sábado, 7 de maio de 2016
Passeio em campo minado
Gastamos um bom tempo da nossa vida pensando numa saída para a crise. Creio que Michel Temer também. Sua trajetória, no entanto, terá mais repercussão na crise do que qualquer um de nós. Daí a importância de monitorá-lo.
Os jornais falam de um Ministério em formação. É difícil analisar algo que ainda não existe. Mas a julgar pelas notícias, o projeto contém uma primeira contradição. Temer, diretamente e por intermédio de Moreira Franco, afirmou apoiar a Lava Jato.
O provável Ministério, todavia, tem vários nomes de investigados. Se forem confirmados, não há avanço em relação ao PT, que, por sua vez, é um retrocesso em relação ao governo Itamar. Neste os investigados não entravam. E se estivessem no governo, deixavam o cargo para se defenderem.
Essa é uma trama ainda secundária, porque o foco estará na reconstrução econômica. Temer parece escolher uma equipe com a visão clara de que é preciso reconquistar a credibilidade como primeiro passo para que se volte a investir.
Quanto mais leio e ouço sobre o rombo financeiro, não apenas sinto a dimensão da tarefa de levar o Brasil até 2018, mas percebo como faltam dados sobre a verdadeira situação que o PT e seus aliados, PMDB incluído, nos legam. Mexidas no tamanho do Estado, discussão sobre nosso sistema de Previdência, tudo isso só se fará de forma menos emocional se houver uma verdadeira revelação de nossos problemas financeiros.
Não se faz apenas com um discurso, ou mesmo um documento. É algo que tem de ser bem difundido, com quadros comparativos, animações e um trabalho de divulgação que consigam atenuar o peso do tema. Será preciso dizer, por exemplo, se o governo vai pôr dinheiro e quanto na Petrobras, na Caixa Econômica, suas grandes empresas que vivem em dificuldade.
Leio também nos jornais que Temer vai trazer de volta uma velha guarda de políticos. Em princípio, nada contra. Mas é necessário lembrar que alguns problemas decisivos dependem de sensibilidade para a revolução digital.
Na quebra do monopólio das teles, além de pensar no avanço que isso traria para o Brasil, sabíamos também que havia regiões que não interessavam às empresas. Criou-se um fundo para universalizar a conexão telefônica e modernizar a infraestrutura de comunicações. Esse dinheiro jamais foi usado em sua plenitude, como manda a lei. Uma visão de retomada do crescimento tem de passar por um novo enfoque do mundo virtual e seu potencial econômico. Se nos fixarmos só no crescimento do universo material, corremos o risco de um novo engarrafamento adiante, se já não estamos de alguma forma engarrafados perante outros povos, como os coreanos, que trafegam com muito mais rapidez do que nós.
Temer disse que não é candidato. Isso é positivo não apenas porque ficou mais leve para atrair partidos com projetos para 2018. Mas, principalmente, porque ele pode tomar medidas que horrorizam um candidato.
Claro que as medidas serão debatidas, que em caso de divulgação ampla haverá uma consciência maior do buraco econômico. Ainda assim, os economistas preveem que em 2018 chegaremos ao poder aquisitivo de 2011. Certamente haverá uma aspiração de maior rapidez no processo de retomada. E Temer não pode andar tão rápido quanto a velocidade das expectativas.
Além disso, terá de navegar num mundo político desgastado, que dependeu da sociedade para chegar ao impeachment e dependerá dela para realizar a transição. Os temas da reconstrução mexem com diferentes interesses, dificilmente vão mobilizar da mesma forma que o impeachment.
Há, no entanto, um desejo de mudança.
Os rombos no Brasil sempre foram cobertos com aumentos de impostos, os contribuintes pagam o delírio dos governantes. Se Temer usar o caminho tradicional, vai romper com o desejo de mudança e adiar para as calendas um ajuste pelo qual o governo passe a gastar de acordo com seus recursos.
Todos gastaram muito. Há uma grande pendência sobre a dívida dos Estados com a União. Juros simples ou compostos? Na verdade, a discussão mesmo é sobre quem vai pagar a conta, que pode resultar num prejuízo federal de R$ 340 bilhões.
Finanças dos Estados parecem um tema muito chato. No entanto, quando você vive no Rio de Janeiro, vê hospitais decadentes, funcionários sem receber, escolas ocupadas, percebe claramente que, quando o governo entra em colapso, isso fatalmente influencia a sua vida cotidiana.
Um tema dessa envergadura acabou no Supremo Tribunal, quando, na verdade, teria de ser decidido no universo político, governadores e presidente. É uma demonstração de incapacidade que obriga o próprio Supremo a se desdobrar, estudar todo o mecanismo financeiro, ouvir as partes, estimular acordos que eles próprios já deveriam ter celebrado.
Com esses corredores e os obstáculos na pista será difícil chegar a 2018 se não houver um esforço de reconstrução que transcenda o mundo político. Esse esforço se torna mais viável com os dados na mesa: o estrago da corrupção e os equívocos da gestão econômica.
Algumas coisas já podem mudar nas próximas semanas. Por que tantos cargos comissionados? Por que reduzir investimentos, e não o custeio da máquina do governo? Incentivos para quê e para quem? Aumentos salariais do funcionalismo agora?
Quando Dilma entrou, na esteira de suas mentiras, lembrei que não teria lua de mel. Vinha de uma vitória eleitoral. Temer, por tudo de errado que Dilma fez, talvez ganhe um curto período. O problema é que a crise mexeu com a nossa noção de tempo, mais encurtado, desdobrando-se com imprevisíveis solavancos.
Mesmo ainda sem a caneta na mão, é preciso uma ideia na cabeça. A partir da semana que vem termina um capítulo da nossa História recente. O País precisa se reconstruir como se tivesse seus alicerces abalados por um bombardeio.
Os jornais falam de um Ministério em formação. É difícil analisar algo que ainda não existe. Mas a julgar pelas notícias, o projeto contém uma primeira contradição. Temer, diretamente e por intermédio de Moreira Franco, afirmou apoiar a Lava Jato.
O provável Ministério, todavia, tem vários nomes de investigados. Se forem confirmados, não há avanço em relação ao PT, que, por sua vez, é um retrocesso em relação ao governo Itamar. Neste os investigados não entravam. E se estivessem no governo, deixavam o cargo para se defenderem.
Essa é uma trama ainda secundária, porque o foco estará na reconstrução econômica. Temer parece escolher uma equipe com a visão clara de que é preciso reconquistar a credibilidade como primeiro passo para que se volte a investir.
Não se faz apenas com um discurso, ou mesmo um documento. É algo que tem de ser bem difundido, com quadros comparativos, animações e um trabalho de divulgação que consigam atenuar o peso do tema. Será preciso dizer, por exemplo, se o governo vai pôr dinheiro e quanto na Petrobras, na Caixa Econômica, suas grandes empresas que vivem em dificuldade.
