terça-feira, 7 de fevereiro de 2023
Ninguém merece ser pobre
Não dá realmente para acreditar que uma pessoa pobre tenha votado no Bolsonaro. Mas teve. Alguma distorção ideológica, muita fake News, algum preconceito e as igrejas neo pentecostais. Eu pergunto: O que o governo Bolsonaro fez pelos pobres? Absolutamente nada e isso só considerando os pobres nas regiões urbanas. Se ampliamos nossa pergunta aos indígenas, nordestinos, negros e outros grupos segregados ai a resposta é zero pra menos. Além de não ter feito nada criou condições para que o extermínio dos povos originários, por exemplo, avançasse. O que vemos hoje nas terras Yanomamis fez com que o presidente Lula e Sonia Guajajara fossem até lá para uma intervenção de emergência.
Estão morrendo de fome e de doença. Povos abandonados e envenenados pelo mercúrio liberado ao garimpo pelo governo criminoso que foi derrotado nas urnas.
A pobreza vem acompanhada da desassistência, do abandono e da morte. Como os indígenas, as populações de rua que aumentam a cada noite que passa também morrerão. Aliás essa era a ideia. Além de não interessar a mínima ao governo que passou a existência dessa gente, morrer era o plano. Alías Guedes pregava esa política ao culpar os pobres pelos problemas. Realmente para eles os pobres, indígenas, negros e desempregados são os responsáveis pelo fracasso da política econômica neoliberal. E sse gente não morre, deviam pensar entre uma taça de vinho e outra. Na realidade todos morrem. O que nos resta é o tempo de vida aqui na terra que deveria ser vivido de modo mais justo.
Acabar com a pobreza não é mole, mas é possível e já vivemos isso. Saímos do grupo de miseráveis quando Lula foi eleito a primeira vez e agora, na terceira vez ele não pode deixar isso de lado. Tratar das feridas deixadas nesse povo sofrido não vai dar tréguas ao governo Lula. E as pessoas vão ficar de marcação. Não dá para considerar as oscilações do Mercado de capoitais quando tem um povo inteiro morrendo de fome e doença. Lula tem que salvar o povo brasileiro que tem fome e não a Bolsa de valores. A bolsa faz parte de todo o sitema de economia do capitalismo mas não é determinante como queria Guedes e sua turma. É atarativo para o capital estrangeiro como também é um povo que come, mora dignamente, estuda e trabalha. Um mecado que não leva isso em consideração é um mercado distorcido, feito para enriquecer queles poucos que ainda têm dinheiro. Ter dinheiro hoje deveria mudar de definição. Não deveria ser acumular nos investimentos e nos imóveis. Deveria ser ter o bastante para ser feliz, poder comer dignamente, conhecer novos lugares enovas culturas. Sei que éuma utopia. Já ganhei muito mais do que ganho duramente hoje mas acho que sou mais feliz assim. Claro que mais tranquilidade ajuda na busca pela felicidade. Mas isso nós vamos conseguir e o caminho para se chegar lá já ajuda. A exploração é um crime e a pobreza uma punição que ninguém deveria sofrer. Viva os povos originários, os pobres e todos aqueles que lutam para sobreviver. Que a vida seja um prêmio.
Estão morrendo de fome e de doença. Povos abandonados e envenenados pelo mercúrio liberado ao garimpo pelo governo criminoso que foi derrotado nas urnas.
A pobreza vem acompanhada da desassistência, do abandono e da morte. Como os indígenas, as populações de rua que aumentam a cada noite que passa também morrerão. Aliás essa era a ideia. Além de não interessar a mínima ao governo que passou a existência dessa gente, morrer era o plano. Alías Guedes pregava esa política ao culpar os pobres pelos problemas. Realmente para eles os pobres, indígenas, negros e desempregados são os responsáveis pelo fracasso da política econômica neoliberal. E sse gente não morre, deviam pensar entre uma taça de vinho e outra. Na realidade todos morrem. O que nos resta é o tempo de vida aqui na terra que deveria ser vivido de modo mais justo.
Acabar com a pobreza não é mole, mas é possível e já vivemos isso. Saímos do grupo de miseráveis quando Lula foi eleito a primeira vez e agora, na terceira vez ele não pode deixar isso de lado. Tratar das feridas deixadas nesse povo sofrido não vai dar tréguas ao governo Lula. E as pessoas vão ficar de marcação. Não dá para considerar as oscilações do Mercado de capoitais quando tem um povo inteiro morrendo de fome e doença. Lula tem que salvar o povo brasileiro que tem fome e não a Bolsa de valores. A bolsa faz parte de todo o sitema de economia do capitalismo mas não é determinante como queria Guedes e sua turma. É atarativo para o capital estrangeiro como também é um povo que come, mora dignamente, estuda e trabalha. Um mecado que não leva isso em consideração é um mercado distorcido, feito para enriquecer queles poucos que ainda têm dinheiro. Ter dinheiro hoje deveria mudar de definição. Não deveria ser acumular nos investimentos e nos imóveis. Deveria ser ter o bastante para ser feliz, poder comer dignamente, conhecer novos lugares enovas culturas. Sei que éuma utopia. Já ganhei muito mais do que ganho duramente hoje mas acho que sou mais feliz assim. Claro que mais tranquilidade ajuda na busca pela felicidade. Mas isso nós vamos conseguir e o caminho para se chegar lá já ajuda. A exploração é um crime e a pobreza uma punição que ninguém deveria sofrer. Viva os povos originários, os pobres e todos aqueles que lutam para sobreviver. Que a vida seja um prêmio.
