me o fato de que na maioria das vezes – maioria significativa – a resposta era que o público não aprendeu nem aprende nada e não amadurece coisa nenhuma, apesar dos muitos debates, explicações, estudos e pronunciamentos feitos durante o impeachment. Não aceitei essa opinião da maioria. Preferi ficar com a opinião otimista da minoria de que o público é muito mais capaz de aprendizado do que se imagina. E que as lições principais ministradas por este processo de impeachment, mais do que o de Collor, já começarão a ter efeitos positivos nas eleições municipais. Veremos.
Pergunto porque, se isso de fato aconteceu, se o público aprendeu e melhorou sua percepção, é algo que se pode tirar de mais positivo de tudo o que o País vem vivendo com muita tensão e pouca esperança.
Tenho abordado amigos economistas, políticos e colegas jornalistas com essa indagação que, parece-me, tem escapado em geral das muitas tentativas de análises, sociológicas inclusive, que buscam apurar as possíveis contribuições – digamos – positivas ou negativas que o traumático período nos oferece e que ainda pode deixar para a Nação. Lembremos que o impeachment do presidente Fernando Collor, há apenas 24 anos, foi também por crime de responsabilidade fiscal, e não por corrupção. Na verdade, nunca ficou provado, na Justiça, que Collor tenha abocanhado parte ou o todo do que seu tesoureiro, PC Farias, amealhou na campanha eleitoral, achacando empresas e empresários sob a lenda de que era preciso evitar o mal maior, isto é, o imprevisível Lula da Silva. Ninguém diz, também, nem se provou, que Dilma Rousseff tenha se beneficiado de qualquer parcela do dinheiro que seu tesoureiro, Edinho Silva, amealhou na campanha. O crime dela é de responsabilidade fiscal – como o de Collor –, e não de corrupção. E o repúdio a ela é por mau governo, que ela diz ser injustiça.
Mas, deixando de lado os paralelos, o que de fato o público brasileiro pode ter aprendido durante o impeachment de Dilma? O que não significa que tenha amadurecido.
Outra é que a demagogia com dinheiro público tem duas etapas: a da bonança aparente, que alegra o público, seguida de inflação, recessão e desemprego, que afetam mais os mais pobres. É a grande lição do período Lula/Dilma, quando a bonança financiada irresponsavelmente do primeiro período deu lugar às agruras que indústria, comércio e trabalhadores em geral vivem hoje. A bonança socialmente distribuída resulta em agruras individualmente colhidas. Disso deveria decorrer a segunda lição: a gestão austera das contas públicas e o uso responsável dos recursos são fundamentais para o progresso continuado da economia, enquanto saltos para cima seguidos de mergulhos no fosso nada asseguram para o País e para as famílias.
Na pequena enquete pessoal que fui fazendo, decepcionou-me o fato de que na maioria das vezes – maioria significativa – a resposta era que o público não aprendeu nem aprende nada e não amadurece coisa nenhuma, apesar dos muitos debates, explicações, estudos e pronunciamentos feitos durante o impeachment. Não aceitei essa opinião da maioria. Preferi ficar com a opinião otimista da minoria de que o público é muito mais capaz de aprendizado do que se imagina. E que as lições principais ministradas por este processo de impeachment, mais do que o de Collor, já começarão a ter efeitos positivos nas eleições municipais. Veremos.
A vida na hora
Mas já se avizinha a sexta com um roteiro que não conheço.
Isso é justo — pergunto
(com a voz rouca
porque nem sequer me foi dado pigarrear nos bastidores).
É ilusório pensar que esta é só uma prova rápida
feita em acomodações provisórias. Não.
De pé em meio à cena vejo como é sólida.
Me impressiona a precisão de cada acessório.
O palco giratório já opera há muito tempo.
Acenderam-se até as mais longínquas nebulosas.
Ah, não tenho dúvida de que é uma estreia.
E o que quer que eu faça,
vai se transformar para sempre naquilo que fiz.
