segunda-feira, 19 de maio de 2014

Valsa para abir o dia



Arthur Moreira Lima toca "Turbilhão de beijos" de Ernesto Nazareth (1863-1934) 

Eleição seria séria?

Os políticos, de joelhos e mãos postas, garantem que não há nada mais sério depois da Criação. Mas em língua de político ninguém aposta nem centavo sem valia. Seriedade é o que falta, e muito. Eleição, pra valer, virou apenas um joguinho de poder entre os partidos, na arquibancada, com os cidadãos na rinha de galo com nariz de palhaço. A seriedade há muito se despediu da eleição com lágrimas nos olhos por ficar o povão entregue aos abutres políticos.
O ponto de vista, logicamente, recebe críticas. Como não haveria de receber com tanto soldado a serviço mercenário? Mas são sempre uma zurrada com carimbo certeiro de um político. É só de gado marcado, ferrado, pastando em curral eleitoral.
A mínima inteligência sabe bem que a política se degradou muito. Foram embora os verdadeiros líderes, deram adeus a qualquer ação na área os de melhor caráter. Ficou apenas a canalha de olho no próximo bonde para assegurar poder.

Se alguém mais velho lembra de homens e mulheres dedicados a fazer política com projetos para o bem coletivo, fica abestado com tamanha mesquinharia e mediocridade que tomou conta dos poderes de alto a baixo. Chovem projetos dos mais mirabolantes para coisa alguma e há uma torrente de aprovação de engodos populistas, de vantagens a empresas e políticos.
Os milhões gastos em eleição são revertidos em dólares fabulosos nos bolsos empresariais com o pagamento das devidas comissões políticas. Pagam-se fortunas por obras de fachadas, quando são completadas a sopapo em passo de tartaruga, que rendem o superfaturamento. A porcaria fica embelezada por marqueteiros e endeusada na propaganda paga para servir de fachada ao engrandecimento politiqueiro.
Com as eleições jorrando dinheiro público, sem falar no caixa 2, através do fundo partidário, partidos se dão até o luxo de fazerem testes eleitoreiros lançando nomes municipais, sem expressão, para cargos estaduais e federais na maior sem cerimônia. Aproveitam o gancho de formar palanque para nomes conhecidos, criando factóides de desconhecidos. Afinal o dinheiro não é deles e quanto mais gastarem em nome da ‘democracia” mais reforçarão seu poderio na terrinha. É outra faceta desse sistema eleitoral falido, que mais tem servido aos políticos do que ao povo de quem dizem ser defensores.
Essa fórmula de se testar candidatos de mero valor municipal em campanhas estaduais e federais virou prática corriqueira para os governinhos sem eira nem beira formarem os quadros de eleições seguintes. Isso não mais se configura do que uma brigalhada com vistas apenas ao poder pelo poder que tornou mais esculhambado o país.    
Hoje eleição brasileira é corrida ao poder com a maratona dos horários gratuitos, que são regiamente pagos, para todos se estapearem. Um verdadeiro ringue com cada um querendo se mostrar mais, nunca mostrar um projeto de efetiva utilidade. Aqui está valendo tudo pelo poder numa eleição que se afigura mais uma corrida de ocupar o país com todo o poderio que isso traz e, de quebra, já preparar o “time” municipal de 2016, ano olímpico não se deve esquecer. E muito governinho de cidade prostituída já prepara seus “investimentos” para a festividade e lucrar em votos até lá.

Rede Pau nos Ratos

Tudo pelo poder

Apesar de proibida por lei municipal, as chamadas de carro de som são freqüentemente utilizadas pelo próprio governo para anunciar suas realizações na terrinha de Maricá. Na última “convocação” governamental, sem público para suas inaugurações fajutas, precisando convocar para todas o bonde comissionado, ainda acrescentava nas chamadas: “Vá e leve toda a família”. Em resumo, a lei é para o cidadão, o governo não tem lei.

O ‘premiado’ Rato

O governo mais escrachado de Maricá, pela segunda vez, em um ano, deu o nome do irmão do prefeitinho, alguém que nunca fez nada pelo município, nem sequer trabalhou, a obras “para o povo”. A primeira foi para um viaduto, a que denominam ponte, mas escavaram a areia sob ele para fazer jus ao à denominação, e agora o alcunhado “Rato” dá nome a um centro multimídia financiado pelo governo federal. Como se vê, o município passa a ser da máfia petista. 

Liderança peti$ta

As grandes empreiteiras, todas envolvidas em construção de estádios para a copa, são as campeãs de doação partidária que tem enchido os bolsos petistas. As tradicionais empresas com negócios no setor público, doadoras de dinheiro para partidos políticos, entregaram ao PT, no ano passado, quase o dobro do que pagaram a PSDB, PMDB e PSB juntos. Foram R$ 79,8 milhões contra R$ 46,5 milhões.
A liderança petista na captação já ocorria em anos anteriores, mas a vantagem entre as siglas passou em quatro anos de pouco mais de R$ 9 milhões para R$ 33,2 milhões



Enxurrada cultural

Prefeito promete construir 600 pontos de cultura a pouco mais de dois anos do fim do mandato. Para os calhordas, é um gesto magnânimo, mas de um medíocre como os que o apoiam. Na ponta do lápis, a promessa é de um absurdo inimaginável. O prefeitinho de Marica, alcunhado de Quaquá, simplesmente está anunciando que vai construir um ponto de cultura para cada 200 habitantes. Em país sério, iria para o manicômio judiciário por alta periculosidade contra o patrimônio público.