Os nomes do genocídio e dos genocidas
Apesar das fotos, depoimentos, comprovações e discursos, ainda há quem conteste o holocausto cometido pelos nazistas. Da mesma forma, ainda há quem recuse o uso da palavra genocida para definir o que foi feito contra o povo ianomâmi. Mas não há como negar os sinais de crime contra a humanidade: decisões políticas tomadas, justificações ideológicas e a banalidade do mal que acoberta o crime, graças ao comportamento social brasileiro.
Tanto quanto o antisemitismo usava o argumento de uma hipotética ameaça à soberania alemã por parte dos judeus, no Brasil alguns manifestam necessidade de eliminar o povo ianomâmi para evitar a ameaça de criação de uma nação independente. Esses discursos serviram de base para justificar envenenamento da água com mercúrio, negar vacina e expulsar ianomâmis das terras onde vivem integrados à natureza desde muito antes de o Brasil surgir. Por 523 anos, o Brasil praticou o genocídio com o nome de etnocídio.
Ao longo de 350 anos, trouxemos 5 milhões de africanos para servirem como escravos na economia exportadora e nos serviços à parcela branca e rica. Sob a banalidade do mal, com o nome de escravidão, aceitamos o genocídio secular, motivado por ganância econômica, racismo e arrogância europeia. Há 135 anos, para continuar a exploração em nome do progresso e do bem-estar de uma minoria privilegiada, proclamamos a Lei Áurea, mas mantivemos os descendentes sociais dos escravos sem escolas. Mudamos o nome de genocídio para analfabetismo. Soltamos, mas não libertamos, tiramos as algemas, mas não ensinamos a usar o mapa do caminho adiante. Em 1889, proclamamos a República, mas a "elite" manteve o genocídio da escravidão moderna, que não precisa trazer acorrentados desde a África, basta deixá-los nascer no Brasil e viverem sem educação.
Não se sabe o número de escravos nascidos no Brasil, nem daqueles que nasceram republicanos e morreram sem aprender a ler, vítimas do analfabetismo, o banalizado mal brasileiro. Não são assassinados em massa, mas não têm emprego, não têm renda, sobrevivem nos guetos da desigualdade social. No século 21, quando não se consegue negar escola à população urbanizada, mantém a última trincheira da escravidão: o genocídio sob o nome de desigualdade escolar. A banalização da maldade de um sistema com escola senzala para muitos e escola casa grande para poucos, mantendo o genocídio da apartação social.
Os alemães enriqueciam desapropriando os judeus mortos pelo gás Zyclon B, usado nos monstruosos crematórios de seus campos de concentração. A parcela rica do Brasil fica mais rica graças ao mercúrio usado contra os ianomâmis, e também ao crematório de cérebros de crianças pobres nas escolas senzala, concentrando os bons empregos e renda para os que têm acesso às escolas casa grande. A banalização do mal tolera a secular história dos genocídios brasileiros: etnocídio, escravismo, analfabetismo, desigualdade escolar.
Os genocídios têm nomes diferentes, provocam mortes em números diferentes, sob formas diferentes, mas têm as mesmas causas — arrogância da civilização ocidental, ganância de lucro dos investidores, voracidade de consumo pelos ricos, racismo e supremacia dos brancos sobre as outras raças — e, a maior de todas, a indiferença dos que assistem e se beneficiam de seus resultados, por Zyklon B, por mercúrio ou pela corrupção nas prioridades. Os alemães foram coniventes com o genocídio de judeus, os brasileiros são coniventes com os genocídios dos índios, dos escravos, dos analfabetos e dos sem-escola de qualidade. Todos coniventes, mas alguns culpados e diretamente responsáveis.
É preciso dar nomes aos genocídios e apontar os nomes dos genocidas. Na Alemanha, os responsáveis pelos crimes dos nazistas se suicidaram ou foram levados ao Tribunal de Nuremberg, onde foram condenados à morte ou a longos períodos na prisão. Precisamos recusar a banalidade do mal e despertar contra todos os genocídios brasileiros, escondidos sob outros nomes, cometidos por todos que sonham com o progresso que elimina índios, usa escravos ou concentra educação para manter a desigualdade social. Mas também levarmos aos tribunais aqueles que no Brasil demonstraram, por palavras ou atos, responsabilidade com o específico genocídio contra o povo ianomâmi.
