segunda-feira, 25 de julho de 2016

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Esperando.Sempre

Esperando um milagre...:
Faz tempo que todos os dias a gente espera. Como personagens do teatro do absurdo. Mas nada parece acontecer. Ninguém chega. Ninguém parte. Nada se resolve. Vivemos a mesma agonia todos os dias. Esperando a solução que promete, mas não vem.

A gente não sabe mais qual a solução. Ou quantas são. Quando chegarão. Se existem. Se de fato aparecerão. Os dias vão se passando. Viram meses. Até anos. E as noticias, embora novas, são sempre as mesmas. Convidam o tédio.

O tédio, contrariamente as soluções, atende rápido. É mortal. Transforma dias vazios e ideias repetitivas em desesperança. Destrói a vontade e polui a vida. Precisa ser ludibriado. E assim fazemos.

Discutimos o inútil a exaustão. Mesmo que nada de novo exista para ser dito. Palavras, esquecemos sempre, não substituem a ação. Ficção não vira realidade. É impossível viver de mentiras. Mas enxergar a realidade é doloroso. Esperando permanecemos. Por anos, assim.

E esperando ficamos. Parados, iludidos, por vezes atônitos. Sempre assistindo a cenário grotesco de degradação ética, institucional e legal. Acompanhando fatos repetitivos cometidos pelos mesmos personagens, sem muitas novidades.

Enquanto isso falamos. Conversa monótona, repetitiva. Ouvimos explicações que pretendem parecer diálogo mas que na verdade são simples monólogos, na melhor das hipóteses, cômico, e em todas as hipóteses, farsesco.

Conformados, parecemos ter aceitado a suspensão da vida enquanto nada se resolve. E, no interim, inventamos distrações. Promovemos eventos e damos a eles importância que não tem, a um custo que não deveriam ter. A gente se diverte como pode. Talvez.

De vez em quando, aparece algum mensageiro. Diz que a solução não chega hoje. Certamente amanha, promete. Mas ninguém mais acredita. Não haveria porque acreditar. Resta a indignação, a revolta. Alguém poderia gritar: “Vamos embora”. Certamente todos concordariam. Entusiasticamente.

Mas ninguém se mexe. Todos ficam imóveis. Esperando. Como ditam as regras deste teatro de absurdos.

E cai o pano.

O jogo de aprender

Nesta semana, li um artigo da colunista Sally Jenkins, do “Washington Post”, afirmando que o Rio não está pronto para os Jogos Olímpicos e a culpa é do Comitê Olímpico Internacional, o COI. Ela cita os mesmos problemas de violência, poluição, crise econômica e acrescenta um que não estava tanto no meu radar: a superbactéria encontrada nas praias de Copacabana. Conhecida na intimidade científica como KPC, a superbactéria foi encontrada em cinco praias da Zona Sul. Os pesquisadores da UFRJ, no entanto, após a descoberta, afirmaram que não havia razões para alarme.


Todos os problemas apontados por ela me levaram a uma conclusão diferente: a culpa é dos líderes brasileiros que optaram pela Olimpíada no Rio. Mas a colunista do “Washington Post” tem razão ao afirmar que o COI vacilou e é responsável pela aventura de milhares de turistas que virão ao Rio ver os Jogos. Por baixo de tudo, afirma ela, estão milhões de dólares que o negócio produz. Como um simples atleta amador, os Jogos já estão mudando minha vida cotidiana. O trânsito está bastante lento. Na Lagoa Rodrigo de Freitas um longo trecho foi interditado aos ciclistas e corredores.

No Flamengo vai ser inaugurada uma nova piscina. Os norte-americanos vão treinar aqui. A primeira consequência da medida é a retirada dos gatos. Eles sempre viveram nas proximidades da piscina. Houve um momento em que a arquibancada era frequentada por um gambá, que fotografei algumas vezes e era um belo animal. Não sei se os americanos não querem os gatos ou se a própria direção do Flamengo aproveitou o pretexto para expulsá-los. Mas não são os pequenos dissabores cotidianos que me preocupam como atleta amador. É todo o enfoque da política brasileira voltada para os grandes eventos e provas de alta performance.