Leio também nos jornais que Temer vai trazer de volta uma velha guarda de políticos. Em princípio, nada contra. Mas é necessário lembrar que alguns problemas decisivos dependem de sensibilidade para a revolução digital.
Na quebra do monopólio das teles, além de pensar no avanço que isso traria para o Brasil, sabíamos também que havia regiões que não interessavam às empresas. Criou-se um fundo para universalizar a conexão telefônica e modernizar a infraestrutura de comunicações. Esse dinheiro jamais foi usado em sua plenitude, como manda a lei. Uma visão de retomada do crescimento tem de passar por um novo enfoque do mundo virtual e seu potencial econômico. Se nos fixarmos só no crescimento do universo material, corremos o risco de um novo engarrafamento adiante, se já não estamos de alguma forma engarrafados perante outros povos, como os coreanos, que trafegam com muito mais rapidez do que nós.
Temer disse que não é candidato. Isso é positivo não apenas porque ficou mais leve para atrair partidos com projetos para 2018. Mas, principalmente, porque ele pode tomar medidas que horrorizam um candidato.
Claro que as medidas serão debatidas, que em caso de divulgação ampla haverá uma consciência maior do buraco econômico. Ainda assim, os economistas preveem que em 2018 chegaremos ao poder aquisitivo de 2011. Certamente haverá uma aspiração de maior rapidez no processo de retomada. E Temer não pode andar tão rápido quanto a velocidade das expectativas.
Além disso, terá de navegar num mundo político desgastado, que dependeu da sociedade para chegar ao impeachment e dependerá dela para realizar a transição. Os temas da reconstrução mexem com diferentes interesses, dificilmente vão mobilizar da mesma forma que o impeachment.
Há, no entanto, um desejo de mudança.
Os rombos no Brasil sempre foram cobertos com aumentos de impostos, os contribuintes pagam o delírio dos governantes. Se Temer usar o caminho tradicional, vai romper com o desejo de mudança e adiar para as calendas um ajuste pelo qual o governo passe a gastar de acordo com seus recursos.
Todos gastaram muito. Há uma grande pendência sobre a dívida dos Estados com a União. Juros simples ou compostos? Na verdade, a discussão mesmo é sobre quem vai pagar a conta, que pode resultar num prejuízo federal de R$ 340 bilhões.
Finanças dos Estados parecem um tema muito chato. No entanto, quando você vive no Rio de Janeiro, vê hospitais decadentes, funcionários sem receber, escolas ocupadas, percebe claramente que, quando o governo entra em colapso, isso fatalmente influencia a sua vida cotidiana.
Um tema dessa envergadura acabou no Supremo Tribunal, quando, na verdade, teria de ser decidido no universo político, governadores e presidente. É uma demonstração de incapacidade que obriga o próprio Supremo a se desdobrar, estudar todo o mecanismo financeiro, ouvir as partes, estimular acordos que eles próprios já deveriam ter celebrado.
Com esses corredores e os obstáculos na pista será difícil chegar a 2018 se não houver um esforço de reconstrução que transcenda o mundo político. Esse esforço se torna mais viável com os dados na mesa: o estrago da corrupção e os equívocos da gestão econômica.
Algumas coisas já podem mudar nas próximas semanas. Por que tantos cargos comissionados? Por que reduzir investimentos, e não o custeio da máquina do governo? Incentivos para quê e para quem? Aumentos salariais do funcionalismo agora?
Quando Dilma entrou, na esteira de suas mentiras, lembrei que não teria lua de mel. Vinha de uma vitória eleitoral. Temer, por tudo de errado que Dilma fez, talvez ganhe um curto período. O problema é que a crise mexeu com a nossa noção de tempo, mais encurtado, desdobrando-se com imprevisíveis solavancos.
Mesmo ainda sem a caneta na mão, é preciso uma ideia na cabeça. A partir da semana que vem termina um capítulo da nossa História recente. O País precisa se reconstruir como se tivesse seus alicerces abalados por um bombardeio.
Sexta 13, dia sem bruxa
Os democratas que defendem Dilma e a quadrilha do petrolão contra o golpe de Sérgio Moro estão discretamente eufóricos. Os tanques da direita, que vieram arrancar a presidenta mulher à força do palácio, resolverão todos os seus problemas. Estava desconfortável (e, o que é mais grave, trabalhoso) esse negócio de ser governo.
Foram anos de sofrimento para continuar do contra, sendo a favor. Foi preciso instaurar o primeiro governo de oposição da história — e não pensem que isso é fácil. Aumentar os juros e gritar contra os juros altos, roubar o Estado e denunciar a corrupção, devastar a economia popular e defender o povo... Isso cansa uma pessoa.
Mas deu tudo certo: após 13 anos e meio de poupança ortodoxa, com propinas por fora e por dentro, valerioduto e pixulecos garantindo o formidável abastecimento do caixa partidário, chegou a hora de desfrutar. A elite vermelha volta para o presépio dos oprimidos, gorda e rica, só para jogar pedras — o que faz um bem danado à alma progressista e quase não suja as mãos. Mas eis que surge o revés inesperado.
Quando os professores de História já abrilhantavam suas aulas-comício, inserindo o golpe contra os imaculados parasitas para entregar o Brasil ao PMDB de Eduardo Cunha, viraram a mesa. Num ato sem precedentes, o Supremo Tribunal Federal destituiu o presidente da Câmara dos Deputados. Cunha caiu. E agora?
Foi um golpe duro demais para os democratas. É verdade que eles ainda têm o Bolsonaro, a PM de São Paulo, o Trump e a Guerra do Vietnã, mas a perda de um Eduardo Cunha não se repõe facilmente. Quem o STF pensa que é para cometer uma arbitrariedade dessas? Como os homens de bem farão, a partir de agora, para defender Lula — e todos os seus crimes progressistas denunciados pelo procurador-geral — sem poder gritar que bandido é o Cunha? A Anistia Internacional não está vendo isso?
O Prêmio Nobel da Paz está. Pelo menos um dos seus detentores, o escritor argentino Adolfo Pérez Esquivel, parceiro de Cristina Kirchner, Nicolás Maduro e toda essa turma boa que ama a democracia (amor infelizmente não correspondido). Pérez Esquivel fez história no Senado brasileiro ao denunciar o golpe de Estado contra Dilma Rousseff. E atenção: o golpe foi executado por Eduardo Cunha, o mau. Quem sabe até o seu afastamento agora não foi uma espécie de queima de arquivo?