Tanto quanto o antisemitismo usava o argumento de uma hipotética ameaça à soberania alemã por parte dos judeus, no Brasil alguns manifestam necessidade de eliminar o povo ianomâmi para evitar a ameaça de criação de uma nação independente. Esses discursos serviram de base para justificar envenenamento da água com mercúrio, negar vacina e expulsar ianomâmis das terras onde vivem integrados à natureza desde muito antes de o Brasil surgir. Por 523 anos, o Brasil praticou o genocídio com o nome de etnocídio.
Ao longo de 350 anos, trouxemos 5 milhões de africanos para servirem como escravos na economia exportadora e nos serviços à parcela branca e rica. Sob a banalidade do mal, com o nome de escravidão, aceitamos o genocídio secular, motivado por ganância econômica, racismo e arrogância europeia. Há 135 anos, para continuar a exploração em nome do progresso e do bem-estar de uma minoria privilegiada, proclamamos a Lei Áurea, mas mantivemos os descendentes sociais dos escravos sem escolas. Mudamos o nome de genocídio para analfabetismo. Soltamos, mas não libertamos, tiramos as algemas, mas não ensinamos a usar o mapa do caminho adiante. Em 1889, proclamamos a República, mas a "elite" manteve o genocídio da escravidão moderna, que não precisa trazer acorrentados desde a África, basta deixá-los nascer no Brasil e viverem sem educação.
Não se sabe o número de escravos nascidos no Brasil, nem daqueles que nasceram republicanos e morreram sem aprender a ler, vítimas do analfabetismo, o banalizado mal brasileiro. Não são assassinados em massa, mas não têm emprego, não têm renda, sobrevivem nos guetos da desigualdade social. No século 21, quando não se consegue negar escola à população urbanizada, mantém a última trincheira da escravidão: o genocídio sob o nome de desigualdade escolar. A banalização da maldade de um sistema com escola senzala para muitos e escola casa grande para poucos, mantendo o genocídio da apartação social.
Os alemães enriqueciam desapropriando os judeus mortos pelo gás Zyclon B, usado nos monstruosos crematórios de seus campos de concentração. A parcela rica do Brasil fica mais rica graças ao mercúrio usado contra os ianomâmis, e também ao crematório de cérebros de crianças pobres nas escolas senzala, concentrando os bons empregos e renda para os que têm acesso às escolas casa grande. A banalização do mal tolera a secular história dos genocídios brasileiros: etnocídio, escravismo, analfabetismo, desigualdade escolar.
Os genocídios têm nomes diferentes, provocam mortes em números diferentes, sob formas diferentes, mas têm as mesmas causas — arrogância da civilização ocidental, ganância de lucro dos investidores, voracidade de consumo pelos ricos, racismo e supremacia dos brancos sobre as outras raças — e, a maior de todas, a indiferença dos que assistem e se beneficiam de seus resultados, por Zyklon B, por mercúrio ou pela corrupção nas prioridades. Os alemães foram coniventes com o genocídio de judeus, os brasileiros são coniventes com os genocídios dos índios, dos escravos, dos analfabetos e dos sem-escola de qualidade. Todos coniventes, mas alguns culpados e diretamente responsáveis.
É preciso dar nomes aos genocídios e apontar os nomes dos genocidas. Na Alemanha, os responsáveis pelos crimes dos nazistas se suicidaram ou foram levados ao Tribunal de Nuremberg, onde foram condenados à morte ou a longos períodos na prisão. Precisamos recusar a banalidade do mal e despertar contra todos os genocídios brasileiros, escondidos sob outros nomes, cometidos por todos que sonham com o progresso que elimina índios, usa escravos ou concentra educação para manter a desigualdade social. Mas também levarmos aos tribunais aqueles que no Brasil demonstraram, por palavras ou atos, responsabilidade com o específico genocídio contra o povo ianomâmi.
O capitalismo 'teve metástase'
“Somos a praga do planeta, uma espécie de ameba gigante. Ao longo da história, o ser humano, ou melhor, esse clube seleto da humanidade, vem devastando tudo ao seu redor”, adverte Ailton Krenak em “Não se come dinheiro”, um dos textos que compõem um livrinho extraordinário, A vida não é útil, editado na Argentina pela Eterna Cadencia, com tradução de Cecília Palmeiro e prefácio de Natalia Brizuela.
O xamã, filósofo, líder indígena e escritor brasileiro, uma das vozes mais reveladoras do pensamento latino-americano contemporâneo, foi filho da primeira geração de Krenak que viveu “no cativeiro”. A terra ancestral dos Krenak na região do Rio Doce foi ocupada pelo Estado brasileiro em 1922. Como muitos outros indígenas no Brasil no início do século XX, ele foi forçado a viver em uma reserva indígena.