No mês em que a Olimpíada começa foi fechada a Vila Olímpica do Complexo do Alemão, chamada Carlos Castilho em homenagem ao fantástico goleiro do FLU. Existe sempre uma tensão na política de esportes entre as tendências de fazer muitos espectadores ou muitos praticantes do esporte. Não são, necessariamente, contraditórias. Mas a ênfase no momento está no atletismo de grande performance, no espetáculo. Na Zona Norte do Rio quase não há piscinas em que a garotada possa aprender a nadar. Numa cidade como o Rio, os esportes aquáticos como natação, water polo, surfe têm um enorme potencial de crescimento.

A ênfase num espetáculo grandioso como a Olimpíada, num país de cobertor curto como o nosso, significa, de certa maneira, sacrificar o investimento no esporte amador, em sintonia com as escolas. A Olimpíada custa e, conforme se propaga, deixará legados. Mas o que significa um velódromo para os moradores da Zona Oeste que, diariamente, são obrigados a desbravar uma ciclovia cheia de buracos, postes e lixo? Os custos dos Jogos não se limitam aos investimentos feitos pelo governo. Eles se estendem também a uma extensa rede de isenções de impostos, a mesma tática que o governo PT-PMDB usou para a indústria automobilística. Recentemente, a cidade inaugurou um campo de golfe na Barra da Tijuca. Havia outros no Rio, mas não estavam dentro dos padrões do COI. O próprio Ministério Público já denunciou a obra como ambientalmente incorreta. Logo depois disso, vi uma entrevista de Eduardo Paes, lamentando que os grandes jogadores de golfe não queiram participar da Olimpíada do Rio. O campo foi construído para eles e terá um papel secundário nos jogos.

Nada contra o golfe. Na verdade, quem tem algo contra o golfe são os próprios políticos brasileiros que lutaram pela Olimpíada no Rio. Lembro-me do diálogo de um garoto que morava na comunidade Nelson Mandela com Lula e Cabral. Foi gravado e difundido na internet. Num momento do diálogo, o garoto fala em seu desejo de aprender tênis. Lula responde agressivamente: mas tênis é esporte burguês. Aproveitei a oportunidade, na época, para mostrar o campo de golfe de Japeri, na Baixada Fluminense. Ali há um programa de ensino para garotos da região. Um deles tornou-se campeão nacional. Isso não é o mais importante. O fato é que todos os outros podem treinar, diariamente, e travar contato com um esporte que desenvolve seu potencial humano como qualquer outra modalidade. Concordo com a colunista do “Post” quando afirma que o COI se move com a perspectiva do lucro. Mas e os políticos, se movem com que perspectiva?

Uma delas sem dúvida é a aspiração de glória e poder. Naquele rápido e espontâneo diálogo com o garoto da Mandela, Lula e Cabral revelaram não apenas preconceitos, mas também como são débeis seus vínculos com uma política de democratização da prática esportiva. Continuo desejando que a Olimpíada seja um êxito, embora a simples normalidade já baste. A esperança é de que os políticos que vão surgir, disputando a modalidade voto direto, reflitam melhor entre produzir espectadores ou produzir atores no cenário esportivo.

O golpe dos patetas

Está inaugurado o festival de bobagens. Abrindo as comemorações vem o governo Michel Temer, no qual se incluem deputados e senadores em maioria, ministros, assessores, dirigentes dos partidos da base oficial e quem mais se queira incluir no mundo oficial. Não se relacione, porém, nesse bando de patetas, um único eleitor dos que vão se definir em outubro.


Traduzindo: não há como acreditar que para sair vitorioso das eleições municipais, os detentores do poder deverão adiar para depois da votação a tentativa de o Congresso aprovar o pacote de maldades engendrado nos porões do palácio do Planalto. Sustentam que devem ficar para mais tarde as reformas da Previdência Social, trabalhistas, PEC do teto, renegociação da dívida dos estados, mudança nas regras do pré-sal, limitação da indicação de diretores de estatais e de fundos de pensão, privatizações em massa, redução do número de partidos e sucedâneos – essas e outras capazes de despertar indignação na opinião pública.

Não que imaginem abrir mão dessas maldades, mas, simplesmente, querem protelá-las para que o eleitorado não se vingue votando em seus adversários. Depois da eleição, entendem, tudo será permitido em termos de impopularidade.
Serão tão bobos para imaginar que o cidadão comum deixe de perceber a manobra? Estaria a sociedade iludida a ponto de imaginar-se cega, surda e muda?