Aí vem o relator da comissão do impeachment, naquela mesma bancada onde um Nobel da Paz fez história, e expõe de forma monótona, sem um pingo de glamour, todos os crimes cometidos por Dilma Rousseff no exercício da Presidência da República. Esse aí nunca vai ganhar um Nobel. Além de tudo, é estraga-prazeres: mostrou de forma absolutamente desagradável que Eduardo Cunha não tem nada a ver com o impeachment — apenas o colocou em votação. A Anistia Internacional não está vendo isso?
Nos dois anos de literatura da Lava-Jato, entende-se de onde vieram os bilhões de reais que bancam há anos os advogados mais caros do país para os guerreiros do povo brasileiro; que bancam há anos as campanhas eleitorais nababescas pelas quais o PT se tornou o feliz proprietário dos Três Poderes; que compraram movimentos sociais (sic), entidades de classe, jornalistas com indignação tabelada, espalhadores de boatos e manifestantes profissionais. Mas nada é tão poético quanto um pedido de propinas retroativas — atribuído ao companheiro Ricardo Berzoini pelo ex-presidente da Andrade Gutierrez.
Segundo Otavio Azevedo, o então presidente do PT e atual ministro da golpeada e oprimida Dilma avisou, em 2008, que a empreiteira deveria pagar propinas sobre as obras feitas desde 2003 (ano em que o Brasil foi redescoberto). O apetite dos representantes desse governo progressista é conhecido, vide seus tesoureiros presos e o envolvimento de todos — todos — os seus principais líderes em negociatas democráticas e revolucionárias. A conta é a seguinte: quem foi mais importante na construção heroica da atual pindaíba nacional? A gangue do Lula ou a do Eduardo Cunha?
Quem acertar ganha um Nobel da Paz e meio quilo de mortadela.
Da última vez em que o Brasil viveu um impeachment, o governo passou às mãos de um presidente filiado ao PMDB. O que se impôs, então, não foi uma orgia fisiológica — foi o Plano Real. Itamar Franco foi obrigado pela ruína política e econômica a dar poder ao Brasil que trabalha. Michel Temer está na mesma situação.
Os prognósticos apontam para a sexta-feira 13 o fim da agonia. Descerá a rampa, então, a criatura que Lula inventou para tomar conta da porta, enquanto eles limpavam a casa. Uma criatura que os brasileiros incrivelmente engoliram — mesmo que, diante dela, um Tiririca seja praticamente um Churchill. Tchau, querida.
A parada agora é entre o Brasil que trabalha e o Brasil que atrapalha.
Guilherme Fiuza
Foram anos de sofrimento para continuar do contra, sendo a favor. Foi preciso instaurar o primeiro governo de oposição da história — e não pensem que isso é fácil. Aumentar os juros e gritar contra os juros altos, roubar o Estado e denunciar a corrupção, devastar a economia popular e defender o povo... Isso cansa uma pessoa.
Mas deu tudo certo: após 13 anos e meio de poupança ortodoxa, com propinas por fora e por dentro, valerioduto e pixulecos garantindo o formidável abastecimento do caixa partidário, chegou a hora de desfrutar. A elite vermelha volta para o presépio dos oprimidos, gorda e rica, só para jogar pedras — o que faz um bem danado à alma progressista e quase não suja as mãos. Mas eis que surge o revés inesperado.
Foi um golpe duro demais para os democratas. É verdade que eles ainda têm o Bolsonaro, a PM de São Paulo, o Trump e a Guerra do Vietnã, mas a perda de um Eduardo Cunha não se repõe facilmente. Quem o STF pensa que é para cometer uma arbitrariedade dessas? Como os homens de bem farão, a partir de agora, para defender Lula — e todos os seus crimes progressistas denunciados pelo procurador-geral — sem poder gritar que bandido é o Cunha? A Anistia Internacional não está vendo isso?
O Prêmio Nobel da Paz está. Pelo menos um dos seus detentores, o escritor argentino Adolfo Pérez Esquivel, parceiro de Cristina Kirchner, Nicolás Maduro e toda essa turma boa que ama a democracia (amor infelizmente não correspondido). Pérez Esquivel fez história no Senado brasileiro ao denunciar o golpe de Estado contra Dilma Rousseff. E atenção: o golpe foi executado por Eduardo Cunha, o mau. Quem sabe até o seu afastamento agora não foi uma espécie de queima de arquivo?
Aí vem o relator da comissão do impeachment, naquela mesma bancada onde um Nobel da Paz fez história, e expõe de forma monótona, sem um pingo de glamour, todos os crimes cometidos por Dilma Rousseff no exercício da Presidência da República. Esse aí nunca vai ganhar um Nobel. Além de tudo, é estraga-prazeres: mostrou de forma absolutamente desagradável que Eduardo Cunha não tem nada a ver com o impeachment — apenas o colocou em votação. A Anistia Internacional não está vendo isso?
Nos dois anos de literatura da Lava-Jato, entende-se de onde vieram os bilhões de reais que bancam há anos os advogados mais caros do país para os guerreiros do povo brasileiro; que bancam há anos as campanhas eleitorais nababescas pelas quais o PT se tornou o feliz proprietário dos Três Poderes; que compraram movimentos sociais (sic), entidades de classe, jornalistas com indignação tabelada, espalhadores de boatos e manifestantes profissionais. Mas nada é tão poético quanto um pedido de propinas retroativas — atribuído ao companheiro Ricardo Berzoini pelo ex-presidente da Andrade Gutierrez.
Segundo Otavio Azevedo, o então presidente do PT e atual ministro da golpeada e oprimida Dilma avisou, em 2008, que a empreiteira deveria pagar propinas sobre as obras feitas desde 2003 (ano em que o Brasil foi redescoberto). O apetite dos representantes desse governo progressista é conhecido, vide seus tesoureiros presos e o envolvimento de todos — todos — os seus principais líderes em negociatas democráticas e revolucionárias. A conta é a seguinte: quem foi mais importante na construção heroica da atual pindaíba nacional? A gangue do Lula ou a do Eduardo Cunha?
Quem acertar ganha um Nobel da Paz e meio quilo de mortadela.
Da última vez em que o Brasil viveu um impeachment, o governo passou às mãos de um presidente filiado ao PMDB. O que se impôs, então, não foi uma orgia fisiológica — foi o Plano Real. Itamar Franco foi obrigado pela ruína política e econômica a dar poder ao Brasil que trabalha. Michel Temer está na mesma situação.
Os prognósticos apontam para a sexta-feira 13 o fim da agonia. Descerá a rampa, então, a criatura que Lula inventou para tomar conta da porta, enquanto eles limpavam a casa. Uma criatura que os brasileiros incrivelmente engoliram — mesmo que, diante dela, um Tiririca seja praticamente um Churchill. Tchau, querida.