Wislawa Szymborska
Câmara dá 'oportunidade' para servidora se defender
Funcionária chega cedo em trajes de ginástica, bate o ponto e vai embora. No fim da manhã, volta e bate ponto de saída para almoço |
Por sua assessoria, a Câmara explicou que esse é o procedimento sempre que há alguma denúncia de irregularidade envolvendo servidor. “Por ocasião da apuração dos fatos, o servidor envolvido tem a oportunidade de prestar esclarecimentos e apresentar sua defesa”.
O flagrante foi realizado por volta das 9h, envolvendo uma servidora de nome ainda não informado, exibindo em seu crachá a informação de que ocupa um Cargo de Natureza Especial (CNE), cujos salários são os maiores da Câmara. Ela parecia preparada para ir à ginástica em pleno horário do expediente, e agiu com a naturalidade de quem faz isso rotineiramente. Ela chegou à Câmara, vestindo roupa de ginástica, no Anexo II.
Diário do Poder
Mais tarde, no fim da manhã, a mesma servidora retornou à Câmara para assinar o "ponto de saída" para o almoço. Foi novamente flagrada, desta vez conversando com uma colega na entrada do seu local de trabalho do qual, novamente, não passou.
Mais tarde, no fim da manhã, a mesma servidora retornou à Câmara para assinar o "ponto de saída" para o almoço. Foi novamente flagrada, desta vez conversando com uma colega na entrada do seu local de trabalho do qual, novamente, não passou.
Lei de bêbados
Dica de invasões
A Justiça intimou a ex-primeira-dama dona Marisa e seu filho Lulinha a prestar esclarecimentos em Curitiba sobre o sítio de Atibaia e o tríplex em Guarujá, que duas empreiteiras insistiram em reformar e deixar nos trinques para o então presidente Lula e sua família — embora, como se sabe, o sítio e o tríplex não pertençam a Lula, e as muitas vezes em que eles estiveram lá para fiscalizar as obras fossem só para fins recreativos. Donde dona Marisa e Lulinha mandaram dizer que não têm o que esclarecer e ficarão em silêncio se um juiz impertinente lhes fizer perguntas.
A essa altura, a Odebrecht e a OAS já deram como perdidos os quase R$ 2 milhões que investiram nas reformas. E, como ninguém parece assumir o sítio e o tríplex que não são de Lula, esses imóveis bem poderiam ser invadidos pelos movimentos sociais. O sítio, por exemplo, não é produtivo, o que torna justa sua ocupação pelos critérios do MST (Movimento Sem Terra).
Posso imaginar os ônibus e caminhões do MST despejando seus militantes no sítio, e eles se esbaldando na churrasqueira, na piscina e nos pedalinhos do lago. Outros logo descobrirão a adega, com suas quase mil garrafas de vinho e cachaça, e o estoque de charutos cubanos, que não se sabe por que Fidel Castro mandava para Lula naquele endereço, já que Lula não morava lá. E é no sítio também que fica a "tranqueira", os presentes que Lula recebeu na Presidência e mandou guardar ali — que souvenirs para os invasores!
Já o tríplex deve estar na mira do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto). Afinal, como pode um apartamento como este, com cozinha planejada, elevador privativo e também piscina, continuar vazio enquanto famílias inteiras não têm onde morar?
E quem sabe Chico Buarque não fará uma visita e cantará "Apesar de você" para os ocupantes?
O porre ideológico e a criminalidade
A primeira informação chegou-me em rede social. Uma amiga pedia doações de sangue para a médica que havia sido ferida a tiros durante assalto na Zona Norte de Porto Alegre. Levaram-lhe o carro e a vida. No mesmo horário, lado oposto da cidade, um porteiro foi vítima de latrocínio. Levaram-lhe a moto e a vida. Não preciso esperar pelas ações policiais para saber que os autores dos dois latrocínios têm extensa ficha policial, não são incógnitos aspirantes ao mundo do crime, nem estão na fila de espera de algum projeto de ressocialização. Não. São indivíduos perigosos, fora da lei, sem qualquer respeito pela vida e bens alheios. E andam soltos. Fizeram uma opção existencial, abriram guerra contra a sociedade, contra quem trabalha, seja médica, seja porteiro. Enfrentar o mundo do crime a partir da benevolente hipótese de sua ressocialização é zombar das vítimas. É uma política que firma compromisso com a multiplicação dos danos. Dar um passo além e afirmar que esses criminosos de mão própria são vítimas de uma sociedade que se organiza em torno do direito de propriedade merece enquadramento como tipo penal - delito de incentivo à criminalidade.