Que o governo prepara violências, está à vista de todos. Ainda por cima, tentam enganar-nos ocultando suas verdadeiras intenções.

Podem preparar-se para o maior dos sustos com o resultado das urnas. Ficará claro que o povo não é bobo. Até porque espalham a receita do que pretendem: enviar a conta da suposta recuperação econômica para os mesmos de sempre, a população menos favorecida e mais sacrificada. Não perdem por esperar, venha o eleitorado a votar nos seus contrários ou, melhor solução ainda, a não votar…

Uma eleição com novas regras

Inicia-se em 16 de agosto uma campanha eleitoral totalmente diferente das anteriores. Espremida em 45 dias de calendário e apenas 35 dias de divulgação em TV e rádio, sem outdoor, superplacas ou recursos mirabolantes, sem show de cantores e atores, terão os candidatos um enorme trabalho para arrancar votos dos eleitores usando de sua cara e capacidade pessoal.

A lei que regulamenta o pleito deste ano retirou do quadro o espetacularismo, os efeitos especiais, as cenas apoteóticas. O candidato aparecerá quase nu e cru explicando para o que veio e o que representa um voto nele, e não em outro.

Podemos imaginar um eleitor que, com toda a razão, imagina a política brasileira um exercício contumaz do crime, com suas perversas expressões, estará a escutar de má vontade os candidatos, aderindo em larga escala ao voto em branco, que serve apenas para fortalecer quem explora o meio. Mas grande parte deverá prestar atenção mais nas propostas do que nas críticas, nos acenos de saída de um beco político que levou para a crise, o desemprego e a incerteza.

Não às promessas surradas de lotes na lua, de metrô na porta de casa, mas de coisas mais simples, como a honestidade, a competência, a capacidade de realizar melhorias num ambiente decente.

A onda que passa pela Europa, varrendo métodos que pareciam eternos e cinzentos, poderá varrer personalidades estigmatizadas pelo velho estilo. O eleitor esclarecido está interessado na novidade em primeiro lugar, naquele que, bem ou mal, apresente um aceno de saída da dicotomia direita versus esquerda que se comungam em métodos errados.

O novo perfil almejado é o de quem dará um basta ao fisiologismo, à partilha do poder e à exploração da coisa pública, àquele que antes de tudo se cerca de cúmplices, e não de colaboradores competentes. Àquele que tem um projeto de poder acima de um projeto de desenvolvimento e bem-estar. Terá dificuldades aquele que acenar a partilha do poder entre aliados e associados, sem colocar seu cargo à disposição do verdadeiro destinatário: o cidadão.

Valerão as mazelas de sempre? Apenas em parte. Ainda o eleitorado está longe de ser livre das contas fisiológicas rasteiras, a ignorância também sobreviverá por gerações e continuará a desfigurar o bom e não se aperceber do mal.

As redes sociais, contudo, excluindo-se os canalhas que nela atuam anonimamente como vândalos, já atuam como meio democrático e valioso à população, são a grande novidade, abrindo um debate permanente de ideias e opiniões durante ininterruptas 24 horas por dia. Provavelmente serão as redes a “pior” novidade para quem pratica a enganação, poderão arejar o ambiente fechado aos poucos “tradicionais” e dar possibilidade de disputar o voto a quem tem boas ideias e conteúdo.

As sondagens entre eleitores, nas faixas de maior esclarecimento, mostram a sede de bons administradores, experientes, realizados em suas profissões, que saibam realizar mais que obras cíveis, obras sociais e humanitárias, diminuir a burocracia e a tributação, dar eficiências e valor aos entes públicos.

Estas eleições municipais são um prelúdio daquilo que acontecerá em maior escala em 2018. Um aquecimento de um jogo com novas regras, mais que para firmar posição partidária, servirá para indicar as tendências que prevalecerão para o futuro. Prometem a superação de um sistema esgotado.

Um alívio para a crise ética num poço que não pode mais se aprofundar. Clama-se por novas e mais eficientes formas, aproveitando as tecnologias para construir uma sociedade mais avançada e protegida dos infortúnios dos patrimonialismos e da corrupção.