A parada agora é entre o Brasil que trabalha e o Brasil que atrapalha.
Guilherme Fiuza
Lula e Dilma já estão presos, porque foram aprisionados pelo fracasso
A jornalista Mônica Bergamo, da Folha, que tem acesso privilegiado ao lulopetismo, publica a informação de que “o ex-presidente Lula está deprimido, chateado e muito preocupado”. A descrição é de um de seus melhores amigos, que prefere dizer que o petista está “deprê”, assinala a colunista, acrescentando que Lula não teve orientação oficial de médicos para faltar ao ato da CUT no 1º de Maio. “Ele estava mesmo rouco e abatido. Mas poderia ter comparecido à celebração ao lado de Dilma Rousseff, ainda que não fizesse discursos”, revela Mônica Bergamo.
A falta de solidariedade a Dilma, num momento crucial como a festa do Dia do Trabalho, em evento próximo ao local onde ele mora, evidencia bem a falha de caráter de Lula da Silva, que só costuma defender os próprios interesses.
Não é para menos que o criador do PT esteja deprimido, embora sua situação ainda não possa ser comparada ao precário estado de saúde de sua sucessora, hoje submetida a uma pressão insuportável, às vésperas de ser afastada da Presidência da República.
Na verdade, Lula e Dilma têm muitos pontos em comum, são iguais em quase tudo e ambos se tornaram prisioneiros de si mesmos. Não podem mais viver como pessoas comuns, circular nas ruas, entrar num restaurante, viajar em avião de carreira. Em qualquer espaço público que tentarem frequentar, serão vaiados e perseguidos, com toda certeza .
Lula não concede entrevista a jornalistas desde 2012, quando veio à tona o escândalo de Rosemary Noronha, a amante que mantinha às custas do erário. De lá para cá, apenas deu entrevistas à TV CUT e a outros órgãos da imprensa amestrada. Geralmente, suas declarações são transmitidas pelo Instituto Lula, ele nem aparece em cena.
Desde a posse na reeleição, Dilma também está longe dos jornalistas. As raras entrevistas são arranjadas, tipo Jô Soares, concedidas sem perguntas de real interesse público e possibilidade de réplica pelos repórteres. Sua mais recente coletiva nem teve perguntas, ela apenas leu um discurso redigido pela assessoria e foi embora.
JORNALISTAS CERCEADOS
No Estadão, os repórteres Tânia Monteiro e Leonencio Nossa relatam que nos governos petistas os assessores da Secretaria de Comunicação da Presidência passaram a cercear o trabalho dos jornalistas, para que não se aproximassem de Lula e Dilma.
“Em 2005, em um evento de Lula em Vitória da Conquista, na Bahia, a Secretaria recorreu a telas de galinheiro para delimitar a área destinada a jornalistas. Hoje, nos eventos de Dilma no Planalto, os assessores do governo montam cercadinhos distantes do palco e impedem a circulação dos jornalistas nas cerimônias”, informam os repórteres do Estadão.
Agora, Lula está denunciado pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot ao Supremo Tribunal Federal, por crime de obstrução à Justiça. E a presidente Dilma também será investigada pelo mesmo motivo, pois atuou de forma para tentar a libertação do empreiteiro Marcelo Odebrecht, com a cumplicidade do ministro Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, que ela recentemente nomeara para o Superior Tribunal de Justiça.
A falta de solidariedade a Dilma, num momento crucial como a festa do Dia do Trabalho, em evento próximo ao local onde ele mora, evidencia bem a falha de caráter de Lula da Silva, que só costuma defender os próprios interesses.
Não é para menos que o criador do PT esteja deprimido, embora sua situação ainda não possa ser comparada ao precário estado de saúde de sua sucessora, hoje submetida a uma pressão insuportável, às vésperas de ser afastada da Presidência da República.
Na verdade, Lula e Dilma têm muitos pontos em comum, são iguais em quase tudo e ambos se tornaram prisioneiros de si mesmos. Não podem mais viver como pessoas comuns, circular nas ruas, entrar num restaurante, viajar em avião de carreira. Em qualquer espaço público que tentarem frequentar, serão vaiados e perseguidos, com toda certeza .
Lula não concede entrevista a jornalistas desde 2012, quando veio à tona o escândalo de Rosemary Noronha, a amante que mantinha às custas do erário. De lá para cá, apenas deu entrevistas à TV CUT e a outros órgãos da imprensa amestrada. Geralmente, suas declarações são transmitidas pelo Instituto Lula, ele nem aparece em cena.
Desde a posse na reeleição, Dilma também está longe dos jornalistas. As raras entrevistas são arranjadas, tipo Jô Soares, concedidas sem perguntas de real interesse público e possibilidade de réplica pelos repórteres. Sua mais recente coletiva nem teve perguntas, ela apenas leu um discurso redigido pela assessoria e foi embora.
JORNALISTAS CERCEADOS
No Estadão, os repórteres Tânia Monteiro e Leonencio Nossa relatam que nos governos petistas os assessores da Secretaria de Comunicação da Presidência passaram a cercear o trabalho dos jornalistas, para que não se aproximassem de Lula e Dilma.
“Em 2005, em um evento de Lula em Vitória da Conquista, na Bahia, a Secretaria recorreu a telas de galinheiro para delimitar a área destinada a jornalistas. Hoje, nos eventos de Dilma no Planalto, os assessores do governo montam cercadinhos distantes do palco e impedem a circulação dos jornalistas nas cerimônias”, informam os repórteres do Estadão.
Agora, Lula está denunciado pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot ao Supremo Tribunal Federal, por crime de obstrução à Justiça. E a presidente Dilma também será investigada pelo mesmo motivo, pois atuou de forma para tentar a libertação do empreiteiro Marcelo Odebrecht, com a cumplicidade do ministro Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, que ela recentemente nomeara para o Superior Tribunal de Justiça.
Jamais um presidente brasileiro teve prestígio internacional como Lula da Silva, como é chamado no exterior. Foi o primeiro operário de pouca instrução a ser guindado à Presidência de um país da importância do Brasil, gigante pela própria natureza, quinto maior em população e extensão territorial, a oitava economia do mundo.
O exemplo anterior, de Lech Walesa, não tem comparação, pois a Polônia abriga apenas 20% da população brasileira e seu PIB não está nem entre os 20 maiores. Além disso, sabe-se que Lula jamais leu um só livro, enquanto o líder polonês tinha muito mais instrução e formação técnica.
A maior diferença, porém, é que Walesa teve forte apoio dos países ocidentais e do Vaticano para chegar ao poder e transformar a Polônia no primeiro país da Cortina de Ferro a abandonar o comunismo. Lula só teve auxílio do regime militar no início da carreira, mas depois se fez praticamente sozinho, embora tenha contado com ajuda de empresas como a OAS, que passou a apoiá-lo financeiramente quando o PT começou a eleger prefeitos e ser cliente de empreiteiras.