De modo pegajoso, abraçam-se a qualquer monstro, vendo nele o ideal rousseauniano do homem bom que poderia ter sido, mesmo quando ele anda pela vida avançando contra tudo que seja, de fato, bom, puro e sagrado. Por que fazem isso? Porque sem esse delírio, que desconhece a presença do mal na natureza humana, de que lhes serve a máscara de bondade?
Se o crime se justifica por motivos sociológicos e se doutrinas jurídicas nesse sentido encontram guarida no mundo acadêmico, alimentando corações e mentes de advogados, promotores e magistrados, que necessidade teremos de prisões? Por isso não as conservamos nem as construímos. Corporações policiais para coibir a atuação justiceira da criminalidade? Que os agentes da lei sejam, estes sim, objeto de contingenciamento de recursos e rigoroso controle. Aliás, de quanto se lê, parece que aí, e só aí, a maldade pode se manifestar como de fato é, sem qualquer guarida sociológica... Paradoxo! O bandido é aquele que deve ser visto como o homem bom que não deixaram ser. O policial, por seu turno, é o homem mau que precisa ser severamente patrulhado. Dai-me forças, Senhor!
Não me resta mais dúvida. Nossa insegurança é causada pelo porre ideológico que esta nação tomou nas últimas décadas. Agora, vivemos a ressaca.
Percival Puggina
Qual a diferença entre quem pratica o crime e aquele que o justifica? Enquanto o primeiro tem ação limitada à própria capacidade individual, o segundo funciona como uma aeronave de aviação agrícola, espargindo a fumaça do mal sobre a multidão dos descontentes, dos cobiçosos, dos vagabundos, dos viciados e dos incontinentes. Nada há que convença esses cavalheiros sobre o malefício que produzem. Dirão que me importo com o ocorrido por se tratar de alguém da upper class (esquecidos do desditoso porteiro da mesma madrugada). Afirmarão que estou defendendo um sistema perverso, mas fazem vista grossa a um dado inequívoco: o supostamente generoso sistema a que se aferram malgrado todos os fracassos levou a Venezuela a um nível de violência duas vezes superior ao brasileiro.
De modo pegajoso, abraçam-se a qualquer monstro, vendo nele o ideal rousseauniano do homem bom que poderia ter sido, mesmo quando ele anda pela vida avançando contra tudo que seja, de fato, bom, puro e sagrado. Por que fazem isso? Porque sem esse delírio, que desconhece a presença do mal na natureza humana, de que lhes serve a máscara de bondade?
Se o crime se justifica por motivos sociológicos e se doutrinas jurídicas nesse sentido encontram guarida no mundo acadêmico, alimentando corações e mentes de advogados, promotores e magistrados, que necessidade teremos de prisões? Por isso não as conservamos nem as construímos. Corporações policiais para coibir a atuação justiceira da criminalidade? Que os agentes da lei sejam, estes sim, objeto de contingenciamento de recursos e rigoroso controle. Aliás, de quanto se lê, parece que aí, e só aí, a maldade pode se manifestar como de fato é, sem qualquer guarida sociológica... Paradoxo! O bandido é aquele que deve ser visto como o homem bom que não deixaram ser. O policial, por seu turno, é o homem mau que precisa ser severamente patrulhado. Dai-me forças, Senhor!
Não me resta mais dúvida. Nossa insegurança é causada pelo porre ideológico que esta nação tomou nas últimas décadas. Agora, vivemos a ressaca.
Percival Puggina
O PT tem de aderir à luta armada!!! Cartilha do partido mente em quatro idiomas
Eles não têm mesmo limites.
O PT deu início a uma campanha internacional de difamação do Brasil. E o faz em três idiomas, além do português; inglês, francês e espanhol.
O partido resolveu editar uma cartilha em que anuncia a “Caçada Judicial ao ex-presidente Lula”. O material está sendo enviado aos principais jornais do mundo. O país que sai das considerações da cartilha em nada se parece com uma democracia. O que o PT faz é denunciar uma suposta farsa judicial, voltada para a perseguição política de um homem.