Os sonhos se perderam para nossa juventude, deixando lugar aos pesadelos do primeiro emprego, do tempo que escapa sem perspectiva de uma vida confortada. Os valores singelos da democracia batem forte no peito da nova geração, e serão esses que determinarão surpresas e avanços.

Com Paes à frente da Olimpíada, dá até vergonha de ser brasileiro

A vergonha é enorme. Primeiro foi Copa do Mundo, com o Brasil imitando a África do Sul ao espalhar elefantes brancos pelo país, apelidados de “arenas” e que hoje não servem para nada. A maioria dos gigantescos estádios não tem mais serventia, está ao abandono, como acontece com o histórico Maracanã, que não realiza mais partidas de futebol, embora continue a ser procurado por turistas do mundo inteiro, que insistem em considerar o Rio de Janeiro uma cidade maravilhosa.

Organizada pelo trio Lula da Silva, Sérgio Cabral e Eduardo Paes (verdadeira formação de quadrilha), a Copa do Mundo foi apenas uma maneira de facilitar o enriquecimento ilícito desse tipo de político, com superfaturamento de obras suntuosas e inúteis, que jamais poderiam ter sido consideradas prioritárias num país ainda subdesenvolvido como o Brasil.

Mas apenas a Copa não era o bastante para satisfazer esses políticos roedores, eles tinham também de dar um jeito de realizar uma Olimpíada, mesmo depois do fracasso financeiro de Atlanta, nos Estados Unidos, de Barcelona, na Espanha, de Atenas, na Grécia, de Pequim, na China, de Sidney, na Austrália, e de Londres, na Inglaterra, segundo uma análise implacável feita pela Associação Internacional de Economistas e Esportes (IASE).

Olimpíada pode dar prestígio e até atrair turistas futuros, mas não registra lucro. O resultado é sempre o mesmo: dívidas, estádios e parques vazios, desilusão. Um estudo feito pela Monash University da Austrália descobriu que não houve nenhum benefício tangível ou “impulso econômico” a partir dos Jogos Olímpicos de Sidney.

Em todos os países, as autoridades se vangloriam dos lucros e dos legados. Os ingleses gastaram 9 bilhões de libras, uns R$ 30 bilhões. David Cameron, primeiro- ministro, anunciou um lucro final de “13 bilhões” de libras, algo como R$ 42 bilhões. Houve gargalhadas e deboche na mídia. O respeitado The Guardian, mais importante jornal inglês, ridicularizou as declarações sobre o falso lucro: “Isso é lixo”.

Nem mesmo Barcelona serve de exemplo de suposto sucesso. Um ano depois da Olimpíada, os hotéis tinham uma queda entre 50% e 80%. A prosperidade da cidade, que veio depois, é atribuída aos vôos baratos e ao posterior boom espanhol.

Por fim, o relatório da IASE sobre a Olimpíada de Atlanta (EUA) poderia se aplicado ao Brasil: “Desvios de recursos escassos que poderiam ter uso mais apropriado e produtivo no combate às lentas taxas de crescimento econômico”.

Agora, vem aí a Olimpíada da Irresponsabilidade, a ser vencida pelos políticos brasileiros, com Lula, Cabral e Paes subindo juntos ao pódio. Antes mesmo da abertura, a vergonha já é imensa. Muitos atletas estrangeiros se recusaram a vir, por causa das doenças transmissíveis. Além disso, obras sendo acabadas às pressas, um governador incompetente que decreta “calamidade pública” na cidade e provoca devolução de 50 mil ingressos, um prefeito idiota que dá seguidas entrevistas à imprensa estrangeira falando mal da cidade e dizendo que a Olimpíada foi uma “oportunidade perdida”. É constrangedor.

Agora, as delegações estrangeiras estão chegando à Vila Olímpica, que o eterno cartola Carlos Arthur Nuzman, enriquecido ilicitamente por conta do esporte, classificou como “as melhores instalações da História das Olimpíadas”. Mas não é verdade, era tudo conversa fiada, há problemas nas instalações de gás, elétricas e hidráulicas, sem falar na sujeira ambiente, que surpreendeu a delegação australiana, enquanto a Folha informava que delegações de outros países tiveram a cautela de contratar operários para dar acabamento às obras de suas instalações.