Hoje, Lula é uma pálida lembrança do grande líder político que se tornara no cenário mundial. Em breve, as importantes universidades que lhe outorgaram títulos honoríficos terão de cancelá-los, por motivos óbvios.
Quanto a Dilma Rousseff, ia entrar para a História como a primeira mulher a ser eleita para a Presidência, mas será lembrada mais especificamente por ter sido submetida ao impeachment e à investigação criminal pelo Supremo.
E assim caminha a Humanidade, do lado debaixo do Equador.
O exemplo anterior, de Lech Walesa, não tem comparação, pois a Polônia abriga apenas 20% da população brasileira e seu PIB não está nem entre os 20 maiores. Além disso, sabe-se que Lula jamais leu um só livro, enquanto o líder polonês tinha muito mais instrução e formação técnica.
A maior diferença, porém, é que Walesa teve forte apoio dos países ocidentais e do Vaticano para chegar ao poder e transformar a Polônia no primeiro país da Cortina de Ferro a abandonar o comunismo. Lula só teve auxílio do regime militar no início da carreira, mas depois se fez praticamente sozinho, embora tenha contado com ajuda de empresas como a OAS, que passou a apoiá-lo financeiramente quando o PT começou a eleger prefeitos e ser cliente de empreiteiras.
Hoje, Lula é uma pálida lembrança do grande líder político que se tornara no cenário mundial. Em breve, as importantes universidades que lhe outorgaram títulos honoríficos terão de cancelá-los, por motivos óbvios.
Quanto a Dilma Rousseff, ia entrar para a História como a primeira mulher a ser eleita para a Presidência, mas será lembrada mais especificamente por ter sido submetida ao impeachment e à investigação criminal pelo Supremo.
E assim caminha a Humanidade, do lado debaixo do Equador.
Um ministério temeroso
A saída de Dilma Roussef da Presidência da República, a se efetivar esta semana, não encerra – antes inicia novo capítulo da crise, que promete ser longa, penosa e turbulenta.
O governo Michel Temer se prenuncia pouco promissor. Pelos sinais já emitidos, constata-se que não percebe o momento singular que vive. Mostra-se menor que o desafio que o aguarda.
O noticiário em torno de seu futuro ministério indica que manterá o padrão vigente, de troca de apoio parlamentar por cargos. Se não deu certo com os governos do PT, com toda a popularidade de que já desfrutaram, é improvável que dê com quem chega sem votos, em meio a tal crise.
Chegou a anunciar que reduziria à metade os ministérios, mas, ao iniciar as articulações, ao que parece, mudou de ideia. Se o apoio depende de cargos, jamais os haverá em número suficiente para saciar o apetite parlamentar. A saída é sair desse modelo. Mas ele aparentemente não conhece outro. É um peemedebista.
A chance – única – é buscar apoio no clamor da sociedade, sinalizar, desde o início, com mudança de rumos. Pensou-se que optaria por um ministério de notáveis, gente acima de qualquer suspeita e de comprovada credibilidade.
Dois nomes circularam no início das conversas, Carlos Ayres Brito (Ministério da Justiça) e Armínio Fraga (Fazenda). Ambos declinaram. Chegou-se a dois outros nomes, já tidos como definidos – José Serra (Relações Exteriores) e Henrique Meireles (Fazenda) -, mas nenhum outro de porte equivalente foi mencionado.
Os até aqui citados não são notáveis; alguns são notórios. E indicam que Temer, em relação ao chamado presidencialismo de coalizão (o outro nome do fisiologismo), troca seis por meia dúzia.
Vejamos alguns nomes, para citar apenas os que constam de todas as especulações: Romero Jucá (Planejamento), Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Assuntos Estratégicos), além de outros sem pasta definida, como Geddel Vieira Lima, Helder Barbalho, Eunício de Oliveira, Gilberto Kassab, Henrique Eduardo Alves, Blairo Maggi – todos ex-servidores de governos do PT.
Henrique Eduardo Alves e Romero Jucá constam de delações da Lava Jato. O advogado Antonio Mariz, que Temer cogitava de colocar no Ministério da Justiça – e depois na Defesa -, é conhecido crítico do juiz Sérgio Moro. Temer não vê problemas em nomear ministros que serão investigados pela Polícia Federal.
A sociedade, com certeza, vê. E sua frustração será explorada pelos petistas, que, de volta à oposição, voltarão a brandir dossiês – falsos ou não – contra governantes cujos prontuários conhecem bem, já que ex-parceiros.
As milícias petistas já agitam o país, invadindo prédios públicos, fechando rodovias e avenidas. Prometem tornar essas ações rotineiras e mais amplas e contundentes.
A herança maldita que deixam – a maior já legada a qualquer governo – será tratada como obra do adversário, não deles. Como não há receita para rápida solução – e ela só será abreviada se engajar a sociedade, como ocorreu com o Plano Real -, a saída seria um ministério que inspirasse confiança.
Não é o ministério Temer, não o anunciado até aqui – e é improvável que o noticiário a respeito, não desmentido, esteja inteiramente equivocado. Quem dera estivesse.
O futuro presidente precisa, como Macri na Argentina, chegar sinalizando novos rumos – e não apenas novos nomes. A crise exigirá remédios amargos e soluções lentas e dolorosas. A Lava Jato não vai parar (felizmente) – e a conjunção crise e corrupção não ajuda a construir um ambiente mais sadio.
A história oferece a Temer oportunidade única de mudar o país, de recolocá-lo numa rota da qual o PT o desviou. O desafio é gigante, mas a enfrentá-lo continuaremos a dispor de anões políticos – alguns, também, anões morais. O ministério Temer é uma temeridade – e o trocadilho não é cômico: é trágico.
O governo Michel Temer se prenuncia pouco promissor. Pelos sinais já emitidos, constata-se que não percebe o momento singular que vive. Mostra-se menor que o desafio que o aguarda.
Chegou a anunciar que reduziria à metade os ministérios, mas, ao iniciar as articulações, ao que parece, mudou de ideia. Se o apoio depende de cargos, jamais os haverá em número suficiente para saciar o apetite parlamentar. A saída é sair desse modelo. Mas ele aparentemente não conhece outro. É um peemedebista.
A chance – única – é buscar apoio no clamor da sociedade, sinalizar, desde o início, com mudança de rumos. Pensou-se que optaria por um ministério de notáveis, gente acima de qualquer suspeita e de comprovada credibilidade.