Em 1968, sua família foi novamente forçada ao exílio. Chegando a São Paulo em 1975, frequentou escolas ocidentais, estudou artes gráficas e rapidamente se envolveu com o então emergente despertar dos povos indígenas que desembocou na criação da União das Nações Indígenas (UNI) em 1983.
O governo das corporações
Krenak é o nome do povo indígena ao qual pertence, não um sobrenome no sentido em que é comumente utilizado no ordenamento jurídico. Ailton, que nasceu em 1953 em Minas Gerais, propõe estabelecer contato com a experiência de estar vivo. “Pode ser uma ficção afirmar que se a economia não funcionar plenamente vamos morrer. Nós poderíamos colocar todos os dirigentes do Banco Central em um cofre gigante e deixá-los morando lá, com a economia deles. Ninguém come dinheiro”, enfatiza.
Para ampliar essa constelação temática cita as palavras de um ancestral de um indígena estadunidense do conselho de anciãos do povo Lakota, Wakya Un Manee, também conhecido como Vernon Foster. “Somente quando for cortada a última árvore, pescado o último peixe, poluído o último rio, que as pessoas vão perceber que não podem comer dinheiro”. A ideia de concentração da riqueza, na perspectiva do xamã e do filósofo, atingiu seu clímax. “O poder, o capital entraram em um grau de acumulação que não há mais separação entre a gestão política e financeira do mundo”, diz.
E acrescenta: “Os governos deixaram de existir, somos governados por grandes corporações. Quem vai fazer a revolução contra corporações? Seria como lutar contra fantasmas. O poder, hoje, é uma abstração concentrada em marcas aglutinadas em corporações e representadas por alguns humanoides. Não tenho dúvida de que esses humanoides, focados no poder do dinheiro, também sofrerão uma saturação”.
O livro preserva o encanto do que se poderia chamar de “método construtivo”. A maior parte dos textos de Ailton surge de conversas, conferências e debates, realizados nos primeiros meses da pandemia de Covid-19, que posteriormente foram transcritos e editados. A pesquisa e organização do livro ficou a cargo de Rita Carelli.
“As ideias são desenvolvidas na e pela conversa, num brilhante resplendor do pensamento conceitual produzido em movimento”, aponta Natalia Brizuela no prefácio de La vida no es útil. “Poderíamos pensar em todas as apresentações públicas, entrevistas, conversas e textos de Ailton como formas de construir alianças por meio de uma política de reciprocidade, que articulam e dão forma a uma nova relacionalidade entre indígenas e não indígenas. A oralidade que está na origem do texto de Ailton é a forma escolhida para uma noção radical de relacionalidade que ele oferece aos não indígenas – analisa Brizuela. O diálogo, a troca, a relação e a reciprocidade são noções-chave no pensamento de Ailton e, na forma oral, tornam-se a estrutura de uma práxis baseada na escuta”.
Ideias para adiar o fim do mundo
A desconexão com o organismo vivo que é a Terra preocupa Ailton. As evidências estão à vista: geleiras derretendo, oceanos cheios de lixo, listas crescentes de espécies ameaçadas de extinção. “Será que a única maneira de demonstrar aos negacionistas que a Terra é um organismo vivo é esquartejá-la? Picá-la em pedaços e dizer: ‘Olha, ela é viva’? É uma estupidez absurda”, assegura em um dos textos que poderia inscrever uma parte do pensamento do xamã e filósofo no decrescimentismo, esse movimento político, econômico e social que enfatiza a necessidade de reduzir o consumo e a produção globais.
“Temos que parar de nos desenvolver e começar a nos envolver”, propõe, e sugere que quando tudo vai por água abaixo ele invoca o poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), especialmente o poema “O homem; As viagens”, porque é “um poema sobre o que estamos vivendo”: “Restam outros sistemas fora / Do solar a colonizar. / Ao acabarem todos / Só resta ao homem / (estará equipado?) / A dificílima dangerosíssima viagem / De si a si mesmo: / Pôr o pé no chão / Do seu coração / Experimentar / Colonizar / Civilizar / Humanizar / O homem / Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas / A perene, insuspeitada alegria / De conviver”.
Ler Ailton implica entrar em outro modo, um modo que expande as experiências e os sentidos, anestesiados pelo excesso de racionalidade da cultura ocidental. Em Ideias para adiar o fim do mundo, ele postula a centralidade dos sonhos. “Sonhar é uma prática que pode ser entendida como um regime cultural em que, logo pela manhã, as pessoas contam o sonho que tiveram. Não como uma atividade pública, mas de caráter íntimo. Ninguém conta seu sonho em uma praça, mas para as pessoas com quem você se relaciona. O que também sugere que os sonhos são um lugar de transmissão de afetos”.