E o prefeito Eduardo Paes ainda tem coragem de abrir a boca para fazer piadas e dizer que vai botar cangurus na Vila Olímpica para agradar a delegação visitante…

É nessas horas que a gente até sente vergonha de ser brasileiro. Se fosse no Japão, o prefeito se curvaria diante dos estrangeiros e pediria desculpas por seus erros, antes de sair para praticar um ligeiro haraquiri.

Nunca foi tão fácil detectar os cleptocandidatos

Vai começar em 16 de agosto um espetáculo político diferente: uma eleição municipal em que as contribuições de empresas privadas estão proibidas. Considerando-se a estatística repassada por João Santana a Sérgio Moro —“98% das campanhas no Brasil utilizam caixa dois”—, pode-se intuir que a verba que circula por baixo da mesa vai aumentar. Se esse dinheiro saísse do bolso dos candidatos ou das caixas registradoras que os apoiam, tudo bem. O diabo é que cada centavo tem uma única origem: os impostos que o eleitor entrega ao fisco.

Antônio Ermírio de Moraes costumava definir a política como “a arte de pedir recursos aos ricos, pedir votos aos pobres e mentir para ambos na sequência.” Nessa formulação, somente o político é vilão. O oligarca faz companhia ao desafortunado no papel de vítima dos políticos venais. Traído pelo destino, Ermírio morreu em agosto de 2014, cinco meses após a explosão da Lava Jato. Uma pena. Vivo, o mandachuva da Votorantim seria compelido a reformular sua tese.

Se o petrolão demonstrou alguma coisa é que a política no Brasil não passa de um conluio entre as oligarquias política e empresarial, para assaltar o eleitorado em dia com o fisco e usar parte do produto do roubo no financiamento da propaganda eleitoral que o fará de idiota. Quem não quiser passar por imbecil, deve tomar suas precauções. A primeira delas é fugir de candidatos marquetados. Sob pena de eleger a melhor encenação, não o melhor prefeito.

Nunca foi tão fácil detectar os cleptocandidatos. Além de proibir a verba empresarial, as regras eleitorais fixam um teto para a tesouraria dos comitês. O pé-direito do caixa varia de R$ 108 mil, valor máximo de uma campanha à prefeitura dos municípios com menos de 10 mil eleitores, até R$ 45,4 milhões, limite estabelecido para a cidade de São Paulo. Num cenário ideal, os próprios adversários cuidarão de denunciar os excessos. Com sorte, alguns atores enxergarão o novo momento do país.

Estão na cadeia empresários poderosos como Marcelo Odebrecht, políticos influentes como José Dirceu, gerentes de arcas partidárias como João Vaccari Neto, ex-diretores da Petrobras como Renato Duque e até um marqueteiro do porte de João Santana. A corrupção agora dá cadeia, eis a novidade. Se os empresários tivessem amor às suas logomarcas, fechariam o caixa dois. Se os políticos tivessem vergonha na cara, fariam da tesouraria limpa um mote de campanha. Se o eleitor tivesse juízo, fugiria de candidatos marquetados.

Quanto mais rica a campanha, maior a mistificação. Quanto mais tempo de propaganda no rádio e na tevê, mais inconfessáveis os acordos que aumentaram a coligação partidária. Se quisessem ser levados a sério, os partidos deveriam começar o debate sobre uma reforma eleitoral por duas providências simples.

Numa, a propaganda cinematográfica seria substituída por debates ao vivo entre os candidatos, transmitidos por um pool de emissoras e pela internet. Noutra, partidos que deixassem de apresentar candidatos no primeiro turno para vender seu tempo de tevê perderiam automaticamente a vitrine eletrônica e a verba do Fundo Partidário.

Os Terroristas Estão Chegando! Estão Chegando Os Terroristas!

Não tem a menor possibilidade de o terrorismo internacional se dar bem no Brasil. É sem chance. Zero. Já está tudo explodido e detonado. Pode juntar o ISIS, o Hamas, o Hezbollah e o Al Qaeda -- tudo não chega nem perto da capacidade de destruição dos políticos brasileiros. Na verdade, na modalidade olímpica de terrorismo muçulmano explosivo, a equipe brasileira não tem nenhuma possibilidade de medalha. O Brasil é o único lugar do mundo em que os Mártires de Alá combinam atentados usando WhatsApp e Facebook. Terrorista brasileiro é tão burro que tira selfie para colocar no Instagram. Parece até a Dilma, que, aliás, também foi presidenta-bomba.