Dois nomes circularam no início das conversas, Carlos Ayres Brito (Ministério da Justiça) e Armínio Fraga (Fazenda). Ambos declinaram. Chegou-se a dois outros nomes, já tidos como definidos – José Serra (Relações Exteriores) e Henrique Meireles (Fazenda) -, mas nenhum outro de porte equivalente foi mencionado.
Os até aqui citados não são notáveis; alguns são notórios. E indicam que Temer, em relação ao chamado presidencialismo de coalizão (o outro nome do fisiologismo), troca seis por meia dúzia.
Vejamos alguns nomes, para citar apenas os que constam de todas as especulações: Romero Jucá (Planejamento), Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Assuntos Estratégicos), além de outros sem pasta definida, como Geddel Vieira Lima, Helder Barbalho, Eunício de Oliveira, Gilberto Kassab, Henrique Eduardo Alves, Blairo Maggi – todos ex-servidores de governos do PT.
Henrique Eduardo Alves e Romero Jucá constam de delações da Lava Jato. O advogado Antonio Mariz, que Temer cogitava de colocar no Ministério da Justiça – e depois na Defesa -, é conhecido crítico do juiz Sérgio Moro. Temer não vê problemas em nomear ministros que serão investigados pela Polícia Federal.
A sociedade, com certeza, vê. E sua frustração será explorada pelos petistas, que, de volta à oposição, voltarão a brandir dossiês – falsos ou não – contra governantes cujos prontuários conhecem bem, já que ex-parceiros.
As milícias petistas já agitam o país, invadindo prédios públicos, fechando rodovias e avenidas. Prometem tornar essas ações rotineiras e mais amplas e contundentes.
A herança maldita que deixam – a maior já legada a qualquer governo – será tratada como obra do adversário, não deles. Como não há receita para rápida solução – e ela só será abreviada se engajar a sociedade, como ocorreu com o Plano Real -, a saída seria um ministério que inspirasse confiança.
Não é o ministério Temer, não o anunciado até aqui – e é improvável que o noticiário a respeito, não desmentido, esteja inteiramente equivocado. Quem dera estivesse.
O futuro presidente precisa, como Macri na Argentina, chegar sinalizando novos rumos – e não apenas novos nomes. A crise exigirá remédios amargos e soluções lentas e dolorosas. A Lava Jato não vai parar (felizmente) – e a conjunção crise e corrupção não ajuda a construir um ambiente mais sadio.
A história oferece a Temer oportunidade única de mudar o país, de recolocá-lo numa rota da qual o PT o desviou. O desafio é gigante, mas a enfrentá-lo continuaremos a dispor de anões políticos – alguns, também, anões morais. O ministério Temer é uma temeridade – e o trocadilho não é cômico: é trágico.
E naquele tempo...
Se o governo quer dar casa para o Collor, então que conceda um espaço na Casa de Detenção. Ele cometeu o que cometeu e agora vem pedir mordomias? Ele que vá pedir para o PC (Farias)Luiz Inácio Lula da Silva, então presidente do PT em 1992
Não houve ganhos, debitem-se as perdas às gerações futuras
Estranha figura a da ainda presidente Dilma Rousseff. Como nem sequer a conheço pessoalmente, sinceramente sem nenhuma perda para mim, graças a Deus, poderia muito mal fazer a minha vida pessoal caso viesse a sustentar qualquer tipo de convivência com a chefe do governo.
D. Dilma dá mostras, em suas aparições públicas, de ser portadora de um tipo de depressão característica do que se chama “bipolaridade”, que se define e se descreve, na psiquiatria, como vítima de dois movimentos intelectuais que, embora um seja o contrário do outro, alternam crises paradoxais de extrema tristeza com outras de otimismo e plena satisfação com a vida.
O quadro dá pena, é incurável e submete a sérios sofrimentos quem o sofre. Não estou afirmando nada que me traga futuros aborrecimentos. Os “cardozões” da vida estão por aí, catando vítimas para processar. Esclareço com vigor: não estou ofendendo ninguém. A propósito, não sei se o eventual ofendido é portador desse mal terrível. Nada sei da saúde da sra. Dilma. Apenas estou conjeturando a mais que eventual doença, e não sou desses petistas que mentem para ofender e ferir.
Tudo o mais do que digo o é em hipótese pura: o procedimento da sra. Dilma, de quando em quando, é bastante estranho, a ponto de lembrar-me a existência de determinado mal. Trata-se de especulação e desejo que sua Excelência se livre dele, se portadora for do distúrbio.
Agora, seu péssimo governo eu critico, considero que é o pior que já tivemos a oportunidade de ter, mais doentio que o do marechal Hermes da Fonseca, que, aliás, não tinha tempo para governar, entretido com os carinhos de tardio segundo casamento, cujo colo era mais doce do que o do próprio Collor, quando levantava “aquilo roxo” para ser acariciado. Eram momentos de volúpia patrocinados pelo Morcego Negro, tão negro que mal podia enxergar, e entregava as responsabilidades de governar a Pinheiro Machado, que acabou morrendo por um tiro.
Assim fica posto que bom mesmo era o grande Lula, que conhecia as liras de Camões e fazia discursos notáveis e arrebatados. Carlos Lacerda era inocente e apenas alfabetizado diante desse. Os santos restos mortais do Padre Vieira eram fichinhas quando sua voz rouca tonitroava para os cavaleiros e os sem-montarias do MST, em uníssono, proclamando uma República sábia e sadia.
A sra. Dilma utilizava a foice para conter os inimigos guerrilheiros. Acabou fazendo bobagem demais mesmo para o Brasil: usou demais a língua pátria, com tal perfeição, que não percebeu que Nosso Guia começou a enciumar-se com a lógica de seus inesquecíveis discursos que se encerravam após insuportável lenga-lenga.
Por parte da sra. Dilma e de gatos pingados do Planalto que ainda acalentavam a ambição de mais da metade do mandato, balançava o berço traiçoeiro das ilusões. Jogava-se com a rejeição do Senado Federal à segunda e última votação. Escrevo este artigo na noite do dia 3 deste mês. As notícias são deploráveis... para eles, é claro.
Na manhã do dia 4 são piores. Além da manchete de primeira página – “Lula é denunciado ao STF” –, as demais saíram no mesmo diapasão. Pois que saiam, tarde e cansados, diria Machado de Assis no “Memorial de Ayres”. A nação sairia menos esfolada.
Mas, não. Nunca o Brasil saiu de governos tão escangalhado. A história contará tim-tim por tim-tim. E contará bem porque “toda a hostilidade deste mundo não vale nada, nem a política, nem outra qualquer”.
D. Dilma dá mostras, em suas aparições públicas, de ser portadora de um tipo de depressão característica do que se chama “bipolaridade”, que se define e se descreve, na psiquiatria, como vítima de dois movimentos intelectuais que, embora um seja o contrário do outro, alternam crises paradoxais de extrema tristeza com outras de otimismo e plena satisfação com a vida.
