Em poucas semanas o Brasil registrará doze milhões de desempregados, em cujas portas já bate a fome. Logo eles se darão conta da vigência do “cada um por si”, ou seja, se a rua é do povo, melhor ocupá-la e estabelecer nela sua própria lei. Uns seguirão fazendo biscates, outros assaltando. Estes apelando para a caridade, aqueles utilizando a força para conseguir sobreviver.
Não se encontrarão muitos preocupados com a degola de Eduardo Cunha ou com o impeachment da presidente Dilma, ou melhor, com a ascensão de Michel. Pouca ou nenhuma atenção será dada às iniciativas do Supremo Tribunal Federal ou à escolha do novo presidente da Câmara. Muito menos ao novo ministério.
Cada vez menos o país de mentirinha despertará a atenção do país de verdade. Tanto Madame quanto seu substituto no poder significarão o mesmo para a legião de desempregados, seguidos pelos desiludidos e os indignados: nada.
É nesse vazio sem limites que o Brasil se encontra, com as raras exceções dos que buscam equacionar a saída. Desde os tempos de Ramsés II que para enfrentar o desemprego, só as obras públicas resolviam. Os Césares construíam banhos populares, arenas e aquedutos, numa sequência que teve seu climax com as hidrelétricas de Roosevelt os trens subterrâneos de Stalin.
Entre nós, anunciaram o trem-bala e as ferrovias Norte-Sul, Leste-Oeste e o desvio das águas do rio São Francisco. Deu tudo em coisa alguma, ou melhor, no poço sem fundo por onde se esvaíram nossos recursos.
Agora que Michel Temer prepara um programa emergencial de governo, depois de o Lula empenhar-se na construção de num porto em Cuba e de usinas na Bolívia, são poucas as esperanças de o novo presidente produzir sequer sucedâneos. Henrique Meirelles não vai deixar. Desde a construção de Brasília e da Transamazônica que nada mais se fez. Prevaleceram a incapacidade e a corrupção. Sobraram as empreiteiras e Eduardo Cunha.
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