quarta-feira, 31 de dezembro de 2014
Esperança
Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
– Ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança…
E em torno dela indagará o povo:
– Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
– O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA…
Mário Quintana
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
– Ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança…
E em torno dela indagará o povo:
– Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
– O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA…
Mário Quintana
Discurso velho num governo velho
Não propriamente pronunciamentos, que devem ser densos e profundos, mas pelo menos dois discursos protocolares a presidente Dilma deverá pronunciar na quinta-feira, início de seu segundo mandato. Um no Congresso, quando jurar pela segunda vez cumprir a Constituição. Outro no parlatório, se não estiver chovendo, ou no salão de recepções do palácio do Planalto.
Houve tempo em que os pronunciamentos dos presidentes da República despertavam as atenções gerais, quando de suas posses. Novos sistemas ou pelo menos novos personagens empolgavam ou desanimavam o país. Agora, será o mais do mesmo. Dilma não terá nada a anunciar em termos de mudanças capazes de sensibilizar a população. Sem o carisma de alguns antecessores, cumprirá apenas a rotina. Por certo terá palavras de otimismo quanto ao futuro, mesmo fazendo referências à necessidade de sacrifícios. É provável que fale da reforma política, ainda que sem muitos detalhes. Assim como da importância de a economia ser agilizada.
Ninguém deve esperar que prometa acabar com o latifúndio, muito pelo contrário. Ou que acabará com a farra da remessa de lucros para o estrangeiro. Muito menos que ampliará os direitos trabalhistas, restabelecendo a estabilidade no emprego. Sequer a participação dos empregados no lucro das empresas. Transportes públicos gratuitos para quem ganha pouco, nem pensar. Nem extinção dos recursos jurídicos fajutos que tiram os criminosos da cadeia, em especial se dispõem de recursos para movimentar os tribunais.
Em suma, nenhuma proposta daquelas em condições de caracterizar mudanças institucionais, sociais e econômicas. A composição de seu novo ministério, aliás, lamentável, dá bem a medida da pasmaceira que assola o governo e o PT. Ficará no plano das intenções evitar a corrupção, porque nenhuma iniciativa de vulto está prevista para punir com rigor corruptos e corruptores. Falta ao segundo governo Dilma a eloquência das convicções.
No auge dos excessos que marcaram a Revolução dos Cravos, em Portugal, o todo-poderoso do dia, brigadeiro Otelo Saraiva de Carvalho, visitou Olof Palme, primeiro-ministro do governo socialista da Suécia. Em dado momento, o governante português anunciou que seu propósito era de acabar com os ricos, em seu país. O sueco, malicioso, retrucou que seu governo tinha objetivo diametralmente oposto: acabar com os pobres…
Carlos Chagas
Houve tempo em que os pronunciamentos dos presidentes da República despertavam as atenções gerais, quando de suas posses. Novos sistemas ou pelo menos novos personagens empolgavam ou desanimavam o país. Agora, será o mais do mesmo. Dilma não terá nada a anunciar em termos de mudanças capazes de sensibilizar a população. Sem o carisma de alguns antecessores, cumprirá apenas a rotina. Por certo terá palavras de otimismo quanto ao futuro, mesmo fazendo referências à necessidade de sacrifícios. É provável que fale da reforma política, ainda que sem muitos detalhes. Assim como da importância de a economia ser agilizada.
Ninguém deve esperar que prometa acabar com o latifúndio, muito pelo contrário. Ou que acabará com a farra da remessa de lucros para o estrangeiro. Muito menos que ampliará os direitos trabalhistas, restabelecendo a estabilidade no emprego. Sequer a participação dos empregados no lucro das empresas. Transportes públicos gratuitos para quem ganha pouco, nem pensar. Nem extinção dos recursos jurídicos fajutos que tiram os criminosos da cadeia, em especial se dispõem de recursos para movimentar os tribunais.
