Flechas incendiárias são desferidas pelos candidatos sem qualquer escrúpulo e respeito à verdade. Campanha fica mais ‘venenosa’ com empate na reta final
Arde o circo eleitoral montado pelos televisores, flechas
incendiárias são desferidas pelos candidatos sem qualquer escrúpulo e respeito
à verdade, a civilidade foi para o brejo e o brejo secou.
A pior estiagem de todos os tempos provoca perigosas
queimadas na Mata Atlântica (teoricamente húmida), no cerrado, nos canaviais
recém-colhidos e pastagens ressecadas por um inverno rigoroso.
São Paulo, a maior metrópole da América Latina, está
calcinada, acalorada, suada, reservatórios no limite, indignação, idem, o calor
prestes a completar um ano e a lata d’agua na cabeça convertida em ícone do
retrocesso.
Desidratados, sufocados pela poluição, abatidos pelas
previsões meteorológicas e conjunturais, olhamos súplices para Brasília e
Brasília está “fora de área”, encoberta pela poeira e cinzas. Tuitamos para a
presidência da República, ninguém atende, estão todos na rua batalhando por
votos. Nem o vice candidato a vice - sempre pronto para participar de eventos
chatos - está disponível.
Algumas regiões estão em estado de calamidade, mas não há
ninguém para garantir que as providências estão sendo tomadas, mesmo que se
contentem em colocar São Pedro no banco dos réus. O governo parece prestes a
desmaiar, aparentemente solidário com a crise hipoglicêmica que acometeu a
presidente da República ao fim do debate no SBT. Pior: todos aqueles capazes de
dar murros na mesa em defesa da população foram convocados para esmurrar a
oposição.
Esta é a grande calamidade para a qual candidatos, seus
parceiros e mentores não estão dedicando a necessária atenção: uma democracia
prestes a completar trinta anos – idade que Balzac considerava ideal para a
mulher – mostra-se incapaz de manter um mínimo de estabilidade e
governabilidade enquanto se envolve com gosto e prazer numa campanha belicosa,
vitriólica, em níveis jamais vistos.
Leia mais o artigo de Alberto Dines
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