O Brasil que o PT retrata no material não faria feio se estivesse no lugar da Venezuela. Lá está escrito:
“Agentes partidarizados do Estado, no Ministério Público, na Polícia Federal, e no Poder Judiciário, mobilizaram-se com objetivo de encontrar um crime – qualquer um – para acusar Lula e levá-lo aos tribunais.”
Nem parece que se está a falar do país que foi governado pelo PT durante mais de 13 anos. Nem parece que 8 dos 11 membros da corte maior do país — à qual estão submetidas as decisões do Judiciário, inclusive as que dizem respeito a Lula — foram indicados por Lula ou por Dilma. Ao fazer tal observação, não estou acusando a parcialidade petista dos magistrados, mas evidenciando que não há motivo crível para apontar a sua parcialidade antipetista.
O esforço é um só, já revelado pela decisão da defesa do ex-presidente de denunciar a suposta perseguição a Lula ao Comitê de Direitos Humanos da ONU, como se isso lhe dissesse respeito.
Aponte nesta manhã que os defensores de Lula já nem se ocupam das questões que dizem respeito ao direito. Querem ver? Lula havia pedido que os casos relativos ao tríplex e ao sítio de Atibaia saíssem da alçada de Sergio Moro. Por razões técnicas, o juiz rejeitou. Em nota, os advogados sugerem que isso evidencia a falta de isenção do juiz.
Mais uma: o ministro Teori Zavascki autorizou a abertura de inquérito, a pedido da Procuradoria-Geral da República, para saber se Lula, Dilma e outros cinco cometeram crime de obstrução da Justiça. Os defensores do chefão petista emitiram outra nota cobrando que… Sergio Moro seja investigado.
Não basta ao PT ter destruído as contas públicas; não basta ao PT ter fabricado a maior recessão do país; não basta ao PT ter criado severas limitações, que vão durar mais de uma década, para o crescimento sustentado; não basta ao PT ter tentado destruir as instituições: a legenda também se dedica agora a sujar a reputação do país mundo afora. E tudo para tentar salvar a biografia do demiurgo, que não aceita se submeter às leis.
A cartilha petista é uma afronta ao Congresso Nacional e ao Poder Legislativo. Se é como diz a legenda, que os petistas, então, caiam na clandestinidade e tentem derrubar, pelas armas, um regime que já se tornou ilegítimo.
Segundo o documento, Lula é vítima de um tiro ao alvo, e três dos atiradores seriam Moro, Rodrigo Janot (procurador-geral da República) e o ministro Gilmar Mendes, do Supremo.
A cartilha também é mentirosa: diz que Lula ainda não é réu. É, sim! Já foi formalmente acusado de obstrução da Justiça.
Eis o PT na sua inteireza!
O PT deu início a uma campanha internacional de difamação do Brasil. E o faz em três idiomas, além do português; inglês, francês e espanhol.
O partido resolveu editar uma cartilha em que anuncia a “Caçada Judicial ao ex-presidente Lula”. O material está sendo enviado aos principais jornais do mundo. O país que sai das considerações da cartilha em nada se parece com uma democracia. O que o PT faz é denunciar uma suposta farsa judicial, voltada para a perseguição política de um homem.
Que se note: o material dá pouco destaque ao impeachment de presidente Dilma. A questão é tratada como um mero pretexto para chegar a Lula.
O Brasil que o PT retrata no material não faria feio se estivesse no lugar da Venezuela. Lá está escrito:
“Agentes partidarizados do Estado, no Ministério Público, na Polícia Federal, e no Poder Judiciário, mobilizaram-se com objetivo de encontrar um crime – qualquer um – para acusar Lula e levá-lo aos tribunais.”
Nem parece que se está a falar do país que foi governado pelo PT durante mais de 13 anos. Nem parece que 8 dos 11 membros da corte maior do país — à qual estão submetidas as decisões do Judiciário, inclusive as que dizem respeito a Lula — foram indicados por Lula ou por Dilma. Ao fazer tal observação, não estou acusando a parcialidade petista dos magistrados, mas evidenciando que não há motivo crível para apontar a sua parcialidade antipetista.