Tudo o mais do que digo o é em hipótese pura: o procedimento da sra. Dilma, de quando em quando, é bastante estranho, a ponto de lembrar-me a existência de determinado mal. Trata-se de especulação e desejo que sua Excelência se livre dele, se portadora for do distúrbio.
Agora, seu péssimo governo eu critico, considero que é o pior que já tivemos a oportunidade de ter, mais doentio que o do marechal Hermes da Fonseca, que, aliás, não tinha tempo para governar, entretido com os carinhos de tardio segundo casamento, cujo colo era mais doce do que o do próprio Collor, quando levantava “aquilo roxo” para ser acariciado. Eram momentos de volúpia patrocinados pelo Morcego Negro, tão negro que mal podia enxergar, e entregava as responsabilidades de governar a Pinheiro Machado, que acabou morrendo por um tiro.
Assim fica posto que bom mesmo era o grande Lula, que conhecia as liras de Camões e fazia discursos notáveis e arrebatados. Carlos Lacerda era inocente e apenas alfabetizado diante desse. Os santos restos mortais do Padre Vieira eram fichinhas quando sua voz rouca tonitroava para os cavaleiros e os sem-montarias do MST, em uníssono, proclamando uma República sábia e sadia.
A sra. Dilma utilizava a foice para conter os inimigos guerrilheiros. Acabou fazendo bobagem demais mesmo para o Brasil: usou demais a língua pátria, com tal perfeição, que não percebeu que Nosso Guia começou a enciumar-se com a lógica de seus inesquecíveis discursos que se encerravam após insuportável lenga-lenga.
Por parte da sra. Dilma e de gatos pingados do Planalto que ainda acalentavam a ambição de mais da metade do mandato, balançava o berço traiçoeiro das ilusões. Jogava-se com a rejeição do Senado Federal à segunda e última votação. Escrevo este artigo na noite do dia 3 deste mês. As notícias são deploráveis... para eles, é claro.
Na manhã do dia 4 são piores. Além da manchete de primeira página – “Lula é denunciado ao STF” –, as demais saíram no mesmo diapasão. Pois que saiam, tarde e cansados, diria Machado de Assis no “Memorial de Ayres”. A nação sairia menos esfolada.
Mas, não. Nunca o Brasil saiu de governos tão escangalhado. A história contará tim-tim por tim-tim. E contará bem porque “toda a hostilidade deste mundo não vale nada, nem a política, nem outra qualquer”.
Para o desemprego, só obras públicas
Em poucas semanas o Brasil registrará doze milhões de desempregados, em cujas portas já bate a fome. Logo eles se darão conta da vigência do “cada um por si”, ou seja, se a rua é do povo, melhor ocupá-la e estabelecer nela sua própria lei. Uns seguirão fazendo biscates, outros assaltando. Estes apelando para a caridade, aqueles utilizando a força para conseguir sobreviver.
Não se encontrarão muitos preocupados com a degola de Eduardo Cunha ou com o impeachment da presidente Dilma, ou melhor, com a ascensão de Michel. Pouca ou nenhuma atenção será dada às iniciativas do Supremo Tribunal Federal ou à escolha do novo presidente da Câmara. Muito menos ao novo ministério.
Cada vez menos o país de mentirinha despertará a atenção do país de verdade. Tanto Madame quanto seu substituto no poder significarão o mesmo para a legião de desempregados, seguidos pelos desiludidos e os indignados: nada.
É nesse vazio sem limites que o Brasil se encontra, com as raras exceções dos que buscam equacionar a saída. Desde os tempos de Ramsés II que para enfrentar o desemprego, só as obras públicas resolviam. Os Césares construíam banhos populares, arenas e aquedutos, numa sequência que teve seu climax com as hidrelétricas de Roosevelt os trens subterrâneos de Stalin.
Entre nós, anunciaram o trem-bala e as ferrovias Norte-Sul, Leste-Oeste e o desvio das águas do rio São Francisco. Deu tudo em coisa alguma, ou melhor, no poço sem fundo por onde se esvaíram nossos recursos.
Agora que Michel Temer prepara um programa emergencial de governo, depois de o Lula empenhar-se na construção de num porto em Cuba e de usinas na Bolívia, são poucas as esperanças de o novo presidente produzir sequer sucedâneos. Henrique Meirelles não vai deixar. Desde a construção de Brasília e da Transamazônica que nada mais se fez. Prevaleceram a incapacidade e a corrupção. Sobraram as empreiteiras e Eduardo Cunha.
A 'esquerda nostálgica' fora do 'espírito do tempo'
Durante o regime militar, havia uma “esquerda de luta” e uma “esquerda festiva”.
A primeira fez parte dos movimentos que levaram à conquista da democracia; a última foi decisiva na realização das revoluções estética e comportamental que ocorreram naqueles anos.
Hoje, está atuante uma “esquerda nostálgica”, enquanto uma “esquerda perplexa” tenta sair dos escombros provocados pela queda do Muro de Berlim, pela amplitude da globalização, pela profundidade da revolução científica, pelo poder e pela universalização dos novos instrumentos de tecnologia da informação; além de tentar se recuperar do constrangimento com a degradação ética e a incompetência dos últimos governos.
Diferentemente da “esquerda festiva”, que fez revoluções na estética e nos costumes, a “esquerda nostálgica” não contribui para a transformação estrutural da sociedade e da economia; louva o passado, se agarra ao presente e comemora pequenas conquistas assistenciais.
Prisioneira de seus dogmas, com preguiça para pensar o novo, com medo do patrulhamento entre seus membros, viciada em recursos financeiros e empregos públicos, a “esquerda nostálgica” parece não perceber o que acontece ao redor.
Independentemente das transformações no mundo, no país, nos bairros, continua orientada aos mesmos propósitos elaborados nos séculos XIX e XX, mantém a mesma fidelidade, reverência e idolatria aos líderes do passado, especialmente àqueles que têm o mérito do heroísmo da luta durante o regime militar, mesmo quando não foram capazes de perceber as mudanças no mundo nem os novos sonhos utópicos para o futuro.
Com nostalgia do passado, reage contra o “espírito do tempo” que exige agir dentro da economia global e romper com a visão de que a estatização é sinônimo de interesse público; não reconhece que a inflação é uma forma de desapropriação do trabalhador; que o progresso material tem limites ecológicos e é construído pela capacidade nacional para criar ciência e tecnologia; que os movimentos sociais e os partidos devem ser independentes, sem financiamentos estatais; ignora que a revolução não está mais na expropriação do capital, mas na garantia de escola com a mesma qualidade para o filho do trabalhador e o filho de seu patrão; que a igualdade deve ser assegurada no acesso à saúde e à educação, sem prometer igualdade plena, elusiva, injusta e antilibertária ao não diferenciar as individualidades dos talentos; não assume que a democracia e a liberdade de expressão são valores fundamentais e inegociáveis da sociedade, tanto quanto o compromisso com a verdade e a repulsa à corrupção.