O despertar de Ailton veio de um sonho compartilhado com ele no final dos anos 1970 por um xamã que lhe falou sobre a devastação da Terra pelos projetos dos brancos. Ele compartilhou esse sonho com outros parentes indígenas quando começou a viajar pelo Brasil para fundar a UNI. Ele percebeu que “havia algo na perspectiva dos povos indígenas, na nossa forma de ver e pensar, que poderia abrir uma janela de compreensão no ambiente que é o mundo do conhecimento”. Após a criação da UNI, co-fundou o Centro de Cultura Indígena em 1985, e dentro desta organização lançou o primeiro programa de rádio produzido por indígenas, o Programa de Índio, que foi ao ar entre 1985 e 1990.
“Isso que as ciências política e econômica chamam de capitalismo teve metástase, ocupou o planeta inteiro e se infiltrou na vida de maneira incontrolável”, reflete o xamã. Nosso sonho coletivo de mundo e a inserção da humanidade na biosfera terá que acontecer de outra forma. Podemos habitar este planeta, mas deve ser de outra maneira. Teremos que nos reconfigurar radicalmente para estar aqui”. Ailton reconhece que alguns povos entendem que seus corpos estão relacionados com tudo o que é a vida; que os ciclos da Terra são também os ciclos de seus corpos. “Observamos a terra, o céu e sentimos que não estamos dissociados dos outros seres. O meu povo, assim como outros parentes, tem essa tradição de suspender o céu”.
Em seguida, explica em que consiste essa tradição. “Suspender o céu é ampliar os horizontes de todos, não só dos humanos. Trata-se de uma memória, uma herança cultural do tempo em que nossos ancestrais estavam tão harmonizados com o ritmo da natureza que só precisavam trabalhar algumas horas por dia para proverem tudo que era preciso para viver. Em todo resto do tempo, você podia cantar, dançar, sonhar: o cotidiano era uma extensão do sonho. E as relações, os contratos tecidos no mundo dos sonhos, continuavam a fazer sentido depois de acordar”.
A narrativa de Ailton é como um mantra da afetividade. Um ano marcante em sua vida foi 1987, pelo discurso que proferiu aos membros da Assembleia Constituinte, encarregada de redigir uma Constituição democrática para o Brasil, após 21 anos de ditadura militar. Vestido da cabeça aos pés com um terno branco, enquanto pintava lentamente o rosto com jenipapo preto, disse: “Os indígenas têm um jeito de pensar, um jeito de viver, que nunca coloca nenhum animal ou ser humano em risco”.
Como porta-voz da UNI, ele desenvolveu quatro reivindicações que foram incluídas na Constituição de 1988: o reconhecimento dos direitos históricos dos povos indígenas, a demarcação das terras indígenas, a garantia de que os coletivos indígenas seriam os únicos usuários dos recursos naturais dos territórios demarcados e o cumprimento pelo Estado brasileiro dos projetos de futuro das populações indígenas. “Ao invés de serem ‘emancipados’ e, portanto, desaparecidos, os indígenas entregaram uma demanda que Ailton expressou e realizou em sua performance: a demanda de serem reconhecidos como cidadãos como indígenas”, fundamenta Brizuela no prefácio do livro.
Consumir mundos
“O sistema capitalista tem um poder de cooptação tão grande que qualquer porcaria que anuncia vira imediatamente moda”, confirma Ailton. “Estamos todos nós viciados no novo: um carro novo, uma máquina nova, uma roupa nova, alguma coisa nova. Já foi dito: ‘Ah, mas a gente pode fazer um carro elétrico sem gasolina, que não vai poluir’. Mas será tão caro, tão sofisticado, que se tornará um novo objeto de desejo”, descreve como funciona o consumo e sua análise se expande para além dessa mania.
“O capitalismo quer nos vender até mesmo a ideia de que podemos reproduzir a vida. Que até a natureza pode ser reproduzida. Acabamos com tudo e depois fazemos outra natureza, ficamos sem água doce e depois ganha-se muito dinheiro dessalinizando o mar, e se não é suficiente para todos, eliminamos uma parte da humanidade e fica só para os consumidores. Uma espécie de Big Brother que governa o mundo ao gosto do capitalismo”, define o autor de Ideias para adiar o fim do mundo e Futuro ancestral, entre outros livros.
A psicanalista e crítica da cultura brasileira Suely Rolnik aponta que o capitalismo passou por tamanha transformação que se tornou necrocapitalismo. “Esse capitalismo nem precisa mais da materialidade das coisas, pode transformar tudo numa fantasia financeira e fingir que o mundo é operacional, ativo, mesmo que esteja tudo errado”, interpreta Ailton e aponta que isso é uma “distopia”, porque “em vez de imaginar mundos, a gente os consome” e que “depois de comer a Terra, comemos a Lua, Marte e os outros planetas”.