O esforço é um só, já revelado pela decisão da defesa do ex-presidente de denunciar a suposta perseguição a Lula ao Comitê de Direitos Humanos da ONU, como se isso lhe dissesse respeito.
Aponte nesta manhã que os defensores de Lula já nem se ocupam das questões que dizem respeito ao direito. Querem ver? Lula havia pedido que os casos relativos ao tríplex e ao sítio de Atibaia saíssem da alçada de Sergio Moro. Por razões técnicas, o juiz rejeitou. Em nota, os advogados sugerem que isso evidencia a falta de isenção do juiz.
Mais uma: o ministro Teori Zavascki autorizou a abertura de inquérito, a pedido da Procuradoria-Geral da República, para saber se Lula, Dilma e outros cinco cometeram crime de obstrução da Justiça. Os defensores do chefão petista emitiram outra nota cobrando que… Sergio Moro seja investigado.
Não basta ao PT ter destruído as contas públicas; não basta ao PT ter fabricado a maior recessão do país; não basta ao PT ter criado severas limitações, que vão durar mais de uma década, para o crescimento sustentado; não basta ao PT ter tentado destruir as instituições: a legenda também se dedica agora a sujar a reputação do país mundo afora. E tudo para tentar salvar a biografia do demiurgo, que não aceita se submeter às leis.
A cartilha petista é uma afronta ao Congresso Nacional e ao Poder Legislativo. Se é como diz a legenda, que os petistas, então, caiam na clandestinidade e tentem derrubar, pelas armas, um regime que já se tornou ilegítimo.
Segundo o documento, Lula é vítima de um tiro ao alvo, e três dos atiradores seriam Moro, Rodrigo Janot (procurador-geral da República) e o ministro Gilmar Mendes, do Supremo.
A cartilha também é mentirosa: diz que Lula ainda não é réu. É, sim! Já foi formalmente acusado de obstrução da Justiça.
Eis o PT na sua inteireza!
Vale-tudo nas eleições não vale mais, ou tudo não passará de ilusão
Oficialmente, a campanha eleitoral de 2016 começou anteontem, 16 de agosto. Segundo dados divulgados pela imprensa, a Justiça Eleitoral, em todo o país, recebeu pedido de registro de 238 mil candidatos a prefeitos e vereadores. Com tempo de campanha menor e com muito menos dinheiro, os candidatos, que nunca faltam, vão ter que lutar muito.
No Estado, milhares disputarão os dois cargos, mas, na capital mineira, 11 reivindicam o privilégio de ser prefeito, que logo se transformará em pesadelo ou sacrifício, pessoal e familiar, já que as ilusões terão ficado para trás. Mas eleição é isto: pode faltar tudo, menos candidatos, à exaustão, sobretudo no instante em que o desemprego infelicita inúmeras famílias. Eles jamais faltariam, quaisquer que fossem as circunstâncias. Ainda bem. Sem eles, a democracia correria perigo.
Para os que acreditam, igualmente ficarão para trás princípios seculares que regeram os políticos, quaisquer que sejam seus partidos ou suas tendências. Alguns exemplos: “Política é como uma nuvem: você olha, está de um jeito; você olha outra vez, está de outro”. “Política não é coisa de gente de calça curta; é coisa de homem”. “Em política, tudo pode, o que não pode de jeito nenhum é perder eleição”. “Em política nem se briga, nem se fazem as pazes”. Ou seja: da arte de bem governar os povos transformou-se em simples trapaça.
Por acaso existe, leitor, em tais “ensinamentos”, preocupação com a ética? Ou com o bem comum – uma expressão que é quase uma ofensa? Reflita sobre isso e me diga. E me diga: quando é que políticos – do passado ou do presente – imaginaram que, um dia, suas “estripulias”, “traquinagens” ou “travessuras” os levariam à cadeia?
Refiro-me, por enquanto, aos que, segundo alguns, cometeram, apenas, pecado venial, como o do caixa 2, que seria uma infração menor, além de corriqueira. Só que não tem nada disso. Caixa 2 é dinheiro destinado a alguns, não a todos os candidatos. Faz parte de contabilidade paralela, que escapa, e com muito orgulho (os impostos, afinal, não servem só para enriquecer políticos?), de qualquer tributação, absurda pela sua própria natureza… E os que dele se beneficiam desequilibram o chamado “jogo democrático”. Já nem me refiro a esquemas mais sofisticados, como o que ocorreu em empresas públicas, que favoreceu alguns poucos e sacrificou ainda mais o povo.