Caso o terrorismo internacional resolva se instalar de vez no Brasil, também não vai dar certo. Os guerrilheiros vão ser obrigados a tirar CPF, o governo vai aumentar o imposto sobre o explosivo e ainda cobrar um IPVA extorsivo dos carros-bomba. Os homens-bomba, antes de explodir, teriam que tirar um alvará, além de cadastrar-se na Anvisa e no Detran. Os terroristas mais famosos seriam convidados a passar o fim de semana se autoexplodindo no Castelo de Caras para sair da depressão. Também seriam contratados para fazer anúncio de presunto da Seara, apesar de o islamismo proibir o consumo de carne de porco. Terroristas ligados às “comunidades” seriam convidados do “Esquenta” da Regina Casé e dariam receita de bomba caseira no programa da Ana Maria Braga.

E tem mais: os terroristas concursados do estado, com direito à estabilidade, quinquênio, biênio e licença-prêmio poderiam se aposentar aos 35 anos de idade, “devido de que” a periculosidade da profissão. Os terroristas estaduais do Rio de Janeiro entrariam em greve, pois não iriam receber as 400 virgens a que têm direito por acordo do Sindicato dos Terroristas, filiado à CUT. Para protestar, vão ficar na porta do prédio do governador tampão e tampinha, Chico Dornelles, ameaçando não se explodir durante os Jogos Olímpicos. 

Tempo de idiotas

TV é coisa do capetaOutrora, os melhores pensavam pelos idiotas; hoje, os idiotas pensam pelos melhores. Criou-se uma situação realmente trágica: — ou o sujeito se submete ao idiota ou o idiota o extermina
Nelson Rodrigues

Um golpe chegou

Os golpes não nascem nas cabeças maquiavélicas dos candidatos a ditadores, mas nas pernas trôpegas de governantes democratas que não cumprem os compromissos assumidos nas eleições. Quando a democracia não atende às aspirações da nação e do povo, seus governantes cansam, e os golpistas se apresentam como alternativa.

Há décadas a democracia brasileira caminha a passos trôpegos, deixando aberta a necessidade de diversos golpes: contra corrupção, irresponsabilidade fiscal, aparelhamento do Estado pelo partido no poder, concentração de renda, causas da violência urbana, ineficiência e baixa produtividade da economia, sobretudo contra a deseducação geral de nossa população.

Só não necessitamos de golpes políticos contra a ordem democrática. Se estes necessários golpes sociais continuarem ausentes da prática política, será uma questão de tempo para a realidade fazer o golpe político que não desejamos. Se isto acontecer, duas causas serão identificadas: a resistência a pensar e o dogmatismo de colocar siglas, interesses pessoais e preconceitos ideológicos à frente dos interesses do Brasil.

Domingo, 3 de julho, esperava um voo, em Porto Seguro (BA), para voltar a Brasília, quando uma senhora aproximou-se e perguntou: “O senhor é o senador Cristovam?”. Respondi que sim, estendendo-lhe a mão que ela recusou, dizendo “Não aperto a mão de golpista.”. Perguntei como ela sabia qual será o meu voto se, como um dos juízes do impeachment, só decidirei ao fim do processo, depois de analisar todos os argumentos favoráveis e contrários, buscando qual a decisão menos comprometedora para o futuro do Brasil: cassar outra vez o mandato de presidente por crime de responsabilidade ou manter um mandato sem credibilidade nem rumo.

Aquela senhora me respondeu com toda a convicção: “Dúvida é golpe. Se o senhor ainda não decidiu, é golpista”. Ou seja, refletir, pensar, julgar são atos golpistas. Por formas diferentes, esse comportamento vem sendo comum há anos na sectária política brasileira. Não há espaço para dúvida e reflexão; nem simpatia para ouvir ideias divergentes.


O golpe chegou derrubando o pensamento. O julgamento do impeachment ao longo do prazo previsto pela Constituição seria apenas pró-forma: a decisão já deve estar tomada. De um lado, conforme a simpatia pela presidente, sem considerar seu governo, nem os crimes que por ventura tenha cometido; de outro, pelos que não querem a presidente, o impeachment deve ser definido logo, independentemente de ela ter ou não co- metido crimes de responsabilidade.

A busca do melhor futuro para o Brasil está fora do “debate” entre as torcidas. Neste jogo, todos perdem a oportunidade de uma grande e coletiva reflexão sobre o que está acontecendo com o nosso país e o futuro que nos aguarda.

O processo de impeachment chegou golpeando o pensamento. Prova é que, ao ver o título deste artigo, a maioria provavelmente já tomou posição contra ou a favor, antes mesmo de ler o conteúdo. 

Berlim, 'cidade-esponja'' contra aquecimento global

Mais árvores e toldos nas calçadas para proporcionar sombra; telhados cobertos com musgo e grama; edifícios pintados com cores claras, que refletem mais calor do que absorvem; pavimentação de estradas especial, resistente ao calor, para prevenir o derretimento do asfalto em dias muito quentes; charcos urbanos e mais áreas permeáveis para absorver e armazenar a água das chuvas.

Essas são algumas das mais importantes, entre as dezenas de intervenções específicas para a adaptação climática, recomendadas por um consórcio de especialistas num novo relatório. As medidas têm como objetivo tornar a cidade de Berlim mais resistente e habitável diante das mudanças climáticas esperadas nos próximos anos e décadas.

Proprietários devem ser encorajados a reflorestar os pátios internos
Proprietários serão incentivados a criar áreas
 verdes em pátios internos de condomínio
As ideias de design urbano dos especialistas foram solicitadas pelo Senado de Berlim, o órgão legislador da cidade, e publicadas no fim de julho sob o título StEP Klima KONKRET. Desde 2007 a capital alemã tem gradualmente desenvolvido conhecimento substancial em estudos sobre como sua paisagem urbana será afetada pela mudança climática. Agora a municipalidade pressiona por mudanças tangíveis no sentido da adaptação de longo prazo.

As mudanças climáticas vão atingir outros países bem mais duramente do que a Alemanha, mas o norte da Europa não será poupado de grandes impactos. Em 2003 semanas de uma onda de calor extremo causaram numerosas mortes no país.

Nos anos seguintes, tempestades excepcionalmente fortes causaram inundações devastadoras em várias regiões. Tais eventos foram altamente incomuns durante o século 20, mas em meados do século 21, com a aceleração do aquecimento global, a expectativa é de que eles se tornarão comuns.

Heike Stock, funcionária municipal encarregada do programa, afirmou à DW que a gestão da água terá uma importância-chave para mitigar os efeitos das mudanças climáticas sobre o ambiente urbano.

"Temos usado o termo Schwammstadt ou 'cidade-esponja'. A chave está em evitar a impermeabilização demasiada da superfície do solo com concreto ou asfalto. Sempre que possível, queremos superfícies permeáveis à água. Por exemplo, áreas de estacionamento e faixas medianas podem ser repavimentadas para permitir a absorção de água pelo solo."

Telhados cobertos de musgo ou grama também podem absorver água e mais tarde liberá-la por meio da evaporação. O resultado é um efeito de resfriamento por evaporação, da mesma maneira que o suor refresca um atleta superaquecido ao evaporar na pele.

"Queremos ver mais elementos como lagos, fossos e áreas úmidas, bem como parques e espaços verdes, incluindo jardins nos pátios internos dos edifícios e cinturões verdes ao longo de estradas, capazes de absorver uma grande quantidade de água durante uma tempestade", explica Stock. O objetivo é reter a água da chuva na própria paisagem urbana, de modo que parte dela evapore e o resto seja escoado gradualmente, em vez de um escoamento brusco para os rios e lagos de Berlim.

Isso ajuda a evitar inundações do subsolo e dos sistemas de esgoto, e também protege a qualidade da água de muitos lagos e rios da capital. O escoamento rápido faz com que todo tipos de sujeira urbana seja arrastado pela água que corre na superfície. Até mesmo materiais naturais, como pólen e botões de flores que caem das árvores da cidade, quando escoados para os lagos, podem matar os peixes devido à sobrecarga de nutrientes e o esgotamento do oxigênio da água.