O antropocentrismo deve ser abandonado porque “há muito mais vida além da gente; não fazemos falta na biodiversidade”, afirma o autor de A vida não é útil. “Há muito tempo minha comunhão com tudo o que chamam de natureza é uma experiência que não vejo sendo valorizada por muitas pessoas que moram na cidade. Já vi pessoas me ridicularizarem: ‘Ele fala com uma árvore, ele abraça uma árvore, ele fala com o rio, ele contempla a montanha’, como se isso fosse algum tipo de alienação. Esta é a minha experiência de vida. Se isso for alienação, estou alienado. Faz muito tempo que não programo atividades para ‘depois’. Não sabemos se estaremos vivos amanhã. Temos que parar de vender o amanhã”, aconselha uma das vozes mais reveladoras do pensamento latino-americano contemporâneo.
A proposta de Ailton desafia o utilitarismo. “A vida não tem nenhuma utilidade. A vida é tão maravilhosa que a nossa mente tenta dar uma utilidade para ela, mas isso é uma estupidez. A vida é fruição, é uma dança, só que é uma dança cósmica, e queremos reduzi-la a uma coreografia ridícula e utilitária. Nós temos de ter a coragem de ser radicalmente vivos, e não negociar sobrevivência”, insiste e lembra que os povos originários ainda estão presentes neste mundo “não porque foram excluídos, mas porque escaparam”.
“Os povos nativos resistem a essa investida do branco porque sabem que ele está enganado e, na maioria das vezes, são tratados como loucos. Fugir dessa captura, para experimentar uma existência que não se rendeu ao sentido utilitário da vida, cria um lugar de silêncio interior”. Um exemplo o ajuda a ampliar sua visão de mundo e, ainda, a questionar o politicamente correto. “Quando os indígenas dizem: ‘A Terra é nossa mãe’, os outros dizem: ‘São tão poéticos, que imagem linda!’ Isso não é poesia, é a nossa vida – esclarece. Estamos presos ao corpo da Terra, quando alguém a pica, fere ou arranha, desorganiza o nosso mundo”.
Ler o xamã, filósofo e líder indígena é como conversar com todos os humanos: “Ou você ouve as vozes de todos os outros seres que habitam o planeta com você, ou faz guerra contra a vida na Terra”, diz o autor de A vida não é útil. A conversa com Ailton é um caminho para o sentido cósmico da vida.
O xamã, filósofo, líder indígena e escritor brasileiro, uma das vozes mais reveladoras do pensamento latino-americano contemporâneo, foi filho da primeira geração de Krenak que viveu “no cativeiro”. A terra ancestral dos Krenak na região do Rio Doce foi ocupada pelo Estado brasileiro em 1922. Como muitos outros indígenas no Brasil no início do século XX, ele foi forçado a viver em uma reserva indígena.
Em 1968, sua família foi novamente forçada ao exílio. Chegando a São Paulo em 1975, frequentou escolas ocidentais, estudou artes gráficas e rapidamente se envolveu com o então emergente despertar dos povos indígenas que desembocou na criação da União das Nações Indígenas (UNI) em 1983.
O governo das corporações
Krenak é o nome do povo indígena ao qual pertence, não um sobrenome no sentido em que é comumente utilizado no ordenamento jurídico. Ailton, que nasceu em 1953 em Minas Gerais, propõe estabelecer contato com a experiência de estar vivo. “Pode ser uma ficção afirmar que se a economia não funcionar plenamente vamos morrer. Nós poderíamos colocar todos os dirigentes do Banco Central em um cofre gigante e deixá-los morando lá, com a economia deles. Ninguém come dinheiro”, enfatiza.
Para ampliar essa constelação temática cita as palavras de um ancestral de um indígena estadunidense do conselho de anciãos do povo Lakota, Wakya Un Manee, também conhecido como Vernon Foster. “Somente quando for cortada a última árvore, pescado o último peixe, poluído o último rio, que as pessoas vão perceber que não podem comer dinheiro”. A ideia de concentração da riqueza, na perspectiva do xamã e do filósofo, atingiu seu clímax. “O poder, o capital entraram em um grau de acumulação que não há mais separação entre a gestão política e financeira do mundo”, diz.
E acrescenta: “Os governos deixaram de existir, somos governados por grandes corporações. Quem vai fazer a revolução contra corporações? Seria como lutar contra fantasmas. O poder, hoje, é uma abstração concentrada em marcas aglutinadas em corporações e representadas por alguns humanoides. Não tenho dúvida de que esses humanoides, focados no poder do dinheiro, também sofrerão uma saturação”.
O livro preserva o encanto do que se poderia chamar de “método construtivo”. A maior parte dos textos de Ailton surge de conversas, conferências e debates, realizados nos primeiros meses da pandemia de Covid-19, que posteriormente foram transcritos e editados. A pesquisa e organização do livro ficou a cargo de Rita Carelli.
“As ideias são desenvolvidas na e pela conversa, num brilhante resplendor do pensamento conceitual produzido em movimento”, aponta Natalia Brizuela no prefácio de La vida no es útil. “Poderíamos pensar em todas as apresentações públicas, entrevistas, conversas e textos de Ailton como formas de construir alianças por meio de uma política de reciprocidade, que articulam e dão forma a uma nova relacionalidade entre indígenas e não indígenas. A oralidade que está na origem do texto de Ailton é a forma escolhida para uma noção radical de relacionalidade que ele oferece aos não indígenas – analisa Brizuela. O diálogo, a troca, a relação e a reciprocidade são noções-chave no pensamento de Ailton e, na forma oral, tornam-se a estrutura de uma práxis baseada na escuta”.
Ideias para adiar o fim do mundo
A desconexão com o organismo vivo que é a Terra preocupa Ailton. As evidências estão à vista: geleiras derretendo, oceanos cheios de lixo, listas crescentes de espécies ameaçadas de extinção. “Será que a única maneira de demonstrar aos negacionistas que a Terra é um organismo vivo é esquartejá-la? Picá-la em pedaços e dizer: ‘Olha, ela é viva’? É uma estupidez absurda”, assegura em um dos textos que poderia inscrever uma parte do pensamento do xamã e filósofo no decrescimentismo, esse movimento político, econômico e social que enfatiza a necessidade de reduzir o consumo e a produção globais.
“Temos que parar de nos desenvolver e começar a nos envolver”, propõe, e sugere que quando tudo vai por água abaixo ele invoca o poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), especialmente o poema “O homem; As viagens”, porque é “um poema sobre o que estamos vivendo”: “Restam outros sistemas fora / Do solar a colonizar. / Ao acabarem todos / Só resta ao homem / (estará equipado?) / A dificílima dangerosíssima viagem / De si a si mesmo: / Pôr o pé no chão / Do seu coração / Experimentar / Colonizar / Civilizar / Humanizar / O homem / Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas / A perene, insuspeitada alegria / De conviver”.
Ler Ailton implica entrar em outro modo, um modo que expande as experiências e os sentidos, anestesiados pelo excesso de racionalidade da cultura ocidental. Em Ideias para adiar o fim do mundo, ele postula a centralidade dos sonhos. “Sonhar é uma prática que pode ser entendida como um regime cultural em que, logo pela manhã, as pessoas contam o sonho que tiveram. Não como uma atividade pública, mas de caráter íntimo. Ninguém conta seu sonho em uma praça, mas para as pessoas com quem você se relaciona. O que também sugere que os sonhos são um lugar de transmissão de afetos”.
O despertar de Ailton veio de um sonho compartilhado com ele no final dos anos 1970 por um xamã que lhe falou sobre a devastação da Terra pelos projetos dos brancos. Ele compartilhou esse sonho com outros parentes indígenas quando começou a viajar pelo Brasil para fundar a UNI. Ele percebeu que “havia algo na perspectiva dos povos indígenas, na nossa forma de ver e pensar, que poderia abrir uma janela de compreensão no ambiente que é o mundo do conhecimento”. Após a criação da UNI, co-fundou o Centro de Cultura Indígena em 1985, e dentro desta organização lançou o primeiro programa de rádio produzido por indígenas, o Programa de Índio, que foi ao ar entre 1985 e 1990.
“Isso que as ciências política e econômica chamam de capitalismo teve metástase, ocupou o planeta inteiro e se infiltrou na vida de maneira incontrolável”, reflete o xamã. Nosso sonho coletivo de mundo e a inserção da humanidade na biosfera terá que acontecer de outra forma. Podemos habitar este planeta, mas deve ser de outra maneira. Teremos que nos reconfigurar radicalmente para estar aqui”. Ailton reconhece que alguns povos entendem que seus corpos estão relacionados com tudo o que é a vida; que os ciclos da Terra são também os ciclos de seus corpos. “Observamos a terra, o céu e sentimos que não estamos dissociados dos outros seres. O meu povo, assim como outros parentes, tem essa tradição de suspender o céu”.
Em seguida, explica em que consiste essa tradição. “Suspender o céu é ampliar os horizontes de todos, não só dos humanos. Trata-se de uma memória, uma herança cultural do tempo em que nossos ancestrais estavam tão harmonizados com o ritmo da natureza que só precisavam trabalhar algumas horas por dia para proverem tudo que era preciso para viver. Em todo resto do tempo, você podia cantar, dançar, sonhar: o cotidiano era uma extensão do sonho. E as relações, os contratos tecidos no mundo dos sonhos, continuavam a fazer sentido depois de acordar”.
A narrativa de Ailton é como um mantra da afetividade. Um ano marcante em sua vida foi 1987, pelo discurso que proferiu aos membros da Assembleia Constituinte, encarregada de redigir uma Constituição democrática para o Brasil, após 21 anos de ditadura militar. Vestido da cabeça aos pés com um terno branco, enquanto pintava lentamente o rosto com jenipapo preto, disse: “Os indígenas têm um jeito de pensar, um jeito de viver, que nunca coloca nenhum animal ou ser humano em risco”.
Como porta-voz da UNI, ele desenvolveu quatro reivindicações que foram incluídas na Constituição de 1988: o reconhecimento dos direitos históricos dos povos indígenas, a demarcação das terras indígenas, a garantia de que os coletivos indígenas seriam os únicos usuários dos recursos naturais dos territórios demarcados e o cumprimento pelo Estado brasileiro dos projetos de futuro das populações indígenas. “Ao invés de serem ‘emancipados’ e, portanto, desaparecidos, os indígenas entregaram uma demanda que Ailton expressou e realizou em sua performance: a demanda de serem reconhecidos como cidadãos como indígenas”, fundamenta Brizuela no prefácio do livro.
Consumir mundos
“O sistema capitalista tem um poder de cooptação tão grande que qualquer porcaria que anuncia vira imediatamente moda”, confirma Ailton. “Estamos todos nós viciados no novo: um carro novo, uma máquina nova, uma roupa nova, alguma coisa nova. Já foi dito: ‘Ah, mas a gente pode fazer um carro elétrico sem gasolina, que não vai poluir’. Mas será tão caro, tão sofisticado, que se tornará um novo objeto de desejo”, descreve como funciona o consumo e sua análise se expande para além dessa mania.
“O capitalismo quer nos vender até mesmo a ideia de que podemos reproduzir a vida. Que até a natureza pode ser reproduzida. Acabamos com tudo e depois fazemos outra natureza, ficamos sem água doce e depois ganha-se muito dinheiro dessalinizando o mar, e se não é suficiente para todos, eliminamos uma parte da humanidade e fica só para os consumidores. Uma espécie de Big Brother que governa o mundo ao gosto do capitalismo”, define o autor de Ideias para adiar o fim do mundo e Futuro ancestral, entre outros livros.
A psicanalista e crítica da cultura brasileira Suely Rolnik aponta que o capitalismo passou por tamanha transformação que se tornou necrocapitalismo. “Esse capitalismo nem precisa mais da materialidade das coisas, pode transformar tudo numa fantasia financeira e fingir que o mundo é operacional, ativo, mesmo que esteja tudo errado”, interpreta Ailton e aponta que isso é uma “distopia”, porque “em vez de imaginar mundos, a gente os consome” e que “depois de comer a Terra, comemos a Lua, Marte e os outros planetas”.
O antropocentrismo deve ser abandonado porque “há muito mais vida além da gente; não fazemos falta na biodiversidade”, afirma o autor de A vida não é útil. “Há muito tempo minha comunhão com tudo o que chamam de natureza é uma experiência que não vejo sendo valorizada por muitas pessoas que moram na cidade. Já vi pessoas me ridicularizarem: ‘Ele fala com uma árvore, ele abraça uma árvore, ele fala com o rio, ele contempla a montanha’, como se isso fosse algum tipo de alienação. Esta é a minha experiência de vida. Se isso for alienação, estou alienado. Faz muito tempo que não programo atividades para ‘depois’. Não sabemos se estaremos vivos amanhã. Temos que parar de vender o amanhã”, aconselha uma das vozes mais reveladoras do pensamento latino-americano contemporâneo.
A proposta de Ailton desafia o utilitarismo. “A vida não tem nenhuma utilidade. A vida é tão maravilhosa que a nossa mente tenta dar uma utilidade para ela, mas isso é uma estupidez. A vida é fruição, é uma dança, só que é uma dança cósmica, e queremos reduzi-la a uma coreografia ridícula e utilitária. Nós temos de ter a coragem de ser radicalmente vivos, e não negociar sobrevivência”, insiste e lembra que os povos originários ainda estão presentes neste mundo “não porque foram excluídos, mas porque escaparam”.
“Os povos nativos resistem a essa investida do branco porque sabem que ele está enganado e, na maioria das vezes, são tratados como loucos. Fugir dessa captura, para experimentar uma existência que não se rendeu ao sentido utilitário da vida, cria um lugar de silêncio interior”. Um exemplo o ajuda a ampliar sua visão de mundo e, ainda, a questionar o politicamente correto. “Quando os indígenas dizem: ‘A Terra é nossa mãe’, os outros dizem: ‘São tão poéticos, que imagem linda!’ Isso não é poesia, é a nossa vida – esclarece. Estamos presos ao corpo da Terra, quando alguém a pica, fere ou arranha, desorganiza o nosso mundo”.
Ler o xamã, filósofo e líder indígena é como conversar com todos os humanos: “Ou você ouve as vozes de todos os outros seres que habitam o planeta com você, ou faz guerra contra a vida na Terra”, diz o autor de A vida não é útil. A conversa com Ailton é um caminho para o sentido cósmico da vida.
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