Mas hoje devo estar pessimista, leitor, pois há quem ache que a Lei 13.165, de 29 de setembro de 2015 (mais uma, dentre milhares, neste país vítima da fúria legiferante), botará ponto final no vale-tudo nas eleições. Ela ganhou o nome de “Reforma Eleitoral 2015”. Além de mudança nos prazos de convenções, filiação e tempo de campanha, ela proibiu o financiamento eleitoral por pessoas jurídicas. As campanhas eleitorais deste ano, então, serão financiadas, unicamente, por doações de pessoas físicas e pelos recursos do fundo partidário.
Na cartilha do TSE, li a informação de que haverá, por outro lado, rigorosa fiscalização, por meio de prestação de contas online, dos créditos recebidos para a campanha. Os candidatos estão obrigados, assim, a enviá-los à Justiça Eleitoral até 72 horas depois de recebidos.
Tudo isso, leitor, não passa de nuga. O essencial é a desintoxicação do organismo brasileiro, que está tomado pela corrupção, de menor ou maior porte. A lei, sozinha, não dará conta. O país precisa de educação de base. Sobre a qual ouço falar há mais de seis décadas.
No Estado, milhares disputarão os dois cargos, mas, na capital mineira, 11 reivindicam o privilégio de ser prefeito, que logo se transformará em pesadelo ou sacrifício, pessoal e familiar, já que as ilusões terão ficado para trás. Mas eleição é isto: pode faltar tudo, menos candidatos, à exaustão, sobretudo no instante em que o desemprego infelicita inúmeras famílias. Eles jamais faltariam, quaisquer que fossem as circunstâncias. Ainda bem. Sem eles, a democracia correria perigo.
Por acaso existe, leitor, em tais “ensinamentos”, preocupação com a ética? Ou com o bem comum – uma expressão que é quase uma ofensa? Reflita sobre isso e me diga. E me diga: quando é que políticos – do passado ou do presente – imaginaram que, um dia, suas “estripulias”, “traquinagens” ou “travessuras” os levariam à cadeia?
Refiro-me, por enquanto, aos que, segundo alguns, cometeram, apenas, pecado venial, como o do caixa 2, que seria uma infração menor, além de corriqueira. Só que não tem nada disso. Caixa 2 é dinheiro destinado a alguns, não a todos os candidatos. Faz parte de contabilidade paralela, que escapa, e com muito orgulho (os impostos, afinal, não servem só para enriquecer políticos?), de qualquer tributação, absurda pela sua própria natureza… E os que dele se beneficiam desequilibram o chamado “jogo democrático”. Já nem me refiro a esquemas mais sofisticados, como o que ocorreu em empresas públicas, que favoreceu alguns poucos e sacrificou ainda mais o povo.
Mas hoje devo estar pessimista, leitor, pois há quem ache que a Lei 13.165, de 29 de setembro de 2015 (mais uma, dentre milhares, neste país vítima da fúria legiferante), botará ponto final no vale-tudo nas eleições. Ela ganhou o nome de “Reforma Eleitoral 2015”. Além de mudança nos prazos de convenções, filiação e tempo de campanha, ela proibiu o financiamento eleitoral por pessoas jurídicas. As campanhas eleitorais deste ano, então, serão financiadas, unicamente, por doações de pessoas físicas e pelos recursos do fundo partidário.
Na cartilha do TSE, li a informação de que haverá, por outro lado, rigorosa fiscalização, por meio de prestação de contas online, dos créditos recebidos para a campanha. Os candidatos estão obrigados, assim, a enviá-los à Justiça Eleitoral até 72 horas depois de recebidos.
Tudo isso, leitor, não passa de nuga. O essencial é a desintoxicação do organismo brasileiro, que está tomado pela corrupção, de menor ou maior porte. A lei, sozinha, não dará conta. O país precisa de educação de base. Sobre a qual ouço falar há mais de seis décadas.
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