Para sair da perplexidade, uma nova esquerda precisa fugir da nostalgia por siglas partidárias que tiveram a oportunidade de assumir o poder e construir seus projetos, mas traíram a população, os eleitores e a história, tanto na falta de ética quanto na ausência das transformações sociais prometidas.
A primeira fez parte dos movimentos que levaram à conquista da democracia; a última foi decisiva na realização das revoluções estética e comportamental que ocorreram naqueles anos.
Hoje, está atuante uma “esquerda nostálgica”, enquanto uma “esquerda perplexa” tenta sair dos escombros provocados pela queda do Muro de Berlim, pela amplitude da globalização, pela profundidade da revolução científica, pelo poder e pela universalização dos novos instrumentos de tecnologia da informação; além de tentar se recuperar do constrangimento com a degradação ética e a incompetência dos últimos governos.
Diferentemente da “esquerda festiva”, que fez revoluções na estética e nos costumes, a “esquerda nostálgica” não contribui para a transformação estrutural da sociedade e da economia; louva o passado, se agarra ao presente e comemora pequenas conquistas assistenciais.
Prisioneira de seus dogmas, com preguiça para pensar o novo, com medo do patrulhamento entre seus membros, viciada em recursos financeiros e empregos públicos, a “esquerda nostálgica” parece não perceber o que acontece ao redor.
Com nostalgia do passado, reage contra o “espírito do tempo” que exige agir dentro da economia global e romper com a visão de que a estatização é sinônimo de interesse público; não reconhece que a inflação é uma forma de desapropriação do trabalhador; que o progresso material tem limites ecológicos e é construído pela capacidade nacional para criar ciência e tecnologia; que os movimentos sociais e os partidos devem ser independentes, sem financiamentos estatais; ignora que a revolução não está mais na expropriação do capital, mas na garantia de escola com a mesma qualidade para o filho do trabalhador e o filho de seu patrão; que a igualdade deve ser assegurada no acesso à saúde e à educação, sem prometer igualdade plena, elusiva, injusta e antilibertária ao não diferenciar as individualidades dos talentos; não assume que a democracia e a liberdade de expressão são valores fundamentais e inegociáveis da sociedade, tanto quanto o compromisso com a verdade e a repulsa à corrupção.
Para sair da perplexidade, uma nova esquerda precisa fugir da nostalgia por siglas partidárias que tiveram a oportunidade de assumir o poder e construir seus projetos, mas traíram a população, os eleitores e a história, tanto na falta de ética quanto na ausência das transformações sociais prometidas.
O Brasil real X A rota da tocha olímpica
Desde a manhã de terça-feira, a tocha olímpica está em território brasileiro para visitar 327 cidades e anunciar a proximidade dos Jogos Olímpicos. Segundo o calendário do comitê organizador, daqui a três meses, em 4 de agosto, a chama chegará ao Rio de Janeiro para participar da cerimônia oficial de abertura dos Jogos, marcada para acontecer no dia seguinte. A ideia por trás dessa peregrinação é envolver “todo o país no clima” olímpico.
Interessada em checar o que a tocha – e o mundo, a partir dela – verá do Brasil nesse percurso de três meses, a Lupa se debruçou sobre o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM).
E a principal conclusão obtida ao comparar o IDHM das 5.565 cidades brasileiras analisadas na última edição do estudo, publicada em 2013, e o IDHM dos 327 municípios que serão visitados pela tocha é que a chama olímpica verá um país mais “humanamente desenvolvido” do que o real, em termos proporcionais.
O indicador do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) leva em consideração a esperança de vida ao nascer, a escolaridade da população adulta, o fluxo escolar entre os jovens e a renda per capita de cada cidade para, em seguida, atribuir ao município uma nota de zero a 1 (sendo esta a mais alta), numa escala que pode ter até três casas decimais.
2) O Brasil tem 32 cidades com desenvolvimento humano “muito baixo”, ou seja, com IDHM entre 0 e 0,499. Elas representam 0,6% das 5.565 cidades analisadas pelo Pnud. Em sua trajetória pelo país, a tocha não verá nenhum dos municípios com IDHM “muito baixo”. Reveja aqui o levantamento na íntegra.
3) Um total de 1.367 cidades tem IDHM “baixo”, com índice entre 0,500 e 0,599. Isso representa 24,6% do total de municípios. Mas a representação desse grupo entre as cidades que receberão a tocha é bem inferior. Apenas 20 localidades com IDHM “baixo” verão a chama, 6,1% do total do percurso estabelecido.
4) O Brasil tem 2.333 municípios com IDHM “médio”, entre 0,600 e 0,699. Isso quer dizer que 40,1% de suas cidades se incluem neste grupo, fazendo dele o maior. No caminho da tocha, há 78 delas, num conjunto que representa apenas 23,8% da lista das cidades que serão visitadas.
5) Nacionalmente, 1.889 municípios (33,9%) têm IDHM “alto”, com indicador entre 0,700 e 0,799. Das 327 cidades no caminho da chama olímpica, a maioria (196, ou 59,9%) estão nesse grupo, que é o maior em percentual.
6) Por fim, o Brasil tem 44 cidades com IDHM “muito alto” (0,8% do total dos municípios). A chama passará por 33, ou seja, 3/4 delas. Numa proporção (10%) bastante superior à observada no país como um todo.
7) A cidade menos desenvolvida (IDHM mais baixo) a receber a tocha é Murici, em Alagoas. O município de 26 mil habitantes está em 5.416º lugar entre as 5.565 cidades do país. A expectativa de vida ao nascer por lá é de 66,1 anos, e 39,5% de sua população é analfabeta. Cerca de um quarto de seus habitantes vivem em situação de extrema pobreza.
8) São Caetano do Sul (SP) está no extremo oposto. Aparece em primeiro lugar no IDHM e também receberá a tocha. A cidade paulista tem cerca de 150 mil habitantes, seis vezes a mais que Murici, e a esperança de vida ao nascer por lá é de 78,2 anos, 12 a mais do que na cidade alagoana. O percentual de analfabetos é de apenas 1,8%, e o percentual de pessoas em extrema pobreza, de 0,09%.
*A Agência Lupa, especializada na checagem de dados e discursos públicos,começa a fazer no Twitter o acompanhamento do caminho da tocha, informando IDHM de cada cidade visitada, a esperança de vida ao nascer nela, seu índice de analfabetismo e seu percentual de pessoas em extrema pobreza.
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