Em suma, nenhuma proposta daquelas em condições de caracterizar mudanças institucionais, sociais e econômicas. A composição de seu novo ministério, aliás, lamentável, dá bem a medida da pasmaceira que assola o governo e o PT. Ficará no plano das intenções evitar a corrupção, porque nenhuma iniciativa de vulto está prevista para punir com rigor corruptos e corruptores. Falta ao segundo governo Dilma a eloquência das convicções.
No auge dos excessos que marcaram a Revolução dos Cravos, em Portugal, o todo-poderoso do dia, brigadeiro Otelo Saraiva de Carvalho, visitou Olof Palme, primeiro-ministro do governo socialista da Suécia. Em dado momento, o governante português anunciou que seu propósito era de acabar com os ricos, em seu país. O sueco, malicioso, retrucou que seu governo tinha objetivo diametralmente oposto: acabar com os pobres…
Carlos Chagas
'A inteligência política do goverrno Dilma é precária'
Não vejo a possibilidade de um autoritarismo de forma clássica, como uma volta dos militares ao poder. Percebo que a disfunção democrática agravará o autoritarismo que hoje já existe na relação entre o Estado e a sociedade. O autoritarismo se manifestará com o caráter subalterno do cidadão perante o Estado, com a prevalência dos interesses das corporações sobre o bem comum, com a apropriação do interesse público em detrimento do interesse da sociedade, com o sequestro da política pelos políticos. Essas soluções autoritárias representam os maiores desafios para o Brasil. Se não melhorarmos o sistema político, a disfunção se agravará
A CPI de Deus
Presidente da CPI: O senhor jura por Deus que vai dizer toda a verdade?
Deus: Ora, francamente. Direto às perguntas, por gentileza.
Presidente da CPI: Na criação do mundo, com o Senhor no papel de Todo-Poderoso, houve algum tipo de favorecimento a grupos ou empreiteiras?
Deus: Em absoluto. No princípio, não houve nenhum problema dessa ordem. Só bem mais tarde, quando deleguei o controle das verbas aos descendentes de Adão foi que aconteceram excessos.
Relator: Seja mais específico, por favor. Houve desvio de verbas?
Deus: Só naquele continente, a Atlântida. Mas Eu o afundei.
Presidente da CPI: E no episódio da arca? Dizem que Noé colocou animais protegidos dele no barco em detrimento de outros.
Deus: Noé era um bêbado. Mas não me envolvi na questão do dilúvio e da plantação da vinha, apesar de estar por dentro de tudo. Preferi mais uma vez descentralizar minha administração para não ser demonizado pelo Capeta.
Deputado: E o seu filho? Não seria uma forma de nepotismo Ele continuar suas obras?
Deus: Meu filho é um santo. Por que vocês não perdem essa mania de querer crucificá-lo?
Relator: Procede a informação de que o Senhor estaria por trás de tudo e de todos – o tempo todo?
Deus: Claro que procede.
(Um grande ohhhhhhh!! nas galerias)
Relator: Explique-se melhor, Senhor Deus.
Deus: Eu sei de tudo, sobre todo mundo. Mas mantenho o sigilo, evidentemente.
Deputado: O Senhor afirma que conhece tudo! E não vai abrir numa CPI? Lembre-se que está sob juramento. Não é porque se diz uma divindade que vai avacalhar as investigações!
Deus: Ok, ok. Eu abro então. Vossa Excelência, por exemplo, é freguês de uma cafetina aqui em Brasília. Foi lá nos dias 27, 28 e 29 de setembro. No primeiro dia ficou com a Suélen, nos outros com a Rúbia Regina. Fizeram hidromassagem e tal. Ah! E o relator ali trafica cocaína. Já o…
(Alvoroço nas galerias)
Presidente da CPI: Silêncio! Silêncio nas galerias! Guardas, prendam o deputado e o relator!
Deputado: Isso é uma calúnia, senhor presidente. Essa Pessoa vem aqui, se apresenta como deus, e me calunia assim?
Relator: Isso mesmo! Quem é esse Senhor pra vir dizer que eu cometi um crime?
Presidente da CPI: Infelizmente é a palavra de Deus contra a de vossas excelências. Algemas, algemas…
Carlos Castelo
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