segunda-feira, 20 de outubro de 2014
Pegando fogo - literalmente
Flechas incendiárias são desferidas pelos candidatos sem qualquer escrúpulo e respeito à verdade. Campanha fica mais ‘venenosa’ com empate na reta final
Arde o circo eleitoral montado pelos televisores, flechas
incendiárias são desferidas pelos candidatos sem qualquer escrúpulo e respeito
à verdade, a civilidade foi para o brejo e o brejo secou.
A pior estiagem de todos os tempos provoca perigosas
queimadas na Mata Atlântica (teoricamente húmida), no cerrado, nos canaviais
recém-colhidos e pastagens ressecadas por um inverno rigoroso.
São Paulo, a maior metrópole da América Latina, está
calcinada, acalorada, suada, reservatórios no limite, indignação, idem, o calor
prestes a completar um ano e a lata d’agua na cabeça convertida em ícone do
retrocesso.
Desidratados, sufocados pela poluição, abatidos pelas
previsões meteorológicas e conjunturais, olhamos súplices para Brasília e
Brasília está “fora de área”, encoberta pela poeira e cinzas. Tuitamos para a
presidência da República, ninguém atende, estão todos na rua batalhando por
votos. Nem o vice candidato a vice - sempre pronto para participar de eventos
chatos - está disponível.
Algumas regiões estão em estado de calamidade, mas não há
ninguém para garantir que as providências estão sendo tomadas, mesmo que se
contentem em colocar São Pedro no banco dos réus. O governo parece prestes a
desmaiar, aparentemente solidário com a crise hipoglicêmica que acometeu a
presidente da República ao fim do debate no SBT. Pior: todos aqueles capazes de
dar murros na mesa em defesa da população foram convocados para esmurrar a
oposição.
Esta é a grande calamidade para a qual candidatos, seus
parceiros e mentores não estão dedicando a necessária atenção: uma democracia
prestes a completar trinta anos – idade que Balzac considerava ideal para a
mulher – mostra-se incapaz de manter um mínimo de estabilidade e
governabilidade enquanto se envolve com gosto e prazer numa campanha belicosa,
vitriólica, em níveis jamais vistos.
Leia mais o artigo de Alberto Dines
Máximo da cretinice
“E o que a gente está vendo? É o mesmo comportamento. A imprensa brasileira, possivelmente na mão da elite, não admite nenhum governante que olhe para os mais pobres”
Uma tremenda molecagem
Uma das chaves do sucesso de Lula é a coragem de dizer o que
lhe apetece – às favas a verdade.
Qual Lula é o verdadeiro?
O bem educado que aparece no programa de propaganda
eleitoral de Dilma na televisão, defende os 12 anos de governos do PT e, ao
cabo, sorridente, pede votos para reeleger sua sucessora?
Ou o moleque de rua que pontifica em comícios país a fora,
sugerindo, sem ter coragem de afirmar diretamente, que Aécio é capaz, sim, de
dirigir embriagado, agredir mulheres e se drogar?
O segundo é o mais próximo do verdadeiro Lula. Digo por que
o conheço desde quando era líder sindical. Lula é uma metamorfose ambulante.
Não foi ninguém quem o disse, foi ele quem se rotulou assim.
A esquerda tudo perdoaria a Lula desde que chegasse ao
poder. Chegou, cavalgando-o. Uma vez lá, se corrompeu. Quanto a ele... Não
sabia de nada. Nunca soube.
Justiça seja feita a Lula: por desconhecimento de causa e
preguiça, ele jamais compartilhou as ideias da esquerda. Assim como ela se
aproveitou dele, Lula se aproveitou dela. Um casamento não por amor, mas por
interesse.
Na primeira reunião ministerial do seu governo em 2003, Lula
se irritou com um ministro e desabafou: “Toda vez que me guiei pela esquerda me
dei mal”.
Retifico: ele não disse que se deu mal. Usou um palavrão.
Nada demais para o sujeito desbocado que nunca pesou o que diz. Grossura nada
tem a ver com infância pobre.
Lula é um sucesso do jeito que é. Mudar, por quê? Todos
admiram sua astúcia. Muitos se curvam à sua sabedoria. E outros tantos temem
ser apontados como desafetos do retirante nordestino que se deu bem.
Leia mais artigo de Ricardo